Capítulo 72
CAPÍTULO 72
"Ela é toda perfeitinha e graciosa demais para um ex-pilantra como você. O Gareth tem razão", pensou Leônidas ao lado de Samantha no banco do Uber, enquanto Gareth provavelmente estava gritando com outro motorista para chegar ao hospital o mais rápido possível. Além disso, Samantha era uma criança de 13 anos e Leônidas tinha 20 anos de idade.
– Eu não quero me encontrar com ela. Ela ama a Simonetta muito mais do que eu. – Desabafou a irmã caçula de Simonetta. – Bem que você podia desobedecer as ordens do meu tio e não me levar para minha mãe, palhacinho.
– Primeiro, a sua mãe ama vocês duas de forma igual e quando eu digo isso estou querendo dizer que o amor por ambas é infinito. Segundo, não quero apanhar do Gareth. Terceiro, você devia agradecer por ter mãe e pai vivinhos, mesmo que eles estejam brigados por causa do divórcio e do romance do Gareth e da Simonetta.
– Os seus morreram? – Indagou. – Nossa, eu não sabia, meus pêsames. – Solidarizou-se Samantha.
– Morreram e eu não tive tempo de pedir perdão, nem de me despedir. Pense bem antes de colocar seu orgulho na frente das coisas que realmente importam. – Aconselhou Leônidas. – Bem, chegamos. Fique feliz, você vai ser titia.
– Surpreendi-me contigo, palhacinho. Você não é um cara só engraçado, mas também sábio.
E com isso os dois saíram do Uber.
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Aquele dia 11 de setembro, internacionalmente trágico, não se mostrara assim para Ruthy. Depois de um mês de comunicação simonettária entre Ruthy e Samantha (isto é, Simonetta era a pombo-correio), Samantha voltara a conversar com sua mãe. O inevitável e milagroso nascimento de Gabriel, que seria morto antes mesmo de nascer, transformou aquele dia de luto em dia de glória. Sim, a família Garuzzo e agregados não gostavam do 11 de setembro bem antes dos americanos. Ruthy particularmente não gostava também, mesmo sendo o aniversário de seu defloramento.
A libriana estava prestes a saber que aquela deixaria de ser a data odiada da família Garuzzo para ser a da família Muniz.
– João, seja bem-vindo. – Disse Ruthy ao avistar João Muniz. – Não sabia que o Gareth havia avisado sobre o parto da Simonetta.
– Seu neto vai nascer? Felicidades. – Comentou João Muniz, desgostoso. – Enquanto o seu neto nasce, a minha se perde em caminho semelhante ao do tio...
– O que aconteceu com a Nathalia? – Perguntou Ruthy sobre a ex-colega de Simonetta.
– A Nathalia tentou matar o pai dela. – Concluiu.
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Apesar de saber que lidaria com um virginiano, certamente muito mais carismático do que ela, Simonetta queria que o bebê tivesse algumas daquele geminiano tão confuso e tão amado por ela.
– Gareth anota a hora do nascimento do Gabriel. – Berrou Simonetta, sentindo as contrações. – Eu preciso está preparada para esse neném crítico.
– Eu vou anotar, meu amor. Claro que eu vou. Dona Asia me mataria se eu não desse todos os dados pra ela. – Respondeu o futuro papai babão.
– Ei, Gareth, eu não quero fazer cesariana, viu? Eu quero um parto normal, eu quero sentir a dor, ter o prazer de colocar esse menino milagroso no mundo.
– Vai dar tudo certo, meu bem.
Naqueles últimos instantes da primeira vez em que Simonetta foi dois, passou um trailer de sua vida em sua cabeça. Não que ela fosse morrer, longe disso. Ela estava celebrando a vida: a vida dela e a de Gabriel. "Força, força!", gritavam as enfermeiras e o seu marido. "Eu quase sempre fui forte e não vai ser agora que serei fraca. Não me arrependo de nada!", pensou Simonetta. Doía, mas aquela não foi a maior dor que Simonetta sentiu em toda sua trajetória. A maior dor obviamente foi na descoberta do parentesco com Gareth e na sua tentativa de suicídio.
– Força. – Gritou Gareth pela última vez, parando ao ouvir o choro do neném. – São 04h35 da manhã. Ele nasceu!
– Nasceu e parece com o papai. Eu sabia que ele seria loirinho! – Comentou Simonetta, que naquele instante era a dona da maior felicidade do mundo. – Eu amo vocês dois, infinitamente e eu não me arrependo de nada!
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Não. Nathalia não se sentia Suzanne Richthofen, mas sabia que seria conhecida assim. Ela olhara para parede do quarto branco, enquanto perdia a única pessoa que poderia ficar a seu lado depois que aquilo tudo passasse: seu bebê. Talvez fosse castigo divino. Ela abortara o primeiro filho. Agora sem mãe, com um pai imprestável (que ele torcia que morresse mesmo que isso custasse sua liberdade) e o avô desolado (com razão), Nathalia se via na pior encruzilhada da sua vida.
A polícia já havia lhe perguntado sobre o que acontecera naquela madrugada. "Sim, eu tentei matá-lo", havia respondido. Motivação? "Quer maior motivação do quê chatear e abusar da pessoa que mais confiava em você no mundo?", endossou ela.
A parede do quarto do hospital era branca, a sua cor preferida, por causa da profissão que escolheu exercer. "Agora eu sei que só verei cinza, independente de ser inocentada ou não", pensara a adolescente, que acabara dormindo finalmente vencida pela exaustão.
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Luís Cláudio precisava saber se Simonetta estava bem. Apesar de todo o caos que havia se tornado a relação de ambos, o historiador ainda amava intensamente sua filha rebelde.
– Seu disfarce está péssimo, Luís Cláudio. – Revelou Maria Marta para o irmão no hospital. – Era melhor você ter se vestido de enfermeiro para ver seu neto.
– Eu não vim ver esse garoto, Maria Marta, de uma vez por todas eu já te disse! – Exclamou Luís. – Eu vim buscar a Samantha. Eu não vou deixar a Simonetta cuidar de uma adolescente inconformada depois de parir a criança que vai amaldiçoar a vida dela.
– Sei. Pelo que eu soube a Sam tá fazendo as pazes com a Ruthy. – Comentou Maria Marta. – E eu também vi você pedindo para sua namorada tirar foto do garoto. Você não me engana, Luís Cláudio.
– Foi a Stella que se prontificou a tirar fotos do menino e eu aceitei. – Disfarçou Luís Cláudio. – Eu quero saber se ele nasceu muito defeituoso, só isso.
– Segundo as afirmações confiáveis do Eden, o menino nasceu a cara do Gareth. Sorte a dele que não nasceu parecido com você. – Ironizou a mulher de Marcelo.
– Prefiro imaginar que esse moleque é a cara escarrada e escorrida de Simão Virgínio Garuzzo. Melhor! Ele é parecido com a Helionora. – Justificou-se o historiador.
– Acredite no que você quiser, Luís. Só te aviso: você tá se enganando por prazer. Bem, como eu vim até aqui prestar solidariedade ao sogro da minha finada colega, estou de partida. Não deve ser fácil ter um filho estuprador.
– E a garota, Marta? A menina que parecia ter tudo para ser uma ótima tentar matar o próprio pai? E ela ainda confessou pro jornalistas que deseja que ele morra.
– Luís Cláudio, você está mais uma vez escolhendo os lados errados. Você queria matar uma criança indefesa por causa da falta de estrutura familiar ética dos pais dela. Não é muito justo apoiar a menina e entender que, mesmo culpada de uma tentativa de homicídio, ela é quem tá sofrendo mais?
– Às vezes não te entendo, Marta. – Lamuriou-se Luís Cláudio.
– Eu também nem sempre me entendo. – Confessou a escorpiana. – Que a paz de Jesus finalmente fique com você.
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Stella estava radiante ao lado do doutor Wanderson Magalhães, tirando fotos de um Gabriel recém-nascido.
– Eu queria ser madrinha dele, mas como já fui madrinha de casamento do Gareth e da Simonetta acho bom dar um tempo. Quem sabe na próxima. – Admitiu Stella. – Você é muito sortudo em ser padrinho dessa gracinha.
– Finalmente vou começar a ter sorte na vida. Bem, já você não precisava ser madrinha do neném. É praticamente avodrasta dele.
– E não vai demorar muito tempo para eu ser avodrasta de novo. Eu sinto isso. E eu sinto também que você deveria abrir o seu e-mail. – Desconversou a bruxa. – Não sei porque tive essa intuição, mas você deveria fazer isso.
Alguns minutos passaram e Stella continuou tirando fotos do neto de Asia. Wanderson, que ouviu os conselhos da bruxa, voltou chorando e inconsolável, pedindo um abraço.
– Você tinha a razão.... – Comentou o médico. – A Ravena, a minha filha que estava em coma... Ela morreu.
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