Capítulo 70
CAPÍTULO 70
Helionora Garuzzo estava no Espírito Santo, na antiga cama de Gareth, dando aleluia por sua arquirrival no amor está viajando num projeto de uma ONG. Liô já tinha tido uma primeira conversa com Marina e Isaías Costa sobre uma possível edição, planejada por Simonetta e Gareth, da série Mitos e Realidades: Anjos Coloridos. A primeira edição da revista, Rainha da Primavera, tinha sido lançado um mês depois da morte de Izabel e do vexame passado por seu irmão e sua sobrinha. Agora eles estavam em Agosto de 2015.
Alasca, com um batom muito roxo e vestido florido, abrira sorrateiramente a porta do quarto e deixara alguns doces para a irmã do seu primo.
– Obrigada, querida! – Agradeceu Liô. – Você é a primeira bruxa que conheço que também é fada e anjo ao mesmo tempo.
– Será que Marina vai aceitar fazer entrevista para a Didática de Munique? Será que ela vai ter coragem de divulgar trechos do livro dela? Será que ela vai ficar bem com uma superexposição dessas?
– Se a Marina aceitar, acho que ela não vai tá nem aí para a superexposição. Ela é uma garota tagarela, ela adora conversar sobre seus hiperfocos.
– Boa noite, Liô. – Finalizou Alasca. – Tenha bons sonhos.
Alguns minutos depois da visita de Alasca, Helionora decidira ir para a sala de estar da família Setembrino. A insônia pegara ela de jeito, mas não fora o fato dela está em missão de paz no capital capixaba que lhe causara isto. O motivo de sua insônia tinha nome e sobrenome: Américo Setembrino e, ele estava lá, aparentemente com insônia também.
– Algum cálculo astronômico tirando o sono do mestre? – Perguntou Helionora a Américo.
– Não. Matemática não me tira sono, ela me dá. Me dá vontade de dormir e sonhar com a resolução dos mais difíceis problemas e problemas do mundo. Eles sim me tiram o sono. – Respondeu Américo.
– A ausência da esposa não te permite relaxar? – Indagou Helionora, com segundas intenções.
– Não, eu não sinto saudades da Diana. Na verdade nem sei quando foi que ela começou a se interessar pelos assuntos de Meio Ambiente. Eu não conheço mais a mãe da minha filha, não paro para ter uma conversa franca com ela. Em compensação eu sinto muita falta de nossas conversas, troca de conhecimentos e confissões. Eu nunca esqueci aquele beijo que você me deu.
– Eu entendo se você quiser se separar da Diana já que não sente mais o amor e o afeto que sentia no começo do casamento. – Opinou Helionora. – Mas não troque ela por mim. Eu não quero compromisso sério, eu não quero formar uma família. Meus sobrinhos e profissão já me completam. Não quero passar pela mesma coisa que minha mãe e que ela no quarto ao lado não me ouça. Olhe só, ela se dedicou a uma família e a um amor para anos depois ver seus filhos se distanciar e ter que passar o resto de sua vida sozinha, olhando para os astros e recebendo, de vez em quando, a visita de um parente ou outro. Eu não quero isso pra mim, embora eu não seja capaz de negar que eu te quero.
– Se me queres tanto, por que usas tanta conversa fiada para disfarçar? Eu sou um lobo, Helionora Garuzzo Agnesi, e eu nesse exato momento não 'tô' pensando na minha esposa, no meu futuro ou nos meus alunos da disciplina de Matemática. Eu 'tô' pensando na bela mulher que eu vejo na frente e lembrando que eu penso nela todos os dias. Eu sou um lobo e agora só quero saciar o meu instinto.
– Bem, agora estamos falando a mesma língua. – Disse Helionora, enquanto tirava a blusa e o sutiã, deixando os seios de fora, para cobiça de Américo.
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Diana acordara com o corpo pesado da segunda transa com Mikhael Leão. O crápula podia ter tudo de ruim reunido, mas que sabia fazer amor isso sabia. A mãe de Alasca ocultara em partes o verdadeiro motivo da viagem. "Não, eu não estou saindo em defesa das florestas e dos animais. Só tô querendo lascar Asia Adams mesmo", pensou Diana ao dá a desculpa ao marido, o obcecado professor de matemática, Américo. "Não tenho culpa que o Mikhael pareça tanto com o príncipe Harry e eu mereça ser tratada como uma princesa", justificou-se em pensamentos.
– Sete e meia da manhã ... – Observou Mikhael ao olhar pro seu relógio de pulso. – Será que temos tempo de fazer uma rapidinha antes de encontrarmos com Lázaro?
– Faça quantas rapidinhas quiser, meu príncipe. – Respondeu Diana. – Quanto maior e mais intensa for a minha vingança contra os Setembrinos, claro, tirando a minha filha, eu vou ficar muito mais satisfeita.
Horas depois Diana, com um vestido verde brilhante, se encontrava em um grande salão de festas acompanhada de Mikhael.
– Primavera Brasil será o nome de nossa ONG Ambientalista, que desviará o dinheiro dos Garuzzi e colocará Gareth e Simonetta em saia justa. Ou eles aceitam todas nossas propostas ou verão o negócio da família virar fumaça. – Revelou o aliado de Mikhael.
– Minha primeira proposta para Simonetta vai ser fazer dela minha cadelinha. – Confessou Mikhael.
– Tenha cuidado na hora você que for fazer isso. – Respondeu Diana, visivelmente enciumada.
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Como filha de uma mulher autista que fora abandonada pelos pais na infância, Ginevra se sentia na obrigação de ser melhor que seus antepassados. Sua filha, Maria Marta, precisava entender que o autismo de seus três filhos não era nem maldição e nem benção, mas sim um fato que precisava ser encarado de frente. Ah, se Gina pudesse dizer para a filha do meio que o preconceito tirara de sua mãe, Augusta, até o sobrenome de família e a companhia da irmã mais velha... Por essa e outras, a avó de Eden decidira frequentar reuniões de pais e parentes de autistas, como a que ela estava então. Gina tinha muito para ensinar e mais ainda para aprender.
Esses devaneios de Gina foram interrompidos pela chegada de um novo conhecido da família Garuzzo.
– Olá, senhorita Gina. Não sabia que tinha se mudado para Vitória. – Brincou o delegado.
– Não, não. Só vim acompanhado a Liô, que já deve ter passado na sua casa. – Contou a italiana.
– É, é por causa da sua filha que eu estou nesta palestra... – Respondeu o delegado. – Mas, por favor, não conte nada à Marina. – Pediu o homem, em confidência.
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Durante o último mês e meio, além de ser bombardeada com as estocadas incríveis de Luís Cláudio, Stella também fora convidada a pensar numa questão muito importante: largar parcialmente Stellium às traças e ir morar com Luís Cláudio. A carta escrita por Simonetta e enviada à Stella reacendera ferozmente esse gatilho. O historiador era enfim um quarentão e Simona queria, mesmo que lentamente, fazer as pazes com o pai." Mande meus parabéns", tinha dito Simonetta a melhor amiga. "Eu quero que Gabriel e ele tenham oportunidade de ser neto e avô, assim como manda a tradição."
No fundo, Stella sentia que Luís Cláudio queria ser avô de Gabriel, mas um fato o impedia de tentar a reaproximação: ele também seria tio do garoto e não confiava em Gareth, então marido de Simonetta.
– Ok, Luís Cláudio, eu vou morar com você, mas se, e somente se, você aceitar minha proposta. – Contou Stella para si mesma.
A bruxa já estava com as malas prontas e com a maioria de seus objetos de interesse afetivo e espiritual guardados. Segundo suas visões na garrafa de água que comprara na esquina, Luís Cláudio estava deitado no sofá de sua mansão lendo algum romance histórico. "É hoje que a nossa cama agitada e fogosa entrará pra História", pensou Stella.
Preferiu, dessa vez, chamar o namorado pelo celular do que mandar surpresas enfeitiçadas pela janela, omitindo, claro, o fato que veio de mala e cuia. O historiador, saindo da sua mansão solitária, abriu um sorriso ao avistar a namorada.
– O que minha bruxa madrinha veio fazer aqui hoje? De certo que era para eu está feliz hoje, mas não consigo estar. – Confessou o primogênito de Ginevra.
– Eu vim presenteá-lo. Não é todo dia que o homem mais lindo do mundo completa 40 anos. Eu sei que você está precisando muito de mim. – Revelou Stella.
– Espera aí. – Disse Luís Cláudio. – Esses pacotes são para alguma festinha surpresa ou você decidiu aceitar morar comigo? – Indagou o leonino. – Não estou acreditando. Em breve cairá chuvas de meteorito do céu.
– Eu não quero ser dependente de homem algum, de fato. – Confessou Stella. – Mas, acho que posso morar com você e deixar a Stellium um pouquinho de lado desde que você reaja bem a uma notícia: eu passei pra Teologia numa faculdade privada e eu vou estudar você queira ou não.
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Simão livre de um peso nas costas, mas com um vazio no coração recebia constantemente notícias de Silvana, sua irmão do meio, desde todos os eventos que abalaram as últimas estruturas restantes da família Garuzzo. Suas duas irmãs e seu pupilo haviam voltado para Gaeta (e graças a Deus não tinham sido excomungados pela Igreja Italiana).
"De posse de uma das maiores vigílias que já realizei pela nossa família, venho lhe trazer um misto de notícias, algumas agradáveis, outras não. Sei que você não quer que eu me lembre de Constantino, mas ele não é uma pessoa má. Alguns refugiados da guerra da Síria vieram até Gaeta e Constantino, tocado por Cristo Jesus, está batalhando para conseguir abrigo para eles. Não se sinta mal, meu irmão, se eu te falar isso, mas acredito que tudo que inevitavelmente aconteceu com teu filho mais novo é uma chance para nos perdoarmos e usarmos os recursos que ainda são nossos para um bem maior. Agora, a notícia ruim: soube por uma freira amiga minha que Zeus está livre e ninguém sabe ao certo para onde ele foi. Te desejo paz no coração, meu irmão, e que Nossa Senhora e o Senhor Jesus Cristo te protejam."
E foi assim que o coração de Simão encheu-se novamente, mas não de amor, e sim de rancor.
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Estava sendo insuportável para Samantha ver as tentativas fracassadas de Ruthy engatar um romance com seu avô. "Por que ela e o papai não param com essa palhaçada e voltam de vez? O filho feito na Simonetta não pode ser desfeito e acabou." Até Mônica, sua melhor amiga, quando alertada sobre o sofrimento de Samantha fazia pouco-caso dela convidando-a simplesmente para "Orar e pedir discernimento a Deus". A que Deus Samantha pediria discernimento, agora que o Espiritismo de Ruthy havia sido escancarando ao ponto dela receber a visita de diversos médiuns na casa de Simão? Seu pai, Luís Cláudio, completara 40 anos hoje e nem para pegar o carro e visitar o ex-esposo Ruthy tinha discernimento.
– O que você está fazendo, Samantha? – Perguntou Ruthy à filha, que estava preparando as malas.
– Olá, mamãe. Até que enfim me notou. – Respondeu Samantha. – Mas não se preocupe. Os seus amigos espíritas vão ser de maior serventia à senhora do que eu.
– Para onde você tá indo? Você vai pra casa de seu pai? – Indagou Samantha. – Ah, me esqueci! Hoje é aniversário dele.
– Não, eu não vou pra casa dele até ele se dá conta que está saindo com uma feiticeira aproveitadora. Eu vou pra casa do lado mais ou menos da história. Não se preocupe, eu sei pegar Uber.
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Simonetta estava sentindo uma falta de ar enorme agora que estava entrando para o mês final da sua gravidez. Mas, mesmo assim, ela pensava no lado bom da coisa: em breve teria Gabriel nos seus braços!
– Oito meses, Gareth. – Desabafou Simonetta para o marido. – Nosso menino está chegando a oito meses de gerado. Eu pensei que ele não iria sobreviver à tanta pressão.
– Agora é ficar com os olhos bem abertos. Ele pode a qualquer hora dar o ar de graça. E vai ser lindo como a mamãe. – Bajulou Gareth.
– Vai ser lindo e com os olhos azuis do papai, já que durante toda gravidez eu pensei... – Dizia Simonetta até ser interrompida por batidas na porta.
– Pensou nas marés do oceano? – Questionou o geminiano. – Eu vou atender.
Dito isto e prontamente atendendo ao visitante, o marido de Simonetta teve uma grata surpresa. Ele esperava qualquer pessoa ali, menos aquela, com qual ainda não tinha vínculo algum construído.
– Olá, Gareth ou titio ou sei lá o que você é meu. – Disse Samantha. – Eu quero conversar com a Simonetta. Você poderia chamá-la?
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