CAPÍTULO 52

Simonetta incomodava-se profundamente com algo comum às ideologias extremistas políticas, aos religiosos mais devotos e ao seu pai, Luís Cláudio: a mania de achar que a sua verdade era a melhor. Ele não era má pessoa, muito pelo contrário, era um santo comparado com o outro leonino que Simonetta conhecia.

– Pois bem, dono da razão absoluta, ou vamos eu e Stella para a casa da Alasca ou não vamos nenhuma das duas para Salvador. Só saio daqui com a Stella. – Confrontou Simonetta.

– É o fim dos tempos mesmo! Só falta as estrelas caírem do céu. – Respondeu o pai da moça. – Simonetta, por que está agindo com tanta indiferença comigo?

– O senhor seria o melhor amigo de alguém que ameaçasse matar eu ou a Samantha?

– Claro que não! – Respondeu o historiador. – Mas, filha, a situação é diferente...

– Não, não é diferente: eu não vou fazer uma viagem longa com alguém que quer a morte do meu filho. Passar bem.

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Gareth tivera algumas audiências em sua vida e pela primeira vez não era o acusado. Sim, ele seria eternamente réu pelo crime de amar Simonetta, mas antes de enfrentar o mundo real deveria saber sobre os encontros e desencontros de sua concepção. Simão Garuzzo iria começar a audiência, mas Gareth impediu. "Primeiro ela", escolheu o garoto apontando para a mãe.

– Foi há cerca de 27, 28 anos que briguei com meus pais e acompanhei a Virgo em busca dos anseios dela. – Revelara Asia. – É, Gareth, você não foi o único que fugiu de casa. Lá ela me apresentou o Lúcio, então cunhado dela. A Virgo adorava influenciar homens poderosos e queria que suas meninas seguissem o mesmo caminho. Mas eu juro que não me apaixonei pelo seu pai em busca de poder.

– Continue. – Exigiu Gareth apontando dessa vez para Simão.

– Eu juro que não queria trair a Gina assim, mas a nossa relação já estava muito desgastada. – Relatou Simão Garuzzo. – A Asia foi a primeira mulher com quem eu traí a Gina e eu juro que eu queria que fosse a única. Em 91 transamos pela primeira vez e quando eu decidi pedir o divórcio à Gina descobrimos que a Maria Marta estava com leucemia.

– Sim, mas nenhum de vocês chegou em 11 de setembro de 1994. – Comentou Gareth. – Eu quero explicações diretas, sem enrolação.

– Filho, a história é um pouco longa. – Justificou-se Asia Adams. – Com o tempo o Lúcio e a Maytê descobriram... E naquele 11 de setembro o Lúcio morreu no mesmo motel em que eu e seu pai estávamos transando.

– É só isso? E todos viveram infelizes para sempre? – Lamuriou-se Gareth.

– O velho conhecido era um cara ardiloso. E a Maytê também era. – Explicou Simão. – Nós fugimos da cena do crime. Gareth, eu não quero explicar o contexto geral, porque isso não envolve só eu e sua mãe. Eu fui obrigado a transar com a Maytê e casar com ela. Foi pelo bem dos meus três filhos com a Gina.

– A Virgo em conluio com a Maytê mandou nos matar, mas a Stella, com apenas quatro anos, conseguiu me mandar um sinal. Um sinal um pouco diferente, porque as terras da nossa família sofreram um incêndio notável até. Os seus avós morreram. Quando descobriu que estávamos vivos, Maytê mandou um cheque pelo meu silêncio.

– E assim resolveu-se tudo, não é? O dinheiro em troca da verdade. Grande escolha, dona Asia Setembrino. – Reclamou novamente o filho da bruxa.

– O cheque não foi só um pedido de silêncio. Foi uma ameaça também. Eu fiz uma promessa com a Deusa de nunca procurar a família Garuzzo em troca da nossa proteção. Eu acho que ela cumpriu sua parte do acordo.

– Estive muito seguro entre os 12 e 14 anos. – Ironizou o rapaz.

– Gareth... – Dizia Asia enquanto suspirava.

– Vocês dois estão dispensados. Eu preciso trocar ideias comigo mesmo.

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Mikhael lambia as partes mais cavernosas dela e amassava seu peito como se fosse uma almofada. Seus gritos finos e sensuais davam a Mikhael uma sensação de conforto e a certeza de que o plano iria dar certo. Infelizmente seu alvo não era Simonetta e sim Mirella. Fora muito fácil levá-la para a cama.

– Eu não esperava que uma das mentes mais prodigiosas de Salvador quisesse ter um momento de prazer comigo. Sou muito sortuda.

– Podemos ter várias outras se você não cair na ilusão que isso possa ser sério um dia.

– Isso eu já sei, mas, diga, Mikhael, o que você quer de mim? – Indagou Mirella. – Tenho suspeitas que não foi só pela beleza e gostosura que me levou para a cama.

– Eu não quero te tratar como uma meretriz, mas você sabe que meu objetivo é Simonetta... E, para eu consegui-la, devo destruir completamente o seu Conto de Bruxas Contemporâneo.

– Bem, eu posso te afirmar que o Gareth não vai para a cama comigo e eu ficaria deveras satisfeita se fosse. Eu deixaria de ser apenas uma empregadinha naquela empresa...

– Talvez você ganhe o Gareth de brinde, mas, para isso, Salvador inteira deve saber da versão soteropolitana de "Os Maias". E tem uma pessoa que sabe melhor que ninguém desse romance e ele, com certeza, cairá na sua...

– Leônidas? – Adivinhou Mirella.

– Ele mesmo. – Confirmou Mikhael.

– Negócio fechado. Eu só quero uma boa grana adiantada caso o moleque não saiba transar bem.

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Virgo precisava encontrar os espíritos ruins, principalmente os dos homens, para agradar sua deusa protetora, Lilith. Ela não sabia se João Muniz continuava tão mesquinho e rancoroso, mas valia a pena passar de frente à mansão dele, já que o tratado de Hécate com Asia havia sido rompido. Sim, agora ela, a lendária Virgo, poderia andar debaixo do Sol. Dois jovens desconhecidos de Virgo e de auras muito escuras estavam perto da mansão de Muniz. Virgo conseguiu ouvir parte da conversa dos rapazes, usando feitiços. O que ela conseguiu entender não lhe agradou. "Estamos próximos de dar o golpe na Izabel." Virgo se lembrava vagamente de uma tal de Izabel, mas, mesmo assim, achara um absurdo o desrespeito com a figura feminina. E se essa Izabel tivesse potencial para bruxaria? Todas as mulheres tinham uma bruxa interior.

Revoltada e disposta a cumprir seu objetivo inicial, Virgo localizou Maytê, sua irmã mais nova, usando um pouco da grande magia acumulada em anos de exílio. Maytê ficou surpresa e enraivecida com a aparição de Virgo, mas a bruxa compreendia sua irmã: ninguém gostava de uma mulher com a capa preta que aparecia do nada.

– Maytê, minha bondosa irmã, reúne-se comigo ao exército de Lilith. Os malditos filhos de Adão precisam ser destruídos.

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Helionora repensou os últimos dias e diagnosticou rapidamente seu mal: ciúmes. Vendo o principal afetado pelo seu ataque, ela decidiu ir lá e pedir desculpas.

– Américo! – Gritou Helionora. – Eu queria conversar com você sobre o Gareth.

– Se eu não for atingido pela sua fúria, aceito manter o diálogo. – Respondeu o professor.

– Eu fiquei com medo de não ser tão importante para o Gareth quanto você. – Confessou a ex-caçula dos Garuzzi.

– Cada pessoa tem uma importância própria e dependendo do momento, você pode ser muito mais importante para o Gareth do que eu. – Observou o pai de Alasca.

– Acho que já fui uma vez. Eu conheci ele no ponto de ônibus. Ele estava desesperado quando ouviu sirenes e tiros. A conexão foi imediata. Acredito que almas afins se reconhecem.

– Eu conheci ele muito antes que você. A Asia cismou de parir ele numa reserva ambiental. Quando foi 12h00 do dia 11 de junho de 1995 eu escutei o choro dele. Graças ao Gareth eu descobri onde estavam os dois. Segundo a Asia o horizonte estava em Virgem.

– Fico feliz por você proteger o meu irmão desde cedo. – Disse. – Obrigada.

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Luís Cláudio aceitara a proposta de Simonetta e isso era uma grande vitória para ela. Com Stella por perto, Simona comprovaria que outra coisa tirava seu pai do sério, além do constante assunto do aborto. Simonetta tinha fé que seu filho nasceria e enquanto as coisas não se resolviam, decidiu usar as artimanhas típicas de uma virginiana. "Só quero que vocês dois controlem esse clima aí. Eu e meu bebê não podemos adoecer. Grata", debochou Simonetta ao entrar no carro.