Capítulo 28
CAPÍTULO 28
– Eu não vou negar: eu sentia uma baita admiração pelo seu avô quando eu me apaixonei pelo seu pai. Talvez eu quisesse uma cópia morena de Simão Garuzzo... De qualquer forma, mesmo com aquele jeitão orgulhoso dele, o Luís Cláudio é encantador. Você viu que ele não quis os parabéns e nem o bolo no dia 10? Bem, eu era muito amiga da sua tia Marta, pois eu trabalhava como cabeleireira e ela procurava por perucas... Depois ela trocou minhas perucas por lenços. Foi aí que me aproximei do Luís. Quando eu engravidei seu pai mal acreditou. Ele queria fazer doutorado em Roma, mas acabou se casando comigo. Ele queria um menino para ser o Luís Cláudio Júnior e nasceu você. Ficamos sem decidir o nome. Como você nasceu seis dias antes do aniversário de 48 anos do Simão eu decidi e obtive a aprovação de seu pai: ela será a nossa Simonetta, nossa pura e perfeccionista Simonetta.
Mesmo que o fogo que inicialmente unira Ruthy e Luís Cláudio tivesse baixado exponencialmente, a libriana sentia que todas aquelas loucuras tinham valido a pena. Ali estava ela, diante de suas duas filhas, comemorando os 15 anos da mais velha.
– Eu não canso de ouvir essa história. – Respondeu Simona, emocionada com os dizeres da mãe.
– Feliz 15 revoluções solares, querida. Você merece tudo. – Dizia Ruthy quando foi interrompida por Samantha, que batia ferozmente na porta do quarto de Simonetta. – Samantha, depois teremos a conversa às três.
– Mãe, aquela amiga da Simonetta também faltou a aula. – Contou Samantha. – Qual é o nome mesmo? Sim. Nathalia.
– Mãe, deixa que eu vou falar com a Nathy. – Pediu Simonetta, desconfiando que boa coisa não viria de Nathalia.
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Simonetta saiu do quarto e chamou Nathalia com a mão para uma conversa a sós. Nathalia era uma garota extremamente mimada pelo pai e pelo avô e guiada à risca católica por sua devotíssima mãe, Izabel. O que Izabel não sabia é que Nathalia gostava de desfrutar os prazeres da adolescência juntamente às suas amigas. O bom é que Nathalia não sabia que Simonetta era muito mais evoluída do que ela nesses quesitos. Pelo menos era isso que Simonetta pensava.
– O que é que você está fazendo aqui? – Perguntou Simonetta.
– Eu vim cobrar minha comissão por servir de pretexto para suas fugidinhas. Eu sei que, para o horror do teu pai, você tem uma amiga esotérica e, além disso, está saindo com um rapaz pobre. – Revelou a neta de João Muniz. – Vantagens de ter amigas badaladas, baby!
– Você é uma maldita, Nathalia! – Rosnou Simonetta. – Ainda bem que eu ando sempre com dinheiro no sutiã. Duzentos reais serve ou ração de cobra custa mais caro?
– Por enquanto. – Sorriu debochada a neta de João Muniz.
– E o que você faria se eu não aceitasse seu suborno? – Perguntou Simonetta. – Só por via das dúvidas.
– Anunciaria na tua festa de aniversário que você goza nos braços de um pobretão. – Confessou Nathalia.
– Te odeio, Nathalia Muniz! – Exclamou Simonetta, tentando focar na sua fantasia de Perséfone.
– Também te amo, santinha do pau oco. – Respondeu a vigarista em troca.
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Gareth mal conseguiu acreditar que Stella era filha de Virgo. Sim, Virgo, a mulher que lhe abordara duas vezes com profecias sem sentido. Talvez ela só quisesse assustar o amigo da filha. Mas por que Virgo tinha ido ao seu encontro quando ele e Leônidas nem tinham entrado em Salvador? Será que Gareth era um bruxo com poderes adormecidos? Ela queria sequestrar ele como fez com Simonetta? Eram perguntas em aberto. A única coisa que Gareth tinha certeza é que não tinha nenhuma doença sexualmente transmissível. Graças a Deus (ou à Deusa).
Ele estava andando com Leônidas pelo campus da UFBA quando deu de cara com Helionora, uma antiga conhecida cujo ele estava mantendo distância por motivos de estar transando com a sobrinha dela.
– Meus amiguinhos, que saudades! – Exclamou Helionora em um tom que não deixou Gareth nem um pouco confortável. – Eu soube pelo Marcelo que vocês conseguiram uma promoção na S.V. Comunicações. Parabéns para vocês.
– Eu estava morrendo de saudades da rainha das deusas mortais, digo, de você Helionora. – Falou Leônidas, com a cantada obviamente ignorada.
– Sim, já faz mais de dois meses que fomos promovidos. – Respondeu Gareth, desviando o olhar.
– Pensando nisso e em como vocês serão futuros grandes empresários, eu convido vocês para o aniversário do meu pai hoje a noite. – Revelou Helionora entregando os dois convites.
– Mas ele não faz idade daqui a seis dias? – Indagou Gareth. – Ah, eu costumo pesquisar a vida dos meus patrões no wikipédia. – Desculpou-se o rapaz.
– Sim, o aniversário de papai é em 04 de setembro, mas decidimos fazer uma festa dupla. E a presença de vocês é uma ordem, não um convite. Espero ver vocês lá.
Quando Helionora afastou-se dos amigos capixabas, Gareth e Leônidas preparavam-se para o "funeral". Era óbvio que a psicóloga suspeitava do caso nem tão secreto de Gareth e Simonetta.
– Eu vou de preto, minha cor preferida é a preta. Assim eu me enterro de preto e fico de luto por você ao mesmo tempo. – Lamentou Gareth.
– Eu vou me enterrar de amarelo, sua segunda cor preferida. Será minha homenagem póstuma. – Completou Leônidas.
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A nova bestfriend (lê-se boyfriend) de Simonetta, a Tania (era esse o nome que estava em sua agenda de celular), não lhe mandara nenhuma mensagem de "Feliz Aniversário" ou "Transo com você amanhã". Simonetta estava muito preocupada de, no outro dia, receber uma notícia de Stella com as seguintes palavras: "Gareth está morto!" ou para piorar "Ele teve os olhos arrancados por amar demais a ti". Simona tinha odiado aquele sonho envolvendo ela, Simão e Stella. Que a Deusa mantivesse aqueles belos olhos azuis-esverdeados no lugar deles. Mas, para felicidade e medo simultâneos da aniversariante, algo lhe tirou de seus pensamentos descontentes: Gareth, de preto, e Leônidas cumprimentavam o seu avô.
– Não se preocupe, Simonetta. – Sussurrou Helionora atrás das costas da sobrinha. – Eu já sei que você e o belo moreno de olhos azuis estão dando umas fugidinhas. Para situações como essa uso o que aprendi no curso de Psicologia. – Continuou. – Ah, e não vou contar nada a ninguém. Aproveite muito ele. – Finalizou Helionora, para felicidade de Simonetta.
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Na hora da dança dos 15 anos com Luís Cláudio, Simonetta desceu as escadas da casa de Simão usando uma peruca loira, que combinava com seu vestido, um colar enorme de caveira e flores no cabelo. Mikhael estava vestido de azul com uma cara como se todos seus planos fossem dar certo naquele dia. "Maldito", pensou Simonetta."Nunca que você irá conseguir pôr as mãos em mim ou na empresa do meu avô."
Simona Perséfone desejava que seu Hades a levasse ela para longe dali, longes dos olhares daquele maldito Leão, nem que por causa disso, o "olimpo" dos Garuzzi entrasse em guerra. Quando Luís Cláudio acabou de dançar com a filha, ofereceu-a de cortesia para dançar com Mikhael, como se tivesse combinado isso com o parceiro de signo. Simonetta recusou com a cabeça, o que fez o pedófilo leonino ajoelhar-se diante dela.
– Eu sei que não nos damos muito bem, mas isso acontece até nas melhores famílias. – Falou Mikhael, num som audível para a maioria das pessoas que ali estavam. – Você é uma moça bonita, inteligente e, agora com 15 anos, praticamente uma mulher. Simonetta Garuzzo de Lima, aceita namorar comigo?
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