Capítulo 19
CAPÍTULO 19
Gareth não queria admitir, mas o ar da graça lhe dado por Simonetta curou, momentaneamente, as feridas de seu coração. Sua atração pela neta de Simão Garuzzo era, até então, a coisa mais assustadora que havia sentido em sua curta vida de quase 18 anos.
– Leônidas... eu e Simonetta precisamos conversar. – Ordenou Gareth. – E nem passado o dia 10 de junho sua cabeça estará segura.
– Vocês dois aí, cuidado com as câmeras. – Debochou Leônidas.
Simonetta aproximou-se de Gareth e beijou seu rosto. Por sua vez, o geminiano sentiu um enorme fogo subindo de suas entranhas.
– Estava morrendo de saudades de você, Gare. Desculpas. – Confessou a adolescente. – Eu montei uma emboscada com o Leônidas para te reencontrar. Na verdade, eu tive que pôr o Leônidas no meio da desculpa que eu dei para o meu tio Marcelo. Ele quem conseguiu colocar vocês nesta festa.
– Quem tem que te pedir desculpas aqui sou eu. – Admitiu Gareth. – Mas você também tem que entender o meu lado: você invadiu minha privacidade. E o pior: você não confiou em mim e foi procurar não sei aonde informações sobre o meu passado. Por favor, me diga onde você encontrou-as.
– Eu subornei um funcionário do meu avô e entrei na sala de arquivos dele e encontrei seus dados.
– É, o primeiro crime a gente nunca esquece. – Respondeu Gareth, lembrando das consequências de seus primeiros atos infracionais.
– Acho que o meu primeiro crime foi amar você. – Confessou. – Vamos para ali atrás daquela árvore. – Pediu Simonetta apontando para uma das maiores árvores do jardim do seu avô. – Sente-se. – Falou para o amado. – Sabia que esse é um dos lugares que eu mais gosto do universo todo? É aqui que eu ficava quando queria me esconder das bruxas.
– Você, se escondendo de bruxas? – Indagou Gareth, espantado. – Isso é bem estranho para quem é melhor amiga de uma.
– Eu acho que precisamos ser totalmente honestos um com outro em relação ao nosso passado e aos nossos sentimentos. Quando eu entrei na puberdade comecei a sentir desejos sexuais, mas não confiei em falar nada para minha mãe, nem minhas tias e nem tanto para a Stella. Como você deve saber a Stella é, por nascença, da Seita e nessa seita as mulheres ficam virgens para sempre ou até um "demônio" possuí-las e gerar bruxas ou bruxos superpoderosos. Dizem que esses "vendidos" têm o potencial de serem "demônios" em vida. – Desabafou Simonetta.
– Não sabia que a Stella era da Seita. Sabia que ela estava no celibato, mas não sabia desse detalhe. – Comentou o capixaba. – Minha mãe também era dessa tal Seita e acho que eu "quebrei" os poderes dela durante e depois da gestação. Será que sou filho de um "demônio"?
– Você é um anjo encarnado, isso é certo. – Comentou a garota, apaixonada. – Demônios para a Seita não são bem aqueles demônios que o catolicismo prega. São homens ou mulheres que são controlados pelo mal e levam muita gente à morte. Claro, eles vivem se escondendo de tudo. Devem viver no submundo de seus sentimentos.
– E se eu for filho de um demônio ou de um anjo caído? Tipo, o herdeiro do submundo de Hades? – Fantasiou Gareth.
– Se você for Hades, eu quero ser Perséfone. – Concluiu Simonetta.
– Sim, eu posso te permitir esse papel, mas por favor, não me enrole mais. Você estava me falando dos seus apetites sexuais antes de contar sobre seu estranho medo às bruxas. – Esbravejou Gareth.
– Bem, eu comecei a pesquisar muito sobre sexo e meu fogo aumentou. Segundo Stella, eu estava deixando Lilith me manipular no meu ponto mais fraco. Aí te conheci e não consegui me segurar. – Confessou a primogênita de Ruthy.
– Então eu sou apenas um objeto sexual nas suas mãos? – Respondeu Gareth, tentando disfarçar o sorrisinho.
– Não. Você é meu amor para a vida toda. Se eu for obrigada a dormir ao teu lado sem poder te tocar, não me importarei. – Prometeu.
– Certo, não precisa exagerar. – Pediu o apaixonado. – Prossiga me falando sobre bruxas.
– Bem, sobre por que tenho medo de bruxas. – Recapitulou. – Gareth, eu fui sequestrada por uma por 17 dias. Eu conheci a Stellinha lá, no cativeiro.
– Espera, a Helionora me falou de um parente dela que passou esse tempo aí sequestrado. Então era você? Ela te sequestrou por dinheiro, foi isso? – Perguntou Gareth.
– Não. Ela queria me recrutar para a Seita. Segundo ela eu tenho potencial para a bruxaria.
– O quê? Então, você é uma bruxa? – Indagou o geminiano, surpreso.
– Não. Não ainda. – Respondeu Mona. – Só vou me tornar se abdicar do sexo e escolher uma religião pagã como religião praticante. Eu sou católica. Os dons, os pressentimentos continuam comigo. Eu posso me tornar uma médium, como minha mãe me disse, mas eu posso ser apenas um projeto de feiticeira incompleto.
– Não estou acreditando nisso, sério. É surreal essa história.
– A Stella já nasceu com poderes porque é filha de uma bruxa com um homem vendido. Pelo menos foi isso que a mãe dela lhe disse. – Contou a menina. – E, você apesar de ser filho de uma, acredito que não é um bruxo.
– É. Só sou amaldiçoado mesmo. – Lamentou-se.
– Você precisa me falar sobre essa maldição. Você precisa confiar em mim. Eu te amo. – Pediu Simonetta.
– Então vamos voltar ao ponto que nos fez brigar? – Lembrou Gareth, furioso.
– Sim! Se você liberar metade do seu segredo, eu libero a outra metade do meu. – Chantageou a virginiana.
– Minha mãe é uma bruxa, ex-católica, participava dessa tal de Seita e engravidou de mim não sei como. – Revelou. – Você conhece a Fundação Lúcio Leão?
– É a instituição do finado pai daquele pedófilo do Mikhael.
– Você precisa ainda me falar sobre esse Mikhael. – Ordenou Gareth, enciumado e desconfiado ao mesmo tempo.
– Você não vai gostar de conhecê-lo. – Observou Simonetta. – Continue.
– Ela trabalhou para esse Lúcio Leão e recebia cheques todos os meses em nome dessa instituição. Eu achei que ele fosse meu pai. Isso e o fato de ver minha mãe enganando as pessoas com seus dons fez com que eu saísse de mim. Eu fugi de casa para ir para a casa do meu tio Américo, mas me perdi. Fui ajudado por uma gangue de rua, que me cobrou pela alimentação e pela "proteção". Passei a fazer pequenos furtos e aprendi a mexer na arma. No dia 15 de setembro de 2007, ainda lembro bem, fui o responsável por liderar um roubo. Mas a minha vítima era muito esperta e já tinha chamado a polícia e eu estava com uma arma na mão. Ele ia atirar em mim, já que eu parecia ser mais velho. Ele ia me matar e eu quase matei. Atirei várias vezes e um dos tiros, que pegou na perna, foi quase fatal. Ele estava sozinho na casa, os meus comparsas fugiram e eu chamei a ambulância. Daí fui preso justamente no aniversário do meu tio. O homem em que atirei perdeu a perna...
– Bem, acho que já fizemos muitas revelações por hoje. – Disse a irmã de Samantha. – Posso te pedir uma coisa?
– Sim e eu já sei o que é. – Adivinhou. – Eu estava morrendo de vontade de te beijar.
Após o casal reatar e trocar alguns beijos, Simonetta interrompeu a reconciliação. Ela precisava concluir, de vez, o seu fogoso plano.
– Amor, você precisa voltar ao trabalho. Já conversamos demais. Além disso, eu preciso voltar para casa. Estou com dor de cabeça. – Inventou.
– E o aniversário da sua irmã? – Indagou o filho de Asia.
– Vou ficar um pouco mais e depois a gente se fala. – Disse a rebelde. – Te amo.
– Também te amo, Mona.
Gareth se despediu da namorada, que abriu um sorriso maldoso, pensando na mentira que ia inventar para Luís Cláudio e Ruthy e na grande surpresa que Gareth teria até o fim da noite.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro