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Capítulo 107

CAPÍTULO 107

Marina deveria enfrentar seu medo do público se quisesse se tornar jornalista um dia. Vejam bem: se era possível existir autistas adultos trabalhando como atores, cantores ou até mesmo como jogadores de futebol, o sonho de Marina não seria uma exceção. O que pode ser impossível para alguns, é concretizável para outros.

Era a manhã do dia 12 de setembro de 2019 e, até aquele momento, a chegada inesperada de Gareth, Simonetta e as crianças fora a única coisa que lhe desestabilizara a estudante. Agora, a jovem precisava respirar fundo e superar seus medos diante daquela multidão.

– A sociedade humana sempre foi relutante em aceitar o diferente. Quando trata-se de pluralidade sexual, a trama ganha feições dogmáticas e polarizadas. Os jovens dos dias atuais são hipersexualizados, especialmente as mulheres. A maioria das jovens, então, se veem  obrigadas a escolher o amor de sua vida e encaixar-se em hétero ou lésbica. Mas a vida não é assim, sim ou não, preto ou branco. Enquanto se opõe cisgêneros e transgêneros, esquece-se dos intersexuais; ou gays versus héteros, esquecendo as pessoas assexuais. – Observara a filha de Isaías. – Antigamente, uma moça que perdia a virgindade antes do tão sagrado casamento era considerada escória; hoje, homens ou mulheres que, por algum motivo, não transam na idade padrão, são menosprezados. A vida sempre foi dura para os assexuais... É como se uma pessoa que não transasse não pudesse sentir amor pelo seu parceiro...

Antes que a aniversariante daquela semana pudesse concluir seu raciocínio, fora recebida com uma chuva de vaias e comentários maldosos e distorcidos. "Feminista do demônio" e "Marina chuteira psicótica" foram dois destes. Não fosse o rosto conhecido de Mônica e Eden que acompanhavam sua palestra haveria surtado. Segundos antes da enteada de Gina tampar os ouvidos, fechar os olhos e cair de joelhos no chão, a loira pegara seu microfone e tomara a palestra para si.

– Eu sei por que vocês têm medo do feminismo. É óbvio, até. Vocês consideram o feminismo o inverso do machismo e isso os preocupam. Vocês sabem muito bem o que vai acontecer a vocês se os papéis se inverterem. – Começou a discursar a moça, com autoridade e sem medo das vaias que recebia. – Não, eu não sou uma drogada, nem pratico orgia, nem desacredito em Deus. Eu sei que é isso que vocês estão pensando. Mas eu não sou assim e eu tenho direito de defender as mulheres. Vocês estão achando ruim? Imagina se vocês fossem obrigados a deitarem com pessoas que não lhe elogiam, não lhe encantam, não lhe conquistam. E você tem que se deitar e fazer tudo isso dá certo, porque aos olhos da sociedade você só pode ser feliz se tiver um homem ao lado. Só pode ser feliz se tiver transado aos 15, casado com a grande pessoa de sua vida ou até mesmo se casou virgem e construiu uma família que, depois de tudo que você fez, vai lhe virar as costas, vai te jogar no asilo. E o seu marido, seu grande amor, vai te trocar por uma moça mais jovem, com as carnes no lugar. – Contou a taurina, mesmo sendo, acreditem, boca virgem. – Se a sociedade acreditar que o gay, a lésbica, o trans, o intersexual são coisas do demônio também vão acreditar que é impossível ser assexual, não sentir necessidade de sexo para ser feliz. E, às vezes, ele não é necessário mesmo. É, olhando mais de perto fica fácil ver por que vocês acham que uma mulher para ser feliz e ter sucesso precisa obrigatoriamente de um homem. Até mais, seus hipócritas.

Os odiadores de Marina se calaram e se retiraram pouco a pouco. Era gratificante saber que, mesmo com seu jeito atípico de ver o mundo e fazer as coisas, Marina conquistara bons amigos.

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Propor um jogo de baralho fora a melhor solução que Eden encontrara para apaziguar os ânimos de Marina. Sim, supõe-se que quem joga baralho procura ser sociável, mas Eden preferia pensar neste como uma contemplação de problemas probabilísticos de Matemática. O jogo escolhido por Eden era popularmente conhecido como Burro e nele não havia vencedores, apenas perdedores.

– Então, estamos procurando por voluntários para acompanharem em sua saga de perdão. – Revelou Simonetta. – E aí, quem se candidata?

– Não sei se estou disposta a interferir mais uma vez nas necessidades alheias... – Confessou Mônica. – Daqui a pouco vão começar a fazer preces para mim e queimar velas aos meus pés por devoção.

– Alasca já está escalada no meu projeto com o Scala. – Dizia Eden em relação ao Sistema de Comunicação Alternativa para Letramento de Autistas. – Abel e Caim precisam de autonomia e a maior independência possível.

–Talvez eu vá com o Gareth... Soube que o Marcos Lins trabalha com materiais esportivos. – Observou Marina. – E se o compadre conseguir o perdão desse homem, ele e a Mona estrelarão uma peça feita por mim, já que o meu foco em esportes será de extrema valia.

– Deus me livre. Vai que você surte de novo. – Lembrou Mônica. – Você vai confiar no Gareth para te socorrer?

– Muito obrigado pela força, mas não. Não estou disposto a estrelar nenhuma peça. – Respondeu o pai de Gabriel, com as letras BU na testa.

– Ele aceita, Marina. – Interveio Simonetta, mostrando para os amigos presentes quem realmente dava a palavra final naquele casamento.

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Simão fora alçado ao Paraíso pelo anjo de olhos castanhos mais encantador que existia na Terra. O passado, trágico, se convertera apenas em pesadelo e não tinha permissão para ser vivido novamente. Foram necessários 25 doloridos anos para que Simão contemplasse o amor de todas as formas. Era preciso, porém, arrancar todas as mágoas geradas desde o instante em que vira o velho conhecido, sem os órgãos genitais, morto na piscina e compartilhar as revelações que vieram seguidas do assassinato.

Os pensamentos do italiano, que estava curtindo a praia com a amada, foram interrompidos por um telefonema.

– Sim, sim. A viúva de Marcelo Leão é minha filha... – Respondera o empresário. – Os senhores não foram capaz de contatar ela? Ela deve estar em algum terço então.

– Meu bem, quem estaria interessado na Maria Marta? – Indagara a bruxa.

– É sobre o suposto suicídio do Marcelo. – Respondeu Simão para a amada, desviando-se do telefone. – Sim, o senhor Tarcísio trabalhou como motorista para o meu filho mais velho, Luís Cláudio, nunca tive o que falar dele, na verdade... O quê? Ele participou do assassinato do meu genro? Mas a certidão de óbito tá dizendo que foi suicídio... Ele trouxe provas de quem foi o mandante? Como assim?

– Coloque no viva voz, por favor. – Pedira Asia.

– Segundo o senhor Tarcísio ele foi encarregado de comprar a caixa de bombons que foi encontrada com o seu genro. Ele também ficou responsável de entregá-la a uma terceira pessoa, resgatá-la e enviar como um "presente" para o Marcelo. Ele apresentou a nota fiscal e a identidade da terceira pessoa envolvida. – Revelou o detetive. – O rapaz alegou que não sabia que isso resultaria na morte do senhor Marcelo e preferiu manter-se calado com medo do seu novo patrão, até que outros crimes deste viessem a tona. O novo patrão dele, depois que ele se demitiu do emprego de motorista na casa do teu filho, era Mikhael Leão, irmão da vítima.

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Maria Marta pretendia, no ano de 2020, dedicar pelo menos 95% da sua vida para Deus. Pretendia também conseguir o perdão de Marcelo, que estava lá do outro da existência, e sabia do monumental esforço e redenção que deveria ter. Além disso a beata deveria, algum dia, explicar-se aos filhos. Vejam bem: se ela tivesse no lugar deles também não entenderia o porquê de sua mãe tratar-lhes com desprezo e desdém. Distraída com tais sentimentos benignos, a escorpiana se fere com o espinho de uma rosa vermelha e, logo em seguida, é surpreendida com a voz de um demônio em ascensão.

– Ora, ora... Eu não podia imaginar melhor reencontro. A escorpiã está sozinha, desprotegida e sem presas. – Apresentou-se Mikhael. O leonino portava uma mochila cinza em suas costas.

– Ora, ora... Temos um bandido que ousa pisar no território de suas vítimas. – Respondera a mãe de Eden.

– Então já te contaram? – Indagara o vilão. – Eu pensei que a informação chegaria muito mais rápido até a mim.

– Eu não preciso que ninguém me diga que você é um bandido. Essa informação já vem estampada na sua cara. – Rebateu a filha do meio de Gina.

– Me sinto lisonjeado... – Dizia Mikhael enquanto segurava os braços de Maria Marta contra um das árvores do seu jardim. – Eu trouxe uns presentinhos para você, para nossa festinha de despedida... Sinto muito que sua santa de barro não possa lhe salvar dessa vez. Eu te mataria como eu matei o trouxa do seu marido, mas pretendo te fazer sofrer. Eu vou te impossibilitar de entrar num convento, de novo...

– Então é isso? A polícia já sabe que você matou o Marcelo, né? – Deduziu a beata. – Te ver atrás das grades é um sonho que eu tinha há muito tempo.

– Meu irmão era um idiota. Ele te amava demais. Ele não sabia o que fazer com as informações preciosas que tinha. – Debocho o leonino. – Não se preocupe. Depois do presentinho que te darei hoje, você mesma vai encontrar uma maneira de se encontrar com ele no inferno.

O malvado tira, primeiramente, uma mordaça e finas cordas de sua mochila, amarrando a ex-esposa à árvore e calando-a. Em seguida retira uma réplica de uma coroa de espinhos e um grande crucifixo colocando-os, respectivamente, na cabeça e pescoço de Maria Marta. Debochadamente separa as pernas e arranca as roupas íntimas de sua vítima.

– Nossa, agora eu sei porque o Marcelo era tão gamado em você. – Ironizou o vilão. – Eu vou roubar o que você me negou, queridinha, e fazer você reviver cada segundo do seu pior pesadelo.

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Ruthy estava alcançando, dia após dia, a paz espiritual e familiar que tanto sonhara. Não, o status de mulher casada não lhe fazia mais falta. Divorciada, sentia muito menos raiva de Luís Cláudio e dos insucessos de sua vida. Ela agora era uma pessoa livre: livre para ir e vir, expressar sua fé e ser ela mesma com os outros. Infelizmente, só não era livre para amar, pois seu amado não lhe era permitido. De seu passado só queria recuperar as amizades abruptamente perdidas. Isto lhe fez pensar como seria bom discordar das visões religiosas de Maria Marta e ser sua confidente, sem a responsabilidade de ser uma boa cunhada. Possivelmente, a casa de Simão Garuzzo estaria vazia. Vejam: Simão sumira misteriosamente quase ao mesmo tempo que Asia; Gareth e Simonetta foram passar uns dias em Vitória, na casa de Gina; Samantha e sua cachorrinha, Raquel, praticamente se mudaram para o apartamento de Leônidas. Certamente Maria Marta estaria em sua antiga casa, despedindo-se de sua vida de mãe e esposa, almejando seguir o caminho espiritual que almejara desde de criança.

Com um choque, a mãe de Simonetta encontra a velha amiga amarrada em uma das árvores de seu jardim, com uma coroa de espinhos na cabeça e crucifixo no pescoço. Mesmo amordaçada, a beata fazia-se ouvir com um choro agoniante. Sangue da cor vinho manchava a saia de Maria Marta. "Quem será que teria feito aquilo com Maria Marta?", pensara Ruthy. Procurando uma coragem sobrenatural, Ruthy se aproximara da mãe de Eden, desamarrando-a e lhe retirando a mordaça.

– Eu juro que não eu não mandei matá-lo. Eu só queria vingança. – Desabafara Maria Marta, abraçando desesperadamente a boquiaberta Ruthy.

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