CAPÍTULO 104

Gareth ainda passaria um bom tempo sem se levantar daquela bendita cama, mas, ainda assim, ele permaneceria grato. Grato por sua vida, por aguentar as indiretas de Maria Marta e ter a sua bela família ao lado, sempre que possível. Ele era um sobrevivente, não só do atentado, mas da vida como um todo. Era quase impossível passar pela vida que passou e mesmo assim ter esperança no futuro e na humanidade. Gareth se tornara, sem querer, uma versão muito melhor do que sonhara aos 14 anos, quando havia acabado de sair do reformatório.

– Gostaria de lhe dar os parabéns. – Dizia Gareth à meia-irmã mais velha. – Não é fácil ter o nome de um demônio na certidão de casamento. Finalmente, para a lei dos homens e de Deus, você só terá sido casada apenas com o Marcelo. A diferença dos irmãos é gritante.

– Eu não costumo agradecer elogios, porém, com você, sou obrigada a mudar essa prática. – Respondeu a mãe de gêmeos. – Como eu suspeitei ele não usou nada que sabia contra mim, mas o que mais me espanta é que até agora ele não se vingou de nenhum de nós. Não acredito numa redenção do Mikhael, sabe?

– Também não confio nele, mas vai que minha mãe tenha lançado um feitiço de inatividade pro mal, como fez com a Virgo? – Propôs o filho de Asia.

– Talvez. – Concordou Maria Marta, revirando os olhos ao lembrar do algoz. – Simonetta disse que talvez só venha para deixar as crianças com sua mãe. Ela me disse que está preparando uma festa de aniversário pra ela. Te deixou um bilhete que, obviamente, não li. Estou evitando o pecado original em minha vida.

Gareth recebera ansioso a carta da beata. "Claro, você sempre evitou sexo", pensou. O bilhete pedia para Gareth estar bem-disposto para dia 29, à meia-noite, aniversário de 21 anos de Simonetta. Era dia 25 de agosto. Faltavam quatro dias para Gareth sentir Simonetta em sua forma mais demoníaca.

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Raramente Mikhael parecia fazer sexo só por fazer, todavia depois de ser expulso da mansão do finado irmão, o leonino não era mais o mesmo na cama. Raiva? Não, ele sabia lidar bem com isso. Será que o amante de Diana estava pensando em vingança até em seus momentos mais íntimos?

– Eu não vou suportar conviver com um homem que não me conta nada. – Alertara a mãe de Alasca. – Larguei a convivência com minha filha, a minha liberdade de ir e vir e tudo para fugir com você. Eu quero pelo menos a minha grana no bolso, quando o golpe for finalizado na S.V. Comunicações. Já cansei de transar com um zumbi!

– Maria Marta não vai se livrar tão fácil de mim. Ela complicou os meus planos, mas haverei de deixar ela e todos os Garuzzi mais pobres que mendigos. Ela depois terá o tratamento especial dela, mas, por enquanto, vou deixar aqueles italianos na ruína.

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O segundo domingo de agosto fora especial para Nathalia. Não, ela não mandara nenhuma mensagem de felicitações para Jonathan. Naquele dia apenas abraçara João Muniz e lhe pedira para considerar, mais uma vez, a adoção urgente de Maysa.

Maysa. Aquele dia fora especial pela menina e a mensagem que Nathalia recebera do avô desta. Uma foto. Wanderson queria apenas uma foto da menina e lembrou que não se sentia capaz de cuidar da neta e nem de conhecê-la, ainda. Naquele quarto domingo de agosto, 25, Nathalia tinha um encontro marcado com o psiquiatra para dá-lhe detalhes sobre a vida de sua neta. Tudo que Nathy precisava era deixar seus sentimentos suficientemente claros. Ela não podia perder a chance de ser feliz.

A viagem para o Rio de Janeiro se fizera tranquila. A partida de Vasco da Gama, time do coração de Wanderson, e São Paulo fora a melhor desculpa que a estudante de medicina conseguira.

– Ela é tão inteligente... – Repetia Wanderson, constantemente, fingindo prestar atenção no jogo. – Fico menos angustiado, sabe? Não sou uma árvore sem frutos.

– Lógico que você não é uma árvore sem frutos. Quer um exemplo de árvore sem frutos? Jonathan Muniz. Você é um excelente médico, ajudou a salvar a vida de várias pessoas, tem um bom coração... E ainda é jovem. Você tem todo tempo do mundo para reconstruir sua vida. – Observou Nathalia.

O médico e a estudante fizeram silêncio até quando foi possível. Aos 11 minutos do segundo tempo, Talles Magno, a joia vascaína, abrira o placar para o time de São Januário. Em meio à euforia da torcida e de Wanderson, Nathalia aproveitara o momento mágico e roubara um beijo de seu amado.

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Simonetta merecia ser recompensada e quem sabe até, beatificada, por suportar, sem surtar, os últimos dois meses de sua vida. Tudo começara com uma visita de Marina e depois dela a estranheza de Gareth. Dias depois, a virginiana fora acordada por Mônica, para receber a excelente notícia que seu marido estava gravemente ferido, mas estava vivo. Como se sua trama não tivesse emoções suficientes, Simonetta recebera a proposta de Pietro Altavilla para se tornar primeira-dama de Gaeta. Em troca, se conseguisse convencer Gareth a aceitar o convite, acabaria com as maldições de décadas da família Garuzzo. Como cereja do bolo, a mãe de dois flagrara seu pai com um corte sugestivo no abdômen, recebendo a orgulhosa confissão de Luís Cláudio na véspera de seu aniversário e dois dias antes do dia dos pais.

Feita a retrospectiva, Simonetta preparava os últimos detalhes da festa surpresa que daria para Gareth. Lingeries lilás, vermelha e preta. Ok. Capa peniana, algemas e chicote. Ok também. Gareth aprenderia naquela noite a deixar de ser um menino mimado. O último passo era deixar as crianças com Asia e fazer amor como se não houvesse amanhã.

Gareth, em sua cama de casal provisória, e sem pijama adolescente algum, parecia estar ciente da brincadeira.

– Boa noite, amor. Você foi bem alimentado? – Perguntou Simonetta, com um sorriso maldoso.

– Sim, jantei bem, embora eu esteja morrendo de fome de você. – Respondeu.

– Eu tentei ser uma boa menina, misericordiosa, compassiva e até fui isso, em partes. Esperei tempos demais tentando domar a tigresa que existe em mim. Você sabe, né, Gare que me magoou bastante e cometeu o crime de não confiar em mim... Agora, levante as mãozinhas.... – Ordenou Simona, prendendo os membros superiores do marido na cama. – As pernas ficam onde estão. Elas estão imóveis mesmo. Ah, não se preocupe. Eu que vou endurecê-lo. – Explicou a virginiana, apontando para o meio das pernas de Gareth. – Agora escolha uma cor: lilás, vermelha ou preta.

– Eu prefiro você nua. – Revelou o geminiano. – Mas eu escolho lilás em homenagem à primeira vez que você deixou completamente maluco.

– A partir agora sou eu quem mando. – Exigiu Simonetta. – E, se eu ouvir o senhor tentando gozar ou gemer sem minha autorização, serei obrigada a lhe castigar.

– Se eu não morrer essa madrugada, me tornarei imortal. – Brincou, por fim, Gareth.

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Transar era um dos poucos atos que Mirella faria em qualquer ocasião. Assim, ela não podia perder a chance de trepar com um produtor de conteúdos pornográficos. Era dia 29 de agosto de 2019 e Theo e Bento, os bruxos K-poppers, implantaram com sucesso a câmera xereta na casa do inimigo.

– Meu dom, por que não divulgamos logo os vídeos de transa do nosso casal preferido? Isso vai ajudar a afundar a S.V. Comunicações. – Sugeriu Mirella a Lázaro Herrera.

– Tenha calma, Mimi. Uma bomba de cada vez. Esses vídeos só estourarão quando eles estiverem aptos a fazer a qualquer acordo e isso só será possível quando eles estiverem para perder o maior bem deles: os filhos. – Prometeu o canalha.

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