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Capítulo 5

– Eu não queria falar nada, mas eu queria muito, muito mesmo, cagar agora.

– Ítalo, não é o momento! – Eu repreendo meu amigo.

Eu, Ítalo, Denis e Tobias estávamos andando procurando a parte do muro da escola que era baixo em que íamos pular.

– É porque eu estou nervoso, porra!

– Eu também, mas segura isso, lá dentro tem banheiro.

– Ok. Quem é o mais leve de nós e vai pular o muro e tentar abrir o portão do estacionamento? – Tobias pergunta.

Eu olho em volta para os meus amigos. Tobias era o mais parrudo de nós, então não. Ítalo era magro, porém bem alto. Sobrava eu e Denis, que tínhamos quase a mesma massa corporal, magrelos mas com potencial para ter músculos se tivéssemos uma frequência boa na academia.

– Não olha para mim, eu já consegui as chaves. – Denis joga as chaves para mim.

– Odeio vocês, odeio esse plano, odeio a minha vida. – Reclamo enquanto Tobias e Ítalo me dão pézinho para eu me jogar em direção a minha morte.

Secretamente, eu também estava morrendo de vontade de cagar, estava suando frio, com um medo surreal de ser pego e destruir toda a minha vida, mas era por uma boa causa, certo? Meu estômago embrulha lembrando das mentiras que falei para passar a noite fora, que íamos estudar na casa do Ítalo. Era algo comum eu passar a noite com os meninos, e eles irem lá para casa também, mas eu odiava mentir o lugar em que estava para minha família por questões básicas de segurança.

O que André falaria se ele soubesse o que estou indo fazer agora? O que meus pais falariam? O mesmo discurso de sempre, que deveríamos escolher certo nossas batalhas, que a vida era assim, que o mundo era injusto (racista) e que tínhamos que seguir em frente sem causar maiores problemas.

Eu sempre odiei esse discurso, mas no fundo, sabia que era verdade. Rebeldes e revolucionários não venciam mais nenhuma batalha desde a Revolução Francesa. As ditaduras que vencemos, felizmente, com muito ardor, ainda tem resquícios espalhados por aí, olha a quantidade de militarismo que estamos tentando combater até hoje. É uma merda.

Isso me dá um gás para pular o muro, deixando meu medo de altura de lado, e colocando uma dor de joelho na minha agenda. Vou até o portão do estacionamento, e não encontro nem uma alma viva, quase tenho medo de esbarrar com um fantasma pelo abandono evidente do local durante a noite. Pareço entrar em uma realidade paralela ao ver o colégio de madrugada.

Abro o cadeado com uma facilidade alarmante e chamo meus amigos.

– Primeiro passo: INVASÃO. Check! – Tobias risca algo no seu bloco de notas.

– Apenas você traria um bloco de notas para invadir e vandalizar a escola. – Denis zomba.

– Sou organizado.

– Vou ao banheiro. – Ítalo corre até o vestiário, pois estávamos próximos da quadra – Já volto! – Ele grita e Tobias falta matá-lo.

– Eu vou atrás dele. Eu encontro vocês no laboratório – Tobias corre atrás de Ítalo tentando fazer o mínimo de barulho possível, apesar de estarmos distantes da portaria.

– Realmente não há câmeras de segurança?

– Não temos dinheiro nem para cortinas, Arthur. – Denis me responde – Não faço ideia do que acontece com o caixa da escola, mas coisa boa não deve ser.

– Já tentou investigar?

– Bom, vocês estão gostando que eu banque o Sherlock Holmes, então talvez eu faça isso mesmo.

– Mas nunca fez isso antes? Mesmo tendo aceso ao computador do seu pai?

– Bom, não é tão fácil assim quanto parece. – Denis de repente fica irritado e começa a andar pelo campus. – Bom, Tobias não especificou o laboratório, então vamos explorar enquanto Ítalo tira a merda de dentro dele.

Observo meu amigo andar com pressa, como se fugindo daquela conversando, ajeitando sua jaqueta de couro, mas não consigo ficar calado.

– O que é complicado?

– Talvez eu não queira descobrir que meu pai é um vilão, Arthur! Talvez seja isso, caralho!

Denis grita comigo, coisa que ele nunca tinha feito antes e sinto meu peito se contrair e comprimir, me sinto pequeno. Quero chorar e fugir dali, mas engulo o nó na me garganta e deixo para lá.

– Foi mal, desculpa, não era minha intenção... fazer do seu pai o vilão.

– Eu sei, ele consegue fazer bem esse papel sozinho, mas porra, ele ainda é meu pai, sabe? E por mais que eu não concorde com tudo que ele faz, ele tenta ver meu lado, pelo menos do fato de ser trans, falou até que vai pagar minha mastectomia quando eu me formar, e sei lá, eu sinto que devo algo a ele, ou não, é complicado, contraditório e...

– Desculpa, eu não fazia ideia. Eu achei que ele era...

– Transfóbico? Bom, sim às vezes, ele ainda erra meus pronomes, mas acho que ele está tentando, acho que está melhorando, mas ai, vai e acontece essa merda no colégio e eu fico "que porra é essa"?

– E você não investiga porque tem medo do que pode descobrir.

– Exatamente, Arthur, exatamente. Porque no final do dia, ele ainda vai continuar sendo meu pai.

Não sei o que dizer, então aperto o ombro do meu melhor amigo.

– Família não é apenas sangue. Eu estou aqui.

– Você sempre esteve – Denis esboça um sorriso – Obrigado.

– Por nada. É pra isso que amigos servem. E vou pegar mais leve com seu pai.

– Por favor, não. Ele não merece isso, mas... pode pegar mais leve comigo? Eu sei que eu tenho essa pose de durão pela jaqueta de couro e tudo mais, porém você me conhece a mais tempo e sabe que sou mole – Denis zomba de si mesmo e seu rosto brilha. Como é bom ter um amigo que se abre com você, sem medo, sem julgamentos.

– Você, Denis, é duro como uma pedra. Sem moleza alguma. Mas vou ser mais tranquilo, tenho que me maneirar nos questionamentos, para não ficar doido, e não deixar todos doidos à minha volta.

– É um bom começo, amigo.

Denis me abraça e eu retribuo. Raramente nos abraçamos assim, era estranho ter tanta contato físico depois que ficamos algumas vezes juntos, mas agora, depois de tudo que passamos, fico desejando internamente que Denis fosse meu irmão, que vivesse comigo, e não, André. Com o Denis eu me sentia seguro para me abrir sem ser julgado, e sentia carinho e importância vindo dele.

– Então, vamos para qual laboratório? Informática? Física? – Pergunto.

– Pensei em darmos uma passada no auditório, pelo que conheço do Ítalo nervoso, ele vai demorar.

Faço uma cara de nojo pensando no estrago extra que deixarémos no colégio.

– Ok, vamos lá.

Seguimos para a parte mais distante do campus de Solidum Numus, atrás das quadras e da piscina, e adentramos no nosso auditório. Não sei porque chamam assim, sendo que o local tem uma estrutura de um palco italiano, perfeito para encenar peças de teatro. Talvez seja porque Solidum Numus nunca tenha de fato bancado um espetáculo feito pelos alunos, apenas as Olímpiadas, que obviamente, eram voltadas para os esportes. O máximo de mostras artísticas que tive nesse período, foi um show de talentos, bem mequetrefe em que eu tive zero confiança para cantar ou tocar algo. Mas lembro de Olivia ler uma poesia autoral muito bonita, e Ítalo tocar um solo de baixo com Tobias no violão. Talvez seja por isso que me tornei amigo deles dois, eu sabia o potencial que eles tinham para uma banda.

– Esse lugar sempre me tira o fôlego – Comento, em cima do palco, bem no meio – Tem uma capacidade para umas trezentas pessoas.

– Trezentas e cinquenta, para ser mais exato – Denis me responde – É uma droga que aqui só é usado para palestras inúteis e aulas gerais chatas.

Meu amigo vai para atrás da coxia, e segue para uma porta com uma escada e vou atrás.

– Nossa, eu nunca tinha subido aqui – Olho para o camarim, amontoado de tralhas, projetores, luzes para iluminação, caixas com materiais cênicos. Mas também vejo potencial no espaço, imagino futuros atores se preparando para um espetáculo, músicos fazendo aquecimento vocal, a maquiagem sendo retocada...

– É, metade disso deveria estar no depósito, mas todo o espaço está sendo usado para guardar material esportivo.

– Uau, por essa eu não esperava – Comento, ironicamente.

– E agora, vamos a minha sala favorita... – Denis destranca mais uma porta e nos é apresentado um anfiteatro, um pouco menor que o nosso auditório e estava abarrotado de instrumentos, e cheirando a uma poeira que atacaria a rinite de qualquer um. Além disso, havia um grande espaço com um espelho, provavelmente destinado a aulas corporais e de dança. – Acho que em um passado não tão distante, a Solidum Numus teve um bom currículo voltado para as artes.

– Eu estou chocado. Como nunca mostrou isso pra gente antes?

– Não é como se eu pudesse simplesmente sair roubando as chaves do meu pai sempre.

– Verdade. Mas olha só todo esse espaço! Por que não usamos isso?

– Porque precisaríamos pagar por professores de artes, música, dança e teatro, além de que, tem que ter alunos o suficiente, coisa que ultimamente aqui tem faltado.

Assinto, concordando com meu amigo, lembrando das salas vazias pela evasão dos alunos no último ano.

– Inacreditável. Não podemos destruir isso.

– Bom, não é como se a gente fosse causar um incêndio de verdade. Só íamos tacar fogo numa lixeira da quadra, pixar alguns coisas, quebrar algo...

– Não podemos quebrar esses instrumentos, Denis!

– Quer roubá-los?

– Não, não isso. Quero usá-los, pegar emprestado. Isso não deve ficar parado, assim como livros numa estante.

Denis coça a cabeça, olhando para mim daquele jeito questionador dele. Ele sabe que às vezes eu exagerava sendo poético demais.

– Arthur, não sei o que você quer que a gente faça, sendo bem sincero, já conversamos com o Alison, e pelos meios legais, não deu.

– Eu sei, só estou pensando... – Pego uma guitarra antiga com cuidado e limpo a poeira.

– Pessoal, vocês estão aí? – Ouvimos a voz de Ítalo sussurrando do camarim.

– Estamos aqui, subam – Denis responde.

– Cara, que lugar é esse? – Tobias chega da porta.

– Eu sei que aqui tem uma estrutura antiga bizarra, mas não sabia que parecia um palácio com tantas passagens secretas – Ítalo comenta, olhando em volta do nosso anfiteatro interno – É como se fosse uma passagem para outro mundo – Ele analisa as paredes de pedra e a pequena arquibancada.

– É, pelo que sei da história de Solidum Numus antes da ditadura militar havia várias aulas de diversos núcleos artísticos, era uma escola referência, pelo que ouvi por alto do meu pai.

– E com a ditadura acabou. – Eu suponho.

– Na verdade, mais ou menos, entre as décadas de 60 e 80 aqui foi usado de forma clandestina por alguns grupos musicais, de vanguardas.

– Cara, tipo uma sociedade secreta, igual nos filmes! – Ítalo comenta animado.

– É, acho que sim – Denis dá de ombros e mexe em algumas caixas. – Estava aqui quando meu pai me mostrou. Olha, as fotos.

Vejo diversos grupos, nenhum que eu conheça de fato, mas fico encantado pela história do lugar. Os retratos, as pessoas, as roupas. Tudo ali gritava um movimento de contracultura, e eu estava amando.

– Denis, esse lugar é a porra de um museu muito foda! – Comento animado, folheando os álbuns de fotos.

– O que aconteceu depois? – Tobias pergunta, enquanto também vasculhava os objetos.

– Bom, a segurança ficou mais intensa, e os grupos se desfizeram. Muito provavelmente foram expulsos, pelo uso de drogas, mau uso de patrimônio da escola. Bom, foi o que meu pai disse.

– Olhem esses nomes nas paredes! – Ítalo vai até a lateral do anfiteatro. Nomes como Rita, Agenor, Miranda, Renato, Cássia e uma dúzia de outros, porém sem sobrenomes.

– O outro lado da história de Solidum Numus – Tobias reflete.

– Não podemos destruir nada disso pessoal – Me imponho.

– Não vamos – Tobias concorda.

– Podemos criar uma espécie de exposição, ou altar, depois de vandalizar! – Ítalo sugere.

– É uma boa ideia, Ítalo. – Denis fala. – Apesar de que meu pai saberia, que eu sou o único aluno que conhece aqui.

– Mas e os funcionários? – Pergunto.

– É, tem alguns... – E Denis é cortado por um som estridente. – Ítalo, o que está fazendo?

– O quê? O baixo estava do lado do amplificador, ele estava implorando para ser tocado!

Ítalo sorri e começa a dedilhar algumas notas que reconheço. Não me contenho e vou até o piano, que estava levemente desafinado, mas nada me impede.

"Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou..." – Canto sorrindo a letra de Tempo Perdido do Legião Urbana enquanto olho para Denis e Tobias, na esperança deles entrarem na onda.

Tobias rapidamente pega o violão que havia deixado ali perto, e Denis, revirando os olhos, a contragosto, mas sei que ele estava doido para entrar na vibe, começa a batucar de leve nos pratos da bateria, com as mãos mesmos, sem saber onde estariam as baquetas centenárias do lugar.

"Não tenho medo do escuro

Mas deixe as luzes

Acesas agora

O que foi escondido

É o que se escondeu

E o que foi prometido

Ninguém prometeu

Nem foi tempo perdido

Somos tão jovens

Tão jovens! Tão jovens!"

Canto com meus amigos a pleno pulmões o último verso, sentindo o passado correr pelas nossas cordas vocais e vibrar nos dedos que tocam o piano. Sorrio para eles, sentindo que encontramos uma sintonia, sentindo que realmente, fizemos algo bom, criamos algo. Éramos uma banda.

Até que...

– Quem está aí?

Ouvimos uma voz desconhecida. Fomos descobertos.

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