A loucura sussurra-me ao pé do ouvido
E como é tentadora a sua voz!
Sussurra-me sempre o mesmo pedido
Sempre que somos deixadas à sós.

Diz-me que eu escreva uma carta
E nela ei de me despedir:
Do mundo há muito vivo farta
Por isso é chegada a hora de partir.

Diz-me que eu vá até a janela
E que dela, sem pena, me atire.
Serei então um corpo numa capela
E terei sobre mim olhares tristes.

Mas a verdade é que um vôo terei alçado
Para longe de todas as tristezas:
Enquanto meu corpo jaz sepultado
Minha alma jaz eterna e livre das impurezas.

Enquanto o mundo se faz mais errado
Eu a matéria terei deixado
Para, enfim, fundir-me às estrelas.

Autora:BrunaNovaisdeSouza

Livro: Das rosas, os espinhos