Anmyni
O humilde casal se encontrava na sala da casa deles, o cheiro do café feito na cafeteira elétrica se misturava com os pãezinhos quentinho que recém tinham saído do forno. Com cadeiras de madeira ornamentada e uma mesa de vidro o lanche da manhã era servido acompanhados de frios e algumas poucas variedades de frutas.
Alexandre falava ao telefone deixando sua esposa ansiosa e roendo as unhas ao ver as respostas monótonas de seu marido que se resumiam a 'sim', entendo' e 'ham'. A empregada doméstica que era paga pelo Álvaro arrumava o quarto deles enquanto eles decidiam detalhes importante do futuro de seus filhos.
Largando o telefone sobre a mesa, ele apenas esfregar fortemente seus olhos e logo após bagunça violentamente seu cabelo. Lucia só o via desesperada aguardando suas palavras, enquanto ele parecia reunir forças ou encontrar as palavras certas para dar o recado.
"Estamos no projeto Alvorecer, aquele mesmo que passa na tv." O homem a encara em seus olhos a deixando em choque com a resposta. "Não posso dizer que foi pior que eu imaginava, mas também não significa que seja. Foi apenas uma surpresa, só que..." antes de terminar sua frase, Lucia interrompia rapidamente.
"Não é ruim? Não somos especialista em flora, eu estudo manipulação genética e você um químico, como vamos fazer o solo ser produtivo de novo ou fazer plantas frutíferas renderem mais? Isso é loucura e se a gente não der resultado e eles quiserem revogar a nossa licença de nossos filhos o que iremos fazer?" virando um xicara de café quente com as mãos tremulas, sua mente não parava de imaginar dezenas de possibilidades, uma pior que a outra.
"Só que é a nossa melhor opção, não podemos pensar no que acontecer se a gente falhar, mas sim em como fazer dar certo. É um discurso motivacional barato, mas por enquanto não temos nada melhor. Vou ligar para alguns amigos na universidade e ver as pesquisas mais promissoras nessa área, somos inteligente e aprendemos rápidos" Alexandre só tentava ver o lado prático da história e como tirar proveito o máximo disso, faria qualquer coisa para garantir a segurança de seus filhos.
"Dez anos, dez anos e o nosso mundo contínuo de mal a pior, o que faz pensar que com a gente agora será diferente? E mesmo que conseguimos, quem garante que faremos isso no tempo que eles querem? E se atrasamos o que eles vão fazer conosco e nossos filhos?" seu coração batia tão forte que parecia que iria perfurar seu peito, se não se segurasse poderia arrancar seus cabelos com as próprias mãos.
"Eu gostaria de dizer que vai ficar tudo bem e te dar todas as garantias do mundo, só que não estaria sendo sincero." Nesse momento ele aproximou a cadeira dela da dela e a envolveu em seus braços enquanto desmanchava em lagrimas e soluços. "mas precisamos pensar racionalmente, esse é a nossa única chance e não podemos a desperdiçar"
Tentando recuperar o seu folego, a mulher limpava suas pálpebras tentando se controlar emocionalmente, a situação era difícil e perder a calma só a dificultaria. "E com quem você pensar em falar? Tem uma ideia de onde começar, eles colocaram algum prazo para a gente?" sentia-se um pouco mais segura ao receber o calor de seu amado.
"Não falaram nada nesse tipo, apenas o tipo de resultado que esperam. Temos acesso a um bunker para fazer testes caso necessário e vai ter alguém nos vigiando para saber se estamos trabalhando, talvez resultado não cobrem de imediato, mas vão querer um de nós lá pelo menos oito horas por dia"
Já tinha definido que seria ele, sabia que sua esposa precisaria de todo o cuidado e repouso possível. Só que isso não significaria que ela trabalharia menos que ele.
Abrindo o seu notebook, acessam o link que tinham compartilhados com eles sobre todas as pesquisas que atualmente estão em andamento. "temos que começar por algo não é mesmo? Só amanhã vou precisar ir lá, hoje vou ficar do seu lado"
E após esse simples gesto seus lábios se tocam o fazendo sentir um leve gosto de morango, enquanto ela se sentia feliz por confiar nele. Os dois iriam superar esses desafios juntos.
Eram inúmeras pesquisas e tentativas de fazer o rendimento da agricultura aumentar, desde a qualidade do solo até das arvores. O melhor que tinham conseguindo alcançar era uma fruta com 10% mais nutrientes que o normal.
Era hora do almoço e a emprega trazia a refeição para o casal que não sai do lugar concentrado em seus estudos. O delicioso cheiro do macarrão não parecia suficiente para os seduzir, mesmo sendo a comida predileta dela.
Inúmeras anotações no papel era feitas e logo depois alguns eram amassados e arremessado na cesta de lixo. Cada plano jogado fora a angústia deles aumentava, provavelmente tinha bastante tempo, mas isso não era suficiente para acalmá-los.
O seu primeiro dia estava muito nervoso e inquieto, com alguém anotando tudo que fazia em uma prancheta. Infelizmente não trazia resultados satisfatório.
Uma sombra andava ao lado dele por todos os lados, não para o ajudar ou auxiliar, mas para o vigiar em cada passo que era dado. Era um homem extremamente alto e sua presencia era bastante ameaçadora, contendo uma enorme cicatriz que cruzava de seu olho até seu lábio.
Depois de uma semana nada parecia ter mudado e o homem apenas o vigiava como sempre. Era como se a qualquer momento fosse saltar nele e o estrangular, um medo provavelmente exagerado, que fazia o ar pesar toneladas nas costas do pobre Alexandre.
Sua esposa continua estudando em casa e sem descanso, suas pálpebras pareciam estar sendo puxadas para baixo, só que sua força de vontade a mantinha acordada. Xicaras de café eram tomadas uma em cima de outra.
Depois de um tempo o médico dela a havia chamado, para fazer novos ultrassom dos pequenos e seu marido obviamente não iria perder e com uma ajudinha de seu amigo, consegiu ser liberado para esse dia importante. Não apenas os dois tinham deveres, parte do acordo era Álvaro financiar as pesquisas e equipamentos.
Os dois estavam extremamente ansiosos pelos resultados, ver o estado deles seriam um animo nas forças depois de tanto esforço e trabalho. Segurando fortemente a mão de sua esposa, aguardavam a chegada do médico.
"Acho que finalmente vai vir a primeira recompensa, não consigo dizer o quando estou feliz e nervoso, mal posso esperar para ver eles andando. Sei que é muito cedo para imaginar isso, mas acho que você sente a mesma coisa né?"
A pergunta de Alexander não deve resposta alguma, apenas um silencio que gerava estranheza. Olhando para o lado ve Lucia de olhos fechados e rapidamente abrindo como se tivesse levado um susto.
"Desculpa, eu não ouvi. Estou um pouco cansada, só descansei um pouco os olhos" sua voz era arrastada e lenta o deixando preocupado.
"seus batimentos estavam altos e você não tem dormido direito e está exagerando no café, você deve se preocupar com sua saúde, eles não estão nos cobrando, acho que desde o início o principal interesse era o dinheiro do Álvaro mesmo."
"Eu sei, só que esse assunto ainda me causa estresse. Sabe com o que eu sonhei" com a pergunta se virou para ele e encarou em seus olhos. "Com a gente num parque florido, era um dia ensolarado da primavera, nós três e os três pequeninhos andando nos brinquedos com outras crianças, Annie e Amy juntinhas empurrando uma e outra no balanço e o nosso Antoni jogando bola com outros. Sei que é cedo, mas fico ansioso esperando esses dias" de sua boca surgia uma grande e enorme sorriso.
"Talvez não, isso tudo aqui é por eles e por nós. Mas preciso que fique bem, não só por eles, mas para você está nesse dia." E olhando um no olho do outro se aproximaram ao ponto de sentirem a respiração de seu parceiro antes de trocar um simples beijo em pleno consultório.
"E se encontramos algo, temos que fazer uma homenagem para nossos pequenos, não acha?".
Alexander apenas acenou concordando e ficaram pensativos por alguns segundos sobre o que poderiam fazer. Em um raciocínio rápido Lucia veio com a Solução.
"E que tal fazer a combinação dos nomes do três? Anmyni, na de Annie, My de Amy e Ni de Antoni, os três juntos?"
"Até que é uma ideia boa, mas infelizmente não temos nada, acho que eles só nomeiam do projeto pronto" brincou o marido a fazendo soltar uma pequena risada tímida.
"E infelizmente eles não podem ajudar, só estão crescendo e desenvolvendo. E muito rápido, logo estão enormes e bem forte."
Suas palavras parecem ter feito Alexander ficar em estado de transe. Uma ideia surgiu em sua cabeça, algo que mudaria a vida de todos.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro