42_ Piquenique.
( Narrado por Mason )
Acho que deixei meu ciúme transparecer em meu rosto, pois Arizona pareceu perceber que eu fiquei incomodado com a mensagem.
Saí de cima dela para que a mesma pudesse pegar o celular e responder a mensagem com privacidade. Permaneci sentado em sua cama apenas observando a mesma digitar na tela do celular.
ㅡ Eu acho que me esqueci de mencionar isso. ㅡ Ela começou a falar ainda segurando o celular em mãos. Quando me olhou, arregalou os olhos. ㅡ Não! Não é o que está pensando, isso foi um pedido da Lisa. ㅡ Franzi as sobrancelhas confuso. ㅡ O Leonard e eu faremos o casal da peça, como eu disse. Lisa sugeriu que saíssemos juntos para nos conhecer. Disse que isso ajudaria na hora da interpretação.
Assenti. É lógico que eu entendia. Interpretar um casal com alguém que você nem conhece, com certeza, seria estranho, e isso faria com que o público não acreditasse naquilo. Ou seja, seria uma peça ruim. Eu entendia, mas não significa que adorei a ideia.
Engoli em seco abaixando a cabeça e depois de alguns segundos voltei a olha-la.
ㅡ E para onde vão? ㅡ Perguntei tentando não demonstrar o quanto aquilo me incomodava. Perguntei no tom de quem apenas estava curioso, como se jogássemos papo fora.
Arizona pendeu a cabeça para o lado com um sorriso curioso nos lábios. Como se meu comportamento a surpreendesse.
ㅡ Ele disse para nos encontrarmos no Central Park, para um tipo de Piquenique. ㅡ Ela explicou voltando a olhar a tela do celular.
Encarei o teto de seu quarto. Sentir ciúmes também era algo novo e estranho para mim. Era difícil até de imaginar a Arizona em um Piquenique com o Leonard. Mas, o que eu podia fazer a não ser entender a situação? Eu não conseguia não confiar nela.
Acho que era isso que me acalmava. Eu confiava plenamente nela.
ㅡ E a que horas preciso te deixar lá? ㅡ Minha pergunta fez ela me olhar com uma careta. Logo depois ela riu.
ㅡ Você não vai me deixar lá, Mason. Você vai junto comigo. ㅡ Ela colocou o celular na escrivaninha. ㅡ Você é meu segurança, lembra? Não posso ir a lugar algum sem você. ㅡ Ela forçou uma voz masculina, como se imitasse o seu pai ou algo do tipo. Logo depois ela riu de novo. ㅡ Eu falei com o Leonard que não podia sair sem você e ela concordou de boas em ter sua companhia. Segundo ele, é um grande fã seu.
ㅡ Fã?
ㅡ Pois é, né? Eu também achei estranho. ㅡ Ela começou a debochar de mim, o que me fez balançar a cabeça rindo.
ㅡ Por que? Ainda sou um lutador frouxo para você? ㅡ Voltei a me aproximar dela.
ㅡ Eu nunca disse isso. ㅡ Balançou a cabeça.
ㅡ Ah, não? ㅡ Ri de seu deboche. Arizona começou a rir descontroladamente de novo, o que me fez rir também. E assim permanecemos por um bom tempo.
ㅡ Esqueci de dizer que seu pai te ligou. ㅡ Ela disse. Eu ainda estava em sua cama, deitado ao seu lado, apenas aproveitando a sua companhia enquanto ela desenhava os piscas-piscas com os dedos.
ㅡ Quando? ㅡ A olhei. Ela encarava a janela. Seus cabelos pretos estavam jogados pelo travesseiro. Ela parecia tão frágil, mas tão forte ao mesmo tempo. Não sei dizer, mas Arizona parecia já ter passado por muita coisa...
ㅡ Quando estávamos na loja de roupas. Não consegui atender e acabei esquecendo de te avisar. ㅡ Ela abaixou sua mão e colocou entre a bochecha e o travesseiro. ㅡ Como é sua relação com seu pai? Vocês se vêem constantemente?
ㅡ Não tanto quanto eu queria. Minha carreira me prende muito aqui, mas costumo visita-lo sempre que posso. ㅡ Expliquei. ㅡ Nós nos damos bem. Ele vive me dando conselhos e me incentivando.
ㅡ Onde ele mora? Na Coreia?
ㅡ Não, num vilarejo chamado Old Forge, aqui no estado de Nova Iorque. ㅡ Arizona se virou para mim com um sorriso curioso.
ㅡ Vilarejo? Tipo, aquelas casas de pedra e tudo mais? ㅡ Assenti rindo de sua empolgação. ㅡ Nossa, deve ser tão lindo! Lá está nevando? Será que enfeitaram para o Natal? Deve ser encantador.
ㅡ Segundo meu pai, está nevando tem uns dias, sim.
ㅡ Uau. ㅡ Ela sorriu. Agora seu corpo estava de lado, virado para mim. ㅡ Você morou lá com ele? Não sente falta?
ㅡ Um pouco. ㅡ Observei o seu rosto enquanto ela me olhava atentamente, como se quisesse saber cada detalhe da minha vida. ㅡ Depois que meu pai se separou da minha mãe e fomos morar no Brasil, ele conheceu uma outra mulher. Eu ainda era criança. Segundo ele, ele e essa tal mulher costumavam sair muito com seu pai e sua mãe. O que significa que... É bem possível que já tenhamos nos conhecido, mas éramos novos demais para lembrar.
ㅡ Sério? ㅡ Suas sobrancelhas arquearam em surpresa.
ㅡ Sim. Porém, essa mulher enganou o meu pai e ele acabou falindo pouco tempo depois. Precisamos vir para os Estados Unidos para morar com a minha avó, nesse vilarejo. Passei alguns anos lá, mas assim que pude, vim morar aqui para seguir o meu sonho. Um sonho que... Foi totalmente patrocinado por seu pai. ㅡ Ela pareceu ainda mais surpresa. ㅡ Vivi uns anos num apartamento menor e alugado, seu pai quem pagava o aluguel e foi ele quem pagou meus estudos. Nossos pais eram muito amigos e seu pai não mediu esforços para ajudar o filho de um amigo. Eu... Eu nunca vou conseguir agradecer tudo o que seu pai fez por mim, Arizona. Por isso eu aceitei cuidar de você. O seu pai me pediu comp favor que eu tomasse conta de sua filha em uma viagem e eu não teria como dizer não. Eu devo tudo a ele.
Arizona não disse nada, mas seu sorriso deixava claro o quão orgulhosa ela estava de seu pai naquele momento.
ㅡ Então... É possível que já tenhamos nos conhecido antes? ㅡ Ela voltou ao assunto.
ㅡ Bem, o meu pai uma vez mencionou que foi a casa do seu pai para um almoço de domingo e eu fiquei brincando com você. Brincando entre aspas porque eu tinham cinco anos e você três, então, pelo que ele me disse que se lembra daquele dia, eu fiquei fazendo graça para você rir. ㅡ Ela começou a rir. ㅡ Eu não me lembro de nada, na verdade, me lembro de pouca coisa do Brasil.
ㅡ E como fala português tão bem?
ㅡ Meu pai continuava falando em português em casa, quando viemos para cá, eu acabei aprendendo. ㅡ Uma mecha do cabelo dela caiu em seu rosto, mas antes que ela pudesse retira-la, eu mesmo estendi minha mão e retirei com cuidado. Não queria que nada atrapalhasse aquele momento. Eu estava apenas admirando o seu rosto. Cada traço dela parecia tão bem desenhado que eu não conseguia não admirar.
ㅡ Nesse vilarejo é muito frio?
ㅡ Muito.
ㅡ Ah! ㅡ Ela riu me assustando. ㅡ Por isso você vive sem camisa e sem sentir frio aqui, né? ㅡ Ri de sua reação.
ㅡ É. ㅡ Assenti. ㅡ O frio daqui não é nada comparado com o de lá. Lá é... Montanha, entende? ㅡ Ele fez que sim com a cabeça, o que, para mim, pareceu tão fofo que eu até parei de falar só para sorrir. Cara, eu estava muito apaixonado. ㅡ No inverno, então... É um frio de doer os ossos.
ㅡ Nossa... Isso é tão legal! ㅡ Ela sorriu empolgada.
ㅡ Como consegue ficar feliz com tudo? ㅡ Ri de novo.
ㅡ Ah, com o tempo a gente aprende a ver o lado bom das coisas. Imagino o seu pai agora bebendo um chocolate quente na frente da lareira. ㅡ Ela fechou os olhos com um sorriso. ㅡ O que você acha que estaria fazendo se estivesse lá?
ㅡ Se você estivesse comigo, estaria te levando à biblioteca que tem lá. ㅡ Seus olhos praticamente brilharam.
ㅡ Lá tem biblioteca?
ㅡ Tem, é bem antiga e toda de pedras e madeiras. Acho que você iria adorar. ㅡ Sorri observando suas expressões.
ㅡ Com certeza eu iria. ㅡ Concordou.
Arizona e eu ficamos horas assim, apenas conversando sobre coisas aleatórias. E isso era bom. Era bom conversar com ela. Era bom estar com ela.
[...]
ㅡ Ele está ali. ㅡ Arizona disse assim que estacionei o carro perto do Central Park. Era domingo e eu estava a levando para esse tal piquenique com o Leonard. É claro que eu estava bem desconfortável com aquela situação, mas apenas demonstrei apoio a ela. Era pela peça dela, pela carreira dela.
ㅡ Oi! ㅡ Leonard acenou da calçada assim que atravessamos a rua. ㅡ Bom dia. ㅡ O rapaz sorriu. Era difícil não se sentir ameaçado, afinal, o cara tinha os mesmos gostos que ela.
ㅡ Oi, Leonard. ㅡ Arizona sorriu parando em sua frente.
ㅡ Tudo bem? Espero que não tenha tomado café, porque tem muita comida. ㅡ Ele sorriu para ela. Logo seus olhos focaram em mim. ㅡ Bom dia, Mason. É... É um prazer conhecer você pessoalmente. Eu não perco uma luta sua. ㅡ O cara também era gentil e simpático, tudo o que eu não era.
Eu não consegui dizer nada, apenas sorri assentindo uma vez.
ㅡ Bem, vamos? O pessoal está esperando. ㅡ Ele virou as costas para nós, seguindo na direção do gramado.
ㅡ Pessoal? ㅡ Arizona perguntou confusa.
Leonard não precisou explicar, já que de longe já vimos que todos os amigos de Arizona do teatro estavam lá. Havia uma toalha enorme forrada no gramado e muitas comidas em cima. Amelka acenou com um sorriso assim que nos viu.
ㅡ Eu sabia que sair só comigo seria meio estranho, então chamei geral para você ficar mais de boa. ㅡ Leonard disse à Arizona.
•••
Continua...
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