22_ Biblioteca.
Nos livros de romance que eu gostava de ler, havia uma série de sinais que indicavam que a personagem estava se apaixonando. Algumas o coração acelerava, outras coravam, outras esqueciam como se respira, algumas sentem borboletas no estômago...
Eu devia me preocupar com o fato de estar sentindo tudo isso naquele momento?
À uns minutos eu estava admirada com tudo que estava a nossa volta, mas agora eu já não estava nem aí para o que estava a nossa volta. Na verdade, eu tinha até me esquecido de onde estava. Tudo em que eu conseguia pensar era no homem que estava na minha frente. Eu nem conseguia desviar o olhar dele. Era como se eu estivesse enfeitiçada!
Ele estava tão atraente que eu nem sabia no que estava pensando.
Quando os olhos dele focaram em meu lábios, meus olhos se arregalaram e eu finalmente voltei a mim.
Dei um passo para trás, com uma cara de espanto, com certeza, e me virei para o mar sentindo a timidez tomar conta de mim. O que foi isso?? E pela segunda vez?? Eu sei que esses eram sinais claros, e se eu estivesse lendo uma história assim, com certeza estaria gritando para a personagem que ela estava apaixonada. Mas, prefiro acreditar que não é o caso, eu acho.
Bem, qual seria o mal de gostar do Mason?
Olhei para ele, que também encarava o mar agora, e pensei:
Ele é rude;
Não tem absolutamente nada a ver comigo;
Tenho vontade de bater nele a maior parte do tempo;
Discutimos por qualquer motivo;
Não sei praticamente nada sobre ele;
E por aí vai.
E não tem lado bom nisso, a não ser o fato dele ser muito bonito. Mas, não sou do tipo que se encanta pela aparência, então... sem chance.
ㅡ Acho melhor irmos, você deve estar cansada. ㅡ Ele saiu andando. Ah, e tem esse lindo fato dele sempre sair andando na frente, ou seja, nem um pouco cavalheiro. Nem sei o que deu nele hoje cedo para me deixar sair primeiro do apartamento. Com certeza, não combinamos. Então, coração, vê se sossega.
Voltamos ao carro após sairmos da ponte. Estávamos passando na rua, próximo ao apartamento dele, quando vi algo que nunca tinha notado antes.
ㅡ PARA O CARRO! ㅡ Gritei fazendo Mason encostar o carro de maneira repentina.
ㅡ O que foi?? ㅡ Me encarou assustado.
ㅡ Aquilo é o que estou pensando que é?? ㅡ Apontei para o estabelecimento.
ㅡ O que? Uma biblioteca? ㅡ Ele continuava confuso.
ㅡ É! ㅡ Saí do carro empolgada e observei a fachada da biblioteca. Ela era pequena, mas era tão fofa! A vitrine estava toda enfeitada de natal e tinha até um gatinho sentado na porta.
ㅡ Você me fez atravessar uma via e estacionar feito um louco por que viu uma biblioteca?? ㅡ Mason perguntou após sair do carro e parar ao meu lado.
ㅡ Não é um bom motivo? ㅡ O questionei, mas não dei tempo para ele responder, pois entrei na biblioteca.
O cheiro ali dentro era de lavanda. As estantes de madeira estavam repletas de livros e haviam alguns empilhados. Duas mesas com cadeiras estavam no centro enquanto outro gato aparecia.
ㅡ Isso sempre esteve aqui? ㅡ Perguntei quando ouvi o som da porta atrás de mim se fechar. ㅡ Por que nunca notei?
ㅡ Por que não presta atenção. ㅡ Olhei-o com uma careta, o que fez sua expressão de rabugento dar lugar a um sorriso debochado.
ㅡ Deixa de ser rabugento. Olha esse lugar. ㅡ Notei que uma mulher saía do meio de uma das estantes, uma mulher que me lembrou muito a Bellatrix. ㅡ Olá! ㅡ Sorri.
ㅡ O... ㅡ Ela tropeçou nuns piscas piscas que vinha carregando e quase caiu, mas conseguiu segurar numa das cadeiras. Até me inclinei para ajuda-la pelo reflexo, mas estava um pouco longe demais. ㅡ Oi. ㅡ Disse após voltar a sua posição normal e ajeitar os óculos na frente dos olhos. ㅡ Em que posso ajudá-los?
A mulher seguiu para um balcão e começou a pendurar o pisca pisca.
ㅡ Bem, eu sou nova no bairro e foi a primeira vez que notei esse lugar. Eu amo muito bibliotecas. Tive que parar para dar uma olhada. ㅡ Olhei em volta.
ㅡ É mesmo? É bom conhecer outro amante dos livros. ㅡ Ela sorriu. ㅡ Eu abri aqui nesse bairro não tem muito tempo, ainda não recebo muitas pessoas.
ㅡ Pois ela não vai sair daqui mais. ㅡ Mason puxou uma cadeira e se sentou.
ㅡ Eu não... Conheço você? ㅡ Ela apontou para Mason com um olhar pensativo.
ㅡ Não sei. ㅡ Deu com os ombros.
ㅡ Ele é lutador. Talvez o conheça por isso. ㅡ Respondi, já que o mala não fala mais de três palavras com as pessoas.
ㅡ Ah, é isso mesmo! ㅡ Ela assentiu. ㅡ Não que eu goste de assistir luta, mas meu irmão adora e ele não perde uma luta sua. Sr Ogden, certo?
Mason assentiu. Os próximos minutos se consistiram numa Arizona completamente perdida no meio de tantos livros. Eu nem pretendia comprar um livro agora, mas como a moça havia dito que não estava recebendo muitos clientes, decidi apoiar o comércio dela.
Fiquei um bom tempo decidindo qual livro compraria, o que resultou num Mason quase deitado na cadeira de tanto tédio.
ㅡ Obrigada, volte sempre! ㅡ A mulher disse após sairmos do estabelecimento.
ㅡ Por que você é tão... Chato? ㅡ Encarei Mason com uma careta.
ㅡ Eu não sou chato.
ㅡ É claro que é! E para tudo. Fica sempre com uma má vontade danada.
ㅡ Eu só não confio em nada e nem ninguém. ㅡ Disse de maneira simples.
ㅡ Meu Deus! Mas, o que te fizeram? Te traíram? ㅡ Eu não perguntei por mal. Eu realmente quis saber o motivo por ele ser daquele jeito. As vezes parecia até ser mal educado de tão frio que era. Mas vi que vacilei na pergunta quando o olhar dele mudou.
Mason ficou ainda mais sério. Na verdade, pareceu bravo. A mágoa era nítida em seus olhos e eu me encolhi no banco do carro me arrependendo de ter feito aquela pergunta.
[...]
ㅡ Onde vai? ㅡ Mason, que saía pela porta do apartamento, olhou para mim quando perguntei. Eu estava sentada no sofá lendo o livro que havia comprado.
ㅡ No teto. ㅡ E assim fechou a porta.
Eu sabia que não devia ter perguntado aquilo. Ele estava mais estranho do que o de costume desde que voltamos da biblioteca.
Eu tentei ignorar e ler o livro, mas nunca consegui ver alguém mal e ficar por isso mesmo. Até para a moça da biblioteca eu deixei uma carta para ela não desistir pelos poucos clientes que estava tendo.
Deixei o livro de lado, calcei o chinelo e saí do apartamento. Eu não tinha ideia de como chegar nesse teto, então fui pelo mais óbvio: as escadas. Subi todos os lances de escada, quase morrendo, e quando finalmente cheguei no que me parecia ser a cobertura, vi a porta entre aberta.
Parei ali para respirar, já que meu fôlego ficou todo no terceiro andar, e escutei a voz de Mason.
ㅡ Está sendo mais difícil do que pensei. Quando aceitei cuidar dela, aceitei pelo pai dela, por tudo que ele fez pelo senhor e por mim. Mas, pensei que ela seria uma garota mimada que nem iria querer olhar na minha cara. ㅡ Percebi que ele estava falando de mim e continuei em silêncio. ㅡ Não, pai. Ela não é. Pelo contrário, ela é toda simpática com todo mundo, tímida. Ela até escreve cartas para quem está triste. Ela até me escreveu uma, eu fingi que não percebi que foi ela. ㅡ Fiz uma careta e tapei minha boca. ㅡ É, ela se importa com os outros e... ㅡ Mason ficou em silêncio por uns segundos. ㅡ Ela meio que está mexendo comigo.
Senti uma palpitação forte do meu coração assim que ouvi sua última frase. O frio tomou minha barriga novamente e eu me escorei na parede atrás de mim para garantir que minhas pernas não me deixariam na mão.
ㅡ O senhor sabe que eu prometi que não confiaria em ninguém. Que se eu ficar sozinho, ninguém vai enganar. Mas... Está sendo difícil com ela no meu pé o tempo inteiro. Ela cozinha para mim, assiste coisas comigo, discute comigo o tempo inteiro e está começando a me fazer gostar da companhia dela. Eu estou gostando de tê-la por perto. Sabe que nunca me aconteceu isso. ㅡ Ele ficou em silêncio de novo. ㅡ Que? Não, pai. Não viaja. Eu só estou confuso. Confuso porque pela primeira vez eu quero estar perto de uma pessoa. Sabe que eu sempre preferi estar sozinho e nunca quis a companhia de ninguém. Mas... Agora eu quero. Eu quero estar perto da Arizona.
•••
Continua...
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