18_ RATO!
ㅡ Amelka, você fez o que eu pedi? ㅡ Lisa encarou Amelka com um olhar de quem sabia que ela não havia feito nada.
ㅡ Opa... ㅡ Amelka sorriu nervosa. ㅡ Eu vou indo. ㅡ Ela se afastou de mim.
ㅡ Espera! ㅡ Segurei seu braço após terminar de assinar a inscrição. ㅡ Eu não lembro como sair daqui, não. Passamos por tantos corredores...
ㅡ Ah... ㅡ Ela olhou para o lado. ㅡ Leo, leva a Arizona para a saída? Eu preciso ajeitar o que a Lisa pediu, já tem uns três dias e eu estou enrolando. ㅡ Amelka sorriu sem jeito para Lisa e saiu da sala após Leonard concordar. O mesmo olhou para mim e seguiu pela porta que entrei com Amelka a uns minutos atrás. O segui.
ㅡ Você é amiga da Amelka a quanto tempo? ㅡ Ele perguntou quebrando o silêncio daquele corredor que passávamos.
ㅡ Para falar a verdade, a conheci essa semana. ㅡ Abracei os meus braços, agarrando as pontas dos meus cotovelos.
ㅡ Sério? Ela age com você como se fossem amigas de anos. ㅡ Ele riu.
ㅡ É, ela é bem extrovertida. Ao contrário de mim. ㅡ Segui encarando as paredes azuis claras que um dia já foram mais escuras.
ㅡ O que? Você é tímida? ㅡ Me olhou confuso. Assenti. ㅡ E escolheu ser atriz? Fiquei curioso agora.
ㅡ É, sei que não parece boa escolha para uma pessoa tímida. Afinal... Os palcos e o público deveriam me assustar. Mas... Não. Nos palcos é como se não fosse eu ali, entende? Digo, eu nunca me apresentei num palco antes, mas atuando em si, é como se já não fosse eu. Ao entrar num determinado personagem, já não sou a Arizona tímida que mal consegue levar um diálogo a diante. Então... Acredito que os palcos não me assustam, pelo contrário, me atraem demais.
ㅡ Uau. ㅡ Ele riu. ㅡ Eu devia ter dito algo assim na minha entrevista com a Lisa. Ela perguntou o motivo por eu gostar de atuar e eu disse que ser outra pessoa era mais divertido do que ser eu mesmo.
ㅡ Nossa, isso é bem triste. ㅡ Nós dois rimos. ㅡ Mas, acho que eu entendo você. ㅡ Eu estava, definitivamente, na vida de outra pessoa. E aquela vida que eu estava era muito melhor do que a minha.
Após finalmente sairmos do teatro, encontramos Mason parado na frente de seu carro falando ao celular. Seu semblante não era muito agradável. Ta, ele nunca parecia estar feliz, mas parecia um pouco mais preocupado naquele momento, talvez até... Triste?
ㅡ Mason Ogden? O que ele faz aqui? ㅡ Leonard disse após avistar Mason.
ㅡ Você o conhece?
ㅡ Claro, eu não perco as lutas dele. Digo, ontem eu perdi, porque tinha que estar aqui muito cedo hoje, mas geralmente vou em todas. Ele é incrível! ㅡ Revirei os olhos do imaginando como Mason ficaria se achando se tivesse escutado. ㅡ Você está com ele?
ㅡ É, estou passando as férias aqui em NY e ele meio que " cuida " de mim. ㅡ Expliquei. Era estranho dizer aquilo, parecia até que eu tinha uma babá. E logo eu que nunca teve quem cuidasse realmente de mim.
Mason desligou a chamada e nos notou em seguida. Como de costume, ele simplesmente entrou no carro sem mim.
Bufei e acenei para Leonard. Segui para o carro e entrei, me sentando no banco da frente.
Ao invés de dar partida no carro de imediato, como ele costumava fazer, ele deu uma respirada bem funda segurando o voltante.
ㅡ Ta tudo bem? ㅡ Me inclinei para ele preocupada. Ele nunca demonstrava nada e, de repente, demonstra nitidamente uma preocupação. Até eu fiquei preocupada. ㅡ O que foi?
ㅡ Nada. ㅡ Ele respirou fundo novamente e deu partida no carro. ㅡ Como foi lá? Por que demorou tanto? ㅡ Ele não parecia tão interessado em saber o que realmente havia acontecido comigo, mas parecia querer distrair a mente e tentar esquecer um pouco a preocupação em sua cabeça.
ㅡ Ah... Foi bem legal, na verdade. Eu fiz uma audição. Acho que fui bem. A Lisa deve me mandar um e-mail e... ㅡ Ele me interrompeu.
ㅡ Não sabia que gostava de atuar.
ㅡ Saberia se conversasse comigo mais de boa ao invés de só ficar me dando patadas e sendo seco. ㅡ Respondi o encarando. Ele apenas fitava a rua em sua frente. ㅡ Eu amo atuar e seria o meu sonho trabalhar em peças de teatro. ㅡ Comecei a falar com a minha empolgação sonhadora, mas Mason ainda parecia preocupado e para baixo. Engoli em seco sem saber o que fazer, até que ele parou o carro na frente de um mercado.
ㅡ Preciso comprar umas coisas que estão faltando lá em casa. ㅡ Ele saiu do carro e eu fiz o mesmo. Nós dois entramos no mercado enquanto eu andava atrás dele. Sorri ao ver todo aquele clima natalino no mercado. Imaginei se o teatro da Amelka faria peças natalinas. E se eu participar? Ai, seria tão incrível!
Sorri com a sensação e voltei a seguir Mason que havia pegado um carrinho.
ㅡ O que precisa? Assim vamos mais rápido. ㅡ Falei parando na frente de seu carrinho, o fazendo parar de andar.
Mason puxou o celular de seu bolso e virou a tela para mim. Vi que os primeiros produtos da lista eram de limpeza, então o deixei para trás e fui em busca desses produtos. Se tinha uma coisa que eu amava era comprar produtos de limpeza. Amava os cheirinhos.
Quando cheguei na estante de desinfetantes, olhei para Mason da maneira mais escondida que consegui. Ele estava distante, parecia pegar algo de uma das prateleiras.
Abri a minha bolsa quando cheguei a conclusão de que ele estava longe e a abri. Puxei uma de minhas cartas, um papel, uma caneta e um coração.
Juro que foi o bilhete mais difícil que tive que escrever. Era estranho escrever algo fofo e motivador para alguém que eu tinha vontade de dar uma vassourada na cabeça.
Também era difícil pelo fato de eu não saber exatamente o porquê de ele estar daquele jeito. Eu não tinha ideia do que escrever. É claro que meu recado não resolveria o problema dele, mas já era tradição minha tentar animar alguém que está num momento difícil.
Após ficar quase dez minutos ali e perceber que já o havia perdido de vista, finalmente escrevi:
" Situações difíceis as vezes servem para nos deixar mais fortes, para nos ensinar algo, ou para acrescentar algo em nossa vida. Na hora não entendemos o porquê daquela situação, mas tudo fica bem no final. Só siga em frente. "
Guardei o recado dentro da carta e olhei em volta. Sem sinal dele. Guardei a carta novamente, peguei os produtos que precisava e saí dali como se nada tivesse acontecido.
Avistei Mason já no caixa, então me apressei. Lhe entreguei os produtos e fiquei esperando do outro lado, onde um rapaz empacotava as coisas. Sem que ninguém percebesse, infiltrei a carta nas compras e esperei por ele na porta do mercado.
[...]
ㅡ Ah, Mason! O que custa? ㅡ Choraminguei enquanto ele bebia água e balançava a cabeça negativamente na cozinha.
ㅡ Eu não vou cozinhar nada, não. ㅡ Colocou o copo na pia.
ㅡ Vai, Mason! Cozinha algo típico da Coréia! ㅡ Implorei mais uma vez.
ㅡ Não, Arizona. Eu não gosto de cozinhar. ㅡ Ele saiu da cozinha e se sentou no sofá.
ㅡ Poxa... ㅡ O segui e me sentei no sofá ao seu lado. Virei o meu rosto para ele, forçando uma carinha de cachorro sem dono. Ele, que encarava a televisão, olhou para mim.
ㅡ Não. ㅡ Disse novamente. O que resultou numa Arizona de braços cruzados igual uma criança de birra. Não sei ao certo porque eu estava tão emotiva, talvez fosse só a tpm, ou talvez eu só quisesse irrita-lo. Ou talvez eu estivesse muito afim de comer alguma comida típica coreana.
ㅡ Que má vontade... ㅡ Me levantei do sofá. Devo ter dado uns cinco passos antes do apartamento inteiro ficar escuros. Todas as luzes se apagaram de repente e eu senti algo passar por meu pé, o que foi suficiente para que eu desse grito e corresse de volta ao sofá.
ㅡ ALGUMA COISA PASSOU NO MEU PÉ! ACHO QUE FOI UM RATO! ㅡ Gritei e pulei no sofá. Lembrando que eu não estava enxergando nada, eu poderia muito bem me jogar no chão e quebrar cinco costelas.
ㅡ AH! ㅡ Ouvi Mason grunhir de dor e só aí percebi que havia pulado nele.
Senti sua mão tocar involuntariamente as minhas costas e percebi que ele estava inclinado, provavelmente por causa da dor.
ㅡ Desculpa... ㅡ Falei baixo, já que não sabia o quão perto estava de seu ouvido.
ㅡ Você vai acabar me matando alguma hora. ㅡ Meus olhos aos poucos foram se acostumando com a falta de luz, não demorou para que eu pudesse enxerga-lo.
Eu estava em seu colo. Mason tinha seu braço rodeando as minhas costas e sua outra mão tocava sua barriga, onde eu provavelmente havia pulado.
Eu estava pronta para sair de cima dele quando o mesmo ergueu seu olhar para mim. Ele pareceu se assustar quando viu o quão perto meu rosto estava dele, mas não parou de me encarar. Seus olhos continuaram focados nos meus por longos segundos.
Não sei dizer o nó que se formou na minha garganta naquele momento. O meu estômago se embrulhou e eu me esqueci como se respirava. De repente, fiquei nervosa, ansiosa. Senti vontade de me afastar dele, mas não consegui.
Foi quando o meu coração começou a acelerar muito.
Eu estava morrendo?
Mason abriu a boca para dizer algo, mas a luz voltou antes que ele pudesse falar qualquer palavra.
Voltei a respirar normalmente e saí de cima dele quando percebi a cena que estava. Me sentei no sofá ao seu lado, mas sem encara-lo. Estava sem coragem. Me senti mais tímida do que nunca.
Mason se levantou com um pouco de dificuldade e foi até a cozinha. Encarei as suas costas me perguntando o que foi aquilo que eu senti.
•••
Continua...
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