17_ Audição.
ㅡ É claro que teria! ㅡ Mason exclamou enquanto girava o volante para fazer a curva da esquina.
ㅡ Não teria! Você estava perdendo. Se eu não tivesse gritado que você era frouxo, o Gregory teria te vencido facilmente. ㅡ Continuei a discutir com ele sobre a luta de ontem a noite. Nós já havíamos almoçado ( acreditem se quiser, mas discutimos durante o almoço inteiro também ) e agora estávamos indo até o teatro que Amelka havia me indicado.
Imaginei como seria louco se eu pudesse entrar para um desses teatros. Seria meu sonho completo.
ㅡ Eu e Gregory já lutamos 21 vezes nesses campeonatos. Sabe quantas vezes ele me venceu? ㅡ Mason parou o carro e me encarou com uma sobrancelha arqueada. Naquele dia o seu cabelo estava um pouco mais bagunçado, seu jeito de vestir um pouco mais despojado, talvez por estar com dores devido à luta de ontem. ㅡ Nenhuma. E ontem não seria a primeira vez.
ㅡ Aham, acredito. ㅡ Abri a porta do carro. ㅡ Da próxima vez também não grito mais nada. ㅡ Saí do carro fechando a porta. Ele saiu logo depois e deu a volta no carro parando ao meu lado. Encarei o teatro a minha frente, ele era um pouco diferente dos que eu já havia visitado com Mason. Era menos luxuoso, parecia um pouco mais antigo e bem menos produzido.
ㅡ Por que quis vir aqui? Foi a Amelka? ㅡ Mason cruzou os braços encarando o lugar. Seus olhos, que já eram mais puxados devido aos seus traços asiáticos, se apertaram um pouco mais devido a claridade quando ele encarou o prédio.
ㅡ Você é o que? ㅡ Perguntei curiosa, o que o fez olhar para mim com uma careta. ㅡ Digo, é coreano, japonês, chinês... Porque asiático você com certeza é.
ㅡ Coreano. ㅡ Disse seguindo na direção da porta do teatro. O segui também, já que ele tinha essa mania de seguir na frente sem nem avisar, e entrei no lugar junto dele.
ㅡ Ah... ㅡ Assenti. ㅡ Mas, nasceu lá? Ou os seus pais? ㅡ Continuei o seguindo enquanto ele apenas olhava em volta e andava rápido com as mãos nos bolsos da frente da calça.
ㅡ Nasci lá. ㅡ Ele parou de forma brusca, o que quase me fez dar uma trombada nele. O mesmo se virou para mim. ㅡ Meus pais se separaram e meu pai foi para o Brasil, onde tinha alguns parentes. Depois viemos para os Estados Unidos. Mais alguma pergunta?
ㅡ Você fala três idiomas? ㅡ Perguntei curiosa novamente. Eu não sabia o motivo por estar dando uma de Nancy, mas fiquei curiosa de repente.
ㅡ Não falo coreano. Não fiquei muito tempo lá. ㅡ Ele voltou a olhar em volta e só aí me toquei de que também deveria observar o lugar.
Assim como a parte de fora, aquele teatro era bem diferente dos outros. Era tudo mais simples, mas, de certa forma, parecia mais confortável. As poucas pessoas que entravam ali e compravam os ingressos para a peça que começaria em alguns minutos pareciam bem mais confortáveis, como quem estava indo ao cinema ou coisa do tipo. Nos teatros mais chiques que visitei com Mason, todos eram tão chiques e glamourosos que me senti mal vestida e pobre.
ㅡ Você não respondeu a minha pergunta. ㅡ Mason voltou a dizer.
ㅡ Ahn? Ah, sim. Foi a Amelka, sim. ㅡ Assenti.
Nós dois compramos os ingressos para assistir a peça e entramos após passar pela fila. O auditório era bem grande, apesar de não ter muitas pessoas assistindo. O palco a frente fechado por uma cortina vermelha antiga brilhou aos meus olhos.
No momento em que elas se abriram e a peça começou, foi como se eu me sentisse em casa.
[...]
ㅡ Mãe, pai... Eu preciso dizer algo. ㅡ O rapaz em cima do palco falava. Seus cabelos eram cacheados, sua pele era negra e seus olhos num tom verde incrível.
ㅡ O que foi? ㅡ A mulher que representava a mãe tocou o ombro do garoto.
ㅡ Eu estou namorando. Na verdade, eu convidei minha namorada para vir almoçar com a gente hoje. ㅡ Os " pais " dele o encararam com expressões espantadas.
ㅡ O que? Você está namorando uma garota? ㅡ O pai se levantou a poltrona que estava sentado.
ㅡ Robert! ㅡ A mulher o repreendeu.
ㅡ O que foi? Por que estão agindo assim? ㅡ O garoto perguntou confuso.
ㅡ Nós pensamos que você fosse gay. ㅡ O pai respondeu.
A peça se seguiu até que a tal namorada dele entrou. Não pude acreditar quando a garota entrou com aqueles cabelos loiros enormes.
ㅡ Não acredito... ㅡ Sussurrei. ㅡ É a Amelka? ㅡ Olhei para Mason.
ㅡ Você quer que eu responda sem deboche? ㅡ Fiz uma careta para ele e voltei a prestar atenção na peça.
Peça que durou um pouco mais, mas logo terminou. Depois que as cortinas se fecharam a nós saímos no auditório, ouvi alguém me chamar.
ㅡ Arizona! ㅡ Olhamos para trás. Amelka vinha com um sorriso enorme. ㅡ Ai, que bom que você veio! O que achou da peça?
ㅡ Eu amei! Por que não me disse que trabalha como atriz? ㅡ Cruzei os braços.
ㅡ Não achei que fosse importante. ㅡ Ela apoiou as mãos nos joelhos e respirou várias vezes profundamente, tentando recuperar o fôlego que perdeu correndo até nós.
ㅡ Eu gostaria de saber, já que também amo teatro. Na verdade, seria meu sonho trabalhar com isso. ㅡ Ela ergueu o olhar para mim.
ㅡ Sério? Bem, aqui é um teatro bem simples, mas muitos começaram aqui. Você podia fazer uma audição! ㅡ Disse empolgada.
ㅡ Sério? Eu posso? ㅡ Vê-la assentindo foi como ver uma porta para o meu sonho se abrindo bem na minha frente.
ㅡ Vem, eu vou te apresentar pra todo mundo. ㅡ Ela agarrou o meu pulso.
ㅡ Er... Eu vou esperar no carro. ㅡ Mason disse com seu tom de que aquilo não lhe interessava nem um pouco.
Fiz uma careta para ele e segui com Amelka por vários corredores. Sério, foram muitos! Eu, com certeza, não vou saber voltar sozinha. Depois de passarmos pelos infinitos corredores, finalmente chegamos a uma área mais aberta onde os atores presentes na peça e mais algumas outras pessoas conversavam. Também havia uma mesa ao canto com petiscos e comidas aleatórias, como bolos, pães, queijos e sucos.
ㅡ Gente, essa é a Arizona! Uma amiga minha. ㅡ Amelka me apresentou na frente de todas aquelas pessoas, o que fez o meu rosto corar instantaneamente.
ㅡ Oi! ㅡ Acenei tentando parecer natural, e não que estava morrendo por dentro por ser introvertida.
Aos poucos eles vieram me cumprimentando, até que Amelka me puxou para onde estava uma mulher. Ela tinha cabelos crespos, uma pele escura e vestia um vestido bem colorido. Seu sorriso era muito bonito. A mesma aparentava ter uns trinta anos ou mais, e estava conversando com o rapaz que interpretou o namorado da Amelka na peça.
ㅡ Lisa, essa é a Arizona. Ela gostaria de fazer uma audição. ㅡ Amelka disse enquanto segurava o meu braço. A mulher olhou para mim e abriu seu sorriso.
ㅡ É um prazer, Arizona. ㅡ Ela estendeu a mão para mim, então apertei. Notei que o rapaz me olhava, então sorri para ele também em cumprimento, o que o fez assentir uma vez. ㅡ Quer dizer que gosta de atuar?
ㅡ Sim, mas nunca atuei de verdade. Digo, eu tenho muito interesse, mas nunca tive a oportunidade. ㅡ Expliquei. A mulher se colocou de pé.
ㅡ Ótimo. Então, vamos? ㅡ Arregalei os meus olhos quando ela seguiu na direção de uma porta.
ㅡ Agora? ㅡ Encarei Amelka. Ela assentiu com um sorriso e fez um gesto para que eu seguisse Lisa. Assim eu fiz, apesar de minhas pernas estarem tremendo igual vara verde.
Entrei na porta que Lisa havia entrado e notei ser uma sala vazia, apenas uma cadeira e uma mesa enfeitavam o lugar. Ela se sentou na cadeira atrás da mesa e indicou que eu me posicionasse no meio da sala.
Sério, eu não sei como não enfartei ali mesmo!
ㅡ Espere só um minuto. ㅡ Ela se levantou e voltou até a porta. Ali ela acenou chamando alguém e logo depois voltou à cadeira. O som do salto dela batendo no chão me deixava ainda mais nervosa. Segundos depois o rapaz que interpretou com Amelka entrou na sala, fechando a porta atrás dele. ㅡ Arizona, quero que interprete uma garota que acabou de descobrir que seu namorado a traiu. ㅡ Ela apontou para o rapaz com uma caneta. ㅡ Leonard, você é o namorado.
O rapaz assentiu e parou ao meu lado.
A mulher nos olhou atentamente, o que me fez crer que era hora de começar. Fechei os olhos e respirei fundo.
Você consegue, Arizona.
Abri os olhos já sentindo os mesmos se encherem de lágrimas e encarei o garoto. Fiquei uns segundos apenas o olhando até que as lágrimas desceram por minha bochecha.
ㅡ Ari, eu... ㅡ Ele tentou encostar no meu ombro, mas dei um passo para trás encarando o chão. Após mais uns segundos voltei a encara-lo. ㅡ Eu posso explicar.
ㅡ O que você pode explicar? ㅡ Minha voz saiu ardendo em minha garganta. ㅡ Pode explicar o porquê ficou comigo por todo esse tempo se tinha interesse em outra? Pode explicar o porquê de ter me iludido? De ter me feito pensar que eu era única para você? ㅡ O encarei nos olhos. ㅡ O que é? É divertido para você machucar as pessoas?
ㅡ Não foi a minha intenção, Ari. Eu só... ㅡ O interrompi.
ㅡ Eu só o que?? Te amarram?? Te obrigaram?? Leonard, eu não sei o que se passou pela sua cabeça quando fez isso comigo, mas na minha as coisas estão bem claras agora. ㅡ Limpei as lágrimas. ㅡ Eu fiz o meu melhor por você, mas se isso não é suficiente, o problema já não está em mim. Eu... ㅡ A mulher me interrompeu.
ㅡ Tudo bem, já está bom. ㅡ Ela se levantou e simplesmente saiu da sala.
Limpei as lágrimas que ainda desciam de meus olhos e encarei Leonard confusa.
ㅡ Isso quer dizer que ela odiou?
ㅡ Não. Quando ela odeia, ela manda a pessoa embora na hora. ㅡ Ele sorriu. ㅡ Acho que ela gostou.
Um alívio invadiu o meu peito e eu sorri.
ㅡ E aí? Como foi?? ㅡ Amelka entrou na sala e me olhou. ㅡ Que isso... Você chorou??
ㅡ Ela deu um show! ㅡ Leonard disse fazendo Amelka sorrir.
ㅡ Aiiii, que bom! Ela deve te mandar um e-mail para dar o resultado. Já assinou a inscrição? ㅡ Neguei com a cabeça e Amelka me levou até a mesa que Lisa estava sentada antes. Ali ela me deu uma inscrição com informações básicas que assinei enquanto quase chorava de novo, mas dessa vez de alegria.
•••
Continua...
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