11_ Cafeteria.
ㅡ Ei, ei! ㅡ O segui pelo corredor. Notei que o mesmo olhou rapidamente para a porta do meu quarto que estava aberta e percebeu a decoração de Natal. ㅡ Pra que isso tudo?
ㅡ Você não está em casa, Arizona. Não conhece as pessoas que moram aqui. Não é porque você tem boas intenções que o resto do mundo também tem. Não pode sair deixando qualquer pessoa entrar aqui, ainda mais quando estiver sozinha. ㅡ Ele explicou como se estivesse na frente de uma criança de oito anos.
ㅡ Nossa, mas a Amelka é tão perigosa assim? ㅡ Coloquei as mãos na cintura.
ㅡ Não, a Amelka não é perigosa, mas você não tinha como saber disso.
ㅡ Então, por que tratou ela daquele jeito? Ela só veio fazer um favor e... ㅡ Ele me interrompeu após respirar fundo.
ㅡ Eu só fiquei nervoso por ter visto que deixou alguém não conhecia entrar. Só isso. Depois eu peço desculpas para ela, não se preocupe. Mas, por favor, não deixe desconhecidos entrar aqui. Muitos menos se eu não estiver em casa, tudo bem? ㅡ Arqueou as duas sobrancelhas e eu assenti me sentindo um pouco culpada. Ok, ele estava certo. Eu não conheço ninguém aqui e deixar que alguém entre num apartamento que nem é meu é totalmente irresponsável.
Ta bom que ele não precisava ter falado daquele jeito com a garota, mas também não sei o motivo dele estar desse jeito. Pode ter tido uma manhã ruim, ou algo do tipo. Enfim, isso não importa. Só preciso prestar mais atenção no que faço.
ㅡ Tudo bem, vá se arrumar. ㅡ Disse como se estivesse se rendendo. Parece que ele me viu pensativa e pensou que eu estava triste com a situação. Então, estava tentando ser legal? ㅡ Vou te levar para conhecer o centro de Nova Iorque.
ㅡ Sério? ㅡ Abri um sorriso na hora, mas me lembrei de com quem eu estava falando. ㅡ Digo, não é mais do que a sua obrigação. ㅡ Cruzei os braços.
Mason sorriu ladino, como se quisesse rir da minha tentativa de ser ignorante.
Ele virou para a porta de seu quarto, mas depois voltou, passando por mim com una careta, e voltando à cozinha.
O segui com meu olhar. O mesmo passou pela bancada e procurou por algo na geladeira, logo notou a comida que eu tinha feito para ele ontem, que estava sobre a bancada.
ㅡ O que é isso? ㅡ Apontou para o prato tampado.
ㅡ O que fiz para o jantar ontem. Não sabia se você ia pedir algo, então fiz a mais. ㅡ Respondi tocando a ombreira da porta do meu quarto.
Mason abriu a tampa, puxou o prato para si e se sentou no banquinho alto. O mesmo começou a comer e eu entrei no quarto para me arrumar.
Minutos depois estávamos na sala, já arrumados para sair. Devo admitir que mesmo com o jeito de velho rabugento, Mason ainda me parecia muito bonito. Não tinha como não notar. Até sua atitude de ignorância parecia deixa-lo mais bonito.
Me perguntava se ele se comportava dessa forma por causa de alguma coisa. Se foi criado assim, se sofreu por algo, se gosta de manter as pessoas longe...
ㅡ Onde vamos primeiro? ㅡ Perguntei como uma bela turista empolgada. Mason estava dirigindo e eu estava ao seu lado batucando o pé no assoalho.
ㅡ Pret A Manger. ㅡ Respondeu se referindo a uma cafeteria.
ㅡ Ué, por que? Você ainda está com fome? Comeu tudo o que estava no prato. ㅡ Fiz uma careta.
ㅡ É, mas você não. ㅡ Disse sem tirar os olhos da estrada. O que permitiu que minha expressão de surpresa tomasse conta do meu rosto.
Ele estava se preocupando comigo?
É claro que não, Arizona. Certamente ele só quer garantir que você não desmaie de pressão baixa e ele tenha mais trabalho.
Me ajeitei no banco tentando não rir de meus pensamentos, até que tive minha atenção roubada pela vista. Estávamos em cima da ponte do Brooklyn.
O sorriso no meu rosto foi inevitável naquele momento. Abri a janela do carro para poder ver melhor, o que permitiu que um vento leve soprasse em meu rosto. De primeira fiquei cheia de cabelo na boca e nos olhos, o que fez Mason rir. Mas, depois pude voltar a admirar aquele lugar que era ainda mais perfeito que eu podia imaginar.
Dali já era possível avistar os grandes prédios da cidade. Por nós passavam tantos táxis amarelos...
Encarei aquele céu, aquele céu azul com algumas nuvens. Céu que eu raramente via em Atlanta. Os poucos dias que o céu estava azul sobre o teto do orfanato, eu costumava ficar na laje escondida para que as outras crianças não vissem e quisesse ir também. Lá eu me sentava e lia, lia sobre personagens que viviam coisas que eu queria viver. Agora eu estava vivendo.
Quando saímos da ponte, os prédios altos majestosos era tudo que se podia ver. Muitas e muitas pessoas ocupavam o pouco espaço da calçada, barraquinhas de lanches faziam o cheiro de comida pairar, mais táxis amarelos paravam a cada esquina, muitos pombos por toda parte. Nova Iorque era tudo o que diziam e mais.
Quando Mason finalmente encontrou uma vaga, ele estacionou. Não me incomodei de termos que andar um pouco para chegar ao café, afinal, admirar a cidade sem estar dentro de um carro era ainda melhor.
ㅡ Cuidado com a sua bolsa. ㅡ Mason me alertou antes de enfrentarmos aquela multidão que ocupada a calçada. As pessoas realmente pareciam que estavam com muita pressa levanto em conta o fato de quantas esbarraram em mim.
Teve um cara que escarrou em mim com tanta força que pensei ter deslocado o ombro. Mas, percebi que era só drama meu.
Estava difícil de andar ali, Mason notou e num ato rápido pegou no meu pulso. Assim, andei sem me perder dele.
Finalmente chegamos ao café.
Mason soltou o meu braço quando entramos no lugar. O cheiro ali era de livro antigo e café quente. Muito rústico e aconchegante, paredes de tijolos e algumas marrons, prateleiras repletas de doces e pães, mesas e cadeiras ao canto, fazendo o lugar parecer muito confortável. Eu amaria ler um livro ali.
Mason parou na frente de uma das prateleiras e olhou para mim, esperando que eu escolhesse algo. Após escolher um pedaço de molo de amora, nós nos sentamos numa das mesas recostadas na parede, um de frente para o outro. Na parede ao nosso lado tinha um quadro de pintura a óleo mostrando exatamente a mesma vista que vi em cima da ponte do Brooklyn. O artista, Matthew Adlen, seu nome estava autografando a pintura na borda, conseguiu pintar os detalhes tão perfeitamente que fiquei encantada novamente. Nem notei quando a garçonete deixou dois cafés sobre a mesa.
ㅡ Como... ㅡ Mason começou a falar, parecendo meio receoso. ㅡ Como vai o seu pai?
Deixei o copo de café que eu já estava bebendo, porque sou ansiosa, e engoli o líquido antes de te responder.
ㅡ Bem, eu acho. ㅡ Toquei o pedaço de bolo com o pequeno garfo. ㅡ Ele tem trabalhado muito.
ㅡ Deve ter sido difícil para ele quando a sua mãe faleceu. ㅡ Mason entrelaçou suas mãos apoiando os cotovelos na mesa e segurando seu queixo. ㅡ E para você também, é claro.
ㅡ É. ㅡ Foi tudo o que eu disse. Seria difícil sentir falta de algo que nunca tive.
ㅡ Eu sinto muito. ㅡ Juro que parecia que alguém estava matando ele naquele momento. Dialogar para ele parecia ser uma tortura imensa.
ㅡ Obrigada... ㅡ Respondi o analisando.
Estava achando aquela situação toda muito esquisita, mas minha atenção acabou se voltando para a garçonete que acabara de derrubar uma bandeja com dois cafés e dois pedaços de torta, além de um copo enorme de suco de laranja. O que fez tudo se espatifar no chão e um grande estrondo soar pela cafeteria.
ㅡ Me desculpa, eu sinto muito, perdão, perdão... ㅡ A garota de avental marrom e coque nos cabelos castanhos escuros pedia desculpas enquanto tentava limpar toda a bagunça. Os clientes, a qual pertencia o pedido, resmungavam com aquele ar de ricos soberbos.
ㅡ Isso é um absurdo! Onde está o gerente? Você não foi treinada? Não tem senso de equilíbrio? Você quase me sujou! Eu quero ver o gerente agora! ㅡ A mulher de cabelos loiros ondulados até seu pescoço, praticamente gritava esbanjando seus braços cheios de pulseiras e braceletes brilhantes.
ㅡ Me desculpa. Eu realmente sinto muito. ㅡ A garota praticamente implorava enquanto o pânico parecia tomar conta de si.
Um homem com cara de meia idade e de futuro careca chegou até o local arrumando sua camisa social azul escura.
ㅡ O que está acontecendo? ㅡ Encarou a garota com um olhar severo.
ㅡ Essa garçonete desastrada derrubou todo o nosso pedido e quase me sujou completamente! Isso é inadmissível! ㅡ A mulher gesticulou enquanto encarava a garota com desprezo.
ㅡ Eu sinto muito... ㅡ Ela repetiu baixo. Sua expressão era exausta, não do trabalho, mas de muita coisa.
ㅡ Limpe logo isso! Sabe que não toleramos erros! ㅡ O homem gritou fazendo a garota se abaixar imediatamente para limpar.
ㅡ Então, contrate robôs. ㅡ Murmurei. Murmurei alto, devo dizer. Mason arregalou os olhos para mim.
ㅡ O que disse? ㅡ O homem me encarou.
ㅡ Isso mesmo que você ouviu. Se não tolera erros, não devia contratar pessoas. Sabe bem que todo mundo erra, e não foi de propósito. Para de gritar com a garota, parece até que ela tentou matar a mulher. ㅡ Respondi. A essa altura todo mundo ali estava me olhando de olhos arregalados.
ㅡ Escuta aqui, garota... ㅡ A mulher apontou o dedo para a minha cara. ㅡ Você não tem nada que se meter aqui. Por a caso sabe quem sou eu?
ㅡ Não me importa quem a senhora é. Pode ser a presidenta dos Estados Unidos, só de ter demonstrado o quão arrogante e soberba é aqui, já não lhe devo respeito. A garota não fez de propósito, essas coisas acontecem. Senta aí, espera o pedido que será refeito e vê se não amola. ㅡ Mason segurou a risada.
ㅡ Eu não vou esperar nada! E não vou pagar nada, também. ㅡ A mulher encarou o gerente. ㅡ E nunca mais volto aqui! ㅡ E assim ela saiu marchando junto com um senhor que eu nem havia notado. Inclusive, ele quem pediu desculpas pela situação antes de sair.
ㅡ Viu só o que você fez! ㅡ O gerente gritou comigo. ㅡ Agora ela nunca mais volta aqui.
ㅡ De nada. ㅡ Sorri para ele.
A garçonete se levantou com a bandeja em mãos e a bagunça em cima. Ainda tinham algumas sujeiras no chão, mas só com vassoura para tirar.
ㅡ Você vai pagar por isso. ㅡ Ele apontou o dedo na cara da garota e saiu dali ajeitando sua blusa de novo.
Olhei para Mason e ele ainda estava rindo disfarçadamente da situação.
ㅡ Obrigada. ㅡ A garota disse para mim, mas um grito de seu gerente a fez correr para onde ele foi.
ㅡ Está rindo de que? ㅡ Perguntei rindo também.
ㅡ É que eu estou surpreso. ㅡ Mason se achegou para trás. Um sorriso ladino me analisava. ㅡ Quando seu pai me pediu para tomar conta de você, pensei que seria uma garotinha mimada.
ㅡ Ah é?
ㅡ É, mas pelo que vejo é o contrário. ㅡ Ele assentiu. ㅡ Vai ser difícil tomar conta de você se ficar se metendo em confusão. ㅡ Nós dois rimos, o que me pareceu ser o primeiro momento agradável entre nós dois.
•••
Continua...
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