Cap. 3 - Bolsa infinita.
Stela
O lugar está completamente arrasado, a terra extremamente seca, muitas pedras de diversos tamanhos no caminho. Tinha que aparecer justo nesse lugar? Mas que inferno. Só queria minha casa agora, meu banho de hidromassagem...
Algumas pessoas vêm até mim, e uma delas indaga.
— Você é a garota da bolsa com mantimentos, certo?
Uma garota de cabelos escuros me aborda.
— Sou sim, e o que tem haver?
Respondo.
— Calma, estava sendo legal. Aliás seu nome é Stela né?
Pergunta.
— Isso.
— Pessoal, a garota da bolsa com mantimentos...
Um garoto grita, e as pessoas se aproximam, como urubus. Devia ter umas 20 pessoas aqui.
Se eu estiver certa, o rei dividiu o grupo em três, cada grupo tendo um de nós...
— Pode me arrumar água? Estou morrendo de cede.
Um deles pede.
— Tem algo para comer?
Uma garota pergunta.
— Preciso de um sapato! Meus pés vão se machucar nesse lugar.
Uma mulher com sardas, descalça solicita.
Não tem como fornecer tantas coisas assim para as pessoas aqui, o rei disse que minha habilidade tem um limite, então vou considerar que não posso ajudar todos.
— Pessoal, vocês estão achando que sou alguma ong, mas não sou? Vocês estão por conta própria.
Digo ríspida.
Alguns começam a reclamar um homem, com um porte mais musculoso, fica de frente para mim e indaga sorrindo.
— Podemos simplesmente pegar de você. Só precisamos da bolsa...
— Quero ver tentar!
Em um gesto rápido e preciso, direciono minha espada e a contenho centímetros do pescoço dele. Alguns ficam assustados, e até mesmo ele, que levanta as mãos em rendição.
— Um alerta, treinei esgrima por anos, não pensem que será fácil retirar a bolsa de mim. E além do mais, o rei disse que a benção não se transfere, se eu morrer ela desaparece...
Digo.
— Tudo bem líder, como vai ser?
O homem com porte musculoso, pergunta.
— Lider?
Sorrio.
— Eu disse que vocês estão por conta própria.
Complemento.
O rapaz pondera e diz.
— Fomos divididos em grupos por algum motivo, e sua chance de sobreviver sozinha não é tão alta, estou me baseando nesse roupão aí, parece ser de qualidade, e duvido muito que você tenha que limpar seu próprio quarto, tem alguém para fazer para você né? Estou certo?
Ele sorri, enquanto me observa.
— Quem você pensa que é, seu estupido?
Digo com o cenho franzido.
— Então estou certo mesmo. Uma filhinha de papai, em um lugar como esse, boa sorte sobrevivendo sozinha, a um lugar desconhecido...
Me recordo do que Alex me disse, que juntar forças é a melhor forma, talvez eu precise mesmo desse grupo afinal de contas.
— Tudo bem, vamos formar uma aliança até eu encontrar uma pessoa, depois disso, vocês estão por conta própria.
Falo.
— Por mim tudo bem, e por vocês pessoal?
O musculoso fala.
Eles concordam, e decido trocar de roupa, sem condições de continuar aqui de roupão, ainda mais se eu tiver que lutar.
— Preciso me trocar antes de irmos.
Avalio ao arredor e avisto uma pedra grande, dá para trocar de roupa ali.
— Toma cuidado!
Ele diz.
Assinto e caminho até lá com a espada erguida. O som de meus passos suaves na terra seca quebra o silêncio. Mas, graças aos céus, não encontro nada. Fico atrás de uma pedra gigante e abro a mochila, imaginando uma calça, e um momento depois, sinto o tecido emergir quando puxo. Logo após, imagino uma camisa, e a vejo aparecer com o mesmo truque. Certifico-me de não ter ninguém próximo para bisbilhotar, desamarro a corda e retiro o roupão, deixando-o cair ao chão com um som abafado.
Com meu corpo exposto, um vento frio bate, causando um arrepio na espinha que me faz estremecer. Visto rapidamente a roupa, que cai como uma luva em meu corpo. Imagino um tênis e, ao enfiar as mãos na bolsa, retiro exatamente o que havia visualizado. Calço-os rapidamente, ouvindo o leve rangido do couro novo contra as pedras do chão.
De repente, gritos cortam o ar, agudos e cheios de terror. Guardo o roupão na mochila e a coloco nas costas. Olho para meu grupo e eles parecem bem, alheios ao barulho. Corro em direção ao som perturbador. Ao chegar à beirada de um declive, avisto sete homens enfrentando uma criatura verde monstruosa. Ela possui a silhueta de um homem, mas é maior, segurando um pedaço gigante de madeira. Cada golpe que acerta um dos homens é acompanhado por um grito de dor tão forte que ecoa pela floresta, fazendo meu coração acelerar.
Um golpe particularmente brutal esmaga um dos homens, seu corpo estalando como galhos secos sob o peso da madeira. "Que merda é essa?" penso, horrorizada. Os outros homens correm desesperados, mas a criatura é mais rápida, esmagando um por um com a precisão de uma máquina de compressão. Apenas um deles sobrevive, fugindo em direção à floresta enquanto a criatura está distraída matando os outros.
Saio da beirada, o som da minha respiração ofegante ecoando em meus ouvidos. Se essa criatura nos achar, seremos aniquilados. Precisamos seguir pelo caminho oposto. Corro em direção ao grupo reunido, que ainda parecem alheios aos gritos. Parando para pensar, a pedra e o grupo estavam distantes, faz sentido não terem escutado.
— Está tudo bem?
O homem musculoso pergunta.
— Sim. Vamos ir por aquele caminho.
Aponto para a direção oposta dá pedra.
— Pessoal, alguém é bom com espada, alguma arma que vocês são bons?
Pergunto.
Vou precisar deles, mesmo que sejam distrações para os monstros, sou a única que precisa sobreviver, não ligo se eles morrerem, se me ganharem tempo para fugir.
Alguns pensam, e a garota de mais cedo fala.
— Eu treinava arco e flecha com meu pai, quando íamos para o sítio, sei atirar, mas preciso praticar um pouco.
Uma arqueira, ataque a distância, sem precisa ficar perto do monstro, gostei da ideia.
Tiro minha mochila, e imagino um arco, aljava e três flexas. E puxo, primeiro sai o arco, depois as flechas, e por fim a aljava. As pessoas ao arredor cochicham admiradas. Entrego para a garota, e pergunto.
— Qual seu nome mesmo?
— Pode me chamar de Carla...
Ela diz sorrindo.
— Pode pegar Carla, será útil uma arqueira. Mais alguém?
— Eu sou bom com espadas.
— Eu também sou.
— Bom eu sei um pouquinho de combate com armas brancas.
O musculoso fala.
Assinto e começo a retirar as espadas, e entrego para eles.
— Pode me arrumar um tênis também? Não sou boa com armas...
— Querida, o foco é pessoas para enfrentar os monstros, sinto muito... E tem um limite que não posso exceder.
Digo seca.
— Você pode trocar de roupa, entregar armas, e não pode me arrumar um sapato?
Ela eleva o tom de voz.
— Exato. Fui eu quem acertou o enigma, faço o que quiser com a minha habilidade.
— Sua vagabunda.
Ela grita, visivelmente alterada.
— Sua mãe! Aquela piranha.
Falo debochando.
— Vamos nos acalmar, temos problemas maiores.
O homem diz.
Duas criaturas que vi mais cedo estavam se aproximando de nós. Mas que merda! Um até ia, mais dois? É morte na certa.
— Pessoal, corram, eles são fortes demais.
Grito, e as pessoas começam a correr desesperadas. Coloco minha mochila e corro o máximo que posso. Olho para trás e vejo que eles também começaram a correr em nossa direção. As pernas deles são maiores, vão nos alcançar.
— Não parem!
Grito entredentes.
Continuamos avançando, e uma garota cai no chão. É a que me pediu um tênis, e eu não quis dar por capricho. Ela tenta se levantar, mas é tarde demais. Um deles a alcança e a golpeia com o pedaço de madeira nas mãos, reduzindo-a a restos humanos. Talvez, se eu tivesse fornecido o tênis, ela teria ficado viva. Não é hora para isso, Stela, temos que continuar. Me repreendo.
Corro o máximo que consigo, enquanto os gritos de pânico e dor cortam o ar. Todos morreremos se continuarmos simplesmente correndo. Minha chance é maior com mais pessoas. Entretanto, estou com medo de morrer, então continuo correndo. Noto algumas pessoas à minha frente pararem imediatamente, e faço o mesmo. Um precipício se revela logo à frente. Por pouco, não caí. Agora não resta opções: teremos que enfrentar esses monstros.
Olho para o rapaz com músculos e digo:
— Vamos ter que lutar.
Ele assente e grita:
— Pessoal com as armas, se preparem. E quanto a vocês, se afastem daqui.
Somos quatro pessoas com espadas e uma arqueira sem prática, com três flechas para disparo. O que pode dar errado? As criaturas verdes param de correr e nos observam por um momento, antes de avançarem contra nós. Um deles desfere um golpe contra mim, mas salto rolando pelo chão, levantando-me rapidamente e girando a espada em um golpe cortante na perna dele. Minha espada mal penetra a pele; o corpo dele é incrivelmente resistente. A criatura usa a perna para me chutar, mas salto para o lado, desviando por pouco, e acabo ralando meu braço.
— Aqui, seu maldito!
O homem com músculos berra, atraindo a atenção do monstro. Que se vira para ele e começa a golpeá-lo, mas o homem se esquiva dos ataques. Enquanto isso, os outros dois enfrentam o parceiro dele, e a arqueira está distante, aparentemente mirando no monstro, esperando um momento para um tiro limpo.
"Pensa, Stela, como vencer algo assim?"
— Garota, você pediu uma bolsa com tudo que fosse necessário para sobreviver, certo? Talvez tenha algo relacionado a esse monstro. Dá uma olhada, vou conseguir tempo para nós.
O rapaz diz enquanto se esquiva dos ataques incansáveis do monstro.
Ele tem razão. Me afasto e tiro a mochila, visualizo o monstro na minha mente e levo minha mão para dentro da mochila. Um instante depois, puxo um livro com aspecto velho e desgastado. Abro-o, observando ao meu redor, e folheio procurando a foto do monstro que estamos enfrentando. Um grito de dor corta o ar. Direciono meu olhar, assustada, e vejo a criatura segurando um de nós com uma das mãos e o comendo, a mordida foi tão forte que o homem foi dividindo em dois.
Minhas mãos começam a tremer; não é hora para ter uma crise. Começo a respirar fundo enquanto procuro, e finalmente encontro uma página com a imagem da criatura e algo escrito: "Orc". Não consigo ler mais nada, está em uma língua desconhecida para mim. Entretanto, há um X nas costas do monstro. Será que é o ponto fraco?
— Cuidado!
Ouço e olho para frente. Em um movimento rápido, salto para o lado, escapando por pouco de um golpe da criatura.
— As costas, parece ser o ponto fraco! Distrai ele mais um pouco.
— Carla, preciso que atinja o olho dele para criar uma abertura para mim.
A garota troca olhares comigo e assente.
Observo ao meu redor rapidamente. Há muitas pedras, posso usá-las para saltar.
— Aqui, monstrengo.
O musculoso grita.
O Orc direciona sua atenção para ele, e uma flecha atinge um dos olhos da criatura. Ele urra de dor, levando uma das mãos aos olhos. Meu companheiro corre e desfere um golpe com a espada, cortando uma das pernas do monstro. Ele desaba no chão, e corro aproveitando a brecha. Respiro profundamente, uso uma das pedras no chão para me impulsionar e salto. Cravo a espada nas costas do Orc, que urra mais uma vez quando minha arma o perfura.
Agora resta um. Troco olhares com ele e avançamos para ajudar o outro que enfrentava o Orc sozinho, já que seu companheiro foi despedaçado. Direciono meu olhar para a nossa arqueira, que assente, como se soubesse os meus pensamentos. Ela dispara mais uma vez, acertando precisamente o Orc, que leva a mão livre aos olhos enquanto urra. Minha respiração está irregular, meu corpo pede arrego, mas precisamos acabar com ele ainda. Meu companheiro repete o mesmo golpe, fazendo o Orc desabar. Quando ele cai, desfiro um ataque que perfura as costas do monstro, que urra uma última vez... De repente, surge uma voz estranha...
[VOCÊ MATOU 2 ORCS DE NIVEL 2]
[VOCÊ RECEBEU 100 MOEDAS]
[VOCÊ SUBIU DE NIVEL] [VOCÊ SUBIU DE NIVEL]
[VOCÊ SUBIU DE NIVEL] [VOCÊ SUBIU DE NIVEL]
O que foi isso agora?
— Vocês escutaram uma voz?
Pergunto.
— Do que está falando?
Ele me pergunta.
Pelo jeito apenas eu escultei, isso foi estranho. Será que foi porque eu que matei?
Desabo sentando-se no chão, então me dou conta de que não estou com a mochila, levanto assustada e olho onde eu havia deixado, e o que eu vi, fez com que eu ficasse paralisada, enquanto meus olhos estavam arregalados... Isso não pode acontecer!
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