Capítulo 16
Não é necessário que as pessoas acreditem que você possa fazer a diferença, somente você precisa acreditar.
Todos se encontravam desesperados, procuravam incessantemente algo que nem sabiam ao certo o que era.
Como encontrar algo em uma sala vazia?
Sharaene estava parada, naquele momento se lembrou de um ensinamento de seu pai, apesar de ter sido há tantos anos conseguia lembrar perfeitamente de tudo sobre ele.
"Querida, sempre em momentos de dificuldade, pare e pense, o desespero nunca será a melhor opção."
Era isso que ela fazia naquele momento, pensava, mas nada parecia a levar a alguma conclusão.
— Procurem papel em algum lugar. — ela escutou uma pessoa gritar.
Os mais novos ali poderiam não saber ler, mas todos entendiam o que era um papel com algo escrito.
Desirée tinha vontade de rir com aquela cena, só eles não haviam percebido que se tivesse algum papel ou algo do tipo já teriam encontrado.
Já haviam passado 3 minutos, agora só restavam 7. Sharaene ficava cada vez mais nervosa.
Alguns homens começaram a tirar os relógios da parede e os jogarem no chão, esperavam encontrar algo dentro deles.
— Isso não quebra. — uma mulher constatou.
Tentaram de todas as formas; jogaram no chão diversas vezes; pisaram em cima; porém de nada adiantou.
O TIC TAC dos relógios pareciam a cada instante ecoar com mais intensidade pelos ouvidos de Sharaene.
Ela olhava para os relógios que agora se encontravam jogados ao chão a todo instante, contar os segundos só tornava aquilo mais desesperador.
O tempo era seu maior inimigo.
— A resposta talvez esteja debaixo do seu nariz. — Arion falou aparecendo ao seu lado.
— O que isso significa? —indagou confusa.— Você sabe de algo?
— Não, eu não sei.
Ela sentiu raiva dele, não estava ajudando em nada, porém não tinha tempo para isso.
— Restam somente 6 minutos. — a voz eletrônica alertou.
Não possuíam muito tempo.
— Parem de se mexer agora! — ela gritou.
Mas ninguém parou, todos a ignoraram.
— Ou vocês param ou eu mesmo mato cada um de vocês! — Arion ameaçou e atirou para o teto.
Gritos de horror foram soltos no mesmo instante, ninguém esperava uma atitude assim. Sharaene suspirou, não pretendia ter que recorrer a atitudes assim.
Alguns homens queria arrumar briga, já estavam dispostos a discutir, porém ninguém era louco de ir contra alguém armado.
Sharaene logo se ajoelhou no chão, ali provavelmente estava sua resposta. Os relógios; aquelas malditos relógios que emitiam um som que quase a enlouquecia.
Mexeu em todos, nada estava diferente, não existia nada de importante neles. Mas tinha que estar ali, sua mente a acusava de não procurar melhor, porém já nem sabia o que fazer.
5 minutos.
Precisava ter calma, começou a analisar detalhe por detalhe, sua consciência gritava que tinha que encontrar a resposta ali, pois aliás não existia mais nada naquele local. Todas as pessoas estavam paradas em volta olhando a cena, a maioria duvidava que ela conseguiria algo, outros tinham somente curiosidade.
Sua cabeça já doía, tudo parecia igual, até que um mínimo detalhe chamou sua atenção, poderia ser somente coincidência mas não podia arriscar pensar em outra coisa.
Seu olhar logo passou de relógio em relógio, todos possuíam o mesmo detalhe, um detalhe que poderia significar algo.
Uma finíssima e quase transparente linha cinza estava abaixo de todos os números cincos. Desejava que aquilo significasse algo.
4 minutos já era tudo o que tinha.
— Alguém sabe algo que tem a ver com o número cinco? — ela perguntou passando seu olhar por todos que estavam ao seu redor.
Mas ninguém respondeu, ninguém sabia.
3 minutos e meio. O som do relógio havia aumentado.
— Talvez o número signifique algo com 5 letras. — Arion sussurrou enquanto se abaixava ao lado dela.
Aquilo não fazia muito sentido, mas era único palpite que tinha. Sharaene sentia que ainda faltava algo.
3 minutos.
Não conseguia raciocinar perfeitamente quando estava sobre pressão. Suor escorria por sua testa, suas mãos tremiam, estava a ponto de entrar em desespero.
2 minutos e meio.
Voltou a encarar o relógio. Deveria ter alguma pista a mais ali.
— A cor cinza não é algo belo? — Arion indagou a encarando com desinteresse.
Cinza tem 5 letras, mas Sharaene sabia que não era isso.
2 minutos.
Seu olhar varreu a sala e nesse instante ela descobriu.
— Porta! —ela gritou e saiu correndo em direção a mesma. — Cinza, 5 letras, é isso!
Todos olhavam sem entender nada, alguns sussurravam que ela era somente uma louca suja de sangue.
1 minuto e meio.
A contagem não parou. Ela não tinha chegado à charada.
Ela analisou a porta, nada de muito diferente, até que no centro ela percebeu algumas bolhas, e um cheiro mais forte, aquilo havia sido pintado recentemente e não muito bem pelo sinal. A coloração era um pouco diferente do restante.
1 minuto. Uma contagem ensurdecedora começou.
— Arion! — ela gritou, sua raiva por ele deveria ficar de lado.
55 segundos.
— Tem algo para raspar isso daqui? — ela perguntou apontando para a porta.
45 segundos.
Ele não respondeu somente puxou da mão de uma jovem uma adaga. A menina era tão pequena e tinha tanto medo que nem ousou se mexer ou protestar.
35 segundos.
— Não deveríamos ter parado para escutar essa menina idiota. Por causa dela morreremos! — alguém gritou.
25 segundos.
Arion se virou para a mulher do vestido, ela que havia falado.
—Ou você retira o que disse, ou você morre! — Arion ameaçou.
15 segundos.
— Arion, não temos tempo para isso! — Sharaene gritou, estava tão nervosa que suas mãos não paravam de tremer.
— Peça desculpas agora! — Arion voltou a ordenar.
10 segundos.
A mulher se desesperou, sabia que ele não estava de brincadeira.
— Desculpa. — ela sussurrou baixo.
8 segundos. A contagem agora estava mais lenta do que deveria ser.
— Não estou satisfeito com essa sua desculpa, porém depois resolveremos isso. — ele falou e se virou para a porta.
Em um ato rápido, ele virou e raspou o metal com uma enorme facilidade.
1 segundo.
Um barulho auto ecoou pelo local, já nem sabia dizer se haviam conseguido ou não.
— Por um segundo, isso é surpreendente. — a voz eletrônica falou. —Agora os desejo sorte para desvendar a charada.
Nesse instante que Sharaene resolveu prestar atenção, uma frase em letras minúsculas estava escrita na porta.
O relógio já havia voltado a contar.
Um homem que estava ao lado da mulher de vestido, empurrou Sharaene e começou a ler o que estava escrito. Logo várias pessoas se juntaram ao redor dele, quase pisoteando ela que por sorte foi puxada por um homem.
Ele era negro e alto, seus olhos eram de um negro tão forte que pareciam brilhar. Ela o reconheceu no mesmo instante, era o homem que havia encontrado nas inscrições da competição.
— Você está bem? — ele perguntou mostrando um largo e belo sorriso com dentes perfeitamente brancos. O que não era muito comum para as pessoas de Inferius.
Ela somente assentiu com a cabeça, estava meio desnorteada.
Logo uma falação começou pela sala, era impossível entender o que falavam.
— Preciso ler. — ela sussurrou para si mesma e levantou indo em direção a porta.
Antes de chegar lá outra coisa aconteceu.
— É o vento! — uma pessoa gritou.
No mesmo instante um flecha foi cravada no crânio do mesmo.
— De onde aquilo saiu? — Sharaene perguntou ao rapaz que continuava ao seu lado.
— De lá! — ele apontou para um buraco quadrado que havia sido aberto na parede.
Uma conversa paralela começou, ninguém entendia, não haviam passado três minutos.
Sharaene correu logo para a porta, já estava dando tudo errado, tinha deixado uma pessoa morrer.
"Eu nunca fui, mas sempre serei. Ninguém nunca me viu, e vocês principalmente nunca verão. Ainda assim, sou a esperança de todos. Quem sou eu?"
— Que coisa sem nexo. — o homem sussurrou.
Ela achava o mesmo, aquilo não fazia sentido.
Uma luz vermelha começou a piscar sem parar no local chamando a atenção de todos.
Ninguém entedia nada, no mesmo instante quando Sharaene percebeu o que ia acontecer, já era tarde demais.
3 minutos haviam se passado.
Um tiro acertou o coração de uma mulher. Chegava a ser difícil acreditar que em uma sala cheia o tiro foi tão certeiro.
O pior foi o que Sharaene viu.
A mulher estava virada para ela, com a mão na região do peito onde o sangue jorrava. Os olhos castanhos escuros arregalados e quase sem vida encaravam ela. Um baque. Ela caiu de joelhos, mas mesmo assim seu olhar continuava firme. Aqueles segundos pareciam passar lentamente.
"Eu acredito em você.", foi a última coisa que a mulher balbuciou antes de cair morta.
— Você a conhecia? — o homem que era muitíssimo observador, perguntou recebendo como resposta um sinal de negação de Sharaene.
Ela não conhecia a mulher, muito menos entendia o porquê dela ter sussurrado aquilo. Mas a senhora acreditava nela e aquilo já era o bastante para lhe dar forças.
Agora todos estavam calados, pareciam estar mais cientes de que aquilo não era uma brincadeira.
Ela voltou a reler aquela charada, precisava achar logo a resposta.
— A resposta é espíritos! — um garoto aparentemente bem novo, gritou.
— Não seu tolo, é a água! — um outro homem falou.
No mesmo instante tiros acertaram a testa de ambos, era uma cena horrenda.
— À cada resposta errada, vocês irão morrer, então acho melhor pensarem antes de falar. — Arion repreendeu com sua voz autoritária. Ele se encontrava encostado na parede contrária a da porta mantendo seus olhos fechados.
Agora as coisas estavam mais difíceis, até tentar acertar podia custar vidas. O silêncio agora era total.
30 minutos, meia hora haviam se passado, 10 mortes por tempo e mais 3 por tentativas falhas. O coração de Sharaene parecia se quebrar mais a cada instante.
"O que nunca ninguém viu?", "O que nunca verão?", "O que tudo tinha a ver com esperança?". Aquelas perguntas ecoavam em sua mente sem parar.
— Eu esperava mais de você. — Arion falou aparecendo ao lado dela.
— Não venha me importunar, tente adivinhar algo pelo menos. —ela respondeu sem paciência.
— Sabe o que é engraçado? Ontem quando vi seu ato de coragem acreditei que você iria vencer, pensei que era forte, mas vejo que errei no seu destino. — ele sussurrou em deboche no ouvido dela. — Isso é lamentável, linda.
A vontade de dar na cara dele era enorme, porém não podia perder tempo com isso, não agora.
— Se eu fosse você calava sua boca antes que o próximo morto daqui seja você.— ela o ameaçou em um sussurro.
Sua cabeça latejava de tanto estresse com e ódio daquele homem. Odiava que alguém duvidasse dela, que a subestimassem. No final das contas, aquilo só lhe deu mais incentivo para adivinhar a resposta.
Mais um tiro acertou a cabeça de um homem, ela o conhecia, sua mulher estava grávida. Ele não voltaria para casa pela manhã, não veria mais sua esposa, não veria seu primeiro e único filho nascer.
Naquele instante quando já mal aguentava segurar as lágrimas, ela descobriu a resposta da charada. Era isso que pensava, esperava não estar errada.
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