Capítulo XIII: Garotos e problemas
"I don't wanna fight, I don't wanna fight!
I don't wanna fight no more"
Don't Wanna Fight - Alabama Shakes
Olhava para o teto do quarto, tentando criar coragem para levantar nessa segunda-feira para ir à escola. O fim de semana pós-festa não teve nada de diferente, sendo como qualquer outro. Recebi algumas mensagens de Karyn e Louisie, perguntando o que tinha acontecido e por que ou com quem eu fui embora. Minha única resposta foi que contaria tudo hoje, pessoalmente.
Mas o pensamento de levantar da cama, me arrumar e ir até a escola, me deixava com mais preguiça a cada segundo que se passava. E me perguntava como teria de agir com Brian a partir de agora.
Depois de termos nos apresentado novamente, sem brigas, socos ou qualquer outra coisa, não sabia o que precisava fazer. Levantamo-nos daquele meio-fio e ele me deixou na porta da minha casa, acenando, indo embora logo em seguida. Sem mais qualquer conversa, simplesmente, a noite acabou aí.
— Ella, se você não ficar pronta em quinze minutos, eu te deixo aqui! — Ouvi Benjamin gritar do outro lado da porta e, finalmente, me levantei.
Alguns minutos mais tarde, já arrumada e com a mochila nas costas, desci as escadas. Ben me encarava com um ar desconfiado e eu desviava o olhar na maior parte do tempo, evitando-o. Mas não conseguiria evitá-lo dentro do carro.
— Ella, você pode me contar o que aconteceu naquela festa do novo capitão, por favor? — ele perguntou assim que me sentei no banco escuro. Mexi a mochila, que estava em meu colo, desconfortável, enquanto pensava em como explicar. Ben só me chamava pelo primeiro nome quando estava com raiva ou preocupado. Não sabia qual era o caso dessa vez.
— Não é nada de importante... — Eu comecei, porém seu olhar me interrompeu. — Tudo bem, é importante. Há alguns dias, encontrei um caderno com poemas no corredor da escola.
— Poemas?
— É, Benjamin, poemas, sabe? Com versos, estrofes, rimas... — Ele revirou os olhos pela minha explicação. — Então... Eu descobri quem é o autor dos poemas na festa e não foi uma coisa muito legal.
— Ele fez algo com você? — perguntou ao parar no semáforo, seu olhar preocupado caindo sobre mim.
— Não, Ben, mas era algo pessoal dele, entende? Sinto como se tivesse invadido a sua privacidade. De qualquer forma, nós terminamos a noite bem, não há com o que se preocupar quanto a isso — expliquei e ele me fitou, como se perguntasse qual era a dificuldade, antes de voltar a acelerar o carro. — O problema é que eu não sei como agir se o encontrar na escola.
Meu irmão me olhou sorrindo e eu dei uma tapa em seu braço, ficando em silêncio até que ele estacionasse o carro.
— Vai dar tudo certo, Meg. Você vai saber exatamente o que fazer quando vê-lo —falou, por fim, enquanto entrávamos na escola. Passamos pelo seu grupo de amigos e segui sozinha até o meu armário.
Será que ele tinha razão?
— Agora que nós já passamos por essas torturas em formas de aulas, você pode nos contar o que aconteceu? — Louisie perguntou enquanto nos encaminhávamos para o refeitório. Eu me sentei e encarei as duas garotas à minha frente.
— Então... — Comecei, mas fui interrompida pela segunda vez em apenas um dia.
— Sem rodeios, Ella! — Karyn disse nervosa.
— Lou, você precisa saber que eu encontrei um caderno de poemas anônimos há alguns dias — expliquei após bufar e ela ajeitou sua postura no banco, fazendo-me olhá-la de maneira confusa. — Sexta-feira, na festa, descobri quem é o autor dos poemas, porém... Ai, meu Deus, como eu vou explicar isso? — Fiz uma pausa pra tentar pensar direito. — Digamos que não foi uma descoberta amigável.
— E você ficou esse tempo todo sem nos contar nada? Fala logo quem é! — Karyn pediu quase gritando e eu fiz um sinal para que ela abaixasse o volume de sua voz.
— Brian — sussurrei e Karyn demonstrou surpresa, ao mesmo tempo em Louisie coçava a cabeça. Sua reação era estranha, como se já soubesse, mas assumi que fosse apenas algo da minha mente. — O problema foi que o Johann descobriu.
— Johann descobriu?! — Lou perguntou, aparentemente nervosa e eu assenti, confirmando. Ela passou a mão pelo rosto, praguejando baixo.
Ia perguntar o porquê de sua reação, quando Brian passou pela nossa mesa, sem ao menos olhar para os lados. Evan o acompanhava e parou para falar com a ruiva que, rapidamente, colocou um sorriso no rosto, beijando e abraçando o namorado. Enquanto o outro jogador parava para esperar o amigo, olhou para a entrada do refeitório com uma expressão nada amigável e eu acompanhei o seu olhar, vendo Johann entrar acompanhado de um grupo de garotos do basquete.
O novo capitão cumprimentava a todos por quem passava e sorria para as garotas, que agiam como as mulheres em um show do Elvis Presley anos atrás. Ele se chocou com Karyn, que eu nem vi levantar da mesa, e sorriu para a baixinha, que o olhou com raiva, antes de andar na direção do Brian.
— Olha só se não é o nosso poeta! — falou, sorrindo e parando de frente para Brian, que não respondeu nada. — O gato comeu a sua língua? Ou será que foi a gata ali?
— Você realmente não cansa de ser babaca, não é? — perguntei, com a cabeça apoiada na mão e um ar debochado. Ele veio em minha direção e eu me levantei, então Johann parou e riu. Todo o refeitório já nos encarava.
— É tão lindo como você o defende! — o idiota comentou, sentando-se na mesa, os pés sobre o banco. — Tenho uma memória muito boa, vocês sabiam? E foi nos olhos teus, tão azuis como o mar... Temos alguns olhos azuis aqui, não temos, Ella?
Brian largou a mochila no chão ao seu lado e eu me coloquei à sua frente em um impulso, murmurando que ele não deveria fazer nada, tentando mantê-lo calmo. Como sempre, Johann estava apenas o provocando.
— De quem você falava, Brian? Me diga a quem pertencem os olhos azuis, assim eu posso aprecia-los também. Ella tem lindos olhos azuis, Karyn também... De quem você estava falando?
Brian deu um passo à frente e, em um ato reflexo, coloquei minhas mãos espalmadas em seu peito. Era claro que eu não teria força alguma se ele tentasse partir para cima de Johann. Este se levantou e caminhou até estar próximo de nós dois.
— Mas esses olhos teus, brilhantes como o luar, se perderam dos meus... — Johann tornou a recitar, alto o suficiente apenas para nós ouvirmos, entretanto, foi interrompido pelo soco certeiro que Brian desferiu em seu rosto.
Eu gritava no meio dos dois, pedindo para que Brian parasse, e só fui tirada dali por Louisie, que me puxou pela roupa. Eram murros para todos os lados, meus gritos que não paravam e um círculo de alunos se formando ao nosso redor. Os dois só pararam quando o grito da diretora ecoou pelo refeitório.
— O que está acontecendo aqui?! — perguntou a mulher com longos cabelos escuros e um salto que fazia um barulho alto demais.
Brian virou-se para mim, à medida que ela se aproximava, e seu olhar, rodeado por marcas que se tornariam roxas, demonstrava preocupação. Assenti, querendo dizer que estava bem e ele voltou a sua atenção para Beatrice.
— Johann, Brian, Ella — a jovem mulher falou os nomes em alto e bom som. — Na minha sala! Agora!
Oioi, pessoal!
Eu sei que hoje é segunda, mas eu não estava aguentando segurar os capítulos dessa segunda parte. Nós vamos ter algumas (MUITAS) novidades nessa temporada e eu estou ansiosa pra liberar os capítulos novos!
Queria avisar que não tenho nem previsão de quantos capítulos vão compor essa segunda parte. Eu faço apenas um roteiro geral da parte, como se fosse uma temporada, e não planejo os capítulos individuais. Além de que SPAGA se escreve sozinha (eu não estou louca, juro): enquanto estou escrevendo sobre determinado personagem, os outros estão vivendo a vida deles e vira o meu dever contar pra vocês depois.
É confuso, mas na minha cabeça faz sentido.
Sobre o capítulo:
- O que vocês acham da atitude da Louisie depois da revelação da Ella? Suspeitam de algo?
- O que acham que vai acontecer com esse trio na sala da diretora?
Comentem as suas teorias!
Até semana que vem!
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