Capítulo 5 - Contrariada
Às vezes Lavínia odiava a racionalidade da sua melhor amiga.
― É você quem está errada - foi o que Cami disse depois de ela contar o absurdo de conversa que teve com o Eduardo. Ele foi um verdadeiro... Um verdadeiro... Idiota.
Embora ainda muito gostoso.
Camila estava mordendo a borracha na extremidade do seu lápis azul da Cultura Inglesa, enquanto tentava resolver os problemas do exercício de matemática que o professor os mandou fazer. Para a sorte de Lavínia, ela era esse tipo de pessoa que conseguia fazer contas complexas e conversar ao mesmo tempo, embora suas respostas fossem tão pontuais quanto as das equações.
Seu cabelo gigantesco e tingido de laranja estava amarrado em uma trança frouxa naquele dia. Cami era alta, magra, tinha um rosto interessante e saía bem em todas as fotos. Usava um piercing no septo e se vestia como as garotas nas fotos do tumblr, mesmo sem ter exatamente essa pretensão. Ela era basicamente uma princesa hipster e irritantemente sensata. Do tipo que sabia exatamente o que fazer e o que não fazer e não sobrava espaço no seu cérebro evoluído para dramas adolescentes.
Cami era a pessoa mais chata que Lavínia conhecia e também a melhor.
As duas eram tão diferentes que chegava a ser absurdo, mas costumavam dizer que se completavam. É claro que Lavínia às vezes se sentia uma tampinha ao lado da criatura esbelta de 1,72 metros de altura que a amiga era. Lavínia tinha as pernas grossas e meio compactas, o que ela tinha certeza de que a fazia parecer ainda menor. Seus seios eram grandes, entretanto, e isso ela jogava na cara de Cami, a tábua reta.
Ela fez um coque nos cachos castanhos e prendeu com o seu lápis vermelho - também da Cultura Inglesa, presente de Cami - enquanto bufava para eliminar a frustração que era não ter o apoio incondicional da melhor amiga.
Ao menos Isabel podia ficar do lado dela.
A garota se virou para trás e o olhar de Isabel saltou do seu caderno para o rosto ansioso de Lavínia. Ela revirou os olhos, pois se conhecia bem a amiga, sabia que lá vinha alguma história.
― Eu estou tentando terminar o exercício. - ela já foi logo advertindo. - Prometi à minha mãe que esse ano não ficaria de recuperação.
Lavínia então explicou toda a situação para a amiga de pele castanha e cachos recentemente cheios de californianas. Aparentemente Lavínia era a única que ainda tinha o cabelo virgem em toda a escola. Mas pelo menos essa era a única virgindade que ainda restava para ela.
Para espanto de Lavínia, o que Isabel fez foi rir.
― Não entendi qual é a graça, ele ainda pode me ferrar!
― Amiga, ele só está brincando com você e pelo visto está conseguindo - Isabel pontuou ainda de bom-humor. Antes de voltar a fazer a tarefa de matemática, ela disse: - Vai ocupar sua cabeça com alguma coisa útil.
― Tudo bem aí, Lavínia? Isabel? - o professor Inácio chamou a atenção delas e Lavínia se virou para frente, nem um pouco satisfeita com suas amigas nada dispostas a xingar o seu vizinho.
A questão era a seguinte: Lavínia não gostava de ser contrariada. Se algo soasse minimamente como um desafio para a garota, ela o aceitava e entrava no Jogo pra ganhar. Eduardo, mesmo que sem querer - e ela duvidava que ele fosse inocente -, estava mexendo com ela. Ele devia mesmo estar rindo da cara dela e seu desespero para que ele não revelasse aquele segredo sórdido aos seus pais.
E ela odiava se sentir por baixo em quase qualquer situação.
― E no seu aniversário, vai fazer o que? - Anaju perguntou durante o intervalo daquela manhã. Ela degustava um croissant de chocolate (seu preferido) e o cabeço chanel e escuro estava, como sempre, muito bem escovado. Lavínia não fazia ideia de como ela tinha disposição pra passar delineador nos olhos (e sem nenhuma imperfeição) logo de manhã cedo, mas Anaju não saía de casa sem a sua maquiagem.
― Ainda não sei nem se vou estar viva na semana que vem, quanto mais no mês que vem - ela resmungou e se jogou na mesa redonda de alumínio. Mas todos os seus amigos mais próximos já tinham dezesseis anos então esse aniversário era algo pelo qual ela esperava ansiosamente.
― Você podia fazer um acordo com ele em troca do silêncio.
Lavínia levantou a cabeça e encarou a amiga.
― Estou ouvindo.
Anaju, que sempre gostou muito de atenção, se inflou como um galo. Ela chegou o corpo pra frente como se fosse contar algum segredo.
― Ofereça serviços sexuais, simples assim.
― Ana Júlia!
― Quem está oferecendo serviços sexuais aí? - Paulo chegou por trás de Lavínia com uma expressão maliciosa e deu um beijo na sua bochecha antes de se sentar com as duas meninas. Fabrício e André estavam com ele, como sempre. - Se for pra mim, eu aceito.
Lavínia abriu um sorriso provocador pra ele, que levantou uma sobrancelha como se a estivesse desafiando a beijá-lo bem ali.
Ela bem que gostaria, se não houvesse a regra estúpida contra beijos dentro do colégio.
― Não é da conta de vocês - Anaju retrucou, mordendo seu croissant e dando uma cotovelada em Fabrício, que tentava roubar o salgado dela.
Todos ali eram da outra turma do segundo ano e às vezes Lavínia lamentava não dividir a sala com eles. Principalmente o Paulo, que era um moreno, alto, bonito e sensual e fazia maravilhas com aquela língua na boca dela.
Às vezes Lavínia se achava uma depravada, mas fazer o quê. Ainda bem que o feminismo estava em alta nos dias de hoje.
― Está tudo certo pro carnaval né, Aninha? - Fabrício perguntou. Ele era o único que a chamava assim, mesmo Anaju detestando diminutivos.
― Sim, meus pais já falaram com os pais da Thaís, que era a única que ainda faltava confirmar.
― Ah cara, eu queria muito ir. Mas vou viajar com a família pra Porto de Galinhas - André lamentou.
― E você tá reclamando, leke? - Fabrício deu um tapa no pescoço do amigo. - Ah se meus pais viajassem assim também.
― Afinal, quem é que vai viajar? Nós quatro aqui e a Thaís? - Paulo quis saber. Anaju trocou um olhar solidário com Lavínia antes de responder.
― Bem, sim. Eu, você, Fabrício e Thaís. E a Lavi.
Paulo abriu um sorriso satisfeito e olhou para a garota ao seu lado, aquela dos olhos azuis e temperamento forte que ele adorava.
― Que maravilha - ele disse. - Uma semana inteira na praia com a maluquinha.
Lavínia normalmente teria incentivado o flerte, estaria também tão empolgada quanto ele para passarem o carnaval juntos. Mas, no momento, estava pilhada demais com a possibilidade de não ir para isso.
― Por falar nisso, e a Carol? - André indagou. Todo mundo sabia que ele era afim da Carol e ele nem fazia questão de disfarçar. - Tem notícias dela?
― Ainda precisa ficar de repouso por causa da cirurgia, mas depois do carnaval ela volta. Por isso ela não vai com a gente pra minha casa de praia em Cabo Frio.
― O que foi que ela operou mesmo? - Fabrício fez a sua cara de confuso tão característica e Anaju lançou um olhar fulminante pra ele.
― Ela tirou as amigdalas, Anta. Cruzes, em que mundo você vive? Não se esqueça de que amanhã nós vamos visita-la.
― Sim senhora - ele bateu continência de palhaçada e Anaju revirou os olhos.
Eles terminaram o intervalo ainda conversando sobre a Carol e a viagem pra Cabo Frio. Anaju deixou claro que precisavam ter alguma ideia incrível pra comemorar o aniversário de Lavínia em março e os meninos concordaram em ajudar a pensar em algo.
Eles se levantaram pra subir para suas salas, mas Paulo puxou Lavínia de volta. Ela encarou os amigos se distanciando e depois o rosto de Paulo.
― A gente nunca consegue ficar sozinho - ele reclamou. - Que tal pegar um cineminha na sexta? Eu pago.
Lavínia levantou as duas sobrancelhas, adorando a atenção que ele a dava e o convite inesperado, e passou os braços pelo seu pescoço.
― Acho que seria uma ótima ideia.
― Te pego no seu curso de inglês? - ele propôs, segurando-a pela cintura e morrendo de vontade de beijá-la de uma vez.
Maldito colégio antiquado.
― Esteja lá às 16h em ponto ou então eu vou embora - ela ameaçou, provocativa, e tirou um sorriso sacana dos lábios dele.
― Feito.
HEY HO, FOLKS! Olha quem apareceu de novo sem aviso e ainda nem é madrugada hehehe Eu sei que o dia está acabando, mas o feriadão foi generoso comigo e escrevi pra caraaaaaaaaaaaaaaaaamba hoje. Por isso, tô aqui em horário extra-oficial do BatCanal pra postar pra vocês.
Aparentemente o #SePeguem está de volta! Um montão de gente subiu a hashtag (que a gente usava em SOMT, lembra? Sdds) no capítulo anterior e eu to CHOCADA com a rapidez de vocês, meu povo. #SePeguem já no capítulo 4? PARECE QUE TEMOS UM RECORDE AQUI hahahaha Mas vamos que vamos, Lavínia com certeza apoia essa causa né não? #DesceProPlay e pega a Lavínia, Edu! (essa é outra tag que vi circulando por aí e já adotei também).
Enfim, galera, boa noite pra todos e boas lágrimas também porque amanhã infelizmente tem aula de novo #chorando #NaCova
Beijos e queijos, câmbio desligo.
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