Capítulo 12 - Ottoke*
*Ottoke: Palavra coreana que significa "O que fazer?".
Edu nunca foi o maior fã de carnaval, mas esse ano ele teria se arrependido se não tivesse cedido ao convite de Felipe para ir passar o feriado em Maricá. Certamente ser arrastado pelos amigos para os blocos, praias e festas na cidade era muito melhor do que ficar em casa fazendo vários nadas - até mesmo porque Helô tinha uma viagem marcada para Ouro Preto com os amigos dela e os dois não poderiam ficar juntos.
Ele achava até bom, na verdade. Porque o carnaval era aquela época constrangedora do ano em que os casais que estão em um relacionamento não-sério precisam ter "A Conversa". Ou se separavam e cada um ia curtir o feriado do jeito que bem entendesse, em comum acordo. Ou ficavam juntos durante a semana inteira e isso era praticamente a mesma coisa de tirar o "não" do "não-sério". Provavelmente havia uma terceira opção, mas Eduardo não fazia ideia de qual era.
De modo que ficou muito satisfeito por não precisar ter "A Conversa" com Helô e seguir o rumo da sua vida naturalmente. Não que ele fosse o tipo que saísse pegando meio mundo só porque era carnaval, Edu não era do tipo que saía pegando meio mundo nem em épocas de paz.
Mas era carnaval. E não fazia mal algum traçar umas gatas por aí.
Essas foram palavras de Felipe, não dele. Mas Edu achou que faziam muito sentido.
Então, por mais que ele gostasse do tempo que passava com Helô, foi muito melhor ambos seguirem sem rumo sem complicações durante essa semana atípica na rotina. Depois que ela passasse, quem sabe, eles não voltassem a sair juntos de novo e aí, talvez, quem sabe... Bem. Não. Ele não queria um relacionamento sério, mas não havia nada que o impedisse se isso acontece sem pretensões.
E essas foram as palavras exatas de João Augusto, não dele. Mas Edu deixou-as penetrar em seu cérebro bastante perspicaz e reconheceu que, mais uma vez, seu irmão mais novo tinha certa razão.
O que restava para ele era continuar vivendo, um dia de cada vez. Se afastando das coisas que o prendiam no passado ou o impediam de romper barreiras, pelo motivo que fosse. Eduardo sabia que ele era uma pessoa complicada consigo mesmo, embora fosse adorável com os outros. Mas chega um ponto na vida de todo mundo que parece que não existe outra saída além de encarar o que está errado.
E, no caso dele, se permitir.
Por isso ele ficou com Helô. Por isso ele foi passar o carnaval em Maricá com os amigos malucos.
E por isso ele estava sentado no sofá com Bartolomeu - seu buldogue francês preto - deitado no seu colo. Os dois encaravam a tela do notebook em cima da mesinha de centro em uma mistura de choque e surpresa, lendo e relendo o e-mail aberto uma centena de vezes. Bartolomeu até mesmo levantou as orelhas e entortou a cabeça, o que, para Edu, foi uma metáfora perfeita do modo como ele mesmo se sentia por dentro.
Edu fez carinho no pelo do cachorro e as engrenagens da sua cabeça giravam a mil por hora. Ele leu o e-mail mais uma vez - só pra ter certeza - e deixou escapar um silvo baixo, jogando as costas no encosto do sofá.
O cachorro virou a cabeça e encarou o dono com aqueles olhos enormes que pareciam perguntar "O que você vai fazer agora, camarada?".
― Não olha pra mim - Edu respondeu, fazendo carinho debaixo da orelha do cão, que balançou o rabo na mesma hora. - Esperava que você pudesse me dizer o que fazer. Veja bem, é uma decisão difícil de ser tomada.
Bartolomeu levantou o focinho como se dissesse "sim eu entendo sua situação, só não pare de fazer esse carinho gostoso".
― Tu tá falando com o cachorro de novo? - João Augusto perguntou, saindo do seu quarto e indo abrir a geladeira do apartamento.
― Ele é o único que me entende - Edu respondeu, para satisfação de Bartolomeu, que se inflou todo com a importância que tinha para o dono. Era bom ser reconhecido de vez em quando. Edu segurou a cabeça do cão com as duas mãos. - Não é mesmo, camaradinha?
― Qual foi a grande sabedoria canina do dia?
― Ele ainda não me deu uma resposta. Na verdade, tenho a leve impressão de que, dessa vez, Bart não vai poder me ajudar.
João limpou a boca suja de suco de laranja e bateu o copo na pia.
― Acho que ele não devia mesmo. Depois desse nome horrível que tu desse a ele, não deveria ter te ajudado nunca.
― Bartolomeu é um nome ótimo - Eduardo protestou. - Bartolomeu Dias foi o primeiro navegante a cruzar o Cabo da...
― Boa Esperança - João completou a frase do irmão com uma risada. - Já sei disso, piá. E ainda acho uma porcaria de nome.
― Que nome tu darias a ele, então? - Edu quis saber, se levantando com o cachorro bem acomodado em seus braços longos. Ele parou diante da bancada entre a cozinha americana e a sala.
João Augusto pensou por um minuto.
― Sei lá. Falcão?
Eduardo encarou o irmão com uma cara de tédio. Seus óculos pendiam no nariz.
― Você daria o nome de um animal a outro animal?
João coçou a cabeça, ponderando sua falta de criatividade.
― Bem, tecnicamente, seres humanos também são animais. E tu desse esse nome a ele por causa de um ser humano.
― Bem, não foi exatamente...
― Meu Deus, nós precisamos fazer algo da vida logo. Olha só o tipo de conversa que estamos tendo.
E, com isso, Eduardo suspirou e concordou com a cabeça. O irmão mais novo saiu da cozinha e se jogou no sofá, com uma cara inegável de sono e as maçãs do rosto todas vermelhas por causa do excesso de sol e praia dos últimos dias. Até mesmo os cabelos castanhos estavam queimados, coisas que aconteceram com Eduardo também.
Os dois eram brancos demais.
João e Cali tinham ficado na cidade mesmo. Sozinhos. Pela primeira vez.
Não é preciso dizer mais nada além disso.
― As aulas voltam semana que vem, logo esse marasmo termina - Edu garantiu. - Embora eu ache que tédio não seja um mal que te assole no momento - ele provocou, fazendo um sorriso de canto de boca surgiu no rosto do irmão.
― Cale a boca.
― Eu não disse nada!
― Vai comprar leite, a gente tá sem - ele mudou de assunto assim descaradamente, o que fez Eduardo rir.
― Desde quando você fica envergonhado? Quem é você? É porque foi muito especial? - Edu não conseguia se controlar.
Augusto mostrou o dedo do meio pro irmão e Eduardo balançou a cabeça, rindo ainda mais. O caçula ligou a televisão e cruzou os braços, recusando-se a responder às provocações do mais velho, mas com aquele sorrisinho insistente nos lábios.
― Tudo bem, piá. Tô indo lá comprar o leite tão importante.
Ele largou Bartolomeu no chão, que correu com tudo até os pés do João Augusto. Edu pegou a carteira em cima da bancada e saiu de casa com o bom humor renovado. Ter seu irmão por perto foi a melhor coisa que aconteceu em sua vida nos últimos tempos.
Mas, apesar disso, foi apenas colocar os pés para fora de casa, no silêncio do corredor e do elevador, para os questionamentos do rapaz sobre o e-mail que recebera voltarem com tudo.
O que eu devo fazer, ele se perguntava, medindo suas possibilidades. Tomar decisões - principalmente as arriscadas - não era algo com o qual Eduardo lidasse muito bem. Porque era difícil para ele, era muito difícil. Embora fosse um cara muito inteligente - ou, talvez, por causa disso - as oportunidades apareciam na sua vida sem que fosse preciso muito esforço ou decisão.
E agora, quando ele se via dividido entre duas coisas diferentes, não sabia o que fazer.
Era nisso que estava pensando quando chegou ao hall do prédio, mordendo o lábio e coçando o queixo com a barba por fazer pinicando seus dedos. E era nisso que ele estava pensando quando avistou Lavínia vindo da direção oposta, passando pelo portão do prédio.
O que seria uma situação completamente corriqueira se ela não estivesse chorando.
E aí, galerinha do bem, a #MadrugsBoladona está de volta COM TUDO nesse nosso BatCanal. Obrigada a todos que resistiram essa semana sem capítulos, mas, felizmente, tô tendo uma trégua da facool. Lavagirl e Dudu estavam com imensas saudades de vocês e, por isso, prometem não dar descanso a partir de agora *risada maléfica*.
Mas o que eu tenho de importante pra dizer hoje é: Você aí, caro leitor, SABE que dia é hoje? Acertou quem disse "17 de dezembro" e acertou também quem disse: ANIVERSÁRIO DO MEU, DO SEU, DO NOSSO MENINO JÃO! *COMEMORA COM FOGOS DE ARTIFÍCIO* *GRITANTO*.
Essa é a primeira vez que comemoro o aniversário de um personagem com vocês #emoção e eu to muito feliz por ser justo o do nosso ilustre companheiro de poesias, Los Hermanos e manobras de skate. Meu muso inspirador dozoio verde e uma das razões do meu viver. Janjão é importante pra mim por diversos motivos, mas o principal é por ele ser tão amado por vocês também <3 OBRIGADA por amarem o menino Becker Junior e que possamos comemorar essa e outras datas por muitos anos pela frente! Quero ver todo mundo usando a tag #ParabénsMeninoJão aqui e no twitter hein???
Divirtam-se com o capítulo. Beijos e queijos, câmbio desligo.
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