Capítulo 10 - Feliz Aniversário
Como era possível que garotas tão novas tivessem seios tão... Seios.
― Ela nem é tão nova assim, irmão - João Augusto disse enquanto terminava de colar o barbante com as placas de "Feliz Aniversário" na parede. - Dezesseis né?
A casa estava toda enfeitada com bexigas azuis e roxas. Algumas foram cheias com gás hélio e estavam flutuando no teto ou amarradas em qualquer coisa que as mantivessem em terra firme. A cozinha do apartamento estava uma bagunça de pratos de salgadinho, pizzas e brigadeiros. Eduardo foi até lá tentar dar um jeito na situação e arrumar as comidas na bancada entre a cozinha e a sala, que já estava forrada com uma toalha roxa de cetim que Helô emprestara.
― Quinze, eu acho. Não sei. Mas eu conheço a Lavínia há quatro anos e de repente ela está assim.
― É o que acontece com essas crianças, elas crescem - João ponderou. - Vê os nossos irmãos.
― Ainda assim é um pouco chocante.
Chocante. Sei, pensou Guto. Até parece que era a surpresa o motivo principal por Eduardo estar tão impressionado. É claro que ele não se dava conta disso - ou talvez não quisesse perceber - mas Guto não nascera ontem. E se divertia secretamente à custa do irmão certinho.
A campainha tocou e Eduardo foi abrir a porta para os irmãos gêmeos da Cali - Apolo e Hélio - e a namorada do Hélio, que se chamava Julia. Eles trouxeram um engradado a mais de cerveja e o bolo especial com o desenho do DeLorean de De Volta Para o Futuro. Hélio, Julia e Edu colocaram tudo na geladeira enquanto Apolo se acomodava no sofá.
― E aí, o que você comprou pra minha irmã? - ele perguntou ao Guto, que limpou as mãos uma na outra e se sentou no sofá também.
― Não posso te contar o presente dela sem ser inapropriado.
A princípio, Apolo arregalou os olhos com o susto. Guto não estava dizendo que... Ah ele estava. Apolo abriu um sorriso safado dos seus e estendeu o punho fechado para o namorado da irmã, em aprovação.
― Isso aí, leke. Esse é o meu garoto.
― O que o Guto fez? - perguntou Hélio, voltando da cozinha no momento em que os dois chocavam seus punhos.
― Ele e a Cali vão acasalar - Apolo respondeu, fazendo graça, para o espanto total do gêmeo. Hélio congelou na mesma hora e seu rosto perdeu toda a cor existente.
― Como é que é? - ele indagou, encarando Augusto com um olhar penetrante. Julia tocou o braço do namorado, rindo dele sem nem tentar esconder.
― Amor, isso é uma coisa normal entre casais, né? Você deveria saber.
― Eu sei, mas é que...
― Piá, se acostuma com a ideia que é melhor - Eduardo deu um tapinha condescendente nas costas de Hélio, se divertindo com sua reação ultrajada pelo futuro da irmã.
― Calma aí, gente, eu só estava curtindo com a cara do Apolo - Augusto explicou, rindo, e Hélio literalmente suspirou de alívio. - Quer dizer, a gente... Pretende. Não quisemos fazer isso lá em casa por respeito aos nossos pais. Mas agora...
― Vai ver é isso o que vai resolver o mau humor da Cali - Apolo comentou.
― Pelo amor de Deus, vamos mudar de assunto.
E como se o universo estivesse atendendo ao pedido de Hélio, a campainha tocou. Dessa vez eram Helô e os outros amigos mais próximos da Cali, que chegaram já fazendo barulho. Eduardo notou certa tensão entre seu irmão e o moreno que parecia surfista em tempo integral. Como era mesmo o nome? Ah... Maurício! Ex-paixonite da Calíope, não era ele? Ele cumprimentou Guto com educação, mas o paranaense parecia ter engolido uma caixa inteira de pregos. E foi a vez de Eduardo se divertir à custa do irmão ciumento.
Edu foi pra cozinha arrumar os novos pratos de comida e bebidas que a galera de Jacarepaguá trouxera quando Helô apareceu em seu campo de visão. Ela era mesmo uma visão dentro daquele macaquinho floral e o cabelo volumoso e liso jogado para o lado. Os dois sorriram um para o outro e ela roubou um pão de queijo do prato que ele estava desembrulhando.
― Tem comida demais aqui - a garota se justificou.
― Pois é, acho que seus amigos exageraram.
― Nada que eu não possa resolver - ela disse, pegando outro pão de queijo e fazendo Eduardo rir.
Eles haviam saído naquela outra noite e, inclusive, trocado alguns beijos. Helô era uma garota muito divertida e eles se deram bem logo de cara, embora Edu não se sentisse nem um pouco aberto para um relacionamento no momento. Não ainda.
Mas ele havia prometido ao irmão que tentaria sair da própria casca, que se arriscaria mais e sairia da sua zona de conforto pré-estabelecidada - mais conhecida como Livros de História. É claro que não era algo que se fazia da noite para o dia, mas ele achava que estava se saindo muito bem ao permitir que Helô se aproximasse.
Os dois trocaram um olhar significativo e o canto esquerdo da boca de Edu se salientou. Helô se aproximou ainda mais dele e o rapaz a enlaçou pelo pescoço e lhe deu um beijo nos lábios. Um bem simples, já que havia uma dúzia de pessoas ao redor dos dois, mas, naquele momento, aquele contato humano e afetivo o fez sentir muito bem.
Os dois sorriram, um pouco tímidos, quando se afastaram e Helô passou o cabelo para atrás da orelha.
― Me ajuda e colocar tudo na bancada então, espertinha - ele disse.
― Sim, senhor.
Já estava quase tudo pronto, inclusive o rádio esperando para ser ligado assim que Cali chegasse. João já tinha saído para buscá-la em casa e eles passariam no apartamento antes de irem jantar fora porque ele "esqueceu a carteira e o presente". Era um plano simples, porém eficaz, e eles esperavam que Cali não estivesse desconfiando de nada.
A última convidada que faltava chegou no momento em que Edu e Helô voltavam para a sala, onde o resto dos convidados fazia algazarra. Apolo abriu a porta e ficou encarando a garota parada de frente para ele com curiosidade.
― E você, quem é? - ele perguntou.
Edu espiou para ver quem era e encontrou os olhos azuis de Lavínia por uma fração de segundo. Ele gostaria de não ter reparado, mas a presença dela ali o afetou imediatamente e o rapaz não soube bem o que fazer em seguida. Primeiramente agradeceu mentalmente por ela não estar usando nenhum decote, porque sabia bem como Apolo era quando se tratava do sexo feminino. E Lavínia, bem, podia ter todos aqueles atributos, mas era só uma menina.
Não que ele estivesse pensando nessa parte específica do corpo dela, mas a imagem surgia em sua mente sem pedir licença e o assustava por ela, bem, por ela...
― Lavínia - ela respondeu com simpatia, sem se deixar intimidar. O que era impressionante, visto que a garota não conhecia quase ninguém ali. - Vim para o aniversário da Cali.
Apolo virou para trás e encontrou o olhar do Eduardo, o sorriso sacana já em seus lábios de um jeito que fez a espinha do Edu gelar.
― A gente deixa essa aqui entrar ou não? - Apolo brincou.
― Oi Lavínia - Eduardo disse, fazendo um gesto para que ela se aproximasse. A menina segurava um prato embrulhado com papel alumínio e Eduardo foi tira-lo de suas mãos para ajuda-la. - Essa é a Lavínia, minha vizinha de cima - ele apresentou.
― E aí Lavínia - os amigos da Cali a cumprimentaram em meio à sua conversa animada e barulhenta.
― E aí - ela respondeu.
Mas a garota se virou para Eduardo logo em seguida e seu olhar, ele reparou, pousou em Helô por uma fração demorada de segundo.
― O que é isso? - ele perguntou, referindo-se ao que ela trouxera. - Não precisava ter trazido nada.
― Minha mãe disse que era falta de educação vir de mãos abanando então eu fiz um cachorro-quente de forno.
― Você que fez? - Helô perguntou. - Que fofa. Eu adoro cachorro-quente de forno e a Cali também.
Eduardo notou, pelo gelo nos olhos azuis dela, que Lavínia não gostou nada, nada do "fofa" - embora Helô não tivesse feito por maldade. O rapaz mordeu o lábio para não sorrir, mas a sensação o acalmou da tensão que ele nem havia se dado conta de que estava sentindo.
― É, pois é. Eu sei fazer algumas coisas.
― Já está melhor do que eu que queimo até arroz - o anfitrião comentou, arrancando um sorriso da sua vizinha que, mesmo pequenino, o deixou satisfeito. Os olhos dela, ele reparou, estavam muito bonitos com o contorno preto da maquiagem leve e os cabelos cacheados pareciam muito macios. Ela também estava usando um perfume diferente, um cheiro atraente que ficava entre o doce e o amadeirado. - Bem, eu vou colocar isso com o resto da comida e você pode ficar a vontade.
No mesmo momento em que ele disse isso, Apolo passou um braço em torno dos ombros de Lavínia. Eduardo lançou um olhar de advertência a ele antes de voltar pra cozinha, mas não sabia se havia sido entendido. Esperava que sim.
― E você hein, Lavínia? Quantos anos você tem?
― Vou fazer dezesseis no fim do mês - ela respondeu.
Foi quando Hélio se virou do sofá.
― Lavínia, não dê corda a esse pervertido. E Apolo, francamente, ela tem a idade da Hipólita. Nossa irmãzinha.
― Nem sempre números significam alguma coisa - Lavínia rebateu, espirituosa como só ela, e abriu um sorriso sugestivo que fez metade das pessoas na sala uivarem.
Hélio, é claro, ficou chocado.
― Eu gostei dessa garota - Apolo anunciou. - Lavínia, seja bem-vinda ao nosso clã.
― Ai meu Deus, eles estão chegando! - Helô explodiu, pulando com o celular nas mãos. Eduardo surgiu atrás dela e sua preocupação com Lavínia de repente cedeu lugar para o real motivo de estarem todos reunidos ali naquele dia doze de fevereiro.
― Todo mundo levanta!
E eles se levantaram. Eduardo e Helô foram para perto da porta e ele apagou a luz. Todos ficaram em um silêncio ansioso por quase cinco minutos quando ouviram o barulho de Guto e Cali se aproximando no corredor. Guto girou a chave na fechadura e, no momento em que a porta se abriu, Eduardo acendeu a luz de volta, Hélio ligou o rádio com a música da Xuxa de aniversário e todos disseram:
― Surpresa! - e começaram a gritar.
A cara de surpresa da Cali não negou que ela não havia suspeitado de nada. Seus amigos e seus irmãos a abraçaram e deram parabéns, e João Augusto a beijou antes de entregar a caixa com o presente que comprara. Lavínia a cumprimentou também e, assim, a festa se iniciou de verdade.
Apolo colocou o pen drive de músicas que selecionou para a festa no rádio e as amigas da Cali afastaram a mesinha de centro para poderem dançar, animadas. O garoto chamado Maurício e Lavínia conversavam perto da comida, enquanto atacavam as coxinhas. Ela captou com o canto dos olhos o momento em que Helô puxou Eduardo para dançar e mastigou a coxinha com tanta raiva que quase quebrou os dentes.
É claro que Eduardo não reparou, embora procurasse pela menina a cada cinco minutos. Queria ter certeza de que Apolo não a arrastara para algum canto escuro porque, embora tecnicamente não fosse ilegal, ele não queria ter que se resolver com os pais dela depois. Imagina o problemão!
Ele deixou que Helô o fizesse dançar, mesmo sendo muito alto e desengonçado para uma coisa dessas. No que ele estava pensando? Mas Helô era o tipo de pessoa que batia o pé quando colocava alguma coisa na cabeça e não tinha como dizer não. Ela chacoalhou os seus ombros e o fez relaxar com a sua gargalhada alta e comentários sobre como ele "tinha dois pés esquerdos". E Eduardo sentiu vontade de beijá-la de novo naquele momento.
Assim o fez, segurando seu rosto entre as mãos gigantes.
― Você é irritantemente bom nisso - Helô comentou, com seu jeito espontâneo de sempre.
Eduardo abriu um sorrisinho de canto de boca que era, sobretudo, muito charmoso.
― Realmente ninguém nunca reclamou até agora.
Helô passou os braços pela cintura dele e esquivou uma sobrancelha. Ele viu a sua boca se mexendo enquanto ela dizia algo, mas toda sua atenção foi tomada pela voz de Apolo ecoando alto na sala:
― Lavínia, você tem que dançar comigo - foi o que ele disse. A menina deu um gole enorme na sua Coca-Cola antes de pedir licença ao Maurício e ir para a pista de dança improvisada entre os sofás. Seus olhos azuis, Eduardo notou, estavam ensandecidos de um sentimento cortante.
Ele paralisou ali mesmo onde estava e seus músculos dos ombros se contraíram. Um formigamento de incômodo o acometeu enquanto ele seguia Lavínia e Apolo com os olhos bem atentos. Gostou menos ainda quando seu irmão-postiço tocou a garota, embora tenha parecido inofensivo.
― Você ouviu o que eu disse? - Helô indagou, fitando-o com curiosidade.
Eduardo voltou-se para sua acompanhante e abriu um sorriso pálido.
― Desculpa, eu me distraí. O que disse?
― Deixa pra lá, só me beija de novo então.
Ela o puxou pelo pescoço e os dois trocaram o beijo mais caloroso da noite até então. Edu não gostava de demonstrações públicas de afeto desse jeito, não era do seu feitio, mas, quando ele se deu conta, já estava mais do que envolvido no momento.
É claro que não se esqueceu de Lavínia e ficou de olho na aproximação dela e de Apolo pelo resto da noite - enquanto se dividia entre se divertir com Helô e seus irmãos e manter as coisas funcionando dentro da casa. A festa fora um sucesso e Calíope estava explodindo de felicidade. Guto também transbordava alegria por ter feito tudo certinho pela namorada e ninguém poderia reclamar de falta de animação nem de comida.
Os convidados começaram a ir embora quando foi ficando tarde e Eduardo ouviu quando Lavínia começou a se despedir dos remanescentes.
― Eu te acompanho até em casa - ele ofereceu. A menina, primeiramente, pareceu prestes a recusar a oferta. Havia um distanciamento estranho no modo como ela olhava para ele que o fez repensar se havia feito algo de errado. Lavínia geralmente era tão audaciosa, sempre tentando invadir as barreiras dele.
Ela acabou aceitando a oferta, de modo que os dois deixaram o apartamento logo depois de os amigos da Cali irem embora - inclusive a Helô. Lavínia apertou o botão do elevador e os dois ficaram esperando no corredor do décimo andar em silêncio.
― Eu poderia simplesmente subir dois lances de escada, você sabe disso, né?
Eduardo sorriu e os dois se encararam por um breve segundo que, ele notou, a fez corar. E o rapaz achou aquilo tremendamente adorável.
― Seus pais já te deixaram vir. É o mínimo que posso fazer.
Lavínia soltou uma gargalhada e o muro que ela havia construído brevemente entre os dois desmoronou naquele momento, deixando Eduardo mais satisfeito do que pensava por ela, aparentemente, ter "voltado ao normal".
― Você não precisa fazer nada.
― Eu quero - ele se corrigiu surpreso consigo.
Lavínia o fitou de novo, seus olhos azuis intensos sobre o rosto dele. Eduardo se adiantou para abrir a porta do elevador, mas ela demorou um minuto a mais para se mover e entrar.
Eles ficaram lado a lado de novo, mas sem dizer nada. Da última vez em que se encontraram dentro daquelas paredes de metal, ela o havia salvado de uma crise tensa de claustrofobia. E, de certa forma, naquele momento, com a maquiagem dos olhos um pouco borrada, os cabelos castanhos presos em um coque folgado e o olhar azul intenso e decidido, Lavínia parecia menos com uma garotinha.
Ele empurrou a porta com as costas quando o elevador chegou ao décimo primeiro andar, abrindo passagem para ela. A garota parou diante dele, no pequeno espaço disponível, e os dois se olharam nos olhos mais uma vez, liberando uma corrente assustadora de energia pelo corpo dele. Seu coração começara a bater acelerado de um jeito que não era normal para uma situação como aquela.
E, no momento em que Lavínia ficou na ponta dos pés e depositou um beijo no rosto dele, o rapaz não conseguiu se organizar o suficiente para responder. Ele foi totalmente pego de surpresa e ficou ali parado, chocado demais para dizer alguma coisa. A tensão em seus ombros era inconfundível e eles estavam tão perto um do outro que ela podia sentir a sua respiração.
Lavínia sorriu e limpou a leve marca do seu batom que ficou na bochecha dele.
― Obrigada por hoje - ela disse. - Eu me diverti bastante.
É claro que ela não diria nada sobre estar tendo um ataque cardíaco pelos seus lábios terem encostado a pele quente e macia do rosto dele. Por terem roçado a barba por fazer que ele mantinha, e por ela ter tido que se segurar muito para não continuar o caminho pelo seu rosto e beijar outras partes dele.
Eduardo apenas assentiu, contido como ele sempre era. Tentando entender a estranheza que era reagir tão inesperadamente à proximidade de Lavínia, tentando recuperar o juízo que, só pode, tinha ido passear por esse breve segundo e o deixado a mercê dos seus sentidos aguçados.
Ele piscou algumas vezes e retesou as costas, recuperando a compostura. Então disse:
― Boa noite, Lavínia.
E ela respondeu:
― Boa noite, Eduardo.
E se virou de costas, deixando-o sozinhodentro do elevador com seus próprios pensamentos.
Hey, Folks <3333 Vou começar a #MadrugsBoladona de hoje com um comunicado mais do que especial: SOB O MESMO TETO FOI UM DOS VENCEDORES DO PRÊMIO #WATTYS2015!!!!!!!!!!!!!!11 *cries in spanish* Eu ainda to SURTANDO com isso, chorando de emoção, tendo ataques de euforia porque é uma coisa MARAVILHOSA. Até porque, é a primeira edição do Wattys em português e eu não poderia agradecer a vocês o suficiente por terem lido #SOMT e me proporcionado essa alegria. Muito, muito obrigada <3
Segundamente, deixo ali em cima o último vídeo do meu canal, sobre as melhores leituras que eu e a Ju fizemos em 2015! Também gostaria de dizer a vocês que o tempo ta apertadíssimo desde que a UFRJ voltou da greve e eu estou tendo sérios problemas pra escrever ): To tendo que acordar muito cedo e ficando super cansada por isso e pelos afazeres do dia-a-dia, quase que não consegui ter post pra hoje. Por isso peço paciência a vocês e que me perdoem pelo capítulo de hoje não está lá grandes coisas. Prometo tentar ser melhor no próximo!
Beijos e queijos, câmbio desligo.
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