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capítulo quatro: fumaça no teto

A maioria dos professores não sobreviviam ao ano letivo.

Como poderiam? Eles estavam na linha de frente, cara a cara com os adolescentes mais intocáveis do mundo inteiro. Era possível contar nos dedos quem realmente era decente e tinha uma boa educação - não aquela treinada que vinha de mensalidades milionárias desde a infância, o que faltava ali era a verdadeira educação, a realmente genuína e de personalidade empática.

Uma raridade entre as paredes de La Brede.

Por muito tempo, ser um professor no Instituto significava passar por uma rede de humilhações, desdém e atitudes arrogantes que nunca seriam corrigidas. Aqueles adolescentes tinham o mundo em suas mãos e não seriam quatro anos de estudos que mudariam algo que aprenderam no próprio parto.

Vanessa Coleman um dia resolveu inverter os papéis.

Em um instante, ser educado se tornou uma corrida na qual ninguém queria ficar de fora. Vanessa deu poder aos professores, um que a maioria deles nem sabia sequer como utilizar da forma correta.

Eles podiam decidir quem seria o primeiro lugar.

A escolha de Jace Velmont foi unânime. Ele tinha boas notas, era dedicado e inteligente. Prestava atenção em todas as aulas e às vezes conseguia usar a própria voz para debates esclarecedores. Tinha a polidez necessária para que não fosse arrogante com nenhum funcionário, mas também, não era nenhum puxa-saco. Sua família tinha um nome forte, altamente carismática entre a bolha. A habilidade de Regeneração não parecia ter nenhum concorrente à altura e no fim, era inegável como ter um poder que a humanidade era obcecada realmente o fazia ser o centro das atenções.

Os professores e a diretora Coleman reuniam-se uma vez por semana, para apresentarem seus relatórios semanais e avaliarem seus melhores alunos. Era um sucesso. A diretora havia conquistado uma equipe satisfeita e em muito tempo não lia nenhum email sobre demissão por ansiedade generalizada ou afastamento por burnout.

Mesmo com professores dedicados e alunos controlados, Vanessa gostava de estar presente em aulas ou atividades. Ela precisava ver mais de perto como a mente adolescente estava funcionando. Não podia apertá-los muito forte, ou iriam explodir com facilidade, mas também era impossível dar muita liberdade. Controlar dezenas de corpos com hormônios borbulhando era definitivamente uma tarefa muito mais difícil do que as pessoas imaginavam. Em um piscar de olhos, tudo viraria caos. Vanessa tinha que se adaptar. Tinha que entender.

Tinha que ver mais de perto.

Por isso, dava aulas de combate nas terça-feiras à tarde.

— Eu sei que vocês passaram as férias com os melhores professores particulares e seus treinos cansativos para controlarem seus poderes. E eu sei o quanto estavam ansiosos para essa aula.

Mutações genéticas como aquelas precisavam de atividades cognitivas mais avançadas do que escolas convencionais. Eles também tinham educação física, atividades curriculares como futebol ou basquete, mas nada era comparado à liberação de dopamina que vinha com usar o próprio poder.

Os alunos estavam reunidos em uma sala oval onde os degraus se elevaram gradualmente em direção a um palco redondo, com um quadro verde grande o suficiente para cobrir parte da parede. Sentados em suas cadeiras, eles observavam ansiosos o começo da melhor aula de La Brede.

— A primeira coisa que procuram quando voltam para La Brede é a oportunidade de lutarem contra aqueles que vocês mesmos denominam os mais fortes. Aqueles que vocês mesmos querem superar. Essa é a aula de hoje.

Um sorriso malicioso cruzou as feições da mulher enquanto dizia:

— Hoje, vocês podem escolher seus oponentes.

Vanessa usava um coque arrumado, com uma simples camisa social e uma saia preta. Um visual típico, que a viam usar todos os dias com uma repetição regrada e estritamente controladora. Andou até o fim do quadro negro. Havia uma cabine retangular de aço ao lado; um elevador, que abriu após ela bipar números e validar sua própria digital.

Cinco alunos de cada vez desciam para o nível três. O centro de treinamento fazia parte de uma instalação subterrânea localizada a dez metros da propriedade de La Brede. Ao todo, havia seis níveis de profundidade, cada área sendo dedicada a tipos diferentes de treinamento. O nível um, treinamento físico. Era parecido com uma academia comum, com aparelhos elípticos, halteres e barras com anilhas. Ao lado, havia uma pequena sala lateral, funcionando como um laboratório médico. Abaixo estava o nível dois, uma pista de obstáculos projetada para testar a agilidade, resistência e velocidade. O nível três era para armamento e treinamento de combate corpo a corpo. O quarto nível era um campo holográfico de alta tecnologia, alterado para simulações de batalhas e projetado para testar habilidades. O nível cinco era um laboratório de tecnologia, com equipamentos de última geração. Por fim, o nível seis não se sabia muito sobre, pois ninguém nunca chegou até lá. Era confidencial.

O terceiro nível era um espaço grande. Novatos como Tyler Stanford eram facilmente impressionados com a dimensão difícil de ser imaginada no subterrâneo. Havia três ringues reforçados em aço com cercas de metal. Abaixo deles, uma superfície acolchoada e resistente absorvia o impacto de golpes.

Tyler finalmente havia recebido seus uniformes naquela manhã. Apesar de não terem sido feitos sob medida por alfaiates da alta costura, ele ainda estava satisfeito. O uniforme de combate se ajustou ao seu corpo perfeitamente bem. Era de um tecido escuro, nylon e elastano de alta resistência. Tinha um design simples de faixas azul escuro percorrendo a blusa de mangas longas e a calça. Tyler sentia como se estivesse usando um pijama sofisticado.

— Vocês têm cinco minutos para decidirem seus oponentes — Vanessa anunciou com os braços cruzados, quando todos se reuniram novamente.

Tyler engoliu em seco quando olhares deslizaram sobre seu corpo, atentos como predadores famintos.

Não demorou muito para que alguns alunos começassem a desafiar seus rivais imaginários. Apesar de encararem Tyler descaradamente, ninguém se aproximou dele. Ele era um rato. Desafiá-lo era como admitir a própria derrota, afinal, qual seria a honra de lutar contra um simples humano com um poder escasso? Horas de treinos incansáveis se tornariam patéticas se eles resolvessem testar seus poderes perfeitos em alguém tão imperfeito.

Tyler simplesmente não valia a pena.

Em contrapartida, Jace também parecia fazer parte do time onde ninguém se aproximava. Os cantos de sua boca subiram levemente ao captar a falta de coragem dos alunos. Seu olhar atravessou o campo de treinamento e em uma fração de segundos, os olhos dele e de Tyler se cruzaram. Foi uma interação insignificante e desapareceu rapidamente em uma frieza inabalável.

Como se Tyler simplesmente não existisse.

O garoto sentiu uma irritação coçar a sua garganta. A superioridade colocava aqueles adolescentes em um pedestal alto o suficiente para não o chamarem para uma briga, mas não os impediam de se sentirem pequenos e patéticos ao lado de Jace. Eram desprezíveis enquanto escolhiam seus oponentes. Ninguém queria arriscar. Os extremos do poder perfeito e imperfeito os deixavam ansiosos e com medo.

Tyler não seria uma piada como as pessoas ao seu redor. Ele havia decidido quem seria o seu oponente.

Se sentiu elétrico quando seus pés começaram a se mover. A sensação devia ser parecida com ser atingido por um raio, já que seu corpo inteiro tremia. Todos pareciam reivindicar um breve momento somente para observá-lo.

Quem o rato iria escolher para um duelo?

Por um momento, Tyler somente andou. E enquanto mexia as pernas travadas e consumidas pelo nervosismo, ele conseguiu a atenção de quem queria. Dessa vez, Jace realmente o viu. Seus olhos se estreitaram e sua expressão era uma incógnita curiosa. À medida em que se aproximava, o silêncio do aposento inundava a sua mente. Podia sentir a sua própria respiração presa junto com as pessoas ao seu redor. A tensão palpável do lugar podia colocá-lo em perigo caso fraquejasse naquele momento. Tyler não tinha outra escolha a não ser ir com aquilo até o fim.

Jace Velmont seria o seu oponente.

E então, sua visão foi rapidamente tomada por alguém que quase o fez colidir contra seu torso alto. Tyler deu um passo para trás para conseguir visualizar a imagem de Elliot McCoy, o encarando com o queixo inclinado para cima e um olhar desafiador.

— Nem pense nisso. Vai ser eu e você, rato.

— O quê? — Tyler protestou, olhando por cima do ombro de Elliot. O garoto devia ter cerca de dez centímetros a mais do que ele e fazia um bom trabalho em cobrir parcialmente a visão que tinha de Jace.

— Eu e Tyler Stanford, professora — Elliot disse alto o suficiente para que qualquer um escutasse. Ele olhou para o garoto com um sorriso diabólico. — Somos uma dupla agora.

Uma chama quente explodiu nas veias de Tyler, o enchendo de fúria. Ele procurou novamente por Jace, mas ele havia perdido o interesse. Voltou a olhar para Elliot, que tinha a expressão triunfante após atrapalhar seu plano.

— Por que você fez isso? — Tyler cerrou os dentes.

— O que eu fiz além de ter te chamado para um duelo? — Elliot disse teatralmente com a voz rouca e baixa, curvando seus lábios em um sorriso malicioso.

Tyler viu uma faísca brilhar nos olhos dele. Teve que reprimir a raiva ou seus punhos fechados seriam enterrados no rosto do garoto antes do previsto. Não sabia muito sobre ele, além de seu poder de fogo. Para encarar alguém como Elliot, Tyler precisava ser sincero consigo mesmo.

Ele era perigoso pra caralho.

Jace era uma história completamente diferente. Seu poder de regeneração não o tornava impossível de se aproximar. Seu objetivo, antes que Elliot atrapalhasse seus planos, era conseguir fazê-lo sangrar como o humano que ele era. Mostrar para seus seguidores que ele era apenas um garoto privilegiado que podia ser machucado até mesmo na presença de um rato. Ele não era invencível ou intocável. Não passava de um adolescente que teve a sorte de nascer em uma família rica.

Jace não deveria ser temido.

Elliot tornava as coisas muito mais difíceis. Como provaria algo para alguém se a chance de se queimar pudesse deixá-lo retraído e assustado? Um humano que podia transformá-lo em cinzas não era nenhum pouco atrativo para uma luta corporal.

Tyler não fazia ideia do que fazer.

— Será uma luta de cada vez com o tempo limite de três minutos. Quando eu disser para pararem, vocês devem parar. Qualquer desobediência vai ser transformada em retirada de pontos. É inadmissível um Soberano que não saiba controlar seu próprio poder ou reconhecer limites. Ninguém aqui deve sair em direção à um hospital, entenderam? — Vanessa explicou. Sem que Tyler percebesse, ao lado da diretora duas pessoas apareceram: um homem musculoso e uma mulher que segurava uma prancheta em uma mão e uma caneta em outra. Como esperado, Tyler seria avaliado de cabeça aos pés. Precisa provar algo ou não teria qualquer chance de tirar o "rato" estampado nas suas costas.

Tyler assistiu a uma luta antes de chegar a sua vez. Havia alunos de diferentes anos misturados naquele espaço, algo que ele pensou ser injusto. Além de brigas de rua, ele nunca realmente parou para treinar habilidades de combate. Nunca fez uma aula de defesa pessoal igual aquelas pessoas e nem tinha dinheiro para gastar com professores particulares. Ele era irritantemente inferior.

Colin Greenwood, um estudante com o poder de velocidade e 6° lugar no ranking de melhores alunos, acabou rapidamente com o seu embate. Sua oponente era Vehera Milland, estava no 17° lugar e havia o chamado para o embate. Provavelmente ela achou que tivesse uma chance, subiu confiante para o ringue e estava preparada com os olhos afiados e os punhos fechados. Em algum momento, deve ter sido ensinada que seu poder de controle de gravidade pudesse ser o ponto fraco do garoto. Provavelmente treinou as férias inteiras para aquele momento. Mas perdeu cegamente.

Assim que a luta começou, a alta pressão do espaço se tornou palpável. Tyler sentiu suas pernas fraquejarem, levantando os braços levemente procurando se equilibrar. Quando piscou, seus braços caíram e sua respiração voltou ao normal. A luta havia terminado.

— Você vai ter que ser mais rápida do que isso — Colin disse com um sorriso de canto, o tom completamente debochado. Segurava Vehera pelo pescoço, pressionando suas costas contra os cabos do ringue.

— Acabou, podem liberar o ringue — a voz da diretora Coleman ecoou no silêncio. A mulher do seu lado escrevia rapidamente o que havia acabado de assistir. — Próximo: Elliot McCoy e Tyler Stanford.

Tyler podia escutar zumbidos animados enquanto subia no ringue. Seu oponente estava encostado nos cabos, com a cabeça levemente inclinada para a direita.

Tyler chacoalhou os ombros, tentando aliviar a tensão que endureceu seu corpo.

— Não pense que eu vou pegar leve com você, só porque é um rato — os lábios de Elliot se curvaram sutilmente em um sorriso malicioso.

— Quem disse que eu quero isso? — Tyler tremeu com as próprias palavras provocativas. Ele apertou os punhos com força, sentindo a energia fluindo através de sua pele, procurando seu caminho. Podia sentir seu corpo ansioso para liberar o poder acomulado.

Agora só precisava encontrar o momento certo.

Os três minutos começaram a contar em um
relógio digital na parede. Os números vermelhos se moveram, segundo por segundo, enquanto Elliot e Tyler perdiam tempo se encarando.

—Pode vir, eu te dou uma chance — Elliot o provocou. Tyler podia ver uma faísca amarela brilhar no meio de sua pupila. O cara de fogo estava incentivando um mero humano com um poder físico a se aproximar? Com qual grau de queimadura Tyler sairia dali no fim de três minutos?

Não havia qualquer outra opção. Seus poderes eram extremos, Tyler nunca chegaria perto do garoto antes do fogo queimar a sua pele. Se havia um motivo pelo qual ele era o segundo lugar, era por ser tão impenetrável quanto Jace.

— Não? Tudo bem, eu vou — Elliot andou dois passos para frente e Tyler dois passos para trás. Aquilo fez Elliot rir. — Você tava confiante antes, o que aconteceu?

Tyler apertou o punho, sentindo novamente a energia se concentrar nas suas mãos.

Foda-se. Ele não seria um covarde.

Quando inclinou o seu tronco para se aproximar de Elliot, houve um estalo. Uma energia assustadoramente quente cresceu rapidamente ao seu redor.

— Não tem pra onde fugir, ratinho — Elliot disse. Brasas criaram uma aura flamejante ao redor do garoto. Ele reluzia na luz laranja.

Em um segundo, tudo estava turvo e brilhante pelo fogo iridescente que os cercava. Tyler cambaleou para trás, se sentindo fraco. O calor que irradiava de seu corpo fazia o ar distorcer, tudo estava seco e ele começou a suar como um maluco.

O fogo criou uma nuvem de fumaça em uma velocidade selvagem. Seu pulmão estava pegando fogo e uma tosse incontrolável o fez perder o controle de seu próprio corpo. A necessidade ardente de oxigênio não era exclusiva do Stanford e todos começaram a arfar, procurando por ar e caminhando para longe da fumaça do fogo.

— McCoy, dá um jeito nesse fogo! Essa luta está encerrada! — Vanessa gritou, colocando a mão sobre o rosto e cobrindo a própria boca.

O fogo sumiu, mas o acúmulo cinzento no ar fez com que a mulher tossisse repetidamente. Quem quer que tivesse projetado aquele lugar receberia relatórios venenosos e denúncias gigantescas pela incapacidade de uma tecnologia qualificada o suficiente para receber aquele tanto de fumaça em tão pouco tempo. Era uma falha que enlouquecia uma mulher sistemática como ela.

— Professora, eu... — Elliot tentou dizer, mas foi interrompido pela diretora e seu tom de voz mais estridente:

— Essa aula está encerrada!

✯✯✯

Chandler se perguntou se a fumaça de um baseado iria acelerar o apodrecimento do seu pulmão tanto quanto a fumaça que respirou ao assistir a luta de Elliot. De qualquer forma, ele estaria fodido em uns 40 anos. Até lá, continuaria fumando a sua maconha diariamente e tentaria se manter longe quando o McCoy decidisse usar o seu poder.

Tragando o baseado, o sentimento de entorpecimento só o fazia se sentir ainda mais aliviado pelo caos que se tornou a aula de combate. Diferente dos outros estudantes, Chandler não estava nem um pouco ansioso para usar a sua habilidade. Quanto menos ele a usasse, mais ele ficaria feliz.

Infelizmente o cancelamento da aula não impediu seus pais de perturbá-lo. Seu empresário, Stanley, havia conseguido sua grade de aulas, deixando uma cópia com eles. Os dois sabiam exatamente quando Chandler teria a aula mais importante da semana. Ligaram ansiosos, perguntando tudo sobre como havia sido. Havia lutado com alguém? Derrotado alguém? Ele venceu? Subiu no ranking? Encarou Jace? A ligação terminou em um alto suspiro de decepção.

Chandler encostou sua cabeça no muro e levou o baseado até seus lábios, puxando o ar pela piteira e soltando a fumaça o mais lentamente que conseguiu. Ele recebeu a proposta de luta de Logan Kaese, um garoto que estava no 21° lugar, um ranking acima de Chandler. O conhecia pouco, porém o suficiente para saber que ele sempre estava focado na pessoa que atrapalhava seu caminho. Não era obcecado em Jace, como a maioria dos estudantes. Primeiro passaria por Chandler, o 20° colocado, e depois tomaria a 19° posição. Consequentemente, chegaria até o primeiro lugar. Esse era o seu plano.

Seu poder era curioso, e na opinião de Chandler, aterrorizante pra caralho. Logan conseguia copiar qualquer habilidade, até mesmo a mais quebrada como as daqueles que chamavam de ratos.

Apagou o baseado no concreto, as cinzas sujando a pintura escura da parede. Ele olhou para os lados, sem sinal de Tess. No dia anterior, ela havia ido embora e o deixado com uma antecipação ansiosa, fazendo-o aparecer mais cedo naquela tarde. Ele assistiu ao pôr do sol enquanto escutava sua playlist de rock preferida. Esperou tanto, que passou por todas as fases de ficar chapado: ficou bobo e obsessivo escutando a mesma música diversas vezes, ficou paranóico enquanto pensava nas lutas e em como seria se tivesse enfrentado Logan, e por fim, ficou com sono, exausto enquanto esperava, olhando o horário no celular a cada segundo.

Tess apareceu quando ele quase estava desistindo, descansando sentado no chão, decidindo se devia esperar mais um pouco ou ir embora de uma vez.

— Não queria demorar tanto, mas... foi difícil convencer ele.

A voz característica de Tess subiu como gelo em sua espinha. Ele abriu bem os olhos para observá-la.

Tess não estava sozinha naquela noite. Ela havia trazido companhia.

Elliot McCoy e Jace Velmont.

— Trouxe amigos, tudo bem pra você, né? — a curva do lábio de Tess era zombeteira enquanto se aproximava.

Seu olhar castanho perfurou o garoto, inabalavelmente direta e ainda assim, indescritível. Chandler manteve seus olhos firmes na garota, como se a presença de Jace não fosse sequer importante.

— Sim, claro — Chandler se levantou, segurando um sorriso amigável, olhando para Jace e Elliot rapidamente. Os quatro se encararam, em um segundo de silêncio. Chandler demorou para perceber que estavam o esperando. Ele se moveu rapidamente para tirar seu baseado de um porta-beck, entregando-o para Tess.

— Isqueiro? — ela pediu. Chandler estendeu o objeto de plástico. Uma luz laranja acendeu, queimando a ponta e fazendo-a tragar com sucesso. Depois dela, foi a vez de Elliot. Ele pareceu pensativo enquanto a fumaça queimava sua garganta.

— É difícil conseguir coisa boa que nem essa — ele entregou o baseado para Jace. — O último traficante de La Brede se formou. Que sorte tivemos da Tess te conhecer. — Elliot deu uma olhada rápida para a amiga, a ironia em cada célula de seu corpo. — Quem é o seu fornecedor?

— Meu empresário — Chandler respondeu, tirando um riso abafado de Elliot.

— Que empresário foda. Qual a chance dele conseguir umas coisinhas mais pesadas pra gente?

— Sem chance — Chandler balançou a cabeça, com o sorriso fixo em seu rosto. — Ele pega o suficiente pra que eu consiga fazer um baseado por dia. E também não traz mais nada, além de maconha.

Jace se aproximou, entregando o baseado para Chandler. Ele estava mais nervoso do que gostaria de admitir, mas engoliu em seco.

— Funciona com você? A brisa? — ele perguntou. Jace o olhou, sem expressão. Havia algo sobre sua frieza que fazia a barriga de Chandler doer. Era loucura o efeito que tinha nas pessoas, sem saber o que viria a seguir.

— Funciona — Jace simplesmente respondeu. E acrescentou: — Mas passa rápido.

— Jace não é muito das drogas — Elliot explicou, de forma orgulhosa. — Acha que isso retarda o poder dele.

Jace mostrou indiferença, entediado. Ele olhou por cima dos ombros de Chandler, como se não visse a hora de sair dali.

— Então, quem te chamou pra uma luta? — Tess perguntou diretamente para Chandler, cortando o assunto. Ela usava um batom vermelho recém aplicado que havia deixado uma marca perfeita de seus lábios no baseado.

— Logan Kaese — ele disse e automaticamente os olhos de Tess reviraram, Jace deu um grunhido e Elliot resmungou.

— Odeio aquele cara — Elliot bufou. — Que grande habilidade de merda ficar roubando o poder dos outros. Foi por isso que foi a vaccinus mais barata do mundo, ninguém queria comprar essa bosta.

— E pior: dá pra sentir quando ele rouba seu poder — Tess falou baixo, como se fosse uma característica aterrorizante. — É estranho. Parece que tem algo puxando pra fora de você.

— No semestre passado, a última aula da diretora Coleman foi um sorteio — Elliot começou e somente isso foi o suficiente pra Tess começar a rir, relembrando a cena. — Ele caiu contra aquele rato, Cole alguma coisa e foi engraçado pra caralho. Dois idiotas tendo a luta mais patética que já existiu.

— Depois disso, acho que o Logan decidiu que nunca mais ia copiar a habilidade de um rato — Tess recebeu o baseado de Chandler e tragou profundamente antes de continuar: — Deve ter sido horrível.

— Ele consegue diferenciar? — Chandler viu todos os olhos o observarem com estranheza. Ele limpou a garganta. — Tipo, se ele visse alguém sem saber qual é a habilidade da pessoa e a copiasse. Será que conseguiria diferenciar?

— Chandler... - Tess estalou a língua e seu rosto se iluminou, sua beleza se destacando mesmo quando seu sorriso cresceu em uma linha cruel. — Ratos são ratos. Eles sabem que a droga insignificante que alterou o DNA deles é o que os fazem serem inferiores. É claro que Logan sentiria. É fácil enxergar uma pessoa defeituosa.

Chandler sentiu seu rosto ficar rígido, mas rapidamente nivelou sua expressão.

— E vocês? Com quem iriam lutar? — ele trocou olhares com Jace e Tess.

— Isabel Loughrey — as palavras de Constance foram rápidas, como alguém que havia esperado por aquela pergunta o dia todo. Mexeu os ombros alegremente e olhou de canto para Jace, que franziu o cenho confuso pela confissão tardia. Ela tinha uma expressão triunfante, fugindo da surpresa do amigo e o choque boquiaberto de Elliot. — Eu que a chamei para o duelo, é claro. Foi só pra testar sua habilidade. Sabemos que ela consegue fazer qualquer um obedecer, se tocar na pessoa. Mas como ela vai colocar suas mãozinhas em alguém invisível?

Tess estendeu o baseado, quase no fim, para Jace que recusou balançando a cabeça. Ela não se importou, aproveitando a chance de tragar mais uma vez antes de passar a vez para Elliot.

— Tava animada pra dar um soco no rosto esnobe nela — Jace a olhou com os olhos arregalados e a garota não se atreveu a olhá-lo, sorrindo maliciosamente. — Mas... é claro que eu não faria isso.

— Tess, se ela contar pros pais dela...  — o Velmont começou, mas a mão de Tess balançando euforicamente o interrompeu.

— Ela não vai. E se for, já sabemos que ela é bem patética. Não aguenta uma rivalidade amigável? — cruzou os braços e bufou, apesar de seus olhos ainda cintilarem. Estava no meio termo de frustração e orgulho.

— Caralho Tess, você é maluca — Elliot deu de ombros enquanto tragava, achando graça. Ele jogou o baseado no chão, pisando em cima para apagar a brasa que restava.

— E Jace? — Chandler perguntou suavemente.

— Blake Vanderbilt — Jace respondeu, olhando-o sombriamente. O terceiro lugar no ranking era tão perigoso quanto Jace e Elliot, com uma habilidade assustadora de se teletransportar. Tinha reflexos extremamente rápidos e se tivesse tido a chance, apresentaria uma luta que seria o assunto do internato por semanas.

— Ei. Qual é o seu poder mesmo? — Elliot perguntou com as sobrancelhas juntas, analisando Chandler de cima a baixo. Parecia estranhar sua própria falta de conhecimento por não saber a habilidade de alguém que conhecia há um tempo.

— Clones — Chandler respondeu. — Consigo me multiplicar.

— São iguais a você? Ou inferiores? — surpreendentemente foi Jace que perguntou, brilho em seus olhos castanhos, embora ainda tivesse uma expressão vazia.

— Iguais.

— Parece ser forte — os olhos de Jace estavam calculando, enquanto o observava. — Então por que tá em uma posição ruim?

Ruim? Chandler quase entregou sua indignação, contendo sua expressão. Jace achava que o vigésimo lugar era ruim? Depois de ter se esforçado tanto para conseguir alcançar a posição, aquilo não era o que esperava escutar. Para quem estava sempre em primeiro lugar, Chandler devia estar realmente muito longe.

— Não sei... — ele disse com uma incerteza falsa, apesar de saber exatamente porque estava estagnado. — Tenho que me esforçar mais.

Com uma leve torcida de nariz, Jace desviou o olhar.

— Tem mais alguma coisa aí? — a voz de Elliot se elevou sobre a conversa, enquanto Jace parecia voltar para a sua persona anti social.

— Foi mal, achei que era só a Tess - Chandler fez sua melhor expressão de chateação. —Mas se vierem amanhã, posso trazer mais.

Os lábios de Elliot se esticaram em um meio sorriso divertido.

— Acho que não. Mas a gente se vê — ele passou os olhos pelos amigos. — Vamos então?

Jace se despediu somente com um aceno rápido, os cachos do seu cabelo castanho balançando sutilmente com o movimento.

— Valeu pela maconha — Elliot disse e começou a se mover junto com Jace. Depois de ter andado alguns passos, percebeu que Tess não se mexeu. — Tess?

— Já vou — ela gesticulou com a mão em uma forma de afastá-lo. Elliot fez uma careta.

Quando eles se afastaram o suficiente, Tess olhou diretamente para os olhos azuis de Chandler.

— Mesmo que não pareça muito, deu certo — ela inclinou seu tronco levemente, sorrindo de uma forma que Chandler nunca esperava ver em seu rosto: era estranhamente generoso. — Ele não te odeia.

Depois de ter praticamente cortado suas esperanças no dia anterior de conseguir ter uma conversa com Jace, ela o ajudou. O garoto de ouro, que não era visto com ninguém além do seu trio inseparável, havia comparecido a um encontro noturno e duvidoso. Chandler apreciava o esforço de Tess e pela primeira vez naquela noite, ele ofereceu um sorriso verdadeiro.

— Obrigado, Tess.

A garota sentiu um leve rubor no rosto e rapidamente conteve sua expressão, moldando para a sua forma mais marcante: sobrancelhas levantadas e sorriso provocante.

— Tchauzinho, Chandler. Te vejo amanhã.

O garoto assentiu com um sorriso discreto. Tess deu uma corridinha para alcançar os amigos, fazendo com que Chandler percebesse uma postura fechada, encarando-o com a testa franzida. Jace lentamente desviou o olhar para Tess, que sorria ao entrelaçar seus braços com os de Jace e Elliot.

Com uma última olhada de canto, Jace desapareceu junto com os amigos.

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