Olha que coisa mais linda

Mais cheia de graça

É ela menina

Que vem e que passa

Num doce balanço

A caminho do mar

Moça do corpo dourado

Do sol de Ipanema

O seu balançado é mais que um poema

É a coisa mais linda que eu já vi passar

                                                                                                   Tom Jobim

Mila

Quando acordo Nick não está mais na cama, olho para os lados e encontro um bilhete.

Oi, Linda! Tive que sair. Recebi uma ligação importante do delegado do seu caso no Rio e fui ao escritório da polícia tirar algumas dúvidas.

Volto logo!

Levanto da cama e vou tomar um banho, depois de alguns minutos estou na cozinha, procurando algo para comer e ouço uma voz conhecida.

— Olá Mila como você está? — Ela para de mexer os ovos na frigideira e olha para mim.

— Bom dia, Francesca eu vou bem e você? —Eu a cumprimento e me sento perto da bancada da cozinha.

— Estou bem, mas não feliz como você parece estar. O que aconteceu? Os seus olhos estão brilhando de tanta felicidade, por acaso tem nome esse seu sorriso bobo no rosto.

— Sim, eu e o Nick estamos namorando. —Conto a novidade com um pouco de vergonha, já que estou morando na casa do meu namorado e isso deixa de ser um namoro, está mais para um casamento e não faço ideia, o que ela vai pensar de mim.

— Que bom. Eu fico contente em te ver tão feliz assim, você é uma boa garota e merece toda a felicidade do mundo, quanto ao Nick, por favor, cuide bem dele, pois ele só parece durão, mas por dentro é uma manteiga derretida está sempre ajudando as pessoas. Ele nunca teve uma namorada, por isso saiba que você deve ser muito importante para ele.

— Ele também é muito importante para mim, por isso pode ficar tranquila que vou cuidar bem do seu garoto. — Afirmo sorrindo.

Francesca é uma boa pessoa e sempre esteve ao lado de Nick, ela é uma senhora simpática que vive para cuidar da família e de Nick há anos.

Tomo café enquanto converso com Francesca, pois ela conhece Nick como a palma da sua mão e me conta histórias incríveis sobre a infância dele, estamos tão envolvidas na conversa quando ouço a campainha tocar.

— Pode deixar que eu atendo Francesca. — Digo indo atender a porta.

Quando abro já sou recebida por um olhar curioso, é a Júlia parada na minha porta esperando ser convidada para entrar.

— Olá querida, você não me procurou para contar se o vestido que escolhemos deu certo, eu fiquei tão ansiosa que resolvi vir aqui perguntar pessoalmente. Estou atrapalhando? — Ela pergunta preocupada.

— Oi Júlia, não está atrapalhando nada, pode entrar e sentar aqui no sofá que eu vou te contar tudo.

— Claro! Você não precisa pedir duas vezes. — Ela diz toda desinibida.

Depois que a Júlia se senta e a Francesca se despede e vai arrumar os quartos, conto tudo para ela, inclusive a noite maravilhosa que tivemos e quando eu acabo ela está chocada e maravilhada com as minhas revelações.

— Nossa Mila que inveja, além de lindo ainda é bom de cama e romântico, eu quero um para mim também. Será que ele não tem um amigo para você apresentar? —Ela pergunta esperançosa.

— Fica tranquila amiga ele tem muitos amigos e eu vou fazer o possível para apresentar todos para você.

A conversa se estende pela manhã toda, almoçamos juntas algum tempo depois, a comida que a Francesca preparou estava deliciosa e quando estávamos descansando deitadas no tapete o Nick chegou com seu amigo Fernando.

— Olá, Mila como você está? — Pergunta Nick, me dando a mão para levantar do chão.

— Eu estou bem. Ah, deixa eu te apresentar a minha amiga, Júlia.

— Oi! Júlia é um prazer te conhecer. E esse é meu amigo Fernando. Nick diz simpático, um pouco demais para o meu gosto.

— Olá! Meninas, a Mila eu já conheço e Júlia é um prazer te conhecer. — Fala o Fernando, olhando um pouco demais para a Júlia.

Nesse momento percebo que minha amiga já tem um admirador e acho que ela está adorando. Eles conversam um pouco, depois o Fernando pega algo no quarto do Nick e vai embora, a Júlia aproveita a deixa e sai logo depois de Fernando. E quando estamos sozinhos o Nick me chama para conversar no quarto.

— Mila! Eu preciso te dizer uma coisa, sente-se aqui. Por favor. — Ele aponta para a beirada da cama ao seu lado.

— Tudo bem, Nick eu estou ouvindo. — Falo apreensiva.

— Eu fiquei a manhã toda conversando com o delegado que está investigando o assassinato da sua família no Rio. E ele prendeu um suspeito e você precisa ir até lá para ver se reconhece o cara. — Diz preocupado.

— Eu não sei se consigo Nick, não me lembro de nada do que aconteceu aquela noite, tudo ainda é um borrão na minha cabeça. Falo com medo de retornar para o lugar onde tudo aconteceu.

— Mesmo que você não lembre ainda precisamos ir Mila, talvez você se lembre de alguma coisa quando chegar lá.

— Tudo bem! Mas você vai comigo? — Pergunto quase implorando.

— Claro Mila, eu não vou deixar você sozinha. Ainda tenho uns dias de férias e precisamos sair hoje mesmo de São Paulo, já que você precisa estar amanhã cedo na delegacia para fazer o reconhecimento. — Ele me abraça e nos seus braços eu me sinto segura.

— Está bem eu entendi! Vou agora mesmo arrumar minhas coisas. — Falo indo para o meu quarto pegar minhas roupas.

— Eu também vou arrumar as minhas e saímos daqui uma hora. O que você acha?

— Eu estarei pronta dentro de alguns minutos.

Colocamos nossas roupas na mala e seguimos para o aeroporto de Guarulhos. Exatamente uma hora depois estamos aterrissando no aeroporto do Galeão no Rio de Janeiro. Quando chegamos ao desembarque Nick cumprimenta alguns amigos no posto da polícia Federal e depois fomos para o apartamento do seu pai em Copacabana. Ao chegar no apartamento quase caio para trás a vista é linda de frente para a praia e o apartamento fica num andar inteiro, saímos do elevador e já entramos na sala que por sinal é digna de novela, nunca estive num lugar assim antes, na hora fico sem reação e Nick percebe a minha vergonha, pois ele pega na minha mão e diz no meu ouvido:

— Fica calma é só um apartamento e meu pai nem está aqui, não fique preocupada.

Como não ficar deslumbrada e com medo diante de tanto luxo, parece que estou dentro de um mundo que não me pertence, pois me sinto uma intrusa nesse apartamento, quase uma invasora, mas como explicar isso para o Nick, que sempre teve tudo e não consegue perceber a diferença. Sem nada para falar resolvo concordar com ele enquanto uma senhora nos encaminha para o nosso quarto.

Entramos e parece que estou num hotel de luxo, tudo é lindo e espelhado na verdade tem uma parede toda de espelhos que mostra uma vista lindíssima da praia de Copacabana. Sento na cama, que por sinal tem até um dossel e Nick senta ao meu lado, ele me abraça e diz:

— Não se preocupe ninguém vai te machucar aqui, eu vou te proteger.

Eu encosto a cabeça no seu ombro, ele acha que estou com medo de voltar para o Rio, quando na verdade estou assustada com o abismo que existe entre nós. Não falo nada sobre os meus pensamentos para ele, deitamos na cama e dormimos abraçados. Quando abro os olhos já está quase amanhecendo, me levanto e sigo em direção ao nascer do sol que está apontando na minha janela, quando vejo essa imagem me lembro, que de cima da minha casa no morro eu podia observar o nascer do sol e era lindo. Nesse momento penso que a natureza não tem classe social ela está aí para todos verem e admirá-la não importa se você é rico ou pobre. Continuo olhando para essa vista, quando sinto sua mão na minha cintura, ele me puxa para os seus braços e meus medos desaparecem.

— Vamos voltar para cama Mila, hoje vai ser um dia longo e ainda é cedo, você pode dormir um pouco mais.

Voltamos para a cama e dormimos novamente, quando abro meus olhos Nick está do meu lado com uma bandeja de frutas, café, suco e vários tipos de pães.

Devoro toda a comida, pois estava morrendo de fome, logo depois vou tomar banho e sou surpreendida por Nick que entra na banheira comigo, ficamos abraçados enquanto ele passa a esponja pelo meu corpo. É uma sensação tão maravilhosa e sinto um arrepio da cabeça aos pés.

É impressionante como não consigo controlar meus sentimentos quando estou com ele, parece que meu corpo não me pertence mais, ele tem vontade própria e Nick sabe exatamente o que fazer ou em que ponto tocar para me fazer esquecer do mundo e até o meu nome.

Ele desliza suas mãos pelo meu corpo devagar, demorando propositalmente em alguns lugares estratégicos. Em nenhum momento ele para de olhar para mim e isso intensifica as minhas sensações ao limite. Quando ele começa a massagear no meio das minhas pernas, eu perco totalmente a noção de tempo e espaço, parece que estou flutuando numa bolha só minha.

A sensação é maravilhosa e ele não tem vergonha do que está fazendo, sendo assim mesmo sem nunca ter ficado tão próxima de alguém dessa maneira, deixo que ele continue com essa tortura prazerosa até que não tenho mais forças e grito de prazer quando chego ao ápice da luxúria, relaxo nos seus braços.

— O que você fez comigo? — Eu pergunto sorrindo feliz e realizada, com a cabeça encostada no seu peito.

— Eu preciso mesmo responder? — O Nick pergunta me abraçando e puxando meu corpo para junto do seu, até que não sabíamos onde terminava um e começava o outro, estávamos fundidos em um só corpo e isso intensificava cada vez mais essa experiência tão prazerosa. Nesse momento só existem nós dois, é único e eu pretendo aproveitar cada segundo dele.

— Você é minha? — Ele me questiona sem tirar os olhos de mim, em nenhum momento.

— É claro que sou sua. — Eu respondo chegando ao limite do prazer mais uma vez. Eu estou uma verdadeira bagunça, por isso demoro mais do que ele para terminar de tomar banho e ainda estar pronta para ir para a delegacia tentar reconhecer o assassino da minha família.

Chegando lá um amigo de Nick, está esperando por nós. Ele me cumprimenta, mas não olha nos meus olhos, se vira e pede para o Nick segui-lo, entramos numa sala pequena com uma parede toda de vidro, quando estou perto do vidro Nick me fala:

— Alguns homens irão entrar naquela sala, você só precisa observar com atenção e ver se reconhece alguém, não precisa ficar com medo eles não podem te ver daqui. Você está totalmente segura comigo. — Ele comenta e segura a minha mão.

— Ok, entendi, mas não me lembro de nada, nem ninguém daquela noite terrível. Como vou reconhecer alguém? — Falo baixinho só para ele ouvir.

Os homens entram em fila indiana e ficam de frente para mim, olho todos à procura de um detalhe que possa me ajudar a identificá-lo. Fecho meus olhos e tento lembrar algo daquela noite, até que na minha cabeça aparece à imagem de uma tatuagem no braço, ainda não consigo lembrar que tatuagem era, mas falo para o Nick:

— Eu lembrei que ele tinha uma tatuagem no braço, mas não sei o que era.

O amigo de Nick pede que os homens mostrem os braços, mas nenhum tem tatuagem. Então desistimos de identificar os suspeitos. Enquanto o delegado e o amigo de Nick dizem que vão continuar procurando que eu preciso ter paciência, no momento certo eles prenderão o assassino da minha família.

Saímos da delegacia e fomos direto para o apartamento, estou exausta e fico calada o caminho todo. Voltar para o Rio e encarar meus problemas novamente me deixou esgotada e sem energia. Se não fosse pelo Nick eu estaria despedaçada e sem perspectiva de vida. Mas agora minha vida tem uma luz no fim do túnel e espero que ela nunca se apague. Chegamos ao apartamento e fui direto para o quarto, estava cansada e precisava de um banho.

Entrei no banheiro e já fui tirando minhas roupas pelo caminho, deitei na banheira e liguei a torneira com uma água morna, coloquei um sabonete de espumas e pronto, estava no céu. Eu poderia ficar horas ali, pensando na vida e parando de se lamentar das coisas que ainda não fiz, ou dos lugares que eu ainda não visitei. Enfim fiquei quase uma hora na banheira pensando na minha vida. Principalmente nos últimos dias que deu um giro de 360 graus e eu fiquei parada só observando.

Depois que já estou bem relaxada e mais tranquila, saio da banheira e me enrolo numa toalha que estava na prateleira ao meu lado. Após me secar, coloco uma camisola curtinha e uma calcinha e me deito na cama mais macia do mundo, bem melhor que do apartamento do Nick.

O que será que as pessoas ricas colocam nos colchões. Porque suas camas são tão fofas? Penso sozinha no quarto.

Encosto minha cabeça num travesseiro e penso na minha amiga Carol, eu estou com saudades dela e preciso de uma amiga para contar tudo o que está acontecendo comigo esses dias. Acho que ela vai ter dificuldades para acreditar em tudo que eu tenho para contar. Mas perdi meu telefone aquela noite e agora não tenho liberdade para conversar com ela usando o telefone do Nick, mesmo ele sendo meu namorado, fico com vergonha de pedir tudo para ele. Eu sempre fui independente e batalhei pelo meu próprio dinheiro, por isso é difícil para mim, ficar aceitando a ajuda dele sempre.

Instantes depois de murmurar sozinha, já estou fechando meus olhos e dormindo num sono profundo.

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Mais um capítulo !! Espero que gostem, comentem.