Capítulo 6
Capítulo VI
" Tarde demais a conheci, por fim; cedo demais, sem conhecê-la, amei-a profundamente. [Adaptado]" Shakespeare
Nick
Nick
Depois da noite maravilhosa que tivemos a Mila acabou dormindo nos meus braços, ela está perfeita assim tão serena e tranquila. Eu não quero acordá-la por isso me levanto e vou até o banheiro, mas antes de entrar no chuveiro, paro em frente ao espelho e não acredito no que está acontecendo, como não percebi isso antes, não sou nenhum adolescente, pelo amor de Deus o que eu fiz? Ela ainda era virgem. Onde eu estava com a cabeça, na verdade a minha cabeça não estava em lugar nenhum, eu nunca me descontrolei assim antes, fiquei fora de mim. Ligo o chuveiro e deixo a água cair sobre o meu corpo, coloco as mãos na cabeça. Nesse momento sinto seus dedos nas minhas costas e então me viro assustado.
— Desculpe se assustei você. — Ela fala preocupada.
— Claro que você me assustou. Não dizendo que era virgem. Você me assustou pra caralho. — Argumento muito exaltado.
— Desculpe, Nick eu ia te contar antes, mas as coisas foram tão rápido e eu estava tão envolvida que nem tive chance.
— Como assim não teve chance? Era só me dizer, simples assim.
— Eu também fiquei com receio de você sair correndo, como fez naquela noite. — Ela fala e depois abaixa a cabeça envergonhada com a situação.
— Entendi! Então você queria me enganar. —Resmungo saindo do chuveiro e me enrolando numa toalha.
— Não é nada disso Nick! Eu fiquei com vergonha e quando você descobriu, eu deixei as coisas acontecerem. —Ela fala calma, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Não quero ouvir mais nada, por isso saio do quarto e visto um agasalho e desço para a academia, não encontro ninguém nesse horário, é de madrugada só consigo treinar porque tenho as chaves que peguei com o síndico, assim que me mudei. Como ele sabe que sou policial nem se preocupou em deixar uma chave extra comigo.
Eu tiro a camisa e soco o saco de areia até as minhas mãos ficaram vermelhas e inchadas. Quando não aguento mais bater, deito no chão e faço muitas abdominais.
Horas depois, já estou mais calmo ao retornar para o apartamento, entro no quarto de hóspede no final do corredor e caio na cama. Não posso voltar para o meu quarto nesse momento, pois mesmo que a Mila não esteja lá, com certeza vou me lembrar de tudo que aconteceu naquele quarto e da tremenda burrada que acabei de fazer.
Acordo com a claridade da luz do sol brilhando na janela e batendo no meu rosto, olho em volto e percebo que já é tarde, tomo um banho e vou à procura da Mila pelo apartamento. Entro no meu quarto, mas ela não está, mas percebo que trocou o lençol da cama, fecho a porta e vou para o seu quarto, bato na porta e entro. Encontro-a deitada na cama em posição fetal soluçando enquanto as lágrimas descem pelo seu rosto, a cena parte meu coração em mil pedaços como eu pude fazer isso com uma garota que já está tão fragilizada. Sento na beira da cama e começo acariciar seus lindos cabelos, percebo que os soluços param e ela olha para mim.
— Desculpe se te enganei Nick! Não era a minha intenção. Eu te queria tanto que não tive coragem de dizer a verdade.
— Tudo bem, Mila. Você não precisa chorar, o único culpado nessa história toda sou eu, na verdade eu que me aproveitei de você. Eu não deveria ter trazido você comigo. Você está muito fragilizada com toda essa situação e eu me aproveitei de você descaradamente. É obvio que você era virgem até agora, por que estava esperando o cara certo aparecer, que deveria ser seu namorado, alguém da sua idade e não do jeito que aconteceu na noite passada. Por isso me desculpe.
— Você não precisa se desculpar. — Ela tentar dizer mais alguma coisa, porém eu coloco meu dedo na sua boca e peço que ela se cale.
Em seguida segurei seu braço e a puxei para meu colo. Ela me olha surpresa, mas vem comigo e encosta a cabeça no meu pescoço. Ficamos assim por um bom tempo, até que decido quebrar o silêncio e pergunto:
—Vamos comer alguma coisa? — Ela assentiu e então caminhamos para a cozinha.
Abro a geladeira, tiro alguns frios e uma salada de alface com tomate, encontramos uns pães, juntamos tudo na mesa e preparamos dois sanduíches. Sentamos no balcão da cozinha e comemos em silêncio, na verdade eu não sei bem o que dizer depois de tirar a virgindade de uma garota tão encantadora como a Mila, por isso permaneço quieto, apenas a observando em momentos que ela não está olhando.
— Você vai me mandar embora? — Ela pergunta e abaixa a cabeça em seguida, olhando somente para um prato vazio na sua frente, como se fosse a coisa mais interessante no momento.
— Por que você está perguntando isso, Mila? — Seguro seu queixo para que ela olhe para mim novamente.
— Bom, você está bravo comigo e eu só te dou trabalho. Agora as coisas estão num nível ainda pior, eu não sei bem, mas acho que você é muito rico e pode ter a mulher que quiser e não deveria perder tempo com uma garota pobre e ingênua como eu. — Ela diz triste e uma lágrima solitária desce pelo seu rosto, mas ela percebe e passa a mão tentando secar, para que eu não perceba que ela está chorando.
— Meu Deus! Mila quanta bobagem você está pensando. Em primeiro lugar não sou muito rico, os meus pais são e eu gosto de viver sozinho e por minha conta, quase nunca uso o dinheiro deles, os meus carros são presentes de aniversário da minha mãe, este apartamento foi presente do meu pai, por isso tira essas ideias da sua cabeça. Em segundo lugar eu não planejo, nem planejei te tirar da minha vida, você é sem dúvidas a melhor coisa que me aconteceu nos últimos tempos. E por último e não menos importante, eu até poderia conseguir qualquer outra mulher, mas eu quero só uma e é você.
—Eu não sei o que dizer. Foi lindo o que você falou, mas acho que não mereço essas palavras.
— Você merece sim! Agora vem aqui e pare de reclamar.
Levanto e chego perto dela, tocando seus lábios com os meus, começamos a nos beijar, a seguro no colo e levo-a para o meu quarto. Deito-a na cama e toco cada parte do seu corpo, com beijos e caricias até que ela entenda que realmente, eu quero ficar com ela. Depois de saciados e exaustos adormecemos abraçados.
Quando acordo, olho em volta, mas não encontro a Mila. Levanto-me e vou ao banheiro, abro a porta e ela está na banheira, me aproximo e a beijo, sua boca tem um gosto doce e suave que me deixa louco, entro na banheira e a água derrama no chão. Ela começa a reclamar, mas a beijo novamente e nos esquecemos da vida, ficamos muito tempo nos beijando e trocando carícias entre outras coisas que a água esfria completamente, nos deixando com os pés enrugados.
Eu nunca me interessei tanto em saber sobre a vida de nenhuma mulher antes, mas com a Mila é diferente, parece que tenho vontade de contar tudo pra ela e ainda saber toda a sua vida também.
— O que vamos fazer hoje? —Sussurro no seu ouvido, além de alguns beijos que dou no seu rosto enquanto eu pergunto.
— Não sei Nick, não conheço a cidade e onde você quiser me levar eu vou. — Ela fala sincera.
— Tudo bem! Eu vou te apresentar a noite paulistana, podemos ir num restaurante legal jantar e depois você pode me ensinar a dançar numa boa balada. O que você acha? — Eu a questiono empolgado.
— Eu acho ótimo, Nick! No entanto, tem um probleminha não tenho nenhuma roupa legal para isso.
— Isso não é um problema Mila. Eu preciso ir ao escritório assinar uns papéis. Enquanto isso, eu deixo meu cartão e você vai ao shopping e compra alguma coisa para você vestir. O que acha?
— Eu não gosto de gastar seu dinheiro Nick, parece que sou uma aproveitadora e não me sinto bem fazendo isso.
— Para com isso, eu não quero ouvir mais desculpas, você vai agora mesmo comprar um vestido sem questionar. É só um presente e você não pode negar.
Saio do banheiro, coloco minhas roupas, depois do café-da-manhã e um beijo demorado na Mila, sentada no balcão da cozinha, quase desisto de ir trabalhar e levo a minha garota para o quarto, para terminar o que começamos ou talvez devêssemos terminar aqui no balcão da cozinha mesmo, mas a Francesca pode chegar a qualquer momento e eu definitivamente não quero que ela me veja com as calças nas mãos, seria muito constrangedor. Ela é quase uma segunda mãe para mim, me conhece desde bebê e isso seria uma cena muito difícil de esquecer, por isso contrariando todos os meus instintos, dou um último beijo e me separo da Mila.
— Preciso ir à delegacia agora, verificar se eles têm novidades sobre o seu caso.
— Eu queria ficar mais com você, não vai agora. — Ela pede fazendo beicinho.
— Não faz essa cara, eu realmente preciso fazer isso hoje, precisamos saber das novidades sobre o assassino da sua família.
Quando menciono a sua família o sorriso que estava estampado no seu rosto até agora desaparece, e eu fico triste por ter tirado ele de lá.
— Eu não deveria ter mencionado o assassinato da sua família, me desculpe.
— Não tem problema, eu estou feliz quando estou com você, mas sinto muita falta da minha família e isso me deixa muito triste.
— Tudo bem, podemos mudar de assunto e falarmos da nossa relação, ou melhor, invés de conversar, podemos nos beijar. — Comento já dando muitos beijos nela.
Depois de muito esforço da minha parte, nos despedimos com mais beijos e eu sigo para o escritório da polícia federal, na minha moto, pois nesse horário andar no trânsito de São Paulo de carro é frustrante e cansativo, com a moto consigo chegar mais rápido ao meu destino.
Eu cruzo o trânsito caótico nesse horário, levando apenas alguns minutos até o escritório da Policia Federal.
Estaciono minha moto na vaga para funcionários e entro no enorme prédio de vidros, no qual fiquei poucas vezes, já que viajei a maior parte do tempo em que trabalhei aqui, por isso não conheço todos os meus companheiros de trabalho, mas cumprimento as pessoas que encontro no caminho até a minha sala.
Quando entro tem outro cara trabalhando na minha mesa. Então faço um barulho com a garganta para mostrar que estou aqui.
— Oi, desculpe você deve ser o Nick. Eu precisava verificar um caso, mas meu computador não estava funcionando, por isso eu vim até aqui. Disseram que você estava de férias.
— É, eu estou de férias, mas passei para verificar um caso também, deixei as coisas sem finalizar antes de sair de férias e agora preciso ver como andam as investigações. Você deve saber que estamos de férias, porém dificilmente nós desligamos do nosso trabalho.
— Claro, você tem toda razão. Se eu puder te ajudar em alguma coisa?
— Não sei, talvez você saiba algo sobre aquele assassinato de duas mulheres no Morro do Alemão?
—Sim, eu acompanhei nos jornais, mas não investigamos esse tipo de ocorrência, está nas mãos da polícia civil do Rio. —Diz tirando os seus papéis da minha mesa e se levantando para sair.
— Não estamos investigando, porém eu estava presente no local do crime e estou cuidando de uma testemunha. — Comento parando em frente à minha mesa.
— Ok! Se eu souber de alguma coisa posso te avisar. Por enquanto posso ajudar com o processo para o programa de proteção, o que você acha? — Ele pergunta já na porta.
— Qual o seu nome mesmo? — Pergunto sentando na minha cadeira.
— Meu nome é Lucas.
— Obrigado pela ajuda Lucas, mas já cuidei dessa parte e se precisar de algo eu te aviso.
— Tudo bem, até mais. —Ele diz saindo e fechando a porta do meu escritório.
Agora eu preciso me concentrar no que eu vim fazer aqui, por isso vasculho tudo sobre aquele dia nos arquivos da polícia federal e do Rio de Janeiro. Leio alguns depoimentos e faço vários telefonemas para o Jonas, porém não consigo descobrir nada, apenas algumas suposições sem provas. Fico frustrado com minha impotência em resolver esse caso. Então decido olhar o processo para colocar a Mila no programa de proteção à testemunha e esse ainda bem está correndo dentro do previsto e em alguns dias poderemos mudar seu nome e seu endereço, impossibilitando alguém de encontrá-la novamente.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro