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Capítulo 3



"Só ri de uma cicatriz quem nunca foi ferido."

Shakespeare


Mila

Mila

Não sei por que concordei em ficar aqui, minha vida não era nada organizada quando eu estava no Rio, mas pelo menos eu tinha um emprego e estava começando a pagar minhas contas, agora aqui sozinha e sem um centavo no bolso, ou melhor, nem bolso eu tenho. Estou usando um dos dois vestidos que me deram no hospital. Até quando vou ficar com dois vestidos, um sutiã e duas calcinhas? Como sou idiota mesmo.

Foi só ele pedir e me olhar com aqueles olhos azuis, que me lembram o azul do mar, que a tonta aqui só balançou a cabeça atordoada, não consegui negar, afinal quem diz não para aquele cara perfeito, seu corpo parecia esculpido de tantos detalhes que tinha, acho que é só ele olhar e sorri que as mulheres se jogam na sua frente.

Talvez eu deva ligar para a Carol e pedir ajuda para sair daqui, enquanto ainda não estou louca e me resta um pouco de juízo. Vou pensar no que dizer para ela mais tarde, agora vou fazer o mesmo que fiz durante esses dois dias que estou aqui, nada, só deito na cama e espero anoitecer e depois amanhecer, belisco alguma coisa nesse intervalo e pronto. Devo estar ficando depressiva, perder a minha família de uma vez, foi um choque muito grande, embora eu ainda não lembre o que realmente aconteceu, eu sei que estou sozinha de agora em diante e isso me apavora pra caramba.

Continuo deitada na cama olhando para o teto, enquanto uma lágrima solitária desce pelo meu rosto. Antes que comece a chorar novamente, ouço uma batida na porta do quarto, me levanto secando meu rosto com as costas da minha mão no caminho e abro a porta, encontro o Nick escorado no batente me observando, eu fico sem reação a princípio, mas depois percebo que ele está falando alguma coisa. Não consigo entender o quê, exatamente, minha mente está em outro lugar nesse momento, mais precisamente observando o seu corpo perfeito, eu não sei o que está acontecendo comigo esses dias, será que nunca vi um homem bonito na vida? Não, definitivamente não! Igual ao Nick, nunca vi a não ser na televisão e isso não conta, pessoalmente é muito melhor, ele para de falar e fica me encarando por um tempo, como se estivesse me esperando absorver a sua presença e em seguida fala novamente:

— Você gostaria de sair para comer alguma coisa? Podemos ir ao shopping comer uma pizza ou talvez você queira comprar roupas, afinal saiu do Rio apenas com essa que está usando.— Era óbvio que eu não tinha roupas, mas saber que ele percebeu essa situação me deixa muito envergonhada e minhas bochechas queimam parecendo que comi todas as pimentas do mundo.

— Eu estou com fome, mas não poderia aceitar o seu convite para as compras, porque não tenho dinheiro. Ele fica confuso e diz:

— Não pedi seu dinheiro, vou pagar por tudo. — Ele termina de falar e eu já me afasto da porta e entro no quarto, já desistindo desse compromisso que ele está querendo me colocar.

—Porém não posso aceitar você já está me ajudando muito, não quero dar mais despesas.

—Entretanto você não pode ficar com apenas essa roupa e na verdade seria só um empréstimo, quando você conseguir entrar para o programa de proteção à testemunha vai receber um dinheiro para se sustentar nesse período. Então poderá pagar o que me deve.

— Eu não quero me aproveitar dessa situação e pegar o seu dinheiro, talvez podemos ir buscar minhas roupas no apartamento da Carol?

— Não, não podemos voltar para o Rio agora, ainda é muito cedo e a pessoa que atirou na sua família ainda deve estar atrás de você, por isso não temos alternativas é isso ou daqui a pouco você terá que usar as minhas roupas.

Ele abre um sorriso reconhecendo que eu ficaria estranha usando as suas roupas, pelo menos é isso que eu acho da sua risada nesse momento e espero não estar errada sobre isso, afinal não sou tão inocente assim, apesar de nunca ter namorado, eu fiquei com um ou dois garotos na minha vida, porém meus relacionamentos não eram o que eu esperava e acabava não dando certo no final. E depois os garotos que me interessavam nem prestavam atenção em mim, a Carol sempre me dizia que eu mirava no inatingível e assim nunca ficava com ninguém e nem ficava de coração partido o tempo todo.

Enquanto eu tentava justificar minha recusa, o Nick não parava de falar que estava com fome e eu precisava de roupas urgente, então sem conseguir argumentar e por ter só duas roupas resolvi ceder e ir com ele, saímos, do apartamento até a garagem e quando nos aproximamos de um carro vermelho esportivo fico de boca aberta em admiração, ele percebe minha excitação.

— Esse é um dos meus hobbies, adoro carros e esse Jaguar F-TYPER é a minha recente paixão. — Caminhamos em direção ao carro enquanto ele destrava e abre a porta do passageiro para eu entrar, em seguida dá a volta e senta no banco do motorista, ligando o carro, nem saímos da garagem quando resolvo perguntar:

— Não foi com esse carro que saímos do aeroporto há alguns dias atrás? — Pergunto interessada, quantos carros ele tem afinal? Talvez seja melhor não saber. Eu não fazia ideia que policiais ganhavam tanto dinheiro. Ou talvez ele receba propina, como tantas vezes vi policias receberem quando eu morava no Morro do Alemão.

Ele confirma que não, depois aponta uma Land Rover preta do outro lado da garagem. Não sei em que eu estava pensando até agora, mas acho que esse não é o meu lugar, fico pensando que a qualquer momento ele vai pedir que eu vá embora, ou me colocar para fora sem nenhuma explicação, mas enquanto esse momento não chega vou parar de pensar nele e entrar nesse carro pela primeira e última vez na vida, disso eu tenho quase certeza.

Saímos do prédio e percebo que já é noite e não faço ideia que horas são? Que dia é hoje e nem me preocupo em saber, afinal quanto mais distante estiver da minha realidade, menos penso na vida e nas pessoas que perdi.

Depois de alguns minutos rodando pelo trânsito sempre lotado de São Paulo, chegamos ao shopping, penso em olhar em algumas lojas que conheço, mas ele me direciona a uma especifica que segundo ele as mulheres adoram, verifico a vitrine e penso, só podia ser essa loja mesmo, para quem tem um carro daquele, não sei por que estou surpresa.

Nós vivemos em mundos totalmente diferentes, resta saber quando ele vai perceber isso e parar de cuidar de uma garota sem família e me mandar embora.

Assim que chegamos uma vendedora se aproxima sorrindo.

— Precisa de alguma coisa? Posso te ajudar?

A vendedora simplesmente me ignorar e só tem olhos e sorrisos para o Nick. Ele percebe a situação e aponta para mim.

— Essa é a Mila, minha amiga. Acabamos de chegar do Rio e sua mala foi extraviada, por isso precisamos comprar todos os itens básicos para ela passar pelo menos um mês em São Paulo. Você acha que pode ajudá-la com isso? — A vendedora olha contrariada na minha direção e me mede dos pés à cabeça, depois verificando que eu não sou uma ameaça, volta a conversar com o Nick toda sorrisos e alisando os cabelos.

— Podemos encontrar algumas roupas para a sua amiga. —Diz com um humor bem melhor que no início da conversa.

Eu não quero essa megera do meu lado, então digo que vou procurar sozinha e saio, a vendedora aproveita a situação e começa a conversar com o Nick. Fico observando de longe, enquanto olho uma ou outra roupa, ele parece interessado na conversa e eu fico irritada e acabo escolhendo algumas roupas, sem nem olhar os preços. Depois vou para o provador experimento algumas e escolho as peças intimas que pretendo levar, pois não tenho nenhuma e volto para o lugar onde eles estão conversando.

— Eu já escolhi agora podemos pagar e ir embora. — Falo emburrada.

Ele me olha surpreso e parece não acreditar no que eu estou dizendo, mas quando vê as roupas no meu braço, me ajuda a segurar e vamos juntos até o caixa.

Quando estamos saindo da loja a vendedora chama o Nick e coloca um cartão no bolso dele, tento disfarçar fingir que não vi nada, mas fico com uma raiva daquela vendedora, tenho vontade de voar no pescoço dela e enforcá-la. Que sentimento estranho, porque nos conhecemos faz alguns dias e ele pode até ter uma namorada e a qualquer momento ela pode aparecer lá no apartamento, eu não tenho nenhum direito de sentir ciúmes. Ele é apenas um policial que está me fazendo um favor, cuidando da minha segurança até eu entrar para o programa de proteção, não tenho nenhum direito de sentir ciúmes, na verdade não é ciúme, é que não suporto essas mulheres oferecidas. Continuo andando na frente, enquanto ele me segue.

— Está tudo bem? — Pergunta preocupado, e eu tento disfarçar o real motivo da minha aflição.

— Estou bem, é só uma dor de cabeça, já vai passar. — Comento olhando para os lados.

— Se quiser podemos ir embora. — Ele diz já procurando a saída.

— Não! Está tudo bem, podemos comer primeiro. —Respondo e abro um sorriso para mostrar que está tudo bem.

Andamos mais um pouco pelo shopping procurando algo para comer, até que escolhemos uma pizza de calabresa, sentamos numa mesa num canto na praça de alimentação. Experimento um pedaço e está muito bom, por isso exclamo satisfeita.

— Hum, que delícia.

— Pela sua empolgação parece que você gosta de pizza? — Ele olha para mim, abrindo um lindo sorriso.

—Eu amo pizza, gosto de todos os sabores. Se alguém quer me agradar traga pizza! E não posso me esquecer o chocolate, que eu simplesmente amo. — Digo, toda entusiasmada.

— Eu também gosto de pizza, mas não amo como você. — Ele fala e depois come outro pedaço.

— Ah sei, por isso você já está no terceiro pedaço, imagine se você gostasse.

— Ah, por favor! Não exagere eu estou com fome, além disso sou um homem grande e preciso de muitas calorias. — Ele dá outra mordida no seu pedaço de pizza, enquanto fala comigo.

—Tudo bem! Não está mais aqui quem falou, vamos mudar de assunto. Você sabe até quando vou precisar ficar no seu apartamento? — Pergunto curiosa.

— Por quê? Já cansou de morar comigo? —Ele me questiona surpreso.

—Não é isso, no entanto não acho que todas as pessoas que entraram para o programa de proteção, tenham morado na sua casa com você e ainda teve que levá-los para comprar roupas e comer pizza.

— É, você tem razão. Nunca levei ninguém do programa para o meu apartamento. Mas você está enganada quanto as roupas e comidas. As pessoas nessas situações saem de casa com as roupas do corpo, não dá tempo de pegar nada. Por isso sempre tenho que providenciar esses itens, deveria ser as assistentes sociais, porém, elas nunca têm tempo, nem as coisas prontas quando preciso. O que facilitou bastante é que todas as pessoas que precisei proteger antes de você eram homens, deixando tudo mais fácil em relação as roupas.

— Você está me dizendo que sou a primeira mulher que você tem que proteger? —Pergunto surpresa.

— Sim, eu sou novo nessa profissão, apenas um ano trabalhando nesse cargo. — Ele responde me encarando em seguida.

— E o que aconteceu com as outras pessoas que você estava protegendo? —Pergunto curiosa.

— Talvez você não queira saber. — Ele fala preocupado.

— Eu já perdi toda a minha família, nada do que dizer vai me surpreender mais. — Eu afirmo triste.

—Tudo bem, já que você faz tanta questão. Eu posso dizer que eles morreram. — Ele fala desapontado.

— Quantas? — Pergunto num sussurro e ele só ouviu porque estava olhando para mim e leu meus lábios.

— Cinco pessoas, que eu perdi em apenas um ano. — Ele diz decepcionado.

— Sei que deve ter sido difícil para você, mas não se preocupe comigo, eu vou ficar bem. — Era isso que eu esperava.

— Entende agora, por que tive que te trazer para o meu apartamento, se não fizesse isso, você estaria num abrigo ou na sua casa sozinha, à mercê da pessoa que assassinou sua família.

— Eu sei, e entendo agora a sua preocupação, mas você tem namorada? —Ele me olha confuso com a pergunta inesperada, então tento disfarçar dizendo:

— Ela poderia achar ruim você estar morando com uma garota.

Nick acha graça e sorri:

— Não tenho namorada, aliás, nunca tive, não sou o tipo que namora.

Depois dessa afirmação resolvo mudar de assunto novamente e pergunto dos seus pais, ele fica mais receptivo, acho que ele tem um carinho especial por eles, é um tema seguro para falar.

— Meu pai é brasileiro, mas minha mãe é americana, por isso vivi até os 18 anos na Califórnia, depois disso vim para o Brasil ficar com o meu pai e acabei gostando muito daqui, mas ainda não vim para morar no Brasil, já que resolvi fazer faculdade na Califórnia. Voltei para o Brasil faz uns 2 anos para trabalhar como investigador da polícia do Estado de São Paulo e depois fui parar na polícia federal.

Terminamos de comer e voltamos para o apartamento, a viagem de volta foi tranquila não conversamos mais, talvez por falta de assunto ou por não saber o que dizer, Nick percebeu a minha tristeza e resolveu não incomodar, entramos no elevador e o clima estava tenso, na verdade nem sei exatamente o porquê, não deveríamos ficar constrangidos um com o outro, mas quando entramos no apartamento é isso que acontece, então cada um vai para o seu quarto e quando eu já estou fechando a porta ele grita:

— Boa noite.

—Boa noite e obrigada pelas roupas e a pizza. —Respondo e entro no quarto, fecho a porta atrás de mim e encosto nela, pensando no que eu estou fazendo aqui? Essa pergunta sempre martela na minha cabeça e não há uma resposta razoável para ela, uma vez que, esse não é o meu comportamento normal. Não costumo me jogar na frente dos homens, nunca tive um namorado, já fiquei com alguns garotos, mas nada sério, nunca fiquei atraída por ninguém como acho que estou pelo Nick. Talvez seja por que ele está me ajudando, sendo meu protetor quando ninguém mais poderia ser, está claro que não estou pensando com clareza sobre esse assunto, ter alguém em tempo integral para me proteger não estava nos meus planos, nem tão pouco o efeito que isso causou em mim.

Eu acho que bati a cabeça em algum lugar bem forte, ele nunca vai olhar para mim desse jeito, para começar ele me chama de menina, garota, ele deve achar que tenho 15 anos, sendo que fiz 18 faz alguns dias e para completar ainda sou virgem, não, nunca vai dar certo. Melhor ir dormir e pensar em um jeito de ir embora daqui o mais rápido possível, antes de deitar, eu tomo um banho e coloco um pijama de shortinho que comprei hoje.

Adormeço e penso na minha mãe, acordo toda suada e sinto calafrios pelo corpo como se alguém viesse me pegar, a porta do quarto se abre de repente, e vejo Nick em pé na frente da minha cama, começo a chorar e me sinto tão triste, por alguns momentos pensei que eu poderia ser uma mulher normal, sem toda essa bagagem que me acompanha, mas as lágrimas que rolam sem parar e o coração despedaçado comprovam o que eu já sabia. Estou destruída, arruinada para tudo e para todos.

Ele me olha sério, hesita um pouco pensando no que fazer e depois se aproxima e me abraça, na hora sinto meu corpo se aquecer e as lágrimas param de rolar pelo meu rosto.

— Vai ficar tudo bem, você está segura, nada vai acontecer com você. — Ele sussurra no meu ouvido para tentar me acalmar.

— Eu sei que nada vai acontecer, porque o pior já aconteceu. Eu perdi toda a minha família, estou sozinha agora. — Falo chorando, enquanto ele concorda e me abraça novamente, deitamos na cama e sem perceber pego no sono nos seus braços.

Quando acordo, sinto que algo me prende, abro os olhos devagar e vejo Nick deitado ao meu lado na cama, com os braços enrolados na minha cintura, ele está apenas com uma calça de moletom, me levanto devagar para não acordá-lo e observo seus cabelos pretos caídos nos olhos, seguidos pelos lábios carnudos e macios, os braços mais definidos e fortes que já vi, um abdômen que deixaria qualquer mulher em sã consciência louca para tocar, estico a minha mão na sua direção e ele se mexe e abre os olhos, eu me assusto e afasto rapidamente.

— Desculpa por dormir na cama com você, essa não era a minha intenção, mas acabei pegando no sono também.

—Você não precisa se preocupar, não tem problema algum, afinal somos adultos.

Nick sorri diante dessa afirmação e sai do quarto.

Vou até o banheiro, escovo os dentes e tomo um banho rápido, depois seco os meus cabelos que são as lastimas da minha vida, tenho cabelos longos loiros, mas eles não são nem lisos, nem enrolados é uma mistura dos dois ou não é coisa nenhuma, enfim é a minha frustração. Resolvo deixar eles soltos, coloco um short jeans e uma regata e vou para a cozinha e quando chego tem uma senhora morena, baixinha, com os cabelos pretos arrumados num coque no alto da cabeça. Ela está preparando o café da manhã, penso em voltar para o quarto, mas é tarde demais ela me vê e ainda chama meu nome.

— Olá, Mila sou a Francesca e cuido do Apartamento do Sr. Ferraz quando ele está em São Paulo, ele acabou de sair e disse que vai demorar, você gostaria de um café, suco, torradas? —Ela diz abrindo um sorriso que alcança até seus olhos castanhos, que brilham estampando a bondade no seu rosto.

— Pode deixar que eu me sirvo Francesca, mas obrigada pela gentileza.

Ela não faz ideia de quem eu sou, para me tratar tão bem assim, deve pensar que sou namorada do Nick. Era só o que me faltava.

Abro o armário procurando uma xícara, coloco café e algumas torradas com geleia de morango, que é a minha preferida e sento no balcão da cozinha para comer, enquanto isso a Francesca está limpando alguma coisa atrás de mim, por isso resolvo puxar conversa com ela e tentar saber um pouco mais sobre o Nick.

—Quanto tempo você trabalha para o Nick?

— Faz muito tempo. Eu conheço o Sr. Ferraz desde que nasceu, morei alguns anos na Califórnia com a mãe dele, mas depois de dez anos morando fora resolvi voltar para o Brasil, estava com saudades da minha família. Ano passado ele me ligou dizendo que estava em São Paulo e precisava de alguém para cuidar do apartamento enquanto ele viajava a trabalho, eu faço as compras, cuido da limpeza e outras coisas. Fiquei muito feliz em ajudar, ele é como um filho para mim.

— Sei! Entendi, ele parece ser uma pessoa boa mesmo, afinal está me ajudando muito.

— Se você me perdoar também e não me achar curiosa demais sobre a sua vida, eu gostaria de saber um pouco sobre você? Por que nunca vi nenhuma garota aqui no apartamento, você é a primeira.

— Nossa me desculpe, mas não é o que você está pensando, eu e Nick não somos namorados nem nada. Ele está me ajudando, eu perdi minha mãe e minha irmã recentemente, elas foram mortas no Rio de Janeiro e agora preciso entrar para o programa de proteção à testemunha. É só eu falar sobre elas que uma lágrima desce pelo meu rosto.

— Que horror menina, você é tão novinha e já passou por uma tragédia dessa profundidade, eu realmente sinto muito mesmo, me desculpe por ficar perguntando eu pensei que você era namorada dele. Todo esse tempo aqui ele nunca trouxe ninguém para casa e fiquei animada com a ideia, mil desculpas.

Quando mencionei minha irmã e minha mãe, as lágrimas começaram a cair sem pedir licença e não param mais, todas às vezes que me lembro delas, meus olhos enchem de água e começam a jorram pelo meu rosto sem qualquer controle, ainda é muito recente e não consigo me lembrar de nada daquela noite e não sei se é sorte ou uma maldição, por isso peço licença para a Francesca e vou para o quarto, fico a maior parte da manhã chorando na cama. Depois que meus olhos estão inchados e vermelhos, ouço uma batida e a porta se abre devagar:

— Olá querida Mila é a Francesca o almoço está pronto. Você está com fome?

— Não Francesca! Estou sem fome, mas obrigada.

—Você precisa comer! Saco vazio não fica em pé.

—Eu não quero sair do quarto.

—Eu posso trazer a comida aqui no quarto se você desejar? — Ela pergunta.

— Minha nossa Francesca, eu não sou uma hóspede nesse apartamento ou convidada, na verdade estou aqui de favor e o Nick pode me mandar embora a qualquer momento, eu que deveria te ajudar a limpar a casa, você não pode ficar me oferecendo coisas assim, você provavelmente tem mais dinheiro do que eu.

— Não fale assim, minha querida, espere aqui que eu vou buscar sua comida. —Ela abre um sorriso como quem diz que não aceita um não como resposta. Tentei protestar mais uma vez, porém ela nem me ouviu e saiu. Retornou alguns minutos depois com uma bandeja nas mãos e a colocou em cima da cama, o cheiro estava maravilhoso. Era estrogonofe de carne com arroz e batata palha, comi tudo no mais absoluto silêncio.

Enquanto eu comia a Francesca me observava de longe. Quando terminei, ela se aproximou, tocou minha mão e disse:

— Não fique preocupada, o Nick nunca vai te jogar na rua e não pense que você é uma intrusa e está aqui de favor, pois eu conheço muito bem aquele rapaz para afirmar que você é uma convidada nesse apartamento.

— Obrigada! Você é muito gentil e acho que não mereço tantos cuidados.

— Você já sofreu demais, não mergulhe no sofrimento, senão ele acaba com você, deixe que nós cuidaremos de você por um tempo até que possa se cuidar sozinha.

—Está bem, Francesca e obrigada por tudo. — Falo e abro um pequeno sorriso em agradecimento.

O resto do dia transcorreu, sem grandes revelações, continuei conversando com a minha nova amiga e procurei falar de assuntos mais leves. Contei para ela sobre a minha paixão pela dança, que desde pequena faço balé numa ONG, perto da minha casa e quando entrei na adolescência, acrescentei outras modalidades como o Jazz e o sapateado.

No começo do ano fiz um teste e entrei para uma companhia de dança do Rio de Janeiro, estava muito feliz e iria estrear minha primeira apresentação no mês que vem, mas agora tudo é passado e meu futuro é incerto. Quando começa a anoitecer nos despedimos e Francesca vai embora. Eu vou tomar um banho e coloco meu pijama, não é nada especial, apenas uma blusinha solta de alcinhas e um short de seda, mas como não tenho sono, resolvo ir até a sala e ligar o aparelho de som e a minha música preferida ecoa pelos quatro cantos, é Thinking Out Loud do cantor Ed Sheeran, a música é tão envolvente que começo a dançar pela sala. Como sinto falta de dançar, eu me esqueci como a dança me faz bem

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Outro capítulo!!!

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