Capítulo 24
Amor Incondicional
Cuide para que não queiras receber mais do que tens a oferecer, por que há coisas que exigem extrema reciprocidade para que sejam possíveis.
Para que um litro de água preencha um vaso, é preciso que este vaso tenha espaço para aquele um litro de água ou mais, pois se ele não tiver espaço suficiente, ele transbordará e a água sofrerá.
De modo semelhante, a água precisa estar na medida certa que o vaso comporta, ou deixará espaço vazio, e aí será o vaso que sofrerá.
Com teu próximo é preciso proceder da mesma forma: se você quer viver um imenso Amor, é preciso que cultives um espaço imenso em teu coração.
E, se mais que isso, você deseja um Amor incondicional, o teu Amor precisa ser incondicional primeiro - sempre, e sobre todas as coisas, ou ele deixará de ser incondicional..
Augusto Branco
Mila
Quando o Nick saiu do meu quarto, chorei novamente, porém a Laura entrou para me consolar, eu realmente tive um dia difícil e estava desesperada para saber notícias dos meus bebês.
Será que eles estão bem? O Nick não volta logo e olho para o relógio e só se passaram minutos, eu vou enlouquecer aqui.
A Laura tenta me acalmar, mas eu não consigo, estou descontrolada e não paro de pensar nos meus bebês, depois de tentar me consolar sem êxito ela chama uma enfermeira e em seguida meus olhos estão pesados e eu caio num sono profundo, provavelmente estou sedada neste momento.
Acordo horas depois e abro meus olhos devagar, o Nick está sentado na poltrona ao meu lado, quando percebe que estou acordando ele se aproxima e diz:
— Você está bem?
— Sim, mas eu preciso saber como estão os meus filhos. Entretanto ninguém me fala nada? Eu estou ficando louca sem informações? — Desabafei e comecei a chorar novamente.
— Não fique tão preocupada, Mila. As crianças estão bem, a menina já vai descer para o berçário amanhã e você poderá ficar com ela, já o menino está com pneumonia e precisa ficar um pouco mais na UTI, mas ele vai ficar bem logo e poderemos levá-lo para casa.
— Você os viu? Como eles são? — Pergunto enxugando as lágrimas na expectativa da sua resposta.
— Eles são lindos, o menino se parece com você é loirinho e tem os seus olhos, mas a menina é parecida comigo e tem os meus olhos, ela até segurou meus dedos. Nossa filha é muito esperta e o menino um pouco tímido. — Quando ele menciona nossos filhos seus olhos brilham de admiração.
—Você tem certeza que eles estão bem? — Pergunto insegura.
— Claro eu até falei com o médico, agora você pode ficar tranquila em relação aos bebês, no entanto precisamos conversar sobre o porquê você escondeu eles de mim?
— Eu não escondi, apenas omiti. — Inverto um pouco a situação, já prevendo que a conversa vai ser longa.
— Você não acha que me deve uma explicação? — Ele fixa seus olhos nos meus em busca de uma resposta. Nessa hora percebo que não tenho escapatória e preciso contar a verdade para o Nick.
— Eu fugi de você porque tinha medo de não ser aceita e ainda por cima estava grávida, depois que seu pai e sua madrasta foram no meu quarto no hospital, eu tive certeza que nunca seria bem-vinda na sua família, por isso entrei para o programa de proteção à testemunha e vim para Curitiba. — Falo tão baixo que não tenho certeza se ele me ouviu, já que fica em silêncio por um longo tempo.
— Eu não estou acreditando no que você está me dizendo. Você simplesmente me abandonou porque achou que não servia na minha família "perfeita"? — Ele faz aspas com as mãos quando fala família perfeita.
— Sim, em resumo é isso. — Respondo sabendo que cometi a maior burrada da minha vida.
— O que meu pai te falou aquele dia no Hospital? —Ele me pergunta apreensivo e coloca as mãos no bolso da calça jeans.
— Agora não interessa mais Nick, já faz tanto tempo. — Olho para a janela tentando disfarçar minha angústia.
— Eu preciso saber e interessa muito para mim, porra. — Ele está descontrolado novamente e anda de um lado para outro do quarto.
— Tudo bem, eu vou falar não precisa se exaltar. Naquele dia eu fui humilhada pelo seu pai e a sua madrasta, eles me chamaram de aproveitadora e disseram que eu estava interessada somente no seu dinheiro, por fim falaram que eu não podia ficar com você por ser uma moradora da favela.
— Eles falaram tudo isso, mas você não me disse nada, simplesmente fugiu? —Ele coloca as mãos na cabeça e puxa os cabelos, depois senta na poltrona que estava quando eu acordei.
— Eu estava nervosa, preocupada e sabia que eu não merecia estar com você. — Digo os meus medos em voz alta pela primeira vez e depois virei a cabeça e não consegui mais olhar nos seus olhos.
— Por que em nenhum momento você me perguntou o que eu achava de tudo isso, principalmente depois que descobriu que esperava um filho meu? — O Nick questiona depois caminha ao lado da cama e fica parado na minha frente novamente.
— Eu tinha medo de você querer ficar comigo por causa do bebê, apenas por obrigação.
— Entretanto em nenhum momento você pediu a minha opinião sobre tudo isso, era minha vida e eles são os meus filhos eu tinha todo direito de saber. — O Nick diz se virando de costas e encarando a janela mais tempo do que deveria.
— Eu tentei falar com você, quando descobri que eram gêmeos, mas você não estava no apartamento do seu pai no dia em que eu fui lá, encontrei apenas a Patrícia.
— Você poderia ter insistido, ou depois ter ligado. — Ele continua desviando olhar, seus olhos passam por todos os cantos, menos na minha direção.
— Eu achei que a Patrícia tinha dado o recado e você não quis falar comigo, por isso voltei para Curitiba, eu esperei você ir ao apartamento da Carol por 15 malditos dias.
— A Patrícia não me contou nada, além disso, via ela poucas vezes, mas isso não lhe dá o direito de voltar para Curitiba e começar a namorar outro cara com um filho meu na barriga.
— Eu não sei o que você está falando? — Pergunto já irritada com o seu comentário.
— Não adianta mentir para mim Mila, eu vi você com outro cara em frente à sua casa.
Nem tive tempo de responder, a enfermeira entrou empurrando uma cadeira de rodas e disse:
— Você está pronta para ver os seus filhos? — Ela abre um sorriso em direção ao Nick que agora voltou a se sentar na poltrona e nem olha para a enfermeira.
— Sim, claro! — Digo animada e abro o maior sorriso da minha vida, enfim posso ver os meus filhos.
O Nick só observa enquanto a enfermeira me ajuda a sentar na cadeira e quando já estou pronta seguimos o corredor em direção a UTI Neonatal, entramos no elevador e Nick continua calado e de braços cruzados num canto com a cara mais fechada do mundo.
Quando chegamos precisamos vestir roupas esterilizadas e depois temos permissão de ver nossos filhos, o Nick fica atrás só observando, porém na hora que ele vê nossa filha abre um sorriso enorme e vai na sua direção, eu vou até nosso filho e fico olhando para aquele pequeno ser, tão indefeso que eu amo tanto e percebo que o Nick tinha razão, ele se parece comigo enquanto nossa garotinha é a cara do pai. Ficamos um tempo olhando eles e segurando suas pequenas mãozinhas, até que uma enfermeira chama a minha atenção e diz:
— Você gostaria de amamentar a menina? — Ela pega minha filha na incubadora e coloca nos meus braços.
Eu não sei o que fazer, fico parada e imóvel, enquanto ela me ajuda colocando minha filha no meu colo, depois abre a minha camisola e coloca a menina num seio para sugar. Eu nem precisei fazer nada e instantes depois ela já estava mamando ferozmente, como se fosse acabar o meu leite a qualquer momento.
— Calma querida, está tudo bem e a mamãe não vai sair daqui você pode mamar com calma. Enquanto falo com ela acaricio a sua cabecinha cheia de cabelos pretos e ela para de mamar, olha para mim e depois continua mais devagar dessa vez, acho que ela entendeu o recado.
Esse foi um momento especial entre mãe e filha, por isso aproveitei cada segundo, meia hora depois ela já dormia nos meus braços e a enfermeira a colocou de volta na incubadora, não pude fazer o mesmo com meu filho, já que ele estava entubado, por isso só observei e segurei suas mãozinhas até a enfermeira fazer uma pergunta simples, mas me deixou surpresa.
— Quais serão os nomes dos bebês? — Ela pergunta segurando um papel para anotar os nomes dos bebês, porém ficamos em silêncio, enquanto ela olha para mim e depois para o Nick.
— Eu acho que a menina vai se chamar Emanuelle e o menino o pai vai escolher o nome. — Eu digo sem tirar os olhos do Nick, quando terminei de falar ele me olhava surpreso, pensou por um minuto ou dois e diz:
— O nome do meu filho será Joseph. — Depois de escolher o nome do nosso filho, ele me olha buscando minha opinião.
— Eu gostei é um lindo nome, Joseph Guimarães Ferraz. —Eu pronuncio o nome olhando para o meu bebê que parece reconhecer a minha voz, pois me olha e depois aperta o meu dedo.
A enfermeira sorri e anota os nomes dos bebês ao lado da incubadora, depois eu vejo Nick conversar com o médico e minutos depois eu já estava de volta ao meu quarto. Parecia que tinha tirado um peso das minhas costas, agora estava mais tranquila, deitei na cama e em seguida peguei no sono. Nem observei que Nick continuava no quarto, dormindo na poltrona ao lado.
Amanheceu e acordei sentindo um cheiro maravilhoso de chocolate quente e quando abri os olhos, Nick estava segurando uma bandeja com pães, bolos e uma xícara de chocolate quente, nem falei obrigada, peguei a bandeja e comi tudo, parecia a Emanuelle de tão esfomeada, depois de satisfeita olhei para ele e lembrei de dizer:
— Obrigada Nick, eu estava morrendo de fome. A comida do hospital é horrível, eu quase não comi nada ontem. Digo abrindo um sorriso sem graça, enquanto devolvia a bandeja vazia.
— Tudo bem, eu sabia que você estava precisando de comida. — Ele fala pegando a bandeja da minha mão.
Ele me olhou e nesse momento eu soube que Nick me conhecia muito bem, pensei em perguntar se ele ainda estava com a Patrícia, mas fui interrompida por um bercinho que entrava no quarto, era a Emanuelle que vinha para ficar comigo e eu estava radiante de felicidade. Peguei-a no colo e a espertinha já procurava o meio seio, quando conseguiu encontrar, ficou mamando por meia hora até adormecer nos meus braços novamente, parece que era a sua posição favorita no momento e eu estava adorando. O Nick pego-a no colo e colocou-a no bercinho ao meu lado.
— Ela é perfeita e parece um anjinho dormindo. — O Nick diz maravilhado olhando para a sua filha que agora dorme tranquila.
Ficamos em silêncio sem saber o que fazer ou dizer, até que a porta foi aberta novamente e a Dra. Márcia apareceu.
— Bom dia, Mila você está com uma cara ótima, pelo jeito você dormiu bem.
— Sim, dormi tranquila a noite toda e logo de manhã recebi essa surpresa e agora estou feliz só falta o Joseph aqui para completar a minha felicidade.
— Pelo que o Dr. Renato me falou logo ele poderá ir com você para casa, não se preocupe, o pequeno Joseph é forte e ficará fora da UTI em breve.
— Eu espero ansiosamente por esse dia. — Comento esperançosa.
— Porém agora vamos conversar sobre você, vi o resultado dos seus exames e estava tudo normal, sua recuperação foi boa e amanhã você está de alta, mas te aguardo daqui a 40 dias no meu consultório para revisão pós-parto e antes disso nada de sexo. — Ela fala e dá uma olhadinha para o Nick, que está rindo, por isso eu resolvo mudar de assunto diante do constrangimento que se instalou no quarto.
— A Emanuelle poderá ir comigo?
— Eu acho que sim, ela está bem, mas o Dr. Renato vai descer e falar com vocês. — A doutora Márcia comenta e depois se despede, saindo do quarto.
— Eu não acredito que vou levar meus bebês para casa, minha nossa eu ainda não comprei o berço dos bebês, eu iria comprar no dia que tive que vir às pressas para o hospital. — Lembro preocupada sem saber onde a Emanuelle vai dormir.
Continuo pensando em como vou comprar um berço, talvez eu possa pedir ajuda da Laura, mas sou interrompida pela voz do Nick.
— Eu vou comprar o berço, não se preocupe e vocês vão para a minha casa e não é um pedido é uma ordem, você entendeu? Eu não vou ficar nenhum segundo longe dos meus filhos, isso não é uma opção. — Ele tem aquela expressão no rosto que diz que não devemos contraria-lo, mas eu resolvo perguntar:
— Eu não posso ir para o Rio, Nick e deixar o Joseph sozinho aqui no hospital. — Argumento com receio dele achar que quero separá-lo dos seus filhos.
— Quem disse que nós vamos para o Rio, eu estou morando aqui em Curitiba agora, fui transferido e cheguei ontem. Estou morando na casa da minha mãe e lá tem espaço de sobra para todos inclusive a Laura.
— Eu não sei, será que é uma boa ideia? — Pergunto tentando recusar a sua oferta.
— Não se esqueça que você escondeu a gravidez de mim o tempo todo e agora eu preciso ficar com os meus filhos, a casa é grande, por isso podemos ficar todos juntos.
— Nick a Laura adora a casa dela e provavelmente não vai sair de lá. — Digo pensando em quanto a minha amiga é apegada a sua casa.
— Certo, depois a gente conversa com ela, agora eu preciso sair e comprar os berços para nossos filhos e arrumar um quarto na casa para eles, espero que dê tempo. — Ele diz dando um beijo na bochecha da Emanuelle.
— Não se preocupe vai dar tempo, e eu já comprei muitas coisas e estão todas na casa da Laura, você precisa passar lá e pegar.
—Tudo bem, eu vou pegar, mas agora eu preciso ir e descobrir como arrumar um quarto de bebê em tão pouco tempo, acho que preciso ligar para a minha mãe urgente.
Antes de sair ele se aproximou de mim e beijou a minha testa, devo confessar que fiquei sem ar nesse momento, sentir o seu cheiro me deixou zonza, tive vontade de agarrá-lo e não soltar mais. Porém consegui disfarçar a minha ansiedade e ele pareceu não perceber e foi embora, enquanto eu pensava na minha vida.
Vou morar novamente com o Nick, mas como vou resistir aos seus encantos se sou perdidamente, absolutamente e irrevogavelmente apaixonada por ele. A história se repete, será que agora teremos um final feliz?
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Mais um capítulo e gostei dos comentários, obrigada e não deixem de colocar a sua opinião é muito importante para o desenvolvimento da história.
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