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Capítulo 21


Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

Camões


Mila

Acordei na manhã seguinte com a cabeça doendo muito, parecia que a bateria de uma escola de samba estava tocando num canal direto e exclusivo com a minha cabeça e para completar tinha os enjoos que resolveram voltar com força total, por isso só sai da cama para não vomitar no tapete, fui correndo em direção ao banheiro colocando a mão na boca no caminho, graças a Deus que cheguei a tempo, vomitei tanto que fiquei fraca, se não fosse a Carol me segurar tinha desmaiado no chão do banheiro.

— O que está acontecendo Mila? — A Carol me olhava com uma expressão muito preocupada.

— Eu não sei, acordei passando mal e agora estou com uma dor na barriga o que será? — Pergunto preocupada pela primeira vez desde que descobri que estava grávida.

— Eu também não faço ideia, mas vamos para o hospital, agora mesmo. — Ela diz decidida.

— Tudo bem, vamos logo então. — Eu concordo.

Estava com a cabeça baixa e minha voz nem saia direito, eu realmente não estava bem.

A Carol me ajudou a tomar um banho rápido e coloquei outro vestido, já que era a única coisa que me servia no momento, eu não estava gorda, mas cintura com certeza eu não tinha mais e com pouco dinheiro para roupas de gestantes, os vestidos soltinhos eram o que me restava no momento. Até a Carol percebeu e não deixou passar me perguntando:

— Você só tem esses dois vestidos que entram em você no momento?

— Sim Carol, além da calça de moletom e legging, só posso usar isso no momento. Uma vez que perdi toda a minha cintura, nada mais entra no meu corpo. — Comentei um pouco desanimada enquanto sentava na beira da cama.

— Não se preocupe quando voltarmos do hospital, nós pensamos em alguma coisa para você usar. — A minha amiga comenta decidida, quando ela fazia essa cara nada a fazia desistir do quer que fosse que havia decidido.

Descemos de elevador até a garagem, mas eu fui apoiada pela Carol o caminho todo até o carro, pois as cólicas aumentaram e eu não conseguia ficar em pé sozinha, nesse momento pensei que alguma coisa estava muito errada e eu estava começando a ficar muito nervosa.

Não tivemos problemas no caminho, por isso minutos depois já estávamos no hospital no qual eu tanto conhecia, a Carol pegou uma cadeira de rodas e entrei na sala de emergência, devido aos gritos e questionamentos da minha amiga logo fomos atendidas, o médico que me examinou verificou primeiro os batimentos cardíacos dos bebês e depois o colo do útero, além de fazer alguns exames e quando voltou estava com uma cara séria e preocupada, quando falou:

— Seus exames ficaram prontos e precisamos conversar, mocinha. —Ele ficou parado olhando para mim esperando a minha reação.

— O que foi doutor? Nem consegui dizer mais nada e já comecei a chorar.

Será que perdi os bebês? Mas ouvimos os seus coraçõezinhos batendo agora mesmo, não é isso, talvez aconteceu alguma coisa com eles? Fico pensando no pior, pois não tenho sorte.

— Não se preocupe seus bebês estão bem, por enquanto, mas as cólicas foram um princípio de aborto que resolvemos com um medicamento, além disso, você está com uma anemia que me preocupa um pouco, sinal que a sua alimentação não vai bem, e você tem duas crianças dentro de você que precisam de muitos nutrientes para ficar fortes e saudáveis. E as vitaminas da gravidez você está tomando direito?

— Não, ai meu Deus, desde que cheguei aqui não tomei nenhuma e a minha alimentação está horrível, vomitei muito esses dias. — Contei preocupada esperando que o médico não me fuzilasse com um olhar.

Entretanto foi exatamente isso que ele fez e também um sermão daqueles, apesar da minha pouca idade eu precisava ser responsável, já que agora seria mãe, não de uma, mas de duas crianças que no momento necessitavam da minha ajuda para viver. Não questionei as ordens médicas e concordei com tudo que ele disse. Por fim fiquei internada dois dias no hospital, pois além de tudo isso, ainda estava desidratada, tomei remédios para prevenir o quase aborto que tive, muitas vitaminas e no final, dessa maratona eu estava melhor e pronta para ir para casa, porém tinha que ficar duas semanas no apartamento com a Carol, pois o médico não queria liberar uma viagem nesse momento, eu estava de repouso absoluto por quinze dias.

Em razão disso, depois da alta voltei para meu antigo apartamento com a Carol e quando estava mais calma contei para ela o que aconteceu no apartamento do Nick quando fui procurá-lo assim que cheguei ao Rio, agora o acontecimento não tinha mais tanta importância, apesar de ainda amar o Nick, meus sentimentos foram colocados de lado no momento, agora o que importava mesmo eram meus filhos e por eles eu ficaria bem.

Quando terminei de contar o que a Patrícia tinha me falado, a Carol queria ir até o apartamento do Nick e esganar aqueles dois, mas claro que não deixei, pois nessa etapa da minha vida não podia mais me aborrecer e meus filhos tinham que ficar seguros até a hora de nascer, ela não entendeu a minha explicação, mas como é uma amiga fantástica aceitou e me ajudou nesse momento difícil que eu enfrentava. Depois da conversa nós ligamos para a Laura que ficou muito preocupada no início, mas depois dos esclarecimentos da Carol, ela ficou mais tranquila, porém me ligava todas as noites para ver se eu tinha tomado a minha vitamina.

Os dias que se passaram foram calmos até demais para a minha vida sempre tão agitada, fiquei na cama a primeira semana e assisti aos filmes que um dia tive vontade de ver e alguns que a Carol insistia, já que ela adorava filmes de luta com os homens sem camisa e dando pancadas para tudo quanto era lado, a Carol estava contente com a minha presença e me encheu de presentes, ganhei roupas de gestantes que eram uma graça, não sei onde ela comprou, mas não gostei de ter gastado dinheiro comigo.

Afinal eu estava ali novamente sem ajudar em nada, pois o que ganhava de ajuda de custo do programa de proteção à testemunha era muito pouco e quando eu tentava dar algum dinheiro ela recusava e ficava chateada. Ela é uma boa amiga e eu não queria me aproveitar dela, talvez algum dia eu possa pagar tudo que ela e sua tia estão fazendo por mim, mas agora eu iria fazer o máximo para não dar trabalho algum, durante todo esse tempo não sai do apartamento nenhuma vez, mas se eu disser que não tive vontade estaria mentindo, pois em algumas vezes até cheguei a me arrumar, mas quando estava quase abrindo a porta acabei desistindo, o Nick precisava saber dos filhos e eu sabia que devia contar, mas sempre perdia a coragem, pois o medo da rejeição sempre me barrava.

Ele poderia pensar que não é o pai dos gêmeos, ou ainda pior, que quero o seu dinheiro. Como a sua família mencionou aquele dia no hospital.

Não posso dizer que esse tempo foi maravilhoso e fiquei curtindo a minha gravidez, teve dias que chorei o dia todo, com muito medo do que ia fazer daqui para frente, será que conseguiria criar duas crianças sozinhas. Outras vezes senti falta da minha mãe e da nossa casa simples na favela, eu não nasci no Rio, mas cheguei aqui muito pequena, minha mãe Lúcia era de Minas e antes de se casar com o meu pai fazia parte de uma família tradicional mineira, ela tinha tudo o que o dinheiro podia comprar, porém se apaixonou pelo filho da empregada e os pais dela não aceitaram, quando descobriram que ela estava grávida, expulsou-a de casa somente com a roupa do corpo, por isso meu pai e ela fugiram para São Paulo e mais tarde vieram para o Rio.

Quando eu era pequena, minha mãe voltou para Minas a fim de procurar a sua família, apesar de ser expulsa de casa por eles, ela ainda sentia muita falta da sua mãe. Porém quando chegou na pequena cidade mineira onde nasceu, descobriu que sua mãe havia morrido de câncer meses atrás e o seu pai tinha se casado novamente, com uma mulher bem mais nova do que ele. Mesmo assim ela ainda tentou me levar para conhecer meu avô materno, mas ele era a maldade em pessoa, nem sequer deixou que entrássemos na sua casa, disse que não tinha nenhuma filha e que minha mãe era uma impostora.

Sempre me lembro desse dia, apesar da pouca idade, ver a minha mãe chorando agarrada as grades de um grande portão de ferro, marcou muito a minha vida. Voltamos para o Rio no outro dia e nunca mais tivemos contado com meu avô. Porém meses atrás minha mãe recebeu uma carta dizendo que a mulher que havia se casado com meu avô fugiu com o capataz da fazenda dele e os dois roubaram todo dinheiro que ele tinha. Eles o deixaram na miséria, sem nem uma casa para morar. Quem diria que uma pessoa que tinha tudo, hoje vivia de favor na casa das pessoas. Enquanto isso minha mãe ia levando sua vida, alguns anos depois que minha irmã Sofia nasceu, o casamento deles desmoronou, a falta de dinheiro era constante e o amor acabou, perguntei algumas vezes para a minha mãe se ela estava arrependida de deixar o conforto do seu lar e viver com as dificuldades que tínhamos que enfrentar diariamente, mas ela sempre respondia a mesma coisa.

— Prefiro me arrepender de lutar por um amor do que ficar parada pensando em como teria sido se eu tivesse coragem de vivê-lo. — Digo em voz alta essa frase que tanto minha mãe repetia para mim, quando eu era criança.

Nunca tive tempo nem interesse de parar um pouco para pensar nessa frase, mas realmente agora ela fazia sentido para mim, a vida não é um conto de fadas no qual o amor sempre acaba em finais felizes.

Ás vezes o amor dura apenas um momento na nossa vida, nem todo mundo vai amar e ficar com a pessoa amada a vida inteira, muitos nem encontram essa pessoa, se eu pensar assim, talvez tenha tido sorte em encontrar o meu, mas não significa que devemos ficar juntos. Embora o meu coração clame pela sua presença, os meus lábios anseiam pelos seus, talvez um dia essa dor se torne apenas uma falta e mais tarde apenas uma ausência, ainda não sei, mas acho que as toneladas de filmes românticos, que assisti nesse período combinados, com os hormônios da gravidez estão fazendo efeito e estou falando bobagens sem sentido, no fim eu acabei chorando a tarde toda por causa das lembranças do meu passado.

Essa era a última noite que iria passar no Rio, consegui trocar a passagem que tive que adiar por causa das recomendações de repouso, eu sairia em breve de volta para Curitiba e estava morrendo de saudades da Laura e das aulas na escola de dança.

A Carol me ajudou com a bagagem, eu não trouxe muita coisa comigo, mas a minha amiga fez questão de multiplicar comprando coisas para os bebês, como estava retornando para Curitiba iria fazer a ultrassonografia para saber o sexo dos bebês lá mesmo. A Carol comprou as roupinhas em cores neutras, mas garantiu que quando eu souber o sexo eu teria que aguentar mais alguns presentes, eu não disse nada. Afinal não queria magoá-la, já que minha amiga estava tão empolgada falando das crianças e passando a mão na minha barriga, que já estava mostrando por debaixo da minha roupa soltinha.

Saímos do apartamento alguns minutos atrasadas e quando chegamos ao aeroporto só consegui fazer o check in, porque estava grávida e passei na frente, caso isso não acontecesse teria perdido o voo, tirando o estresse pelo atraso, a despedida foi longa, abracei a Carol e choramos juntas por um tempo antes de entrar na sala de embarque, mas ela me garantiu que viajaria a Curitiba para ver os bebês nascerem, e eu iria esperar ansiosamente pela sua visita.

A viagem de volta foi mais calma que a ida, talvez porque eu estava mais tranquila e sem grandes expectativas para o meu futuro e não sentia mais aqueles enjoos constantes, ou melhor, não sentia nada e estava adorando isso, ainda por cima me sentia bem à vontade com meu corpo, não estava redonda ainda como imaginava ficar uma grávida de gêmeos. Agora estava com quase cinco meses e já tinha uma barriga que apontava no meu macacão jeans, que eu tinha ganhado da Carol, eu não estava feliz e não posso dizer que depois de tanto sofrimento e perdas na minha vida algum dia eu serei novamente, mas hoje eu estou bem e pretendo continuar assim até os bebês nascerem, depois disso a minha vida ganhará uma nova etapa e pretendo viver um dia de cada vez, pensando nos problemas quando eles aparecerem.

Apesar do meu atraso, o voo chegou no horário combinado, desembarquei e fui para a esteira pegar minhas bagagens, avistei a mala que a Carol havia comprado para mim, mas quando fui pegar escutei uma voz atrás dizendo:

— Pode deixar que eu pego, uma mulher no seu estado não deve pegar peso. — Olhei no mesmo instante e vi o Caio todo sorridente, pegando as minhas malas na esteira e colocou no seu carrinho.

— Oi, Caio como você está? —Perguntei e fiquei apoiada no carrinho esperando a sua resposta.

— Eu estou bem, estava em São Paulo num concurso de dança e acabei de chegar, estava pegando minha mala quando te vi procurando sua bagagem. E você como está?

— Grávida! — Falei e coloquei a mão na minha barriga esperando a sua reação.

— Eu sei, dá para ver, mas você estava viajando? — Ele pergunta olhando mais uma vez para a minha barriga.

— Sim, eu estava no Rio na casa da minha amiga Carol. — Eu comento empurrando o carrinho com as minhas bagagens.

Conversamos sobre o concurso de dança nos EUA e o Caio me contou que ficou em terceiro lugar, o que era um bom sinal devido à importância do concurso, continuamos falando e andando em direção à saída até que vi a Laura e sai correndo para abraçá-la, já que estava morrendo de saudade da minha amiga. Depois de um tempo abraçadas, nos despedimos do Caio e saímos para a casa da Laura.

Eu estava muito contente em retornar a Curitiba, já que aqui eu tinha a sensação de estar em casa, coisa que há muito tempo não sentia no Rio de Janeiro, sempre associava o lugar as perdas que tive, por isso Curitiba era o meu porto seguro no momento, o lugar onde as coisas boas iriam acontecer, pelo menos era isso o que eu esperava. 

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Este capítulo ficou muito grande por isso dividi em dois e vou postar os dois hoje espero que gostem e não esqueça de comentar sua opinião é muito importante.


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