Capítulo 12
"A arte de viver é mais parecida com a luta do que com a dança, na medida em que está pronta para enfrentar tanto o inesperado como o imprevisto e não está preparado para cair."
Marco Aurélio
Nick
A viagem de volta foi mais tranquila, porém tão rápida quanto à primeira. Saímos de Angra depois do almoço, a dona Helena caprichou na comida e não poderíamos fazer uma desfeita e não aproveitar. Os meus primos resolveram ficar mais um pouco, eles estão de férias escolares são adolescentes e estão curtindo, para isso Angra é perfeito. Eu já vim aqui só para curtir e é o lugar ideal, você esquece-se de tudo à sua volta, curte a natureza, o mar e ainda tem lindas mulheres usando biquínis minúsculos. Já o Jonas e a Bia vieram conosco, porém meu amigo veio no seu carro e resolvi não o seguir de perto, pois se Mila acha que eu corro muito, ela não tem ideia do quanto ele acelera o seu Camaro, provavelmente enquanto ainda estávamos na metade do caminho eles já chegaram ao Rio.
Quando chegamos já estava quase anoitecendo, mas eu tive que levar a Mila direto para a delegacia, havia novos suspeitos e ela precisava fazer o reconhecimento, ficamos lá até tarde, estávamos esgotados, mas infelizmente ela não reconheceu ninguém, depois de todo o processo a vi conversando com Jonas, porém não prestei atenção, já que ela devia estar perguntando sobre o caso ou talvez tenha se recordado de algo. No entanto não me preocupei, o caso é do Jonas mesmo, se for alguma revelação importante para as investigações mais cedo ou mais tarde ele irá me contar, afinal, somos bem amigos.
Muitas horas depois chegamos ao apartamento, estávamos muito cansados, mas preciso deixá-la sozinha e ir para a casa do meu pai. Ele está me ligando toda hora, e disse que era urgente. Provavelmente não é, mas preciso falar com ele mesmo assim, senão ele não vai me deixar em paz, e poderá vir aqui encher o meu saco, pelo menos indo lá posso sair a hora que quiser. Por isso me despeço da Mila e vou para a casa dele.
O meu pai mora em uma bela casa na Barra da Tijuca junto com a minha madrasta Andressa. Ela é uma ex modelo que só se preocupa com a beleza e coisas supérfluas, eles não tiveram filhos, pois Andressa se nega a deformar seu corpo, enfim ela é uma mulher materialista e superficial, por isso quase não venho aqui, só a sua voz já me irrita. Apesar do trânsito não demoro muito e chego ao portão e os seguranças me reconhecem e liberaram a minha entrada, desço do carro e entro na casa, a empregada diz que meu pai me aguarda no seu escritório, por isso vou em direção a ele, pois quero acabar logo com isso, tenho uma leve impressão que não vou gostar da nossa conversa.
— Oi, pai! Qual seria a urgência em falar comigo? — Pergunto fechando a porta do escritório atrás de mim.
— Oi, Nicholas! O bom filho a casa retorna.
— Pare com isso pai e diga logo o que você quer? —Pergunto irritado com a sua brincadeira.
— Bom já que você está com pressa vou direto ao assunto. Eu fiquei sabendo que você está namorando uma garota da favela e para completar ainda a levou para a sua casa. Você está louco meu filho? O que tem na cabeça? Você é o único herdeiro das minhas empresas, quando eu morrer você terá que administrar tudo isso, sem contar os bens da sua mãe e da família dela que não é pouco, você será um dos homens mais ricos do Brasil e está namorando uma garota sem classe e moradora do Morro do Alemão eu não acredito que você desceu tão baixo dessa vez, ser apenas um investigador de polícia, já não é uma afronta suficiente, agora mais isso, é demais, sua madrasta está envergonhadíssima, como vai dizer as suas amigas que vivem querendo apresentar as suas filhas lindíssimas e ricas para você conhecer, que de repente meu filho que nunca se interessou por nenhuma delas está namorando uma favelada.
— Pai eu não acredito que você me chamou até aqui para dizer isso? Você não tem o direito de se meter na minha vida. — Resmungo já exaltado.
— Meu filho eu quero apenas te proteger essa garota é uma aproveitadora e provavelmente só quer o seu dinheiro. — Fala passando as mãos na cabeça, preocupado.
— PARA! CHEGA PAI! — Grito batendo na mesa, assustando o meu pai que se levanta da cadeira e dá uns passos para trás. Dessa vez você se superou como sabe sobre a Mila?
— Eu tenho meus informantes, e sempre estou atento ao que você faz não se esqueça de que você é meu único filho. —Ele fala e depois se senta novamente mais calmo.
— Sei, entendi! Acho que andou falando com a Patrícia esse final de semana.
— Ela só queria te ajudar meu filho, ela percebeu o quanto essa tal de Mila é interesseira e aproveitadora e ligou para mim ontem à noite.
— Só podia ser ela, mas nem você, nem Patrícia tem nada a ver com a minha vida e a Mila é uma garota simples, mas muito inteligente e esforçada e eu estou apaixonado por ela, por isso nada do que você falar vai me fazer mudar de ideia. A conversa acabou, e estou indo embora.
— Espera, Nicholas! Ainda não terminei de falar com você! — Ele diz se levantando e se aproximando de mim.
Nem esperei para ouvir o que ele tinha a dizer, sai sem olhar para trás. O meu pai sabia muito bem como me irritar e ele fazia isso com perfeição. Estava furioso e fui para o apartamento o mais rápido que pude, porém quando estacionei o carro na garagem do prédio estava puto da vida e precisava me acalmar, não poderia ver a Mila nesse estado, se fosse em São Paulo eu poderia ligar para o Fernando, mas aqui no Rio eu não sei, por isso vou em direção a academia do prédio, já anoiteceu e provavelmente não tem ninguém lá, mas estou muito enganado, pois assim que entro eu ouço um barulho e sou surpreendido por um tumulto e várias pessoas em volta de um tatame, tem dois homens treinando MMA e outros observando, enquanto um que parece ser o treinador grita comandos para os lutadores.
Aproximo-me deles enquanto um dos homens que estava lutando desiste de apanhar e sai do tatame.
— Já chega cara! Você está terrível hoje cansei e não aguento mais ser o seu saco de pancadas.
Ele deixa o tatame e pega as suas coisas num canto, o cara realmente está destruído, ele tem um corte nos lábios e seu olho direito ainda está inchado, o seu adversário está intacto e sorri do companheiro.
— Você é fraco, cara. Será que não encontro um adversário a minha altura aqui, preciso treinar tenho uma luta para vencer em breve, mas nem aquecer eu consigo. — Diz dando uns socos no ar.
Os caras que estavam observando se afastam, enquanto eu chego mais perto e digo:
— Eu topo, posso ser o seu aquecimento? O que você acha? — Pergunto pisando no tatame.
O lutador se aproxima de mim e me encara de cima a baixo e dá um sorriso sarcástico, mas não tem tempo de dizer nada porque o seu treinador se aproxima e diz:
— Cara eu acho melhor você sair daqui você não conhece ele, provavelmente nem sabe lutar e vai apanhar feio. O cara aqui é lutador profissional de MMA e não vai ter dó de você, ele vai arrebentar essa sua carinha de playboy.
— Bom eu já sou grandinho e estou assumindo os riscos.
Saio de perto dele e tiro minha camisa, estou de calça jeans é um pouco desconfortável, mas vai ter que servir.
— Não se preocupe com a calça eu só preciso de um soco para acabar com você. — Ele olha para os companheiros que também riem da situação, enquanto o seu treinador me olha com o ar de pena.
— Se você diz, provavelmente não vai demorar muito. — Eu digo provocando o meu adversário.
A luta começa e o público que esperava um massacre se surpreende, damos um show parece que estamos em uma luta de verdade, os golpes são precisos e até agora ele não conseguiu encaixar nenhum, eu consegui desviar de todos e ainda aplicar dois socos no seu rosto, seu nariz já está sangrando, quando o derrubo no tatame com uma chave de perna e começo um estrangulamento, na mesma hora ele bate no tatame pedindo o encerramento da luta. Eu solto o cara que fica deitado lá, enquanto seu treinador se aproxima para levantá-lo, vou pegar minha camiseta e depois limpo um pouco de sangue que está escorrendo pelo meu rosto, coloco meu tênis e quando vou saindo da academia ouço alguém me chamando.
—Ei, amigo espera aí. Você só gosta de bater e se mandar? — Olho para trás e o lutador que deixei caído no tatame está falando comigo.
— Não eu já estava de saída mesmo. — Respondo olhando para o estrago que fiz no seu rosto.
— Qual é o seu nome? — Ele pergunta interessado.
— Meu nome é Nick. — Eu falo e depois o cumprimento com um aperto de mão.
— Prazer Nick! Meu nome é Pedro e esse é o meu treinador Mark. —Ele diz apontando para o homem ao seu lado.
— Parabéns, você foi um aquecimento e tanto, seus golpes tem uma técnica perfeita há quanto tempo você luta?
— Na verdade desde criança, treinei na academia da família Grace na Califórnia e quando estava na Faculdade participei de algumas lutas de MMA, mas já tem um tempo que estou afastando, e agora treino com Fernando em São Paulo só para aliviar meu estresse.
— Nossa esses treinos estão te ajudando muito, parabéns novamente. E esse tal de Fernando por acaso é o Nando ex- lutador de MMA?
— Sim, é ele mesmo. — Respondo surpreso, pois não sabia que o Fernando era tão conhecido aqui no Rio.
— Você está bem assessorado se algum dia quiser lutar novamente será um prazer ter você como adversário. Quem sabe nos encontramos numa gaiola, algum dia destes. — Ele fala brincando comigo.
— Tudo bem! Porém essa não é minha praia, treino só por hobby, mas em todo caso, obrigado. E a gente se encontra por aí. — Falo me despedindo dos caras.
— Claro até mais! — Eles dizem de volta.
Antes de nos despedimos ainda trocamos telefones, saio da academia sem camisa mesmo, pois ela está molhada de suor e sangue do cara que lutou comigo e o meu. Enquanto ando pelos corredores do prédio recebo alguns olhares, afinal esse é um prédio de luxo, e eu estou só de calça jeans segurando a minha camiseta nas mãos. Porém aposto que as mulheres estão apreciando à vista, pois elas demoram mais que os homens me observando, quando eu chego ao apartamento, está tudo em silêncio.
Eu acho que a Mila já está dormindo, por isso ando devagar até a cozinha para não acorda-la, abro a geladeira e bebo um copo de água, depois vou direto para o banheiro, tomo um banho demorado, ao sair coloco minha cueca e ouço a minha barriga roncar. A Mila ainda está dormindo do mesmo jeito que a encontrei, quando entrei no quarto alguns minutos antes, ela está linda usando uma camisola transparente que não cobre absolutamente nada do seu corpo perfeito, se eu não soubesse que ela está muito cansada, eu a acordaria nesse momento com meus beijos. Mas não quero acordá-la, pois são raras às vezes que ela dorme tranquila assim sem os seus pesadelos, na verdade desde que passamos a dormir junto nunca mais ela acordou no meio da noite chorando por causa deles. Dou um sorriso de satisfação por ser a razão do seu sono tranquilo.
Saio do quarto sem fazer barulho e volto para a cozinha matar a minha fome, esquento uma lasanha que estava na geladeira e como a travessa toda, dizem que não é bom comer tanto assim a noite, mas meu estômago não quer saber disso e depois de perder tantas calorias naquele tatame mais cedo, o meu corpo inteiro só pede por isso. Quando já estou alimentado, porém sem sono, vou até a sala e fico assistindo um filme até o sono chegar.
Na verdade, eu liguei a televisão só para ter um motivo de estar sozinho nessa sala a essa hora da noite, agora que o nervoso passou e ganhei alguns hematomas nas mãos para provar que estou mais calmo. Eu penso na conversa que tive com o meu pai, nunca nós damos bem, foi sempre assim. O meu pai só pensa em dinheiro e status, nunca pensou no que gosto de fazer, por isso quando disse que iria ser policial, ele quase teve um infarto de tão decepcionado que ficou. O sonho dele era que eu fosse seu sucessor na empresa e depois, consequentemente assumir as empresas da família da minha mãe, que conseguiam ser bem mais ricos que o meu pai, se isso fosse possível, eu era o único filho de ambas as famílias, por isso também era o único a reivindicar essa posição.
Porém eu estava correndo dela como diabo foge da cruz, esse não era meu sonho e com a ajuda da minha mãe, que não dava a mínima para dinheiro como eu, consegui entrar para a polícia no Rio de Janeiro e depois para a Policia Federal. O meu pai ficou nervoso pra caramba com a minha decisão e ficou um tempo sem falar comigo, mas depois ele viu que não adiantava bater de frente comigo, pois somos ossos duro de roer. Agora ele veio implicar com a Mila também e isso eu não vou permitir. Continuo pensando numa maneira de afastar meu pai da minha namorada, até que o sono chega e vou para o quarto e deito na cama junto com ela. Minha garota já está dormindo faz um tempo, por isso não faço nenhum barulho para não a acordar.
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Olá Pessoal mais um capítulo!! Comentem o que estão achando!!
E não esqueçam as estrelinhas!
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