Capítulo 3 Presente
Estamos em maratona, cem comentários liberam o próximo capítulo mais tarde, se não a gente se vê na sexta-feira.
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— E por que esse príncipe não me ligou?
— Você não me deu seu número de telefone, lembra?
— Ora vai me dizer que não tem no identificador? — perguntei espantada diante daquele argumento.
— Você acha certo eu te ligar sem sua permissão? Eu não acho!
— Ok, você tem minha permissão pra me ligar sempre que quiser.
— Olha que fico muito tempo em ócio. Pode ser que te ligue muito.
— Tirando o horário que vou trabalhar, serei toda ouvidos.
— Então eu também te ligarei... Você não tem medo de eu ser um cara ruim? Sei lá...
— Essa balança cabem dois pesos, eu também posso ser uma moça ruim, teremos que correr certo risco até que você venha me ver... E claro, trazer meu chocolate norueguês que aposto que não existe.
— Claro que existe, são ótimos. Procura na Internet...
— Farei isso — e pensei automaticamente que não seria difícil encontrar um Soren Haraldsen.
Não conseguia imaginar Soren sendo um homem feio.
— E o seu trabalho?
— Começo amanhã, é uma doceria fina quase no centro de São Paulo.
— Você sabe fazer doce? — estávamos nos conhecendo e era ótimo.
— Cozinheira de forno e fogão, nenê. Eu só sou melhor comendo, eu como muito.
— Rainhas de bateria podem comer muito? — pareceu curioso.
— Sou magra de ruim, aposto que como mais que você, qual sua comida favorita?
— Eu gosto de tretaz e frango picadinho.
— Tretaz, briga?
— Não, tretaz é uma ave muito saborosa.
— E feijoada? — sentei-me na cama, de certa forma, eu amava conversar com ele.
— Nunca comi feijoada.
— Nunca? Há quanto tempo está no Brasil?
— Quase vinte e cinco anos, eu tenho trinta e pouquinho.
— Como a pessoa está a trinta anos aqui e nunca comeu feijoada? — indaguei — Isso é impossível.
— Eu não saio muito, meu bem.
— Soren alguém já te maltratou? É isso — era um cara de mais de trinta anos, que não saia de casa.
— Por que?
— É muito bom falar com você, sua conversa é muito gostosa, você diz que não sai de casa, não tem nem mesmo um grupo de amigos e não me venha com a sua doença misteriosa.
— Eu não gosto que me vejam, Angela o mundo é tão bonito, colorido, e parece que só eu destoei.
— Eu queria tanto te ver, me dá curiosidade...
— A curiosidade matou o gato, sabia? — ele riu zombeteiro e eu suspirei, a risada dele era um som incrível eu poderia ouvi-lo a vida inteira.
— A satisfação o ressuscitou, não é a toa que os gatos têm sete vidas.
— De onde tirou isso?
— De algum livro que li... Você mora com quem?
— Com o tio Ragnar e a Tia Hulda.
— Eu achava que estava sozinho, mas que bom que seus tios vieram com você..
— Você não está de todo errada, eu os amo, mas não são meus tios de verdade.
— Eu moro com meus pais, meus irmãos estão casados.
— Irmãos?
— Dois homens, sou a princesinha da casa.
— Imagino que seja... Até porque me parece que você não dá muita escolha.
— Mas que audácia, acho que mereço mais um chocolate... Um branco e um preto, é isso.
— É sério que quer chocolates? — perguntou sério.
— Óbvio que sim...
— Me manda um endereço que eu peço para Hulda te enviar amanhã, não precisa ser o de sua casa, se não quiser.
Dei o de casa mesmo, provavelmente eu não tinha mais juízo, talvez meu subconsciente desse sinais, mas em breve eu perceberia que Soren e reservas eram duas coisas que eu não conseguiria equilibrar.
— Quero só ver e olha não adianta criar apenas uma embalagem, viu?
— Sim, senhora... Angela e como está sua situação com o outro?
— Não há situação, Soren. Cada um de nós está seguindo seu próprio caminho.
— Conseguiu falar com ele? — a voz dele era doce e cadenciada.
— Não tentei mais, naquele dia estava revoltada, me sentia preterida, como se além de meu coração ter se partido meu orgulho de mulher também houvesse sido roubado, sabe?
— Sinceramente não, mas quero.
— Soren eu pensava que ele me enrolou por tempo demais e ficou noivo de outra rapidinho, isso era uma ofensa, eu estava errada, se ele conheceu e ama essa moça, se isso se deu com ele solteiro, eu não tenho absolutamente nada a ver com isso, tenho que seguir minha vida até encontrar alguém que me ame tão intensamente quanto eu o amarei.
— Que profundo isso, Angela.
— Eu acho que estou amadurecendo.
— Isso é bom, em breve poderá, me dar bons conselhos...
— Eu posso te dar um bom conselho hoje se quiser.
— Qual? — o tom de curiosidade me fez sorrir.
— Só pessoalmente...
— Parece que você quer me ver?
— Claro que sim, a única coisa que já vi da Noruega foi bacalhau, aliás, mamãe faz uma bacalhoada incrível.
— É impressão minha ou você só pensa em comida? — ele riu.
— Tem coisa melhor?
— Um bom filme, ou um livro...
— Você quer me dizer que ler é bom igual comer uma coxinha crocante?
— É melhor, muito melhor, vou te dar um bom livro junto com o chocolate.
— Quando vier me ver? — sorri diante da possibilidade.
— Angela já te coloquei minha condição, não quero que minha aparência atrapalhe nossa amizade, não quero que você sinta pena de mim...
— Promete que vai pensar com carinho? Somos amigos, poxa... Não é um encontro romântico, então não tem mal...
— Não, não me sinto preparado. Prefiro que sejamos amigos assim.
— Que seja — não insistiria, ainda!
Nos despedimos e desci para ficar com meus pais.
A noite foi agradável, dormi bem e acordei ansiosa por começar meu novo emprego.
Trabalharia diretamente com a dona, Juliana era um amor de pessoa, uma mulher tão estabanada quanto maravilhosa, era difícil não gostar dela.
Fizemos amizade desde o primeiro dia.
Sai de lá correndo para o ensaio com a bateria, não há nada maior do que ouvir o repique.
Não haviam problemas, foras, pouco dinheiro.
Era só minha bateria e eu.
Ao contrário de outras escolas, a rainha não era alguém famosa, mas uma moça da comunidade que sempre esteve na escola, era meu terceiro e provável último ano no trono, minha intenção era então de ser percussionista, não largaria minha bateria por nada.
Cheguei em casa por volta das dez, estava exausta.
Minha mãe assistia o final da novela e ergueu uma sobrancelha quando entrei:
— Está namorando?
— Não! — dei de ombros e revirei os olhos — Hoje tinha ensaio, por isso demorei.
— Não falo disso...
— Não entendi.
— Falo da cesta imensa cheia de doces e chocolates que um motoqueiro trouxe essa tarde e que está na cozinha.
— Motoqueiro... Soren.
Corri até a cozinha, abri a cesta, havia um cartão saindo de um livro, O amor nos tempos do cólera.
Peguei o cartão e li a mensagem.
"Que seu caminho seja tão doce feito esses chocolates e que encontre um amor que supere o tempo feito essa história. Todo meu afeto, Soren"
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