Te vejo na escola
Finalmente me toco da real proximidade entre nós, sentindo minhas bochechas queimarem de vergonha. Em resposta, meu estômago dá uma cambalhota pelo nervosismo crescente dentro de mim. Então me levanto bruscamente, fazendo Adrien se estabacar no chão novamente.
— Ai... - resmunga massageando o cocuruto.
— M-me desculpa. - peço envergonhada e começo a olhar para os meus pés, evitando, assim, encará-lo nos olhos.
— Tudo bem, o que aconteceu, afinal?
Adrien se aproxima e eu recuo instantaneamente. A vontade que tenho é de fugir, mas minhas pernas não respondem ao meu comando.
— Pode me contar o que aconteceu? - reforça e tento formular uma resposta para não parecer uma retardada.
Só que minha voz não quer sair, os comandos que mando ao meu cérebro parecem falhar.
Quando finalmente consigo verbalizar algo, minha voz sai mais como um chiado:
— V-você desmaiou e eu fiquei preocupada.
— Pode falar mais alto? Não consegui entender, qual é seu nome? - ele volta a questionar, enquanto sinto seus olhos em mim.
— Marinette. - afirmo, ainda insegura, fazendo o possível para aumentar o tom de voz.
— Bonito nome. - Adrien elogia e eu tenho vontade de me afundar no chão, nunca tinha conversado com ele em todos esses anos. Apenas admirava-o de longe. - Aonde você estuda? Acho que nunca te vi no meu colégio. - ele parece buscar na memória se me conhece de algum lugar. - Ah, eu me chamo Adrien.
Como se eu já não soubesse.
Espera, ele está puxando assunto comigo? Preciso agir como uma garota normal, mas como se faz isso? Eu mal consigo olhar em seus olhos!
— Estudamos no mesmo colégio. - me limito a dizer, com medo de gaguejar.
Sinto Adrien me avaliar, deve estar me comparando a algum bichinho silvestre.
— Você é bem tímida, né Marinette? - ele dá uma gargalhada gostosa e continua a falar: - Tudo bem, não vou te morder.
Eu tenho um leve sobressalto e fico ainda mais acanhada pelos comentários. Adrien, entretanto, parece não se importar, pelo contrário, ele inclina a cabeça e me olha de baixo para cima.
— Preciso ir. - sussurro e viro de costas, morrendo de vergonha.
— Eu vou junto, assim você pode me explicar o que aconteceu aqui. Me lembro de estar andando com um papel em mãos e do nada apaguei. Espera... - Adrien coloca as mãos nos bolsos da calça, adquirindo uma expressão lívida no rosto. - Perdi.
— Procura por isso? - mostro o papel amassado em minha mão. - Foi sem querer, fiquei nervosa quando desmaiou. - minto, sentindo-me péssima ao recordar do conteúdo do bilhete.
— Você leu? - questiona, parecendo constrangido.
— N-não. - torno a mentir, desviando os olhos, não quero me entregar. - Até mais. - entrego o papel e saio correndo para dentro da escola.
Mais tarde, na hora do intervalo, vejo um Adrien muito sorridente, conversar com Kyoko e lhe entregar um papel. Meu coração aperta imediatamente, então eu corro para o banheiro com os olhos cheios de água.
E se ela aceitar? Se tornariam namorados? Bom, para falar a verdade, os dois formam um lindo casal. Será que devo desistir do Adrien?
(...)
Alguns dias se passaram desde o ocorrido no percurso da escola e agora eu tenho fugido ainda mais de Adrien. Tenho medo de que ele me ignore e finja que não me conhece, no entanto, também tenho receio de que venha puxar assunto todo alegre e sorridente, como ele sempre é. Em ambas as situações eu não saberia como agir. Contei a Alya o que aconteceu — uma das minhas poucas amigas, além dela tenho Luka e Juleka — e ela olhou-me solidária, obviamente com pena de mim: Descobrir dessa forma que o garoto que você gosta é apaixonado por outra, deve ter sido bem chato. Essas foram suas palavras.
Eu disse à Alya que se ela não se declarar ao Nino — amigo do Adrien — logo, isso pode ocorrer com ela também. Minha amiga pareceu pensar no assunto, acho que vai criar coragem e chamá-lo para sair, ao menos uma de nós precisa ser feliz no amor.
— Ei, Mari. - Luka me chama, animado. - Você sumiu no intervalo, o que aconteceu?
— Hã, nada de mais, Luka. Está tudo bem. - respondo, tentando despistá-lo.
Realmente eu havia sumido, não queria que Adrien me visse e também não queria vê-lo com a Kyoko.
— Certo, mas eu e a Juleka ficamos preocupados. Encontramos a Alya e ela disse que você estava meio triste. Só não contou o motivo, é verdade? - Alya e sua boca grande, pelo menos ela não contou o porquê da minha tristeza.
Eu preciso ponderar minha resposta, para parecer convincente:
— Alya é meio exagerada, vocês a conhecem. Está tudo bem.
— Certo, então vamos indo. Pensei em fazermos um som em casa, bora? - chama animado.
Eu apenas dou risada com a empolgação dele.
— Preciso estudar para as provas, me desconcentrei esses dias. - invento uma desculpa.
Observo pelo canto de olho, quando Adrien passa batido e entra na escola. Sem entender, permaneço com meus olhos nele.
— Mari! - ouço a voz do Luka e volto minha atenção ao meu amigo. - Você viajou agora.
— Me desculpa, lembrei que esqueci uma coisa na sala. Preciso voltar e talvez encontre vocês mais tarde, tudo bem? - proponho, agitada.
Nem espero resposta, apenas corro em direção à escola novamente, sentindo meu coração acelerar com o movimento repentino.
O que deu em mim ao correr atrás do Adrien dessa forma? Por um momento, senti uma vontade gigante de vê-lo, nem que fosse de longe. Queria poder me aproximar. Esses últimos dias eu passei todo o tempo me escondendo — mais do que o normal —, sendo que deveria pelo menos perguntar se ele está bem. Afinal, desmaiar do nada não deve ser bom. Só que minha timidez não me permitiu, eu tive muito medo, não suportaria vê-lo me ignorar. Acho que Adrien nem lembra mais da garota que o ajudou.
— Marinette? - ouço uma voz rouca me chamar, parecendo receoso e congelo por um momento.
É o Adrien. Ele lembra meu nome?
Viro o rosto devagar e vejo um par de olhos muito verdes me encarando com ar de curiosidade.
— Oi, Adrien. - respondo sem graça.
— Nunca mais te vi na escola, nem pude agradecer a ajuda que me deu. - ele protesta aproximando-se de mim. - Você está bem?
— E-estou bem sim e não precisa agradecer. - agito as mãos envergonhada.
Abaixo os olhos e, como sempre, faço o possível para não manter o contato visual. O olhar de Adrien é tão intenso, parece que ele consegue enxergar até nossa alma.
— Por que nunca olha diretamente para mim? - questiona, parando à minha frente. - Você tem olhos tão lindos, aliás, você é toda linda e... - ele interrompe a frase de repente.
Eu sinto meu estômago revirar e meu coração bater forte contra o peito. Adrien me acha linda?
— Me desculpe. - reúno forças para olhá-lo nos olhos.
— Sério, aliás, posso te pagar um almoço? — indaga, parecendo cheio de expectativas.
— Pode. — e novamente baixo os olhos, meu rosto deve estar tão vermelho nesse momento.
Por que sou assim?
Adrien coça a cabeça e sorri, com as bochechas um pouco coradas, bem menos do que as minhas, porém fofo.
Muito fofo!
— Por que sumiu? Eu te procurei várias vezes, mais nada. - mordo o lábio tentando acompanhar a interação sem surtar.
— Eu tinha muito dever. - minto novamente.
— Você mente muito mal, sabia? - retruca e abre um sorriso travesso.
— O que? - murmuro em resposta.
— Não sei, algo me diz que está me evitando, só não sei o porquê. - ele faz uma careta divertida.
Passando o indicador e o polegar pelo queixo, como se estivesse tentando imaginar um motivo.
— Não é isso, sério. - afirmo, tentando soar firme. Entretanto, minha voz sai novamente como um chiado.
— Se não é, me deixa te pagar um almoço qualquer dia desses, preciso agradecer de alguma forma. - propõe gentil.
Noto aquele mesmo sorriso gigante aparecer em seu rosto. Seus olhos se estreitando com o ato... Tão lindo.
— Não precisa se incomodar, Adrien. Tudo bem mesmo. - tento desconversar, mas por dentro estou saltitando de alegria.
Adrien me chamou para sair? Bom, acho que é apenas por gratidão, de todo modo, nunca imaginei que isso poderia acontecer. Já é um avanço, não?
— Marinette, estou falando sério. - chama novamente minha atenção para si. - Você parece ser uma garota legal, fiquei feliz de te conhecer. - ele sorri novamente, desarmando minhas defesas.
— Sério? - deixo escapar e fixo o olhar no garoto loiro à minha frente.
— Marinette? - ouço-o me chamar novamente. - Você vem comigo?
— S-sim. - é só o que consigo formular.
Mal consigo conter as borboletas imaginárias no meu estômago.
— Que ótimo! - ele exclama animado. - Naquele dia eu desmaiei porque não comi, estava um tanto afoito pelo que ia fazer que perdi a fome... - Adrien hesita por um momento, como se buscasse as palavras e conclui. - E meu plano nem deu certo, afinal.
Sinto uma pontada no peito e me lembro do bilhete, não sei ao certo o que aconteceu. Pode ser que Kyoko não tenha aceitado. Agora não sei se fico feliz ou triste com essa possibilidade.
— Bom, então eu vou indo. - faço menção de me virar, mas sou impedida pela voz dele mais uma vez.
— Te vejo na escola amanhã?
Espio Adrien me olhar com os olhos cheios de expectativas. Fito meus próprios pés e abro um grande sorriso:
— Claro. - confirmo com o restante de coragem que me sobrou.
____
Oi gente, não sei se essa fanfic vai ser universo alternativo ou se eu vou entregar os Miraculous a eles mais pra frente. Espere que gostem!
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