Capítulo 8: De Lados Opostos.
Capítulo 8: De Lados Opostos.
No final da tarde, o céu se fechou de uma vez, tomado por nuvens tão escuras que era como se a noite tivesse chegado mais cedo. A chuva começou com força, pesada e furiosa, com gotas grossas que caíam em ondas sobre a terra. Em poucos minutos, a terra vermelha da fazenda já estava encharcada, a água formando poças que logo fariam lama para todo lado.
Raios cortavam o céu em zigue-zague, iluminando tudo ao redor por breves segundos, seguidos de trovões ensurdecedores que faziam o coração pular dentro do peito. Eu estava observando tudo da varanda da casa grande, o som da chuva tão alto que parecia ecoar por toda parte. Mas logo percebi que aquilo não era só um temporal; era uma tempestade das grandes, parecida com a que derrubou a árvore no galpão.
Olhei para os lados, procurando o que fazer. Sabia que, em condições como aquela, os animais ficavam agitados, amedrontados até. Eles precisavam ser levados para o abrigo, protegidos do vento e da chuva que castigava sem piedade. Decidi agir rápido e fui até o galpão onde os suprimentos eram guardados porque era mais perto do curral, mas, antes mesmo de abrir a porta, a figura de Joaquim apareceu no caminho. Estava encharcado, as roupas grudadas no corpo, os cabelos molhados escorrendo pela testa. Ele parecia concentrado, mas quando me viu, fez uma pausa breve, quase imperceptível, antes de dar aquele sorriso irônico de sempre.
-Tá com medo da chuva, Gabriel?- ele provocou, com uma voz rouca que parecia mais grave com o som da tempestade ao fundo - Se você adoecer de novo não vou fazer mais sopa.
Respirei fundo, tentando não dar atenção à brincadeira, mas o fato de estarmos ali, apenas nós dois, em meio àquela situação intensa, me deixava ainda mais nervoso. O frio da chuva misturado ao calor que emanava do meu corpo me confundia.
-Se não tivermos cuidado, vai acabar alagando tudo aqui-, respondi, evitando encará-lo nos olhos.
Ele assentiu, e, por um instante, trocamos um olhar de entendimento. Sabíamos o que precisava ser feito, e não havia tempo a perder. Juntos, nos dirigimos para os currais, a chuva encharcando cada centímetro das nossas roupas. Cada passo era difícil, pois o chão estava escorregadio, transformado em lama que grudava nas botinas e nos atrasava ainda mais.
Chegando ao primeiro cercado, os cavalos estavam inquietos, relinchando e sacudindo as cabeças de um lado para o outro. Joaquim foi à frente, abrindo o portão, e me orientou a puxar as rédeas de um dos animais enquanto ele guiava o outro. A proximidade dele fazia com que eu sentisse o cheiro da chuva misturado ao suor, algo forte e inexplicavelmente atraente. Me forcei a manter o foco, a olhar para os cavalos e não para ele, mas a cada movimento era impossível ignorar a presença dele ao meu lado, tão próxima.
Em um momento, quando um relâmpago iluminou o céu, o cavalo que eu segurava empinou, assustado, e quase me fez perder o equilíbrio. Joaquim foi rápido, deixando o próprio animal de lado e me pegando pela cintura, impedindo que eu caísse na lama. Ele estava tão perto que eu pude ver o brilho dos olhos dele, mesmo sob a chuva e a pouca luz. A mão dele apertava a minha carne com firmeza, e fiquei paralisado por alguns segundos, totalmente arrepiado e incapaz de desviar o olhar. O som da tempestade parecia desaparecer, deixando apenas o som das nossas respirações.
-Não vacila, Gabriel-, ele disse, num tom baixo, quase um sussurro. Senti o coração bater mais rápido, e era como se o calor do corpo dele me envolvesse por completo, mesmo com a chuva gelada caindo ao nosso redor.
Me soltei dele rapidamente, disfarçando o nervosismo, e continuei a tarefa. Terminei de guiar o cavalo até o abrigo, enquanto ele fazia o mesmo com o outro. No entanto, enquanto tentamos juntos salvar as coisas da água, nossos caminhos se cruzavam o tempo inteiro. Precisávamos carregar o feno, reforçar as tábuas do cercado que ameaçavam cair com o vento forte e, em cada movimento, estávamos próximos, os corpos se esbarrando sem querer. Cada toque, mesmo que breve, parecia incendiar algo dentro de mim.
Houve um momento em que estávamos tentando fechar o portão principal do galpão. O vento era tão forte que a madeira rangia, e nós precisávamos usar todo o peso do corpo para empurrar e trancar o cadeado. Eu estava com as costas contra a porta, empurrando com força, e Joaquim estava logo ao meu lado, tão próximo que eu podia sentir o calor do corpo dele mais uma vez. Ver a água escorrendo pelo rosto dele, o olhar fixo em mim enquanto fazia força, era hipnotizante. A tensão era palpável, cada respiração pesada, como se estivéssemos no limite entre o que era permitido e o que não era.
Por um momento, ele pareceu hesitar. As mãos dele ainda pressionavam a porta ao meu lado, os dedos quase roçando os meus, e o rosto dele estava tão próximo que bastava um movimento para que nossos lábios se encontrassem. O ar parecia eletrificado, uma expectativa tão densa que eu quase podia tocar. Senti meu próprio peito subir e descer rápido, e percebi que ele me observava, como se tentasse entender o que se passava na minha mente.
-Nunca te vi tão quieto, Gabriel-, ele murmurou, o tom rouco misturado com um sorriso quase provocador. -Será que é o medo da tempestade... ou outra coisa?
Engoli em seco, o rosto queimando. Ele sabia o efeito que tinha sobre mim, e eu sabia que ele estava se aproveitando disso. Mas, em vez de responder, apenas permaneci ali, os olhos fixos nos dele, esperando o que ele faria a seguir. Ele ergueu uma das mãos, os dedos deslizando de leve pelo meu rosto, num toque que parecia durar mais do que deveria, lento e intencional.
Mas, antes que pudesse acontecer algo mais, um trovão enorme ecoou, tão alto que fez os cavalos se agitarem, interrompendo o momento. Joaquim se afastou, voltando a empurrar a porta, e eu tentei recuperar o fôlego, o corpo ainda tremendo pelo que quase aconteceu. Terminamos de fechar o galpão, cuidando dos últimos detalhes enquanto a chuva seguia implacável. Quando tudo estava finalmente seguro, nos olhamos de novo, e eu estremeci, mas me mantive firme no lugar.
O que quer que fosse aquilo entre nós, ainda estava ali, pulsando, mas não podia vir à tona. Era errado, desesperadamente errado, eu não deveria estar correspondendo. Eu não devia... mas como evitar algo que meu corpo queria tanto?
Assim que terminamos as últimas tarefas, a tempestade finalmente começou a diminuir, reduzindo-se a uma chuva pesada e constante. O barulho do vento perdeu a força, mas a tensão entre nós ainda parecia tão violenta quanto os relâmpagos que cortavam o céu minutos antes. A sensação de algo não dito se agarrava ao ar.
Paramos embaixo do grande pé de manga atrás da casa grande. Olhei para Joaquim, que, agora menos molhado, tentava se ajeitar, retirando a água dos cabelos levemente grisalhos com as mãos. Ele me olhou de canto, um leve sorriso no rosto, mas sem aquele sarcasmo costumeiro. Havia algo mais na maneira como ele me encarava. Eu podia sentir meu rosto esquentar de novo, e desviei o olhar, mas algo me prendia ali.
-Bom, parece que a gente deu conta do estrago por hoje,- ele disse, a voz suave mas carregada de um tom diferente, mais denso.
Assenti, sem ter certeza do que responder. As palavras estavam presas na garganta, e eu não sabia ao certo o que dizer ou fazer. A proximidade dele ainda estava fresca na minha mente, e a lembrança do toque das mãos dele, do rosto dele tão próximo do meu, era algo que eu não conseguia afastar. Aquela noite parecia ter mexido comigo de um jeito que nem eu mesmo entendia.
-Você vai ficar aí parado ou vai voltar pra casa?- ele perguntou, com um sorrisinho cheio de provocação. Ele havia cruzado os braços, se inclinando ligeiramente contra o tronco da árvore, os olhos fixos em mim. Aquele olhar era intenso demais, como se ele estivesse me desafiando a tomar uma decisão, a dar um passo.
Pensei em responder, mas as palavras ainda estavam travadas, e senti que qualquer coisa que dissesse só faria a situação ficar mais constrangedora. Foi então que ele descruzou os braços e deu um passo na minha direção, seus olhos fixos nos meus, desafiadores mas quase inseguros.
-O que foi, Gabriel? Tava achando que só você fica afetado quando a chuva cai?- ele disse, a voz baixa, quase um sussurro.
Lembrei da última chuva em que estivemos juntos, os dias em que ele cuidou de um jeito que eu não podia descrever de outra forma se não carinhoso. Aquilo fez algo em mim se romper. Era como se ele estivesse me chamando para enfrentar algo que eu vinha tentando evitar. Dei um passo em direção a ele, tão perto que podia sentir o calor que emanava do corpo dele, e nossos olhares se cruzaram de novo, havia tanta hesitação em nós dois.
-O que você acha...?- eu respondi, minha voz menos que um sussurro.
Joaquim ergueu uma sobrancelha, o sorriso dele foi sumindo, e no lugar ficou uma seriedade inesperada, um desejo velado. Ele deu um passo a mais, até que estávamos a poucos centímetros de distância. Meu coração batia tão alto que temi que ele pudesse ouvir.
Mas, antes que qualquer um de nós pudesse dar o próximo passo, ele recuou ligeiramente, o olhar mudando de intensidade. Parecia ter ultrapassado os próprios limites.
-Gabriel...-, ele murmurou, hesitante, como se algo o fizesse segurar as palavras.
Por fim, ele soltou um suspiro, deixando o silêncio se estender entre nós. A tensão da tempestade já havia passado, mas aquele sentimento estranho continuava intacto, e eu sabia que não seria a última vez que sentiríamos isso. Com um último olhar profundo, ele se virou, caminhando devagar em direção à casa dele, deixando a promessa daquele momento pairar no ar, como um segredo guardado entre nós dois. No final, talvez fôssemos cúmplices naquele crime.
XXX
Enquanto eu caminhava de volta pra casa, a cabeça fervilhava. A chuva que caía leve parecia agora carregar o peso das dúvidas que me atropelavam que nem vaca desgovernada. Sentia o corpo ainda quente daquele momento com o Gabriel no galpão, a intensidade nos olhos dele, o jeito que ele me enfrentou sem desviar, como se tivesse aceitado o desafio que eu mesmo nem sabia que tava lançando. E eu me perguntava: desde quando isso tinha começado?
Sempre achei que sabia o que queria, o que esperava da vida. Cresci sabendo meu lugar, cuidando da terra, dos animais, fazendo meu trabalho e só. E, por mais que a solidão às vezes pesasse, nunca me ocorreu que precisasse de mais do que isso. As pessoas vinham e iam, e eu sempre mantinha distância. Amores complicam a vida. Mas agora... agora, eu tava aqui, confuso, remoendo a situação com alguém que eu nunca teria imaginado.
Gabriel era tudo o que eu não era. Tinha uma vida diferente, gostos diferentes, uma forma de ver o mundo que, se eu fosse sincero, eu nunca tinha entendido bem. Pra mim, ele parecia frágil demais, fora de lugar. Mas então, como ele conseguia mexer tanto comigo? Aquilo não fazia sentido, e eu não gostava de coisas que não faziam sentido. Isso deixava tudo mais complicado.
Me sentei na cama, o silêncio da noite se misturando ao som leve da chuva que pingava nas telhas. Olhei ao redor, minha vida resumida a esse quarto simples, à terra que eu conhecia como a palma da mão, aos animais que dependiam de mim, a uma rotina que eu escolhi. Era tudo o que eu tinha, e, até Gabriel aparecer, era o suficiente. E agora... agora eu me sentia perdido.
Suspirei, esfregando o rosto, tentando afastar as lembranças dele tão perto, dos olhos fixos nos meus. Talvez eu só estivesse ficando velho e carente, talvez fosse só o calor do momento. Mas, no fundo, eu sabia que não era só isso. Havia algo mais ali, algo que... Minha nossa senhora, eu iria pro inferno se tivesse que admitir!
-É isso mesmo, Joaquim Francisco?-, pensei amargurado, me perguntando se eu teria coragem de seguir com essa confusão toda.
Fazia tempo que eu tinha decidido não me apegar a ninguém, que cuidar da fazenda e das minhas coisas era o bastante. Mas Gabriel, com esse jeito meio arrogante, meio deslocado, tinha virado tudo de cabeça pra baixo. Ele me fazia questionar escolhas que eu sempre achei sólidas, seguras. E me fazia questionar quem eu era, ou quem eu achava que era.
Deitei na cama e deixei a mente vagar pro passado. Lembrei de como cresci rodeado de gente que pensava tudo igual. Na roça, a vida é simples, mas as opiniões são rígidas. Aqui, homem é homem, e tudo fora disso é visto como aberração, falta de Deus. Essa ideia foi jogada em cima de mim desde criança, como se tivesse uma cartilha do certo e errado que ninguém ousa contestar. Homens da minha família, especialmente meu pai, viviam pra deixar claro que qualquer coisa diferente do que eles esperavam era motivo de vergonha.
Lembro das vezes que alguém comentava com desdém, ridicularizando qualquer coisa que fugisse do padrão. Era sempre a mesma coisa: risadas disfarçadas, olhares de reprovação e aquele orgulho cego da própria "macheza." Cresci ouvindo o quanto ser homem de verdade significava manter uma fachada de força e uma postura fechada, nunca chorar, nunca pedir ajuda. Eu mesmo nunca tinha parado pra questionar isso antes. Só fui seguindo as regras, sem pensar.
Mas agora... pensando bem, sempre tive essa sensação esquisita, como se estivesse vendo tudo de longe, sem realmente fazer parte. Nunca fui de rir junto nas piadas, de concordar com aquelas opiniões carregadas de preconceito. Só nunca falei nada. Sempre pensei que se eu ficasse quieto, mantendo a cabeça baixa, ninguém ia me questionar, e eu poderia levar a vida em paz. Mas o que eu faria agora, se um dia eu realmente resolvesse admitir o que ando sentindo? Minha família... como será que iam reagir?
Pensei no meu pai, no peso das palavras dele, nas lições duras que ele me passou sobre ser "um homem de verdade", coisas que ele repetiu tanto em vida e deve ter levado com ele pro caixão. Ele nunca me perguntou o que eu realmente queria pra mim, nunca tentou me entender, só impôs aquelas regras que ele mesmo seguia. E eu acatei, porque era mais fácil do que confrontar. Mas e se um dia ele descobrisse que o filho dele...?
Suspirei, sentindo o peito apertar com a ideia, ele provavelmente morreria de novo e minha mãe devia é chorar. Toda a família ia se virar contra mim, olhar com desprezo, meus irmãos nunca foram diferentes dos meus pais. Esse tipo de coisa não é aceita por aqui; homem com homem é quase uma ofensa, uma vergonha pra família. E eu sei que, se um dia eu resolvesse me abrir, eles não iam tentar entender. Me diriam pra criar vergonha na cara, pra encontrar uma mulher e fazer uma família, porque esse é o "destino certo" pra um homem.
Mas o mais irônico disso tudo é que, no fundo, eu mesmo nunca acreditei nesses valores que me ensinaram. Sempre achei besteira julgar alguém pelo jeito de ser. Respeito cada um do seu jeito, sem ver o amor entre dois homens ou duas mulheres como coisa errada. Só que nunca me imaginei na situação. Nunca achei que fosse algo que pudesse fazer parte da minha vida. Mas agora, com Gabriel, essa possibilidade toma uma forma tão concreta que chega a doer.
Acho que ele nunca me veria de verdade, não como sou, com meus medos, minha insegurança. Ele é um garoto rico, de um mundo diferente do meu e uns vinte anos mais novo, não passo de um velho quebrado perto dele. Tudo isso provavelmente não deve passar de uma curiosidade pra ele, uma fase que logo vai superar. E, quando isso acontecer, eu seria apenas alguém do passado, alguém que ele conheceu em uma fazenda e de quem se esqueceu quando a vida seguiu.
Afundei a cabeça no travesseiro, tentando empurrar os pensamentos para longe, mas era inútil. As imagens de Gabriel surgiam cada vez mais fortes, e cada vez mais confusas. Lembrava do jeito como ele me olhava, às vezes curioso, outras com aquela frieza distante que só fazia aumentar meu desejo. O jeito como o cabelo loiro dele ficava bonito no sol, aqueles olhos verdes brilhantes, e o corpo dele, menor e tão mais delicado que o meu.
Era estranho me sentir assim, como se eu fosse um adolescente confuso de novo, mas, ao mesmo tempo, era a primeira vez que alguém me fazia duvidar tanto do que eu acreditava ser meu caminho.
Ainda assim, a realidade batia mais forte. Não importa o que eu sinto, não importa se eu consigo ver, ainda que à distância, uma vida diferente do que sempre imaginei. Eu não podia me dar ao luxo de quebrar as regras, de me arriscar em um caminho sem volta. Gabriel era diferente, era tudo o que eu nunca tive e o que jamais poderia alcançar. Ele era do tipo que podia escolher a própria vida, enquanto eu estava preso ao que os outros determinavam para mim, ao que o trabalho na fazenda me permitia.
Eu não podia ignorar o quanto isso me afetaria. Num lugar como esse, as pessoas são rápidas para julgar, e, se eu fosse taxado com um rótulo desses, estaria acabado. Me arriscar significaria perder o emprego, a chance de sustento. Se as pessoas ao redor soubessem... não arranjaria trabalho em lugar nenhum por aqui. Minha vida, que já era limitada, ficaria ainda mais estreita. Não era só o medo de perder o trabalho, mas o medo de perder tudo o que, de alguma forma, eu construí até aqui.
Me peguei pensando em como seria se tudo fosse diferente, se eu pudesse baixar as defesas, olhar Gabriel nos olhos e dizer a ele o que estava guardado dentro de mim. Mas isso não passava de um sonho, uma ilusão que eu não podia me permitir ter. Gabriel era de outra classe, com outra realidade, e, no fim, para ele, tudo isso não significava nada.
Suspirei, sentindo a dor ardida da decisão, o amargor da realidade que se impõe. Por mais que esse sentimento por Gabriel seja forte, a ideia de arriscar tudo, perder tudo, por algo que ele provavelmente nem vê do mesmo jeito... Não posso me dar a esse luxo. Não posso seguir adiante com esse sentimento, não importa o quanto isso doa agora.
Minha respiração pesou, como se precisasse tomar fôlego para encarar a solução que sabia ser a única possível: eu tinha que enterrar de vez o que estava sentindo. Colocar uma pedra em cima desse desejo que me consumia e seguir em frente, do jeito que sempre fiz.
Aquela noite, enquanto a chuva finalmente parava de cair do lado de fora, decidi que minha vida seguiria o rumo certo, o que sempre imaginei. Gabriel continuaria sendo apenas o patrão, alguém distante, impossível pra mim. E eu, apenas o caseiro que ele esquece assim que atravessa o portão da fazenda.
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