Capítulo 7: Entre A Raiva E A Atração.
Capítulo 7: Entre A Raiva E A Atração.
Acordei numa manhã fria de outubro, o sol tímido esquentando o quarto, mas ainda mais fraco do que meu costume. Já fazia um mês e meio que eu estava na fazenda, e, em todo esse tempo, o meu humor não havia mudado muito. O trabalho duro, a solidão e, principalmente, o convívio com Joaquim tinham o efeito de me manter em um estado constante de irritação. Mas nos últimos dias, a natureza da minha frustração parecia diferente, e isso me confundia.
No início, toda a minha raiva era simples: Joaquim era o capataz que eu detestava, alguém que achava que sabia mais do que eu sobre qualquer coisa no mundo e não hesitava em demonstrar. Sempre com aquele jeito bruto e indiferente, como se eu fosse uma obrigação indigesta. Mas, conforme o tempo passou, me vi notando coisas nele que iam além do seu jeito grosso e do seu olhar crítico.
Lembro-me de uma tarde em que o observei de longe, manejando o gado com uma habilidade que parecia quase sobrenatural. O jeito que ele comandava a boiada como se fossem apenas ratinhos adestrados, e não animais de meia tonelada. Por um instante, senti um aperto estranho no peito, algo que não era raiva nem desprezo. Me peguei quase admirando aquele homem, o que me fez reprimir o pensamento com força. Mas a imagem dele, concentrado e completamente alheio a mim, ficou gravada na minha mente.
No entanto, a rotina seguia o mesmo padrão. Eu tentava evitar Joaquim o máximo possível, mas a fazenda não oferecia tantas opções de fuga. Tínhamos que interagir, fosse nas tarefas diárias ou nas refeições. E, a cada encontro, o que antes parecia ser só antipatia agora se misturava a uma tensão estranha, algo que me deixava desconfortável e confuso.
Às vezes, Joaquim percebia quando eu o observava, mas sua reação era quase sempre indiferente. Não havia uma mudança de expressão, nem mesmo um traço de curiosidade ou malícia. Ele simplesmente continuava o que estava fazendo, como se minha presença ali fosse completamente irrelevante para ele. Era como se eu fosse um fantasma, alguém que ele via, mas não sentia.
Essa frieza só me deixava ainda mais intrigado. Eu sabia que precisava me controlar, mas cada interação com ele me deixava em um estado de alerta. Certa noite, enquanto estávamos no galpão, Joaquim me pediu ajuda para levantar algumas sacas de ração. O toque de sua mão, mesmo que breve, pareceu pulsar na minha pele, me pegando desprevenido. Me afastei rapidamente, fingindo que era só cansaço, mas o olhar dele sobre mim pareceu pesar um pouco mais do que o normal.
No caminho de volta para o meu quarto, me senti um idiota. "Isso é loucura", pensei, tentando racionalizar aquele turbilhão dentro de mim. Joaquim era apenas o caseiro, e eu, um hóspede temporário, alguém que em breve iria embora. Mas, por algum motivo, o pensamento de deixá-lo para trás não era tão fácil quanto imaginei no início. E esse era meu atestado de loucura.
Os dias se tornaram uma luta constante entre a minha raiva e uma... Atração? Pelo amor de Deus, parecia ainda pior chamando assim. Era como se meu corpo me traísse a cada nova interação, e a cada toque, por mais casual que fosse, a sensação de calor se intensificava. Eu me sentia refém daquela tensão que crescia entre nós, mesmo que, aparentemente, só eu estivesse preso nela. Joaquim, alheio ou não, seguia sendo a mesma figura enigmática e distante, um homem que me confundia e me fazia questionar coisas que eu nunca antes pensei.
Ao longo daquela semana, continuei brigando com meus sentimentos, tentando ignorá-los, sufocá-los. Mas a verdade é que, pela primeira vez, eu não conseguia controlar algo dentro de mim.
As noites começaram a se arrastar. Eu me virava na cama, incomodado com a presença de Joaquim que, mesmo distante, parecia estar em todos os lugares da fazenda, impregnando o ar com aquele jeito silencioso. Às vezes, eu fechava os olhos e imaginava seu rosto, as expressões fechadas que escondiam algo que eu queria, ao mesmo tempo, desvendar e evitar. Era ridículo, eu sabia. Cada segundo que passava alimentando esse tipo de pensamento me fazia sentir patético, fraco.
Um dia, enquanto ordenhávamos o gado juntos, o silêncio entre nós ficou ainda mais denso do que de costume. A tensão estava tão espessa que era quase palpável, uma presença invisível que me fazia perder o foco. Joaquim trabalhava como sempre, sem dar sinais de estar afetado, mas cada movimento dele me parecia amplificado. Era como se eu estivesse observando tudo em câmera lenta: as mãos calejadas segurando o balde, os olhos atentos aos animais, a respiração calma que contrastava com a minha, que estava irregular e pesada.
Então, algo me fez sair do transe. Ele olhou para mim, direto, de uma maneira que eu não tinha visto antes. Não era um olhar de censura nem de impaciência; era um olhar penetrante, como se ele finalmente estivesse notando algo em mim. Meu coração acelerou, e eu congelei, incapaz de desviar o olhar. Por um segundo, tive a impressão de que ele ia falar algo, mas ele apenas ergueu uma sobrancelha, antes de perguntar –O que você está olhando?
Eu rapidamente me recompus, tentando disfarçar meu constrangimento com uma tosse seca. –Nada. Só... pensei que você tivesse esquecido o balde lá atrás.
–Esquecer o balde?–, ele respondeu com um meio sorriso. –Sou eu quem esqueço as coisas, agora?
Sua voz tinha um tom sarcástico, mas o sorriso era algo que eu raramente tinha visto nele antes, um traço de humor que tornava o rosto dele, por um breve instante, quase amigável. Aquele sorriso mexeu comigo de um jeito... Puta merda, eu me odiava por sentir isso. Sem saber como responder, apenas murmurei algo que nem eu mesmo entendi e me afastei, saí praticamente correndo, o rosto quente e as mãos trêmulas.
A partir desse dia, tudo entre nós ficou mais estranho, mesmo que nenhum de nós admitisse isso em voz alta. Ele continuava com aquele jeito reservado, mas agora eu notava pequenos detalhes que antes me escapavam: como ele deixava o café forte e quente na minha cozinha mesmo depois que eu dizia que não queria; ou como, nos momentos de descanso, ele ficava em silêncio, mas me lançava olhares discretos, rápidos demais para serem confirmados, mas que eu percebia. E, desde que eu havia adoecido depois de tomar chuva, ele vez ou outra questionava sobre o meu bem-estar.
Eu tentava me convencer de que estava imaginando tudo, que era apenas cansaço ou o isolamento na fazenda que me fazia criar cenários na minha cabeça, talvez fosse só falta de sexo. Mas era difícil ignorar as faíscas que surgiam cada vez que ele estava perto. O cheiro de cigarro e suor que ele trazia com ele, o calor que emanava quando acidentalmente encostava em mim, e aquela presença que parecia envolver tudo ao nosso redor.
Era como estar preso numa armadilha invisível. Quanto mais eu tentava lutar contra essa confusão de sentimentos, mais eu parecia enredado, incapaz de escapar.
As noites tornaram-se ainda mais solitárias. Não que eu não tentasse espantar essa sensação, ignorar o desconforto. Mas, ao fechar os olhos, tudo o que eu via eram fragmentos de momentos com Joaquim: o sorriso raro, o olhar intenso, a maneira firme com que lidava com o trabalho, o jeito que ele cuidou de mim quando eu desmaiei. Era algo que eu não conseguia controlar, e a cada dia, isso me incomodava mais. Ele era um homem, um homem pobre e alguém que jamais seria aceito pela minha família idiota e... Meus Deus, eu nem sou gay! Eu não posso ser, o que meu pai diria? Ele odiava qualquer menor referência a homossexualismo.
Aquilo tudo não podia passar jamais de um surto meu, porque se passasse, o pouco na vida que eu conquistei iria desmoronar. Porém, o que fazer quando tudo estava acontecendo de modo a destruir meu autocontrole?
Foi numa manhã de domingo, enquanto trabalhávamos juntos, que a tensão finalmente transbordou. Eu tinha folga a cada quinze dias, o que consistia em um final de semana trabalhando, e outro livre para dormir até tarde, já que o cansaço consumia qualquer força de vontade que eu tivesse para ir a Itauçu encher a cara. Nesse dia estávamos consertando uma cerca, e Joaquim, como sempre, mantinha-se em silêncio, focado no que fazia. Mas, por alguma razão, aquele silêncio me incomodava mais do que nunca. A cada martelada, a cada prego, a irritação crescia em mim, como um monstro peludo de topete vermelho. Sem conseguir me conter, larguei a ferramenta com força.
–Qual é o problema?– disparei, sem nem pensar direito. Que merda de pergunta doida foi essa? E sem contexto!
Joaquim me lançou um olhar demorado, não sei se ponderando uma resposta ou pensando que eu pirei. Então, suspirou, limpando as mãos no jeans surrado.
–O problema? Tá perguntando isso pra mim?– Ele sorriu, mas não era um sorriso simpático, era aquele tipo de sorriso irônico, cheio de significados que eu não queria decifrar. Ok, ele tinha entendido a merda da pergunta. –Acha que eu não percebo?
– Se percebe porque continua tão distante?! – continuei, a voz um pouco mais alta do que o necessário, mas eu não ligava.
Ele ergueu uma sobrancelha, mas continuou a me observar sem dizer nada, o que só serviu para aumentar minha raiva.
–O que foi?– desafiei. –Vai continuar aí parado, me julgando sem dizer nada?
Para minha surpresa, Joaquim deu um passo na minha direção. Por um segundo, meu coração disparou, e me senti ameaçado – ou talvez algo mais que eu não queria admitir. Ele parou a poucos centímetros de mim, a expressão agora séria, mas sem raiva.
–Eu não tô te julgando, Gabriel,– ele disse, a voz baixa e firme. –Acho que isso é coisa sua. Esse peso que sente... essa raiva... isso tudo é você com você mesmo.
Engoli em seco, sentindo uma mistura de raiva e vergonha. Ele estava certo, e saber disso só tornava tudo mais difícil. Mas antes que eu pudesse responder, ele colocou a mão no meu ombro. Aquele toque, quente e firme, me desarmou completamente.
Eu queria responder, talvez afastá-lo, mas minha voz sumiu. Estávamos tão perto que eu podia ver as pequenas linhas de expressão ao redor dos olhos dele, a barba que mesmo recém feita já manchava seu rosto de novo, o leve movimento do peito subindo e descendo. Joaquim parecia tão calmo, tão sólido, enquanto eu sentia o caos em cada célula do meu corpo.
–Se tiver algum problema comigo, Gabriel,– ele continuou, quase num sussurro, –você pode falar. Mas não precisa se desgastar assim.
De repente, o silêncio caiu sobre nós, denso e pesado. Ele tirou a mão do meu ombro, e eu imediatamente senti a ausência daquele contato, como se algo essencial tivesse me escapado.
Antes que eu pudesse me recompor, ele deu as costas e voltou ao trabalho, deixando-me ali, estático, com o rosto queimando e o peito em chamas.
Passei um tempo parado, tentando assimilar o que havia acabado de acontecer. Era como se uma boiada inteira tivesse passado por cima de mim. A raiva que eu sentia, que eu direcionava a ele, havia desmoronado em um vazio que me deixava mais confuso e... exposto. Nunca imaginei que Joaquim pudesse enxergar tão claramente aquilo que eu mesmo evitava encarar. Meu peito ainda doía, mas dessa vez era diferente; era uma espécie de dor misturada com algo que eu não sabia descrever.
Terminei o trabalho de qualquer jeito, tentando evitar olhar para Joaquim. Ele continuava como se nada tivesse acontecido, concentrado, com aquela calma que parecia inabalável e que matava por dentro. Quando finalmente terminamos, eu apenas murmurei um "até logo" e saí rápido, sem olhar para trás.
Os dias seguintes foram um teste de resistência. Eu tentava, desesperadamente, afastar aqueles pensamentos, mas parecia que tudo conspirava para manter Joaquim em minha mente. Eu o observava, disfarçadamente, enquanto ele cuidava dos cavalos, do rebanho, ou até mesmo quando almoçávamos no barulho da área dos peões. Havia algo na forma como ele lidava com as coisas, uma firmeza que eu nunca tive e que me atraía, por mais que eu tentasse negar.
Certa tarde, enquanto recolhia lenha perto do estábulo, ouvi passos atrás de mim. Meu coração disparou antes mesmo de me virar, como se meu corpo já soubesse de quem se tratava. Joaquim parou a uma certa distância, me observando em silêncio. Seu olhar parecia ler todos os meus segredos, despindo-me de qualquer fachada.
–Tá fugindo de mim, Gabriel?– ele perguntou, num tom sério, mas sem agressividade.
Respirei fundo, tentando parecer indiferente como ele, mas minha voz saiu mais baixa do que eu gostaria. –Não sei do que você tá falando.
Ele deu alguns passos, se aproximando até estar a apenas alguns centímetros de mim. O cheiro de cigarro, misturado ao seu perfume, era quase intoxicante de tão bom. –Eu percebo, sabe?–, ele continuou, a voz firme. –Percebo que tem algo que você quer dizer, mas nunca diz.
Fechei os olhos por um instante, sentindo o peso das palavras dele. Eu estava à beira de um precipício, e a queda parecia iminente. Ele era tudo que eu rejeitava e, ao mesmo tempo, tudo que meu coração teimava em desejar. Abri a boca para responder, mas nada saiu.
Então, ele fez algo que eu jamais esperaria. A mão dele tocou meu rosto, lenta e hesitante, mas firme. O toque era quente, quase reconfortante, e eu senti meu corpo inteiro se arrepiar. Ele deslizou o polegar sobre minha pele, me encarando com uma intensidade que me fez perder o fôlego.
–Se tiver alguma coisa pra dizer, Gabriel... diz agora,– ele murmurou rouco, a voz baixa e carregada de uma emoção que me deixou paralisado.
O silêncio que seguiu foi absoluto. Cada fibra do meu corpo gritava para que eu dissesse algo, mas a coragem me faltava. Eu estava vulnerável, exposto de uma forma que nunca estive antes. Mas, antes que pudesse articular qualquer palavra, Joaquim suspirou e retirou a mão, dando um passo para trás.
–Eu não vou insistir, Gabriel,– ele disse, num tom que soava quase triste. –Mas saiba que, quando estiver pronto, eu vou estar aqui. Não sei o que aconteceu... Mas quero resolver as coisas.
Ele se virou e saiu do estábulo, me deixando ali, sozinho, com o coração martelando e a mente girando. Fiquei parado, perdido entre o desejo e o medo, a atração e a confusão. E percebi que, talvez, fugir não fosse mais uma opção.
Quando a noite caiu, eu estava exausto, mas sabia que o verdadeiro cansaço vinha da batalha dentro da minha mente. Me joguei na cama, tentando empurrar as lembranças do dia para o fundo. Mas não demorou muito até que eu fechasse os olhos e sentisse meu corpo relaxar, caindo lentamente num sono conturbado.
XXX
A luz dentro do galpão era suave, quase íntima, e Joaquim estava ali, me encarando com aqueles olhos intensos, que pareciam ver através de mim. Não havia palavras, apenas a presença dele, quente e próxima. Ele se aproximava devagar, e eu não fazia nada para impedir. Sua mão tocava meu rosto, deslizando para a nuca, e o calor do toque se espalhava como fogo pela minha pele.
Quando ele me puxou para mais perto, tudo no meu corpo pareceu ceder. Senti sua respiração, quente e lenta, próxima ao meu ouvido, e o desejo que me invadia era tão intenso que me tirava o fôlego. As mãos dele seguravam minha cintura com firmeza, e eu me rendia a cada toque, cada gesto, como se estivesse me entregando completamente.
Ele colou nossos corpos, e eu senti os contornos dos músculos dele por cima da camisa fina, do peitoral até a barriga trincada. Mas o que me fez tremer foram nossos quadris tão próximos. O simples vislumbre do tamanho do que ele escondia nas calças me fez arrepiar e me esfregar nele, desesperado por qualquer migalha que ele me desse. Joaquim beijou meu pescoço devagar e eu gemi.
Então, ele se afastou apenas um pouquinho, e estava novamente me olhando nos olhos. Ele se aproximava devagar, sua boca tão convidativa para mim...
Mas então, de repente, tudo se desfez. Acordei ofegante, o corpo em chamas, o suor escorrendo pela minha pele. Minha respiração estava rápida e entrecortada, e o desejo que ainda pulsava dentro de mim me deixou completamente desorientado. O sonho foi tão real que eu pude sentir o calor dele ainda impregnado na minha pele.
Nem mesmo conseguir me impedir de descer a mão e apertar a ereção muito nítida entre as minhas pernas. Tremi com o mínimo toque, estava doendo de tão duro.
Por alguns segundos, fiquei ali, sem saber o que fazer. A realidade se misturava com o sonho, e o que eu sentia por Joaquim parecia mais vivo do que nunca. Mas, ao perceber o que aquilo significava, uma onda de desespero tomou conta de mim. Aquela atração, o desejo, tudo aquilo ia contra o que eu acreditava, o que eu entendia sobre mim mesmo, sobre a minha sexualidade. Eu sentia vergonha, medo e um vazio que me sufocava.
Antes que percebesse, senti as lágrimas escorrendo dos cantos dos olhos. A princípio, tentei segurar, mas era inútil. A confusão, a culpa e o desespero eram maiores do que eu. Escondido no silêncio do quarto, deixei o choro vir, um choro baixo e abafado, como se admitir aqueles sentimentos fosse um crime. Não queria sentir aquilo, não queria estar perdido dentro de mim mesmo.
A dúvida corroía minha mente. Eu estava me descobrindo de uma maneira que me assustava, que me tirava o chão. Seria possível que eu...?
Balancei a cabeça, tentando afastar o pensamento, mas era impossível. Joaquim havia mexido comigo de uma forma que ninguém nunca tinha feito, e isso me deixava despedaçado. Passei o resto da noite ali, sozinho, lutando para me recompor, mas a dor não passava.
As horas passavam e o cansaço se acumulava, mas, mesmo assim, o sono não voltava. Fiquei ali deitado, com os olhos presos ao teto, tentando reorganizar os pensamentos. Cada vez que fechava os olhos, a imagem de Joaquim surgia, clara como no sonho, e com ela, um desejo avassalador que eu lutava para ignorar.
Eu tentava me convencer de que era só uma fase, que era a solidão e o isolamento me pregando peças, mas o aperto no peito dizia o contrário. Cada pequena parte do meu corpo reagia a ele, aos gestos dele, e isso me deixava completamente desarmado, sem saber a quem recorrer, a quem perguntar se o que eu estava sentindo era normal.
Eu sentia vergonha, um medo surdo de admitir o que estava crescendo dentro de mim. E, ao mesmo tempo, me sentia sozinho, com uma sensação de que, ao tomar consciência disso, eu nunca mais seria o mesmo. A minha mente jogava comigo, trazendo de volta cada olhar, cada toque de Joaquim, cada vez que ele ficava perto o suficiente para eu sentir seu cheiro.
Porém, o pior pensamento que eu tive naquela noite, foi que, além de extremamente errado e insano, aquele sentimento jamais seria correspondido por um homem como ele. Isso me fez chorar de novo, mais alto dessa vez.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro