Capítulo 21: Barreiras.
Capítulo 21: Barreiras.
Acordei antes do galo cantar, como sempre. Mas hoje o dia não era qualquer um, não. Tava com o peito apertado, um nó danado que não desatava de jeito nenhum. Andei pelo quartinho, pra lá e pra cá, tentando ajeitar as palavras. Mas, ô dificuldade danada pra falar com o coração, viu?
- Então, Gabriel, eu queria te dizer... - comecei a falar sozinho, com a voz saindo baixinha. - Não, não é assim. Parece que tô conversando com um estranho.
Passei a mão no cabelo e bufei. Fazia duas semanas que isso tava na minha cabeça. Agora, com o Natal já chegando, achei que era a hora certa. Só que ficar tremendo no escuro do quarto não ia ajudar em nada.
Tirei do bolso a caixinha de veludo, abri devagarinho e olhei pras alianças. Duas pecinhas simples, mas tão bonitas, brilhando lá dentro. Mandei fazer há pouco tempo, mas toda vez que olhava pra elas, o coração batia apressado. Era amor, nervoso, medo... tudo misturado.
- Vai dar certo, Joaquim - falei baixinho pra mim mesmo, tentando me convencer.
Depois de mais uns minutos de ensaio furado, resolvi sair e botar a mão em alguma coisa útil. Quem sabe ajudar Clarice com os preparos da ceia me fazia esquecer um pouco.
Cheguei na cozinha e lá tava Clarice, mexendo nas coisas da despensa. Só de me olhar, ela já torceu o nariz.
- Credo, Joaquim. Que cara é essa? Parece que nem pregou o olho.
- Dormir eu dormi, uai - respondi, meio sem jeito. - Só vim pegar a lista do que tá faltando pra ceia.
Ela me olhou desconfiada, do jeito que só ela sabe. Foi até a bancada, pegou o papel e me entregou, mas ficou me encarando.
- Tá com cara de quem tá escondendo coisa. Anda, desembucha logo o que tá remoendo.
Tentei disfarçar, mas ela me conhece mais do que eu mesmo. Suspirei fundo, botei a mão no bolso, tirei a caixinha e abri.
- Tá vendo isso aqui? - falei, sentindo meu rosto pegar fogo.
Os olhos dela arregalaram, e aquele sorriso começou a aparecer.
- Joaquim... Isso aí é o que eu tô pensando?
- É. Quero pedir o Gabriel em namoro - confessei, olhando pro chão. - Mas você sabe, né? Não dá pra sair por aí com anel no dedo, que o povo já começa a inventar coisa. Então mandei fazer assim, pra usar no pescoço, com correntinha. Dá pra esconder debaixo da camisa.
Ela pegou uma das alianças, rodou nos dedos, olhando com atenção.
- São lindas, Joaquim. E o Gabriel... ah, ele vai ficar todo bobo quando ver isso.
Suspirei de novo, ainda com aquela ansiedade me roendo por dentro.
- Tomara que você tenha razão. Quero que seja especial, sabe? Que ele sinta que é amado de verdade.
Clarice me deu aquele sorriso calmo que só ela tem, botou a mão no meu ombro e disse:
- Vai ser, Joaquim. Você ama ele, e isso já é especial por si só. Agora vai lá comprar o que tá na lista e deixa o resto comigo. Vou fazer uma ceia de Natal que ninguém vai esquecer.
Dei um sorriso, o primeiro do dia. Clarice sempre tinha um jeito de me botar no prumo. Saí da cozinha achando que, quem sabe, as coisas iam dar certo. Agora só precisava arrumar coragem pra não gaguejar na hora de pedir o Gabriel em namoro.
XXX
As bolas douradas e vermelhas penduradas na árvore da sala da casa grande brilhavam à luz do sol que entrava pelas janelas. Eu ajeitava um laço torto que teimava em cair enquanto suspirava fundo. Meu pai vinha passar a ceia comigo, e por isso eu me meti a ajudar na decoração da casa, mas, pra ser bem sincero, meu coração tava em outro lugar.
Queria estar no mercado com Joaquim, ajudando com as compras. Qualquer coisa que me desse a chance de ficar perto dele. Mas nos últimos dias, parecia que ele fazia questão de evitar isso.
Desde que os boatos começaram, algumas semanas atrás, a gente teve que ser muito mais cuidadoso. Só nos tratávamos como casal quando tínhamos certeza absoluta de que não tinha ninguém olhando. No começo, era difícil, mas fazia sentido. O que me doía mesmo era o jeito dele comigo, um pouco depois que isso começou. Agora até quando estávamos sozinhos, Joaquim parecia distante, distraído, como se tivesse a cabeça cheia de coisa que não me dizia respeito.
Eu sabia que ele não era de falar o que sentia, e talvez fosse coisa da minha cabeça, mas não conseguia afastar a sensação de que ele tava se afastando. O medo começou a tomar conta, aquele medo que eu nunca admitia pra ninguém: o de não ser suficiente.
Balancei a cabeça, tentando me concentrar na tarefa. Já tinha muito com o que me preocupar sem criar paranóias. Meu pai vinha, e ele sempre me deixava num estado de alerta constante. Depois do tapa que me deu no último encontro, minha paciência com ele tava por um fio.
A porta rangeu, e Clarice entrou com uma bandeja cheia de biscoitos de polvilho fritos. Eram rodinhas redondas, crocantes e ligeiramente doces. Ela também fazia desses de sal, tinham gosto de queijo, mas eu definitivamente adorava os doces.
- Que cara amarrada é essa, menino? - ela perguntou, colocando a bandeja na mesa.
Forcei um sorriso, mas sabia que ela não ia cair nessa.
- Tô pensando nas coisas, só isso.
- "Nas coisas", né? Sei bem no que tá pensando - ela retrucou, rindo. - Fica tranquilo, Joaquim tá de cabeça cheia com outra coisa, mas é boa.
Parei de ajeitar o laço e me virei pra ela.
- Você sabe o que é?
Ela deu uma risadinha, mas não respondeu de imediato, só me deu dois biscoitos. Mordi um com vontade.
- Sei. Mas ele que tem que te contar, não eu. Só confia nele, tá?
Clarice era dessas que sabia tudo e não falava nada, mas suas palavras me deram um pequeno alívio. Talvez Joaquim não estivesse se afastando por desgosto.
Comi meu lanche rapidinho quando ela foi embora e tentei me concentrar no resto da decoração, mas minha mente continuava a vagar. Será que ele ainda me via como algo importante? Ou será que ele tava percebendo que se envolver comigo era mais dor de cabeça do que valia? Clarice podia ter dito aquilo só pra me consolar.
Suspirei de novo, ajeitando o último laço da árvore. Tentei afastar esses pensamentos. Joaquim me amava, disso eu sabia. Só precisava ter paciência pra entender o que tava acontecendo. Mesmo que, no fundo, a insegurança insistisse em sussurrar que eu podia perder a pessoa mais importante da minha vida.
Depois de ajeitar o último laço na árvore, dei um passo pra trás e observei a decoração. Tudo parecia no lugar, mas, por dentro, eu continuava inquieto. Joaquim ainda não tinha voltado da cidade, e a ansiedade crescia no meu peito como uma maré que não parava de subir.
Clarice tinha dito que ele tava de cabeça cheia com algo bom, mas meu coração teimava em acreditar no pior. Era sempre assim. Desde a adolescência, quando minha ansiedade começou, qualquer coisinha parecia se transformar num mundo de preocupação. Eu tentava respirar fundo, me distrair, mas nada adiantava.
Na hora do almoço, sentei à mesa com os outros, mas mal consegui dar uma mordida. A comida parecia virar pedra na garganta. Joaquim devia estar ocupado com as compras, mas e se fosse mais do que isso? E se ele estivesse repensando tudo entre a gente? Poderia estar demorando pra voltar por isso.
Me levantei antes de terminar o prato e saí em direção ao quintal. Talvez ver Candy e os filhotes ajudasse a me acalmar. Eles sempre tinham esse efeito sobre mim.
Candy me recebeu com um abanar de rabo animado, lambendo minhas mãos como se quisesse me lembrar que o mundo não era tão ruim assim. Os filhotinhos, já crescidos, brincavam perto dela. Um deles puxou minha barra da calça com os dentinhos afiados, e não pude evitar um sorriso.
Eles tinham crescido bastante no último mês. Um deles, infelizmente, não tinha sobrevivido às primeiras semanas, mas os outros seis estavam saudáveis e cheios de energia. Candy tinha sido uma ótima mãe, mesmo sendo vira-lata, como todos diziam. O ser humano é inacreditável, já não basta a segregação racial uns com outros, até cachorro têm que julgar.
- Não dá pra imaginar que você quase ficou sem nome, né? - murmurei, acariciando sua cabeça.
Joaquim tinha reclamado tanto quando decidi chamá-la de Candy. Ele dizia que era nome de cachorro de rico, não de uma vira-latinha que apareceu do nada na fazenda. No fim, ela tinha virado minha companheira, e agora eu só pensava em encontrar lares bons pros filhotes. Mas ela ficaria comigo.
Por um momento, sentado na grama com Candy encostada na minha perna e os filhotes brincando ao redor, consegui respirar mais tranquilo. Era como se o peso no meu peito diminuísse.
Mas a paz não durou muito.
Ouvi passos atrás de mim e, ao me virar, vi o peão que tinha interrompido Joaquim e eu no celeiro aquele dia. Meu corpo imediatamente ficou tenso. Ele se aproximou devagar, com um sorriso que não tinha nada de amigável.
- Tá aí brincando com os cachorrinhos, hein? - ele disse, parando a poucos passos de mim. - Bom pra relaxar, né?
- O que você quer? - perguntei, tentando manter a voz firme, mas meu coração já estava disparado.
- Sabe, eu tava pensando... Aquele dia no celeiro... Acho que vi mais do que devia. - Ele se inclinou um pouco, o tom de voz baixo e ameaçador. - E pensei que talvez cê quisesse me ajudá a esquecer disso.
Meu estômago revirou. Ele tava me chantageando.
- Não sei do que você tá falando - retruquei, tentando soar confiante, mas minha voz saiu trêmula.
- Ah, sabe sim - ele insistiu, um sorriso cínico se formando no rosto. - Mas tudo bem. Se vai bancá o difícil, eu posso espaiá umas coisa por aí. Aposto que o pessoal ia adorá sabê, já tão desconfiano sem nem eu falá nada.
A raiva e o medo lutavam dentro de mim, mas consegui dizer:
- Prove.
O sorriso dele sumiu, dando lugar a um olhar duro. Ele se aproximou mais, e eu me encolhi involuntariamente.
- Tú vai aprendê, moleque. Viadinho que nem ocê num acaba bem. - Ele cuspiu as palavras, e o ódio na voz dele me fez gelar.
Sem dizer mais nada, ele se afastou e saiu. Candy rosnou baixinho, como se sentisse a tensão no ar, e eu afaguei sua cabeça com mãos trêmulas antes de me levantar.
Fui direto pra casa, as pernas parecendo feitas de chumbo. Quando cheguei ao quarto, fechei a porta e encostei nela, tentando recuperar o fôlego. Meus olhos pousaram no presente embrulhado sobre a cama - o que eu tinha comprado pra dar a Joaquim de Natal. Era um relógio simples, mas eu sabia que ele ia gostar.
Afundei o rosto no travesseiro e deixei as lágrimas virem. O medo, a raiva, a humilhação... Tudo se misturava e saía em soluços abafados. E se aquele homem estivesse certo? E se o mundo fosse cruel demais pra algo como eu e Joaquim?
Adormeci assim, abraçado ao travesseiro, tentando me convencer de que tudo ia ficar bem, mas incapaz de afastar o frio no peito.
XXX
Acordei devagar, sentindo um calor confortável ao meu redor, como se o mundo tivesse parado por um momento só para me dar um pouco de paz. O som das cigarras anunciava chuva lá fora, e a luz que entrava pelas frestas da janela era suave, indicando que já estava anoitecendo.
Pisquei algumas vezes, tentando distinguir sonho de realidade, até perceber que estava deitado com Joaquim. Seu cheiro familiar me cercava, e os dedos dele deslizavam pelo meu cabelo de um jeito tão tranquilo que quase me fez esquecer tudo o que tinha acontecido mais cedo.
Sem pensar muito, me virei e o abracei com força, como se ele pudesse me proteger de tudo de ruim que existia lá fora. Ele era sólido, real, quente. E eu precisava disso, mais do que nunca.
- Ei, que foi, menino? - ele perguntou, a voz baixa e rouca, mas cheia de preocupação.
Eu não respondi de imediato. O peso da ameaça daquele homem ainda apertava meu peito, sufocando as palavras na minha garganta. Só queria ficar ali, nos braços de Joaquim, fingindo que o mundo não existia.
- Tá tudo bem? - Ele insistiu, o tom mais firme agora, enquanto afastava meu rosto para me olhar nos olhos.
- Tá - murmurei, mas minha voz soou fraca até pra mim.
Joaquim não pareceu convencido. Ele franziu a testa e deslizou o polegar pela minha bochecha, como se tentasse apagar qualquer traço de preocupação.
- Você tá estranho - ele comentou, baixinho. - Saí cedo e te deixei tranquilo, e agora ocê tá assim, me agarrando desse jeito. Me conta, Gabriel. Quê que aconteceu?
Desviei o olhar, o coração disparando. Eu queria contar. Queria despejar tudo, desde o medo até o nojo que senti quando aquele homem falou comigo, mas as palavras travaram. Parte de mim tinha vergonha. Outra parte, medo de que Joaquim fosse fazer alguma coisa impulsiva e piorar tudo. Se ele perdesse o emprego por minha causa eu nunca ia me perdoar.
- Não é nada, eu só... Só tava com saudade - menti, minha voz ainda meio trêmula, mas tentei sorrir.
Ele continuou me encarando, os olhos cheios de dúvida, mas não me pressionou. Em vez disso, puxou minha cabeça de volta pro peito dele e começou a acariciar meu cabelo de novo, num gesto que parecia dizer que tudo ia ficar bem.
- Tá bom, Gabriel. Mas cê sabe que pode falar comigo, né? Sempre que precisá.
Assenti contra o peito dele, segurando-o ainda mais forte. Por agora, isso era suficiente. O calor de Joaquim era a única coisa que mantinha o medo afastado.
- Você chegou faz muito tempo? - perguntei, a voz saindo meio rouca ainda. Eu queria puxar assunto, algo simples, só pra não ficar sozinho com meus pensamentos.
Joaquim suspirou, aquele tipo de suspiro longo que ele só soltava quando estava de saco cheio.
- Num faz meia hora, eu acho - respondeu, ajeitando o braço atrás da cabeça. - A cidade tava um inferno, todo mundo comprando coisa de última hora pro Natal. Tinha gente demais.
Não consegui segurar o riso. O jeito dele reclamar de tudo, como se o mundo inteiro tivesse um complô só pra irritar ele, sempre me fazia rir.
- Você fala como se fosse o único no planeta que odeia gente, Joaquim - comentei, ainda rindo. - Aposto que se pudesse, você passava o Natal com as vacas no curral.
Ele me olhou com aquele ar ranzinza, mas com um fundinho de humor nos olhos.
- Vai por mim, é mais tranquilo mesmo. Vaca não grita, não empurra e não deixa carrinho de mercado no meio do caminho.
Balancei a cabeça, divertido. Ele era um caso perdido. Joaquim não suportava multidões e odiava qualquer lugar que não fosse a fazenda ou os arredores. Eu sempre desconfiei que ele tinha alguma coisa, tipo fobia social, mas o homem era tão teimoso que nunca aceitou nem ouvir falar de psicólogo. E ele achava esse tipo de coisa conversa fiada.
- Tá, seu antissocial - provoquei, cutucando o peito dele. - Mas conseguiu comprar tudo?
- Tudo que a Clarice pediu e mais umas besteira aí. Vai dá pra ceia.
- Ótimo. Já que você foi o herói que enfrentou a multidão, eu vou até deixar você comer primeiro amanhã.
Ele soltou uma risada curta.
- Não preciso de permissão sua pra comer, menino metido.
A brincadeira fez a conversa deslizar para um assunto mais leve. Começamos a falar das comidas de Natal. Ele contou de como a mãe dele fazia um arroz doce especial todo ano, e eu mencionei as rabanadas que minha mãe fazia quando eu era pequeno. A gente foi trocando histórias até eu, claro, não resistir a fazer graça.
- Mas quer saber o que eu mais tô louco pra comer no Natal? - perguntei, com um sorrisinho.
Joaquim arqueou a sobrancelha, desconfiado.
- O quê?
Eu cheguei mais perto, fingindo um ar inocente, antes de soltar:
- O seu peru.
Joaquim me encarou por um segundo, depois riu alto, me empurrando de leve pelos ombros.
- Tú não presta, Gabriel!
- Tô só sendo honesto! - retruquei, rindo também.
A brincadeira virou uma troca de provocações. Ele me beliscava, eu rebatia com outra piada de duplo sentido. Cada vez mais perto, os toques ficando mais demorados, os olhares mais intensos. O clima foi mudando devagar, como sempre acontecia entre nós.
- Ocê não perde a chance de falar safadeza, né? - ele comentou, o tom mais rouco agora, a mão dele deslizando pela minha cintura de um jeito que mandava um arrepio pela minha espinha.
- Só com você - respondi, mordendo o lábio, entrando no jogo.
Ele me puxou pela nuca, e eu já sabia onde isso ia dar. As bocas se encontraram, primeiro devagar, mas logo o beijo ficou mais profundo, mais intenso. Eu já podia sentir o calor dele, as mãos grandes apertando minha cintura, os dedos deslizando pra baixo, parando perigosamente perto de onde eu já sentia meu corpo reagir. Segurei a mão dele e levei mais pra baixo, até pressionar gostoso a ereção que começava a aparecer na minha calça.
- Cê tá me provocando de propósito, né? - ele sussurrou contra meus lábios, a voz baixa e cheia de desejo, apertou meu membro por cima da calça e eu gemi.
- Talvez... - murmurei, com um sorriso.
Mas a essa altura, a provocação já tinha virado mais do que brincadeira.
Sem pensar muito, escorreguei do lado dele e me sentei em seu colo, sentindo o calor firme na calça de Joaquim por baixo de mim. A posição o pegou de surpresa, mas ele não reclamou. Pelo contrário, suas mãos fortes automaticamente pousaram na minha cintura, me segurando como se ele já soubesse o que viria a seguir.
Inclinei-me para ele, meus dedos passando de leve pela barba curta, enquanto meus lábios encontravam os dele em um beijo mais profundo. A língua dele deslizou contra a minha com a mesma intensidade que eu estava sentindo - uma mistura de saudade e desejo acumulado. Fazia mais de uma semana que a gente não tinha um momento assim, uma semana que parecia uma eternidade quando eu pensava no toque dele.
Eu queria mais. Precisava de mais.
Rebolei devagar, pressionando meu corpo contra o dele, sentindo como a reação de Joaquim foi imediata. Ele soltou um som rouco na garganta, o tipo de som que me fazia querer provocar ainda mais.
- Tá sentindo falta, né? - provoquei, a voz carregada de malícia, o rosto tão próximo que nossos narizes quase se encostavam.
Ele não respondeu com palavras. Suas mãos apertaram mais firme na minha cintura, deslizando pelas minhas coxas com aquela força controlada que me fazia arrepiar. Quando chegou nas nádegas, ele deu um aperto forte que arrancou de mim um suspiro involuntário.
- Cê que começou isso, moleque... - murmurou, a voz grave, carregada daquele jeito dele que misturava desejo e controle - Agora aguenta.
Antes que eu pudesse retrucar, ele estalou um tapa gostoso na minha bunda, fazendo o som ecoar no quarto.
- Joaquim! - reclamei, mas o sorriso no meu rosto entregava que eu estava longe de estar bravo.
- Tá pedindo, Gabriel - respondeu, sem qualquer traço de arrependimento, as mãos subindo e descendo pelas minhas coxas, explorando cada pedaço do meu corpo com aquela intensidade dele que eu nunca me cansava de sentir.
Eu me inclinei mais para ele, as bocas voltando a se encontrar, o beijo agora carregado de urgência. Rebolei de novo, mais lento, sentindo o calor entre nós crescer a cada movimento.
O beijo entre nós ficava mais intenso, as línguas se encontrando e explorando sem qualquer pressa de parar. O calor do corpo de Joaquim parecia emanar mais forte, e era impossível não sentir o quanto ele já estava reagindo a tudo aquilo. Cada vez mais duro embaixo da minha bunda.
Eu sabia o que ele gostava, sabia o jeito certo de deixar ele louco. Comecei a rebolar de novo, dessa vez com mais força, pressionando nossos corpos juntos do jeito que eu sabia que ele adorava. A cada movimento meu, eu podia ouvir ele soltando suspiros baixos e roucos, os dedos se fechando ainda mais firmes na minha cintura, como se quisesse me impedir de ir embora.
- Assim tá bom pra você, velhote? - murmurei contra o ouvido dele, minha voz cheia de malícia, o tom rouco de quem estava completamente entregue ao momento.
Ele não respondeu, só inclinou a cabeça pra trás, os olhos semicerrados enquanto eu beijava o pescoço dele, sentindo o cheiro familiar da colônia misturado ao suor que começava a surgir. Fui subindo e descendo com a boca pelo pescoço dele, deixando mordidas leves no caminho, nada muito marcante para não dar bandeira, mas o suficiente para mostrar que ele era meu.
- Moleque abusado... - ele conseguiu resmungar entre um suspiro e outro, mas sua voz estava carregada de desejo, o tom rouco que eu adorava ouvir.
- Não reclama... - brinquei, voltando a rebolar com mais firmeza, deixando que ele sentisse cada movimento meu, cada tentativa de agradá-lo ainda mais.
As mãos dele deslizavam pelo meu corpo, explorando cada pedaço como se fosse a primeira vez. Subiam pelas minhas costas, apertavam minha cintura, desciam pelas minhas coxas, e depois subiam de novo, me segurando firme, como se ele quisesse me prender ali pra sempre.
- Ocê sabe me provocá, não sabe? - ele perguntou, a voz grave e carregada.
- Sei... - respondi, sem nenhuma vergonha, sorrindo contra a pele dele antes de morder o lóbulo da sua orelha, arrancando um gemido baixo que ele tentou conter, mas sem sucesso.
Joaquim já estava tão excitado que o próprio controle dele parecia estar se desfazendo aos poucos, e eu sabia que tinha vencido. Ele era forte, decidido, mas quando se tratava de nós dois, até o homem mais duro podia se derreter.
Tirei a camisa de Joaquim devagar, aproveitando cada segundo de expor aquele corpo que eu tanto amava. A pele morena dele estava quente sob minhas mãos, e eu me inclinei para deixar uma trilha de beijos pelo peito dele, descendo até o abdômen, parando em cada curva e linha do músculo definido.
- Gabriel... - ele murmurou meu nome baixinho, como se estivesse tentando conter a urgência que crescia dentro dele.
Eu não parei, sabia que ele gostava quando eu tomava o controle. Deixei minhas marcas onde ninguém mais poderia ver, mordidas leves e beijos demorados que faziam ele se contorcer e segurar os lençóis com força. Cada reação dele só me incentivava a ir mais longe, a explorar cada pedaço de pele que me era permitido tocar.
De repente, senti a mão dele sobre a minha, hesitante, mas firme o suficiente para me guiar. Ele arrastou minha mão para a frente de sua calça, e mesmo que o gesto fosse cheio de vergonha, o olhar que ele me lançou estava repleto de desejo.
- Por favor... - ele pediu, a voz baixa e rouca, quase um sussurro.
Eu sorri, sabendo que tinha o poder de deixá-lo assim, tão vulnerável. Obedeci sem hesitar, começando a massagear o volume que já era impossível de ignorar sob o tecido. Fiz tudo devagar, provocando, querendo ouvir cada som que ele fazia. E Joaquim não me decepcionou.
Seus gemidos saíam entrecortados, baixos e roucos, como se ele tentasse segurá-los, mas não conseguisse. A cada movimento meu, ele arqueava o corpo levemente, os olhos fechados e a respiração ficando cada vez mais pesada.
- Gabriel... - ele gemeu novamente, dessa vez com mais intensidade, os dedos dele apertando meu ombro enquanto eu continuava, provocando o máximo que podia.
Era raro vê-lo tão entregue assim, tão desesperado por mim, e eu adorava cada segundo disso.
Quando percebi que Joaquim já estava à beira do desespero, decidi que era hora de parar com as provocações e dar a ele o que precisava. Ele merecia, afinal.
Com cuidado, desabotoei sua calça, deslizando o tecido grosso para baixo junto com a cueca, revelando o que estava escondido. Joaquim respirou fundo, o peito subindo e descendo rápido enquanto ele olhava para mim com uma mistura de vergonha e expectativa.
Eu segurei-o com firmeza pela base, a mão envolvendo seu pênisenquanto começava um movimento lento, explorando, acariciando.
- Tão molhado assim só com uns beijinhos? - brinquei, a voz carregada de provocação.
Joaquim fechou os olhos e soltou um gemido baixo, as bochechas coradas enquanto ele tentava responder:
- Cê... Cê sabe bem que não é só isso... - Ele arquejou, agarrando o lençol debaixo de nós com força.
Eu ri baixinho, me sentindo no controle, mas sem perder a ternura. Inclinei-me para beijar sua mandíbula, sussurrando no ouvido dele:
- Então me diz o que você quer, Joaquim.
- Acelera... - Ele murmurou, a voz rouca, quase um grunhido.
O corpo dele reagia a cada movimento meu, os músculos tensos, os gemidos que ele tentava conter se tornando mais frequentes. Continuei, aumentando o ritmo aos poucos, observando com satisfação como ele se entregava por completo, os dedos grandes e calejados apertando minha cintura, como se ele precisasse se ancorar em mim para não perder o controle.
- Isso... Gabriel... - Ele gemeu, a cabeça caindo para trás, os olhos fechados enquanto eu fazia questão de agradá-lo do jeito que só eu sabia. Uma mão na base e outra massageando a cabecinha.
Meu coração batia rápido enquanto eu olhava para Joaquim, que estava completamente entregue. Havia algo que eu ainda não tinha feito por ele, algo que, confesso, me deixava nervoso só de pensar. Mas o jeito que ele me olhava, o quanto confiava em mim, me dava coragem.
Com um suspiro, comecei a descer meus beijos pelo corpo dele, passando pelo peito, pelo abdômen definido, até chegar onde ele mais precisava. Senti o corpo dele se retesar em antecipação, e seus dedos afrouxaram o aperto no lençol para acariciar meu cabelo.
- Gabriel... - Joaquim murmurou, a voz rouca, carregada de necessidade, mas também de carinho.
Apoiei as mãos em suas coxas fortes e beijei devagar, explorando com cuidado, sentindo o calor da pele dele. Depois, tomei coragem e passei a língua de leve na glande avermelhada e úmida, ouvindo o gemido que escapou dos lábios de Joaquim, tão baixo e profundo que me fez tremer.
- Meu Deus... - ele sussurrou, ofegante, enquanto eu continuava, experimentando o movimento.
Decidi ir além, envolvendo-o com a boca, mesmo que não pudesse engolir nem até a metade. Ele era grande, e precisei de cuidado para me ajustar. A sensação era estranha no começo, e confesso que tremi de nervosismo, com medo de errar, mas o jeito como Joaquim gemeu alto e apertou meus cabelos me deu confiança para continuar.
- Calma, Gabriel... Num precisa se forçar demais... - ele disse, a voz embargada, mas cheia de ternura.
Ergui os olhos para ele e balancei a cabeça, determinado. Queria aprender, queria dar a ele todo o prazer que podia. Comecei devagar, tentando entender o ritmo certo, ajustando os movimentos enquanto sentia as reações dele. Joaquim tremia com a cada pequena sucção, a mão segurando firme meu cabelo, mas sem machucar, sempre cuidadoso.
Quando finalmente peguei o jeito, senti que ele se soltava ainda mais, os gemidos se tornando mais frequentes, o corpo se arqueando de prazer.
- Gabriel... Tá tão bom... Meu Deus, cê é... - Ele não conseguiu terminar, a voz falhando no meio de um gemido alto, o corpo todo tenso de prazer enquanto eu fazia o meu melhor, chupando mais forte.
A sensação de poder agradá-lo daquele jeito era inexplicável, e eu me sentia quase tão vulnerável quanto ele, mas também incrivelmente conectado. Cada movimento meu parecia incendiar Joaquim, e isso me fazia querer continuar, aprender mais, ser ainda melhor para ele.
Os gemidos de Joaquim me deixavam fora de mim, cada som que escapava da sua boca parecia incendiar meu corpo. Aumentei a velocidade dos movimentos, me esforçando para dar tudo de mim. O jeito como ele arfava, como sua mão apertava meu cabelo enquanto tentava se segurar, me fazia sentir uma mistura de poder e desejo que nunca tinha experimentado.
Mas não era só ele que estava perdendo o controle. Meu próprio corpo estava fervendo, o calor subindo como uma onda impossível de conter. Eu mal conseguia respirar de tanta necessidade, e as calças apertadas só pioravam a sensação. Sem pensar muito, desci a mão para me livrar daquela barreira, empurrando o tecido para baixo e me tocando com urgência.
Um gemido rouco escapou dos meus lábios quando finalmente me aliviei, os dedos buscando minha própria satisfação enquanto continuava cuidando de Joaquim. A posição era complicada, mas o prazer que sentia só me fazia querer continuar.
Quando Joaquim percebeu o que eu estava fazendo, seus olhos, que já estavam turvos de prazer, se arregalaram. Ele soltou um suspiro longo e rouco, a voz trêmula de pura necessidade.
- Gabriel... Assim eu... - Ele engoliu em seco, a cabeça caindo para trás e as mãos apertando o lençol como se fosse desmoronar. - Não vou aguentá, assim não dá...
Sua confissão só me incentivou mais. Deslizei minha língua com mais intensidade, apertando-o levemente com os lábios enquanto meus próprios movimentos se tornavam mais apressados. Cada reação dele - os gemidos, o arrepio na pele, o corpo se arqueando - me fazia perder ainda mais a noção de tudo ao meu redor.
Eu sabia que estávamos à beira de algo intenso, mas era impossível parar. O desejo dele, combinado com o meu próprio, me consumia completamente.
Continuei com os movimentos, focado em cada suspiro, cada gemido rouco que escapava dos lábios de Joaquim. Meu próprio corpo estava à beira do colapso, mas segui firme, determinado a levá-lo até o fim. Quando senti seu corpo tremer sob mim, sua respiração se tornando errática, soube que ele estava prestes a desmoronar.
- Ga-briel...! - Ele gemeu meu nome entrecortado, quase como um pedido desesperado, e foi o suficiente para me empurrar ainda mais longe.
Quando finalmente aconteceu, o calor dele veio intenso e inesperado, preenchendo minha boca de uma vez. Engasguei um pouco, surpreso, mas não me afastei. Era algo tão íntimo, tão profundo, que por mais intenso que fosse, me senti completamente conectado a ele.
O tremor do corpo de Joaquim, sua cabeça tombando para trás e o gemido prolongado do meu nome eram tão excitantes que eu mesmo perdi o controle. Com a mão ainda em mim, alcancei o meu limite, tremendo enquanto o prazer me consumia por inteiro.
O momento foi avassalador, nossos corpos colapsando quase ao mesmo tempo, ofegantes, suados e completamente entregues um ao outro. Permaneci ali por alguns segundos, tentando recuperar o fôlego, enquanto Joaquim acariciava meus cabelos com carinho, a mão trêmula mas cheia de afeto.
- Cê... tá tentando me matar, Gabriel...? - Ele perguntou com a voz rouca, um sorriso cansado se formando nos lábios.
Eu ri baixo, me levantando para limpar o que pudesse do rosto e ajeitando a cueca de volta no meu membro melado e sensível. - Não sei, só queria te agradar, ué.
Ele me puxou para perto, abraçando-me com força e deixando um beijo suave no meu ombro. - Tú sempre agrada. Mais do que devia, às vezes.
Ficamos ali por um tempo, apenas apreciando a presença um do outro, como se o mundo lá fora tivesse deixado de existir. Era nesses momentos que eu me sentia mais seguro, mais amado. Com Joaquim, eu sabia que tinha encontrado algo raro e verdadeiro.
Acordamos com o som do galo cantando, mas mesmo assim estávamos atrasados. Joaquim ainda estava com o braço jogado sobre mim, e eu quase não tive coragem de me mexer. O calor do corpo dele e a sensação de segurança me faziam querer ficar ali para sempre.
- Merda... - murmurei, tentando me levantar, mas minha cabeça parecia meio tonta, e o corpo ainda pesado de sono.
- Que horas são? - Joaquim perguntou, a voz rouca e preguiçosa.
- Acho que já tá tarde demais pra gente enrolar aqui... - Respondi, me espreguiçando.
Ele deu uma risada baixa e me puxou de volta para perto. - Mais cinco minutos.
- Não, homem, levanta logo! - Reclamei, rindo e empurrando ele para fora da cama.
Acabamos indo direto para o banheiro, tomando um banho rápido juntos para tentar acordar e, ao mesmo tempo, aproveitar a proximidade antes de nos separarmos pelo resto da manhã. Joaquim brincava que estávamos arriscando perder o trabalho, mas no fundo ele sabia que eu estava ansioso para passar a tarde com ele.
- Eu preciso ir em casa me trocar - ele disse, secando o cabelo com uma toalha enquanto se vestia.
- Tá, mas não demora. A gente ainda precisa tomar café e começar a trabalhar - respondi, meio distraído, enquanto vestia minha roupa.
Saímos às pressas, decidindo tomar o café na área dos peões. Clarice já estava lá, e só nos lançou um olhar divertido quando percebeu nossa correria e o atraso. Fingimos que nada estava fora do comum, comendo rápido e nos preparando para a manhã de trabalho.
Como era véspera de Natal, só trabalhamos até o horário do almoço. Durante a manhã, mantivemos nossa distância para evitar suspeitas, mas trocávamos olhares de vez em quando. O combinado era claro: à tarde, a gente ia se encontrar na casa dele.
Quando deu meio-dia, corri para me livrar do trabalho e fui direto para lá. Joaquim já estava me esperando, com a parabólica ajustada em um daqueles canais que só passam filme antigos.
- Pronto pra um Natal raiz? - Ele perguntou, com um sorriso largo, segurando uma tigela enorme de pipoca de chocolate.
- Do jeito que você faz, sempre - respondi, sentando ao lado dele no sofá.
Passamos a tarde entre risadas, filmes bobos e provocações. Joaquim tinha um jeito simples de tornar tudo especial. Ele fazia comentários engraçados sobre os filmes, implicava comigo quando eu dizia que achava certas cenas fofas demais, e roubava pipoca direto da minha mão como se fosse um adolescente.
- Não sei como cê consegue comer isso com tanto açúcar - reclamou, fingindo irritação enquanto eu ria.
- É Natal, Joaquim, para de ser fresco.
A verdade é que eu estava feliz. Esses momentos com ele faziam todo o esforço e os sacrifícios valerem a pena. Quando a tarde começou a cair, percebemos que já era hora de nos arrumar para a festa de Natal da fazenda.
- Vai se trocar, senão vamos chegar atrasados de novo - brinquei, enquanto ele me dava um beijo rápido antes de ir para o quarto.
- Tô indo, mas só porque hoje você tá lindo demais pra te fazê esperar.
Ri da resposta dele, sentindo meu coração aquecer. Eu não podia pedir um Natal melhor.
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