Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 17: O Silêncio Entre Nós.

Capítulo 17: O Silêncio Entre Nós.

O sol ainda estava começando a esquentar o ar fresco da manhã quando eu e Joaquim tomamos café na área dos peões, atrás da casa grande. O aroma do café quente misturava-se ao perfume suave do pão recém-assado, e, por um momento, parecia que o mundo lá fora não existia. Só nós dois, rindo e conversando de uma maneira que, por mais simples que fosse, me fazia sentir em paz. O fim de semana que passamos pescando no lago foi como uma fuga, um respiro.

Mas eu não poderia negar: a natureza tinha sido cruel comigo. Os mosquitos, especialmente, pareciam ter uma predileção por mim. Enquanto Joaquim estava tranquilo, com a pele intacta, eu estava coberto de manchas vermelhas, como se tivesse sido atacado por uma horda de mosquitos famintos. Eu não conseguia parar de coçar as picadas.

- Agora cê' tem até o couro de onça, pra combinar com a personalidade - Joaquim riu, quase sem conseguir parar. - Nunca vi uma pessoa tão branca ficar tão cheia de mancha vermelha.

Eu tentei não reagir, mas o sorriso era inevitável. O calor da manhã de domingo, somado à minha pele clara e à quantidade de mosquitos na beira do lago, havia me deixado com marcas vermelhas por todo o corpo, e eu estava começando a me sentir como uma onça de verdade. Já é segunda-feira, e nenhuma pomada sumiu com as marcas da pescaria de ontem.

- Isso não é justo - resmunguei, esfregando o braço. - Por que eles não pegaram você também?

Joaquim riu novamente, quase se engasgando com o café.

- É isso que dá... - Ele me olhou com um sorriso malicioso. - Ser um branquelo bicho de goiaba. E eu tenho couro grosso.

Fiquei em silêncio, não sabendo se estava sendo insultado ou se ele apenas estava brincando com a minha situação. Mas quando vi os olhos dele brilhando de divertimento, não pude deixar de rir também.

- Você tem é sangue ruim não ter sido atacado! - rebati. - O que eu vou fazer com esse corpo todo marcado agora?

- Vai na cozinha depois. Clarice vai saber o que fazer. Mas por que não foi embora, se tava tão cheio de mosquito assim?

Me cocei com um bico, sentindo o calor do sol nas minhas costas. Estávamos ali, conversando como se o resto do mundo não existisse, como se as coisas não fossem tão complicadas, como se a única coisa importante fosse aquele momento em que nós dois compartilhávamos risos e café.

Mas por baixo da leveza das palavras e dos risos, eu sabia que ainda havia silêncio entre nós. Algo dentro de mim estava guardado, e o que tinha se resolvido entre nós, por mais que fosse bom, também era novo, um território desconhecido. Eu ainda não sabia como lidar com a intensidade do que sentia por ele.

Joaquim, por sua vez, parecia mais tranquilo do que antes, mas também mais fechado comigo do que era em casa. Sabia que isso se devia ao fato de estarmos em público. Mas, por enquanto, preferi não questionar muito, o segredo provavelmente era a única coisa que mantinha essa nossa pequena aproximação tão em paz.

- Eu só queria pegar mais peixe que você - disse, tentando mudar de assunto. - Só consegui três tilápias pequenas, enquanto você pegou aquele pintado gigante e vários outros peixes.

Joaquim riu novamente, ainda brincando com a situação.

- Pra pescar tem que ter paciência, e isso nunca foi qualidade sua.

Eu rolei os olhos, mas a risada foi inevitável. Não conseguia ficar irritado com ele por muito tempo, especialmente porque a companhia dele era sempre agradável, até nos momentos em que me fazia sentir como um completo desajeitado.

- Da próxima vez, eu trago um repelente - Joaquim disse baixinho, como se tivesse acabado de ter uma ideia. - Vou comprar um para você.

Eu sorri, sem conseguir disfarçar o quanto fiquei aliviado com a ideia.

- Já está planejando uma próxima vez, é? Tá perdendo sua marra de peão.

-Não me enche, patrãozinho.

A conversa fluiu com facilidade, banhada em flertes disfarçados que me faziam sentir tão vivo, como uma troca sutil de olhares e risadas baixas. A tensão que havia entre nós era agora um campo de atração tranquilo, um tipo de mércia suave que parecia crescer, mas sem pressa de explodir.

Enquanto nos perdíamos em mais um papo casual sobre a pesca, ouvimos o som das botas pesadas perto. Os peões estavam chegando e, por instinto, disfarçamos nossa proximidade.

Eles ocuparam as mesas, alguns se sentaram conosco, e começamos a conversar sobre as tarefas do dia.

XXX

Eu estava no chiqueiro, alimentando os porcos, quando o som de um choramingo distante chamou minha atenção. Parei um momento, ouvindo com mais atenção, tentando identificar o que era. O barulho era suave, mas persistente, como um pequeno pedido de ajuda.

Fui me afastando lentamente dos porcos, até chegar na cerca que dividia a área do chiqueiro da trilha que levava até a estrada. A cada passo, o som ficou mais claro, e logo percebi que não era apenas um animal comum, mas um cachorro. Ouvia os choramingos cada vez mais perto, como se alguém estivesse em apuros.

Segui o som até que finalmente a encontrei: uma cadela de pêlo amarelado, visivelmente magra e com a área das mamas inchada, provavelmente estava na fase de amamentação. Ela estava olhando para mim com olhos tristes, como se soubesse que algo estava errado, mas não tivesse forças para ir mais longe. Eu me agachei lentamente, tentando não assustá-la.

- Ei, garota... - falei baixinho, estendendo a mão para ela. - O que aconteceu com você?

A cadela olhou para mim, e eu a vi dar um passo hesitante em minha direção antes de parar, como se estivesse com medo. Eu continuei avançando devagar, até ela permitir que eu a tocasse. Assim que fiz isso, notei que ela parecia trêmula, cansada.

Ela começou a andar lentamente, e eu a segui de perto. A caminhada nos levou até a estrada que rodeava a fazenda. Era um caminho pouco usado, mas que nos conduziu até uma caixa de papelão jogada no chão, à beira da estrada. E dentro dela... sete cachorrinhos filhotes, todos ainda com os olhos fechados, mas gemendo fraco e procurando pela mãe.

A cena me fez sentir um aperto no peito. Os filhotes, ainda tão pequenos, estavam ali, sozinhos, e a mãe claramente estava exausta demais para amamentá-los adequadamente. Olhei para a cadela, que se deitou perto da caixa, olhando para mim com uma expressão que parecia pedir ajuda.

- Não se preocupe... Vou levar vocês para um lugar legal. - falei com um sorriso, embora meu coração estivesse apertado. Não podia abandonar aqueles animais.

Levantei a caixa cuidadosamente, tentando manter os filhotes confortáveis dentro dela, enquanto a mãe me seguia. Quando finalmente cheguei à fazenda, fui direto até a área dos peões, onde Joaquim estava, e, sem muita cerimônia, coloquei a caixa no chão com um suspiro.

- Joaquim, olha o que eu encontrei! - disse, sem conseguir esconder a empolgação, mas também a preocupação.

Joaquim olhou para os filhotes e para a cadela, e sua expressão não era de total aprovação.

- Gabriel... não sei... - ele começou, franzindo a testa. - Você vai levar todos para dentro da casa? Eles não podem ficar aqui.

Eu sabia que ele estava apenas se preocupando com a bagunça, mas, com o olhar da cadela e dos filhotes me implorando por ajuda, não pude deixar de insistir.

- Joaquim, por favor... só por um tempo. Eles são tão pequenos, e ela está tão cansada. Não posso deixar os bichinhos morrendo aqui. Você vai ver, logo eles vão estar bem.

Ele suspirou, parecia estar lutando contra a vontade de dizer não. Mas, antes que pudesse responder, a solução surgiu em minha mente.

- Clarice pode ajudar. Ela sabe o que fazer, e quem sabe consegue arranjar algo para a mãe deles comer, alguma coisa para ajudar com o leite. Por favor, Joaquim... só por um tempo.

Joaquim me olhou por um momento, e vi o conflito na expressão dele, mas, finalmente, ele deu um leve aceno com a cabeça.

- Tá bom... mas você vai se responsabilizar por eles. Não estou por conta de ouvir reclamação do seu pai.

Eu sorri com alívio, sabendo que não estava sozinho nessa. Ele foi até a cozinha e pediu a Clarice para ajudar, e ela, com sua calma habitual, logo começou a preparar algo para a mãe dos filhotes. Eu cuidei dos cachorrinhos, tentando mantê-los aquecidos e tranquilos.

E, apesar de toda a confusão, meu coração se aquecia ao ver aqueles pequenos animais recebendo um pouco de carinho e cuidado. Eu sabia que não poderia deixá-los ir embora tão facilmente agora que já haviam encontrado um lugar onde poderiam estar seguros, mesmo que fosse por um tempo.

Joaquim parecia um pouco mais amolecido com a situação quando voltou, vendo a dedicação de Clarice com a cadela. No final das contas, aquela caixa de filhotes tinha trazido mais do que um simples problema para resolver. Ela trouxe, também, uma sensação de união silenciosa entre nós, como se, naquele momento, todos estivessem um pouco mais conectados.

E eu sabia que, assim como aquela cadela e seus filhotes, eu também encontraria um lugar para ficar. Aqui, com Joaquim. Mesmo que o futuro fosse incerto, o presente já estava começando a ser mais claro.

XXX

Após o almoço, eu ainda estava lavando as mãos na torneira do lado de fora da cozinha quando vi o carro grande e lustroso estacionar na entrada da fazenda. Reconheci o patrão antes mesmo que ele descesse, sempre cheio de autoridade até no jeito de bater a porta do veículo. Só que, dessa vez, ele não estava sozinho. Uma moça desceu atrás dele, de vestido florido e cabelo grande.

Eu não precisava ser nenhum gênio para entender. A noiva.

Tentei me concentrar em tirar a terra da pele, mas meus olhos me traíram quando vi Gabriel sair da casa grande,andando meio estranho. A garota se iluminou quando viu o loiro, e ele sorriu para ela, mas parecia desconfortável. Não consegui evitar me aproximar mais por trás da parede.

- Gabriel, você se lembra da Jeovanna, não é? - disse Roberto, cheio de orgulho.

Gabriel hesitou por um segundo antes de responder, a voz um pouco baixa:

- Sim, lembro. A gente brincava quando era criança... no sítio do tio Luiz, não é?

A menina riu, ajeitando a bolsa no braço.

- Isso mesmo! Você vivia correndo atrás de mim, sabia? Até hoje me lembro do dia que você caiu dentro da represa tentando me impressionar.

Ela parecia querer aliviar a tensão com a lembrança, mas Gabriel não parecia disposto a embarcar na nostalgia. Ele riu sem graça, coçando a nuca, e lançou um olhar que quase me pegou observando de longe. Desviei o olhar rápido, voltando ao que estava fazendo, mas por dentro meu peito já estava apertado.

Eu sabia que Gabriel não queria isso, via nos olhos dele. Mas ali estava ele, sendo educado, talvez até tentando agradar. E eu, idiota que sou, só conseguia pensar que aquela menina, com suas unhas bem feitas e sua postura de princesa, tinha um direito que nunca me seria permitido.

Passei o resto da tarde evitando Gabriel como o diabo foge da cruz. Mergulhei no trabalho, mesmo sabendo que não precisava caprichar tanto amolando uma enxada que só eu usava. Tudo era uma desculpa para não olhar nos olhos dele. Não depois de ver ele com aquela garota.

Quando ele finalmente me encontrou no fim do dia, já estava escurecendo. Gabriel apareceu do nada, os passos pesados no chão de terra, e me chamou pelo nome, mas eu fingi não ouvir.

- Joaquim. - repetiu, mais firme, quase uma ordem.

Suspirei, limpando o suor da testa com o braço antes de me virar devagar.

- O que foi, Gabriel?

Ele parecia exausto, mas também irritado.

- A gente vai fingir que nada aconteceu, é isso?

- Não tem nada pra fingir, rapaz - respondi seco, voltando ao que estava fazendo.

- Você está me evitando, Joaquim. Não me olha nos olhos, não fala comigo... O que está acontecendo?

- Não está acontecendo nada. - Minha voz saiu mais dura do que eu queria, mas não cedi.

Ele se aproximou, e eu senti o cheiro do perfume caro dele. Até isso me incomodava agora.

- É por causa dela? - Ele perguntou, a voz mais baixa, como se não quisesse ouvir a resposta.

Eu larguei a ferramenta e olhei para ele, finalmente.

- Não começa, Gabriel.

- Eu não estou começando nada, só quero entender por que você está agindo assim.

- Porque não tem nada pra entender! - Minha voz subiu um tom antes de eu controlar. Respirei fundo, me virando de novo para o trabalho. - Você tem uma noiva agora. Uma boa moça. Educada, bonita, do jeito que o seu pai quer. Então segue sua vida, Gabriel.

- E o que eu quero, Joaquim? Não importa?

Eu quase ri, mas foi um riso seco, sem humor.

- O que você quer nunca importou. Não pra esse mundo, não pra sua família.

Gabriel ficou em silêncio por alguns segundos, mas seus olhos me queimavam, tão intensos que parecia impossível desviar. Antes que eu pudesse evitar, senti a mão dele tocar a minha. Não era só um toque; era um pedido.

- Não faz isso comigo, Joaquim - ele disse, a voz falhando.

Um nó apertou minha garganta, e eu sabia que deveria soltar aquela mão, virar as costas e acabar com isso de vez. Mas fiz o oposto. Puxei Gabriel para um canto escondido, onde ninguém poderia nos ver. Ele deixou que eu o guiasse, seus passos quase tropeçando nos meus, e antes que eu pudesse pensar demais, segurei seu rosto entre as mãos e o beijei.

Foi como se o mundo desmoronasse e, ao mesmo tempo, se reconstruísse naquele instante. Os lábios dele eram quentes, macios, mas não havia nada de tímido em como ele me retribuía. Sua língua encontrou a minha com um gosto doce e urgente, como se ele estivesse esperando por isso tanto quanto eu. Meu corpo inteiro se acendeu quando ele se apertou contra mim, tão pequeno e leve, mas cheio de uma intensidade que parecia maior do que ambos.

Minha mão escorregou pra nuca do loiro, puxando ele mais perto, enquanto minha outra mão descia pelas costas dele até a bunda redonda que sempre me deixou louco. O jeito como ele se movia contra mim, praticamente se esfregando, gemendo na minha boca, fazia meu corpo pegar fogo. Um arrepio percorreu minha espinha, e meu peito queimava como se aquele contato fosse ao mesmo tempo o início e o fim de tudo. Ninguém nunca conseguiu me deixar duro tão rápido, quanto esse pirralho metido.

Quando o ar acabou, nos afastamos. Os dois respirando errado, os olhos brilhando com desejo e carinho.

- Desculpa - ele sussurrou, o sorriso torto que eu adorava se formando lentamente. - Por deixar você com ciúmes.

Meu rosto esquentou. Eu, Joaquim, envergonhado como um moleque na frente desse playboyzinho.

- Quem disse que eu tô com ciúmes?

Ele riu baixinho, encostando a testa na minha.

- Você. Tá escrito em cada ruga da sua cara.

- Ruga, é? Moleque abusado.

- Admito que é até bonitinho. - Ele riu baixinho, os dedos tocando meu queixo.

Revirei os olhos, mas não consegui evitar de sorrir, mesmo que de canto.

- Tá, e o que você quer que eu faça com isso?

Ele suspirou, o sorriso diminuindo um pouco.

- Às vezes eu penso que a gente podia fugir. Só eu e você, deixar tudo isso pra trás. Meu pai, a fazenda, ela...

- Fugir? - Meu tom era de deboche, mas havia algo no fundo do meu peito que queria acreditar naquelas palavras. - E pra onde, hein, seu moleque sonhador?

Ele parou, o olhar ficando distante por um momento, antes de sorrir.

- Que tal o Rio Grande do Sul? Sempre quis ver a Serra Gaúcha.

Não consegui conter a risada.

- Você mal aguentou o frio da madrugada aqui, vai derreter no inverno de lá.

- Tá, então... Espírito Santo. Ouvi dizer que tem praias bonitas.

- Espírito Santo? E a gente vai viver do quê? A graça de Deus?

Ele riu, me empurrando de leve.

- Sei lá. A gente abre um restaurante. Você cozinha, e eu fico no caixa.

- Você no caixa? É capaz de deixar todo mundo sair sem pagar só porque deram um sorriso pra você.

- E você vai reclamar? - Ele arqueou a sobrancelha, com aquele brilho travesso que fazia meu coração disparar igual cavalo quando vê cobra.

- Reclamar, não. Só vou ter que te vigiar o dia inteiro. - Eu ri, mas o som saiu baixo, meio triste.

Ele percebeu, porque o sorriso dele diminuiu também.

- Seria bom, né? Uma casinha perto da praia. Uns dois quartos, uma rede na varanda...

- Um pé de fruta no quintal - completei, me perdendo na ideia por um instante. - Goiabeira, talvez.

- Ah, não, Joaquim. Goiabeira, não. Você vai ficar me chamando de bicho de goiaba o resto da vida.

Rimos juntos, mas o som foi ficando mais baixo, até que o silêncio se instalou. Eu suspirei, afastando um fio de cabelo que caía na testa dele.

- Só um sonho, Gabriel.

- Um sonho bom, pelo menos. - Ele sorriu, mas havia algo triste nos olhos dele.

Eu não disse mais nada, e ele também não. Ficamos ali, por mais alguns minutos, presos naquilo que sabíamos que não podíamos ter.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro