5. Papinho
- Alguém suspeito,Rebeca?- Welinton perguntou. Estávamos em vídeo conferência para não levantar suspeitas.
- Não. – falei olhando para ele e mais 27 agentes dividindo a tela do meu notebook. – Alguém viu a Ana?
- Ela está com Michael e o Robert.
Alguem bateu na porta e eu precisei minimizar a tela antes de abrir.
- Oi.- sorri para a mulher com um pacote nas mãos. Ela me devolveu o sorriso.
- Entrega para o Sr. Pattinson.- disse me entregando o que parecia ser algo bem grande.
- Obrigado.
Fechei a porta, abrindo a tela da vídeo conferência, todos ali tinham expressões preocupadas.
- Abre o pacote.- Welinton mandou.
Obedeci sem questionar. Meu estômago pesou ao ver o grande urso marrom aparecer diante de mim, um cartão estava preso em seu peito.
- O que diz o cartão?- foi Jackson quem perguntou.
- “Vou te matar, Sr. Pattinson”.- eu li em voz alta. Ficando gelada. Olhei para os meus companheiros, a procura de Lucas.- O que você está fazendo na recepção que não viu isso aqui?
Lucas arregalou os olhos, aturdido.
- Eu.. eu..
- Eu não vou tolerar incompetência, Lucas.- Welinton subiu sua voz uma oitava.
- Me desculpe, senhor. Eu apenas não sei...
- Amanhã estaremos voltando para Los Angeles.- o chefe lhe cortou. – Tudo ficará mais difícil, Robert está voltando com uma namorada que vai morar com ele. A mídia vai ficar insuportável. Além de que a família dele vai querer te conhecer. Vocês estarão infiltrados em todo lugar, revezando entre si. No entanto, Rebeca, você será a única que não vai poder abandonar o seu posto. Nunca.
- Tudo bem.- a ideia de estar ao lado dele 24 horas por dia não me parecia ruim... Tentei tirar da minha mente nossa quase transa pela manhã,mas foi impossível.
- Ana vai estar com você, todos os dias, mas durante a noite será com você. Lucas e Clara estarão na mansão como jardineiro e faxineira. E também teremos Billie como motorista.- Welinton passou a mão no rosto.- Nos temos três meses para terminar isso. Não admito erros. Entenderam?
- Sim, senhor.- dissemos em unissono.
- Rebeca, Ana estará te esperando no salão as 15:00. Robert tem um jantar importante hoje, você vai com ele.
- Ok.
.
.
.
- O que foi aquilo?- foi a primeira pergunta que Ana fez quando me viu saindo do elevador.
- Não sei do que está falando.- eu disse me sentindo repetitiva, passando por ela sem parar.
- Ah, não se faça de doida.- minha amiga me seguiu.- Ele estava mesmo chupando os seus...
- Ana!- parei abruptamente olhando ao redor, se alguém escutasse.
- Sou eu aqui.- ela se defendeu, cruzando os braços.- Não confia em mim?
- Claro que confio.- rolei meus olhos.- Mas este não é o melhor lugar. E já te adianto que não aconteceu nada. Foi apenas um deslize.
- Então vocês dois...
- Não. Fomos interrompidos antes. Graças a Deus.
Entrei no salão pisando firme e de queixo erguido.
- Trabalho ou lazer?- perguntou Kimberly, a garota que estava me atendendo naquele dia.
Eu precisava estar impecável. Mais linda do que nunca.
- Trabalho.- respondi.- Precisa prestar perfeita hoje. Ana,qual vai ser a cor do meu vestido?
- Vermelho.- respondeu sem tirar os olhos do tablet.- E você tem apenas 40 minutos.
Eu tinha dormido durante quase toda tarde, nossa reunião durou praticamente toda manhã e quando me deitei quase chorei de emoção por finalmente poder descansar.
Agora eu estava terminando de ajeitar minhas sandálias quando Robert saiu do banho,dessa vez já vestido seu terno preto.
Ele mal tinha falado comigo quando chegou e agora estava me olhando daquele jeito curioso.
- O que foi? Estou feia?- perguntei incomodada.
- Não. Está perfeita.- disse mas continuou me olhando daquela forma esquisita.- Será que você pode me ajudar aqui?
Ele estendeu os punhos para mim, logo entendi do que ele falava e fui lhe ajudar com os botões. Seu cheiro forte me atingiu como um soco ao me aproximar.
- Preciso saber algo sobre esse jantar?- perguntei tentando mudar o foco da minha mente que teimava em focar meus olhos naquele queixo quadrado maravilhoso.
Ele deu de ombros.
- Não. Bom, é apenas um jantar de encerramento. Nada demais. Fique do meu lado e tudo ficará bem.
- Era eu quem deveria te dizer isso.- eu ri passando a língua por meus lábios pintados de vermelho vivo,da mesma cor que meu vestido.- Está pronto.
Robert não sorriu para mim. E aquilo me irritou.
- Olha só, não dá pra você continuar me tratando com indiferença.- falei colocando minhas mãos na cintura e o encarando.
Ele pareceu surpreso por um instante.
- Você me disse que nosso relacionamento era de mentira.- estreitei meus olhos enquanto ouvia ele falar.- Então não tenho por que ficar te adulando o tempo inteiro como estava fazendo.
- As pessoas precisam acreditar que...
- Não se preocupe eu sei atuar muito bem.- ele me cortou indo para porta.- Vamos?
Com meu orgulho- ou ego, ferido fui até ele. Encontrando Ana e Michael do lado de fora do quarto. Robert logo me deixou de lado,andando um passo a frente com seu assessor que vez ou outra lançava olhares sobre os ombros para Ana e eu.
- O que houve?- ela me perguntou.
- Ele está de birra. Bem coisa de gente famosa mesmo.
- O que? Por que?
- Esquece. Vou mostrar pra ele quem é que manda nessa merda.
Se ele estava pensando que ia me tratar daquela forma estava muito enganado.
Sorrisos, carinho no rosto, beijos discretos. Esse foi o Robert atuando muito bem, durante um tempo que me pareceu longo demais.
Um dos nossos agentes passou por mim, uma bandeja de taças na mão esquerda. Ele piscou para mim, o sinal que me garantia que não tinha nada alcoólico ali.
Logo que bebi o líquido , minha bexiga protestou.
- Eu vou ao banheiro. Fica de olho nele pra mim.- Falei para Ana apontando meu queixo para Robert que conversar com um homem desconhecido.
- Ok.
Meus pés protestaram a cada passo que dei até o banheiro, ignorando Jackson parado na porta conversando com Michael. Seu trabalho naquela noite era observar quem entrava no banheiro inclusive quando Robert estivesse lá.
Fiz o que precisava e retoquei o meu batom, saindo do banheiro louca para achar um lugar para sentar.
- Você está linda demais.- Jackson me sobressaltou, sussurrando ao meu lado. Forcei um sorriso , olhando ao redor. Seu elogio já não surtia tanto efeito em mim quanto antes e eu não sabia por que.- Está gostando não é?
- Como é?- eu ia ignora-lo mas usa pergunta me soou prepotente demais.
- Você,está adorando desfilar por aí com o vampiro do ego inflado.- suas palavras me fizeram rir.- Posso ver o quanto você está se divertindo com isso.
- Eu só estou fazendo o meu trabalho, da melhor maneira que conheço.
- Eu sei.- Ele disse alongando o pescoço. – É que me incomoda te ver com outro.
Me segurei para não rir. Ouvir aquilo me deixou contente. Não por querer fazer ciúme em Jackson, mas saber que ele estava incomodado era muito bom.
- Principalmente quando parece estar gostando tanto.- rolei meus olhos para ele.- Não tentado mentir,Rebeca. Eu vejo na forma como se olham. Você está...
- Ai,Jackson me poupe disso vai ...
- Está acontecendo alguma coisa aqui?- a voz potente de Robert sobressaiu a minha enquanto ele passava o braço em minha cintura e me puxava com força para ele. – Está tudo bem?- perguntou falando em meu ouvido.
- Está tudo ótimo.- sorri, de soslaio vi Jackson fechar a cara.
- Vamos, o jantar vai ser servido.
Robert me rebocou ate os nossos lugares. E a cada segundo que passava ele parecia mais irritado e mais rabugento.
Mas eu agradeci por ele não estar me distraindo com seu papo ou caso contrário ele teria bebido o seu drink e estaria morto. Assim que o copo foi colocado sobre a mesa eu vi o líquido ferver. Com agilidade troquei o copo dele pelo meu e quando Lucas passou por mim disfarçadamente coloquei sobre a bandeja.
- Por que pegou meu copo?- Robert perguntou,o cenho todo fechado.
- No quarto.
Quando entramos no quarto fui logo tirando meus sapatos enquanto via ele caminhar de um lado para o outro .
- O que foi aquilo?- ele disparou para mim.
- Colocaram alguma coisa no seu drink. – falei precisando meus pés no chão. Eu nunca mais usaria aquelas sandálias.- Mas não se preocupa,tenho certeza que vão mandar para o laboratório e...
- Eu não estou falando disso,Rebeca.- ele me cortou.- Estou falando de você e do seu ex de Papinho na porta do banheiro.
- Eu não estava de papinho.- me defendi achando aquilo tudo muito ridículo. Ele podia ter morrido envenenado e ele estava preocupado com o que eu falava com Jackson?
- Estava sim que eu vi.- ele bateu o pé, falando alto.- Olha só, Rebeca, eu não vou admitir pagar de corno por aí,entendeu? Você é minha mulher...
- Em primeiro lugar, Robert: Fala baixo.- ergui meu queixo olhando bem em seus olhos.- Em segundo lugar você nem sabe do que estávamos falando e em terceiro eu NÃO SOU SUA MULHER. Isso tudo aqui é o meu trabalho.
- Ah, então o que nós quando fizemos de manhã é parte do seu trabalho?- ele perguntou ácido – Bom saber que você presta esse tipo de serviço, vai me ajudar muito já que estou preso a você por um tempo...
Ele não teve tempo de terminar o que ia falar. Minha mão desceu alta e pesada no lado esquerdo seu rosto. Robert arregalou os olhos de surpresa.
- Me escuta bem seu atorzinho de merda- rosnei enfurecida.- , não ouse me comparar ao tipo de mulher que você está acostumado a lidar. Eu não estou aqui por você, não sinto nada por você, e não quero ter nada com você. Eu acho muito bom você começar a me respeitar caso contrário eu mesma...
Não terminei de falar. Estava me tornando repetitiva demais com ele.
Bati a porta do banheiro com força, me encarando no espelho.
- Idiota!- gritei sentindo meus olhos encherem de lágrimas. A maquiagem perfeita indo embora.
Tanto trabalho para ficar perfeita e ser tratada daquela forma.
- Rebeca?- a voz de Robert na porta me fez pular.
Eu estava a uns bons quinze minutos chorando de baixo do chuveiro.
- Rebeca, abre aqui, por favor.- suplicou batendo de leve.- Me desculpa, sai daí.
- Vai dormir, Pattinson.- gritei fungando.- Me deixa em paz.
- Eu não consigo.- admitiu.- Olha , eu não sou assim, entendeu? Eu não sei o que deu em mim. Você pode pensar que é machismo ou algo assim, mas eu não lido bem com traições...
- Eu não estava te traindo. Não posso trair alguém que ...
- Que você não tem nada. É, eu sei. Mas não é tão simples. Apenas me desculpe, ok. Não vai mais acontecer.
O ignorei completamente.
Quando sai do banheiro. Dez minutos mais tarde, dei de cara com Robert do lado da porta, encostado na parede no estilo “Edward Cullen”- sim, eu tinha assistido Crepúsculo. Quem não tinha?
- Podemos conversar?- perguntou vindo atrás de mim.
Não respondi, indo até o closet escolher uma camisola.
- Me perdoa.- pediu de novo, a voz suplicante e a expressão torturada.
- Você já disse isso.- resmunguei.- E não. Eu não perdoo você. Agora me dá licença.
Era muito fácil,falar um monte de merda e depois vim pedindo desculpa. Ele ia aprender uma linda lição.
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