Capitulo 6
Ravi
— Está ansiosa para a viagem? — Pergunto enquanto fecho o porta-malas do carro e adentro no táxi.
— Um pouco...— Sua voz soa receosa e sorrio.
— Parece que é muito. — Provoco e ela ri.
— Quem sabe?— Jasmine sorri e se cala.
O táxi nos leva até o aeroporto e durante todo o caminho, vamos em completo silêncio, o que não é muito comum. Após o check-in e o despacho das malas, finalmente seguimos para o embarque e nos acomodamos em nossas poltronas.
Após as explicações e os procedimentos de segurança, apertamos o cinto e o avião começa a decolar. Noto Jasmine totalmente calada, sinto certa tensão e penso no quão nervosa ela está.
— Jasmine? — Chamo baixinho e procuro suas mãos que estão geladas. — Fica tranquila, vai dar tudo certo.
— Vai sim. — Ela respira fundo e o avião começa a subir e logo estabiliza, fazendo com que ela relaxe.
— Quando chegarmos podemos sair e jantar em algum lugar. O que acha? — Sugiro tentando distraí-la
— Pode ser, seja o guia. — Sorri.
— Tenho uma surpresa para você. — Sussurro próximo ao ouvido dela.
— Qual? — Sua voz soa interessada e ansiosa.
— Amanhã você vai descobrir.
O voo segue por quase três horas tranquilamente, exceto na hora do pouso, que assusta um pouco Jasmine, mas ocorre tudo em sua normalidade.
— Deu tudo certo com a van? — Pergunto enquanto ela coloca o endereço do hotel no GPS do carro que alugamos.
— Aparentemente, sim, avisei o pessoal e três vans foram alugadas. Logo chegam ao hotel.
O percurso é rápido e feito em um silêncio confortável, com uma música de fundo. Estacionamos o carro e seguimos em direção ao saguão.
— Céus! Parecem uma torcida organizada. — Jasmine resmunga.
— O quê? — Pergunto interessado
— As secretárias, já chegaram, estão todas uniformizadas. Parecem uma torcida organizada.
— Sério? — Pergunto sem querer acreditar.
— Sério, chega a ser chocante. Farei o check-in.
Jasmine se afasta, mas caminho devagar de modo que posso ouvi-los.
— Boa noite, seja bem-vinda. A senhora também é uma das secretárias? — A recepcionista pergunta.
— Boa noite, bem, sim, mas...— Jasmine começa, mas é interrompida.
— Não é, não faz parte do nosso grupo. — Ouço uma voz ácida atravessar a conversa. — Observe as roupas dela, isso lá é modos de uma secretária? Coloque ela em outro andar. — A mulher exige.
— Com licença! — Jasmine eleva o tom da voz e eu já me preparo para segurar o riso. — Isso não lhe diz respeito. Senhora temos uma reserva em nome do Senhor Durham, quarto duplo.
— Quarto duplo? — Escuto a mulher dizer baixinho.
— Aqui está seu passe, as malas já estão sendo levadas. Boa estadia.
— Você é uma falsa, nem foi na nossa reunião. — A mulher volta a perturbar.
— Ela não foi porque eu não permiti. Achei uma perda de tempo. — Respondo antes que Jasmine diga algo. E o silêncio que fica chega a ser ensurdecedor — Vamos? — me volto a Jasmine.
°°°°°°°°°°°
Quase meia-noite, adentramos no quarto após dar umas voltas pelas redondezas e jantar. Me sinto extremamente cansado, minhas costas queimam pela posição no avião.
— Quer ir tomar banho primeiro? — Pergunto a Jasmine que está arrumando tudo no pequeno closet.
— Pode ir, já separei suas roupas. — Sua voz soa tranquila e eu afirmo com a cabeça. — Tudo bem?
— Cansaço...Estou indo na direção certa? — Pergunto sabendo que posso enfiar a cara na parede a qualquer momento. — Onde você colocou minhas coisas de banho?
— Siga em frente, cinco passos e a porta está na esquerda. E já estão no banheiro.
— Eficiente essa pessoa. — Elogio com um sorriso.
— Sempre. — Ouço sua risada.
Após me despir, abro o chuveiro e sinto a pressão da água sobre minhas costas, é relaxante, a água está morna e com uma ótima pressão. Após o banho, me seco, visto uma roupa confortável e saio do banheiro.
— Sua vez, Jas. Tome um banho e descanse, amanhã é sua folga de mim.
— Eu não pedi por ela. — Seu tom é ácido e sinto quando seu corpo passa por mim.
— Estou te presenteando. — Dou risada.
— Eu não quero! — Ela resmunga e bate a porta.
— Briguenta.
Ajusto o alarme do meu celular, coloco ele para carregar e deito na minha cama. Ligo a televisão e apago as luzes por meio de uma assistente virtual.
O cheiro do sabonete é diferente do meu e toma o quarto todo, ou penso que toma o quarto todo. Fico pensando nela, em como está vestida. A porta se abre e sinto que ela estava escaldando no banho, porque o vapor vem com tudo.
— Estava se cozinhando? — Resmungo rindo.
— Quase, amei esse chuveiro. — Ouço sua risada.
Ouço sua movimentação e logo tudo se silencia.
— Boa noite, Ravi. — Sua voz soa baixinho da outra cama.
— Boa noite, Jas. — Sussurro.
O alarme apita cedo e eu resmungo me virando e desligando.
— Bom dia...— Sua voz preguiçosa e me faz querer voltar a dormir.
— Vai dormir...— Resmungo enquanto cambaleando me levanto. — A tarde, sua surpresa vai chegar, espero que goste. — Sigo em direção ao banheiro.
— Me chame se precisar de ajuda. E eu vou gostar. — Sua voz soa sonolenta e animada, me tirando um sorriso.
Tomo banho, me visto e fico querendo perguntar a ela se coloco algum acessório. Ouço movimentações e seu cheiro se aproxima mesmo que ela esteja em silêncio.
— Deixa eu prender seu cordão e a pulseira. — Suas mãos se aproximam e eu me viro. — Cheiroso, hein? Vai encontrar alguém?
— Ciúmes, é? — Dou risada do seu tom.
— Claro, vou andar perfumada também.
— Mais? Ai não vale. — Respondo rindo. — Vai dormir e tenha uma ótima sessão de massagem e sei lá mais o que. A noite temos o jantar, não esquece.
— Tá, qualquer coisa me liga. — Apago a luz, pego minhas coisas e saio do quarto.
°°°°°°°°°°°°
Jasmine
O dia passa lento, tomo um delicioso café e sinto os olhares curiosos das secretárias, não entendo como existem pessoas assim.
Depois do café, vou atrás de receber minha massagem, duas horas de um spa delicioso, unhas feitas e massagem foi realmente revitalizante.
Durante o almoço, converso com Isla, contando cada mini detalhe sobre o hotel, tenho vontade de sair dele, mas não conheço Nova York e sinto que seria engolida e nunca mais me achariam.
O que Ravi está fazendo agora?
São quase quatro meses juntos, é difícil ficar sem pensar nele, criamos intimidade e ouso dizer que somos amigos também, já dormi tantas vezes no apartamento e passamos noites a fio trabalhando que não ter ele me perturbando é no mínimo estranho e entediante.
Depois do almoço preferi ficar na beira da piscina, deitada na espreguiçadeira apenas observando o movimento, me sinto tão entediada, com o celular na mão esperando um mínimo oi dele que parece nem se lembrar de mim.
Meus olhos vão fechando, enquanto uma brisa suave e o sol morno estão sobre mim, vou relaxando e aproveito o sono que está chegando.
— Senhorita Stafford? — Uma voz suave me chama. — Senhorita?
Abro meus olhos e vejo uma das recepcionistas em minha frente.
— Sim? — Pisco confusa e noto que está começando a escurecer.
— O senhor Durham enviou algo para a senhorita, que já está no seu quarto. — Meu coração salta e eu logo me sento prestando atenção. — E eu gostaria de saber se a senhorita vai precisar dos serviços de um cabeleireiro para o jantar.
— Ahn...acho que não, estou bem. — Digo um tanto sonolenta. — Que horas são, por favor?
— Seis e vinte. O jantar começa às oito.
— Seis? — Me levanto num pulo. — Eu dormi tanto assim?
— Sim. — A mulher ri com meus gestos. — Um sono ótimo, ninguém quis interromper.
— Puxa...— Olho ao redor. — É melhor eu ir me arrumar.
— Sim...E não esqueça o seu presente. — A mulher sorri e se retira.
Corro até o elevador e subo apressada ao meu quarto. O que será que é? Me pergunto ansiosa.
Adentro ao quarto e fecho a porta com cuidado, com medo de que outras pessoas vejam meu presente.
Viro-me para olhar ao redor do quarto e lá está ele, em cima da minha cama, uma enorme caixa em tom creme com uma fita acetinada formando um laço bonito.
Com a delicadeza de uma fada que se apossou de mim, desfaço o laço e abro a caixa com o maior cuidado do mundo, papéis de seda envolvem algo que eu ainda não consegui identificar.
Retiro os papéis de seda e o meu fôlego desaparece ao ver um lindo vestido. Ergo ele com cuidado e me aproximo do espelho.
Em tom de creme levemente rosado e acetinado, em um decote canoa, com um pequeno babado sobre os ombros, o comprimento é longo e ele é coberto por pedrinhas brilhantes.
— É lindo demais. — Sussurro ainda em choque.
Estendo o vestido sobre a cama e volto a olhar para a caixa, noto uma pequena caixa e um cartão.
Abro o cartão e vejo pontinhos do sistema Braille e me emociono. Foi ele que escreveu!
" Oi, eu disse ter uma surpresa, espero que goste, com carinho. Ravi"
Sorrio ao pensar que nunca ganhei nada assim e abro a pequena caixa.
— Ah! Ele pensa em tudo! Brincos, uma gargantilha e pulseira combinando. — Sorrio olhando para as pedrinhas brilhantes que combinam com o vestido.
Ajeito tudo sobre a cama e dou mais uma olhada na caixa, notando outra num tamanho médio. Mas quantas caixas cabem aqui?
Abro com cuidado e sorrio ao encontrar um par de sapatos no mesmo tom do vestido. Ai Ravi!
Antes que eu possa experimentar, ouço barulhos da porta e por algum motivo maluco, corro para o banheiro e me tranco. Que loucura foi essa?
Aproveito e tomo um bom banho, hidrato a pele e me enrolo na toalha. Saio um tanto desconfiada e vejo ele sentado de costas para mim, em sua cama.
— Sentiu minha falta? — Sua voz é baixa e suave — Eu senti a sua, queria te encher de mensagens.
— Senti, fiquei pensando: Poxa, ele não vai me mandar uma mensagem? — Resmungo rindo enquanto rapidamente visto as peças íntimas. — Que bom que não se esqueceu de mim. — Olho para a caixa em minha cama e abro um sorriso. — Amei a surpresa, obrigada.
— Gostou mesmo? — Ravi se vira com um sorriso.
— Sim, é lindo, vou vestir agora.
— Está sem roupas? — Sua voz é divertida e me faz rir.
— Se você pode, por que eu não? — Digo rindo entrando no vestido e puxando o zíper com certa dificuldade.
— Mas eu não vejo e você vê! — Acusa.
— Eu tenho que sair na vantagem, né? — Digo rindo.
— Tem é? — Ouço sua risada. — Vou me arrumar no banheiro, nada de me ver! — Diz e entra no banheiro.
Termino de ajustar o vestido, calço os saltos, me perfumo e coloco os acessórios, brincos, colar e a pulseira.
— Viu? Estou pronto! — Ravi surge saindo do banheiro usando calça social preta e uma camisa social preta.
— Ah, sem nudismo? — Desdenho e ele ri. — Prendo os cabelos ou os deixo soltos? — Pergunto enquanto os penteio.
— Soltos. Acho que combina melhor. — Diz enquanto veste seu blazer preto e calça seus sapatos. — E eu gosto. — Sussurra me tirando um sorriso.
— Pois bem. — Termino de pentear, passo um pouco de maquiagem e um batom levemente rosado para finalizar. — Precisa de ajuda?
— Sim, com meu cordão e lenço. — Diz enquanto junta os cabelos e os amarra em um coque.
— E com a camisa. — Me aproximo. — Tem uns botões fora das casas. — Digo já desabotoando toda a camisa.
— Está cheirosa, como ficou o vestido? — Sua voz soa um tanto rouca próximo ao meu ouvido.
— Você também, sempre cheiroso. — Termino de abotoar a camisa e fico nas pontas dos pés, prendendo o cordão em seu pescoço. — Descubra...— Digo em tom misterioso e risonho. — Por que esse lenço no pescoço?
— Para combinar com seu vestido. — Sorri enquanto se aproxima. — Essas suas falas sempre acabam comigo. — Diz próximo ao meu ouvido e suas mãos sobem até meus cabelos. — Deixou soltos mesmo?
O que está acontecendo? Pergunto a mim mesmo, enquanto prendo o lenço em seu pescoço.
— Está bom? Ou muito firme? — Pergunto ajeitando o tecido. — Ouvi sua sugestão. — Sorrio.
— Está, sim, não muito apertado. Depois me ajuda com as pulseiras, quero colocar meus anéis também. — Suas mãos passam delicadamente por minhas orelhas e encontram os brincos. — Gostou deles? — Pergunta brincando com eles.
— São lindos… — Sorrio e sinto suas grandes mãos descendo até meu pescoço. — Você é muito vaidoso. Gosto disso. — Digo já com as pulseiras em minhas mãos.
— A gargantilha...— Sua voz é baixa e eu afirmo com a cabeça. — Sempre fui assim. — Sinto suas mãos mornas por meus ombros até encontrarem as mangas do vestido.
Prendo uma pulseira em seu braço direito ao passo que sua mão esquerda desce por minhas costas.
— Um baita decote...— Sua voz soa risonha e quando olho para nós dois, percebo que estamos praticamente colados um no outro.
— Você que escolheu. — Provoco rindo e o ajudo a colocar o relógio.
Apoio minhas mãos em seu peito, enquanto suas mãos descem até minha cintura e param ali. — E não me arrependo, você ficou linda nele. — Sussurra com um sorriso que me tira o fôlego. O que você está fazendo, Ravi?
— Obrigada. — Sorrio totalmente imóvel.
De repente o som do seu alarme dispara, quebrando o clima e nos afastamos.
— Vou colocar meus anéis e podemos ir. — Ravi se afasta e volta a se arrumar. — Pronto, vamos? — Sua mão me convida e enlaço meu braço ao seu.
— Vamos.
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