Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 1

Ravi

A água bem temperada cai sobre meu corpo com uma pressão mediana que me relaxa e, ao mesmo tempo, me desperta, mais uma longa noite de sonhos, sonhos que me confundem e que acabam me tirando do eixo.

Procuro o vidro de shampoo e dispenso um pouco na palma da minha mão, o devolvo para a prateleira e espalho sobre os fios que atualmente escorrem até a altura dos meus ombros.

Aproveito a espuma e desço as mãos para minha barba mediana e esfrego a região com cuidado. Volto aos cabelos, espalhando um pouco de condicionador e enxáguo os fios com afinco.

Por fim, termino de lavar meu corpo, fecho o registro e puxo a toalha me secando brevemente, visto a cueca e enrolo a toalha na cintura. Torço um pouco os cabelos, retirando o excesso de água e com uma toalha de rosto seco-os um pouco.

Tateio a bancada do banheiro e encontro um pequeno vidro com uma tampa de bulbo e sei que é o balm para a barba, aplico um pouco sobre as mãos e espalho na região do rosto e logo o leve cheiro amadeirado e cítrico se espalha pelo ambiente.

Saio do banheiro e logo sinto a presença de Anny, uma das nossas colaboradoras, a mais antiga, por sinal.

— Bom dia, Anny! — Digo rapidamente e sigo em direção ao closet com o intuito de tentar não constrangê-la.

Depois de tantas histórias, a cegueira e o acidente, perdi completamente a vergonha sobre a minha nudez, mas tento evitar o constrangimento alheio.

— Aí está você! — Escuto a voz acusadora de minha mãe enquanto caminho em direção as roupas.

— Bom dia, mamãe! — Respiro fundo enquanto tateio as placas em Braile tentando encontrar o que procuro.

— Já separei uma linda roupa para você. — Escuto sua voz açucarada e abro um sorriso.

— Aposto que é um terno e gravata azul. — Respondo enquanto tiro uma calça jeans preta.

Retiro a toalha da cintura e apoio no móvel enquanto entro na calça sem dificuldades.

— Meu filho, você não deveria andar expondo esse belo corpinho por aí! — Escuto a gargalhada da senhora Chloe e abro um sorriso.

— Pobre Anny! — Retruco enquanto visto uma camiseta preta e por cima uma blusa de manga longa de tecido de linho também na cor preta.

— Ravi não faça isso! Ela é casada, se o marido dela descobre pensará mal dela! — Ela ri enquanto tenta manter o tom de preocupação.

— É como digo, se não quer ver estrelas, não olhe para o céu! — Devolvo enquanto borrifo um pouco de perfume.

— Você é um convencido, isso sim! — Ouço os passos de minha mãe pelo ambiente e sei que ela está ansiosa.

— Pode pegar aquelas botas pretas para mim? — Peço enquanto me apoio novamente no móvel e calço as meias.

— Claro! — Ouço seus passos largos e respiro fundo.

Depois do acidente, a cegueira veio com tudo, mas se estabilizou, uma doença que gradualmente ia consumindo minha visão e agora estabilizamos, vejo poucos vultos e a luminosidade e sou extremamente grato por isso.

Agora com um ano de recuperação quero voltar a minha vida, aliás já voltei boa parte dela, o trabalho, as aulas, mas quero um ambiente mais privativo, sem minha mãe escolhendo minhas roupas como um garotinho.

Calço as botas e amarro os cadarços notando o silêncio da mulher ao meu lado. É difícil para ela também, mas quero que ela e meu pai vivam anos dourados e não fiquem cuidando o tempo todo do filho cego.

— Ravi… Você tem certeza? — Ouço seu tom receoso e me aproximo dela.

— Quero minha independência, mãe, sempre sabíamos que podia acontecer, me preparei para isso, uma pessoa para guiar tudo é o que preciso. E assim não sou um peso para vocês. — Toco seu ombro com carinho.

— Um filho nunca deve ser um peso para os pais, para de falar essas coisas ridículas! — Sua voz chorosa me mostra que ela está mais sentida do que eu imaginava.

— Eu sei, desculpe. — Digo sincero. — O que acha de acompanhar de longe as entrevistas? Prometo que sua opinião será ouvida.

— Promete? — Sinto uma certa animação surgir e sorrio afirmando com a cabeça. — Oba! Vamos tomar café.

— Espera, me ajuda com minha pulseira aqui e pega meus anéis ali. — Aponto a bancada.

— Nunca perca isso, essa vaidade. — diz em tom suave.

Ela me ajuda com a pulseira e eu coloco os anéis. Penteio os cabelos e os prendo pela metade em um rabo de cavalo, deixando uma boa quantidade solta na região da nuca.

— Pronto.

— Ótimo, agora o café. — Chloe insiste ansiosa e me puxa para fora do quarto.

Saio do carro, ouvindo os passos da minha mãe que caminha ao meu lado. O caminho é sempre o mesmo, a vaga sempre a mesma, depois é só seguir o piso tátil direcional e entrar na cabine do elevador.

— Vou ao andar do mezanino, me espera em minha sala. — Digo assim que adentramos na cabine metálica.

— Hoje você está muito mandão! — Minha mãe reclama como uma criança me tirando muitas risadas.

— Estou mesmo! — Faço careta e saio do elevador.

Caminho sobre o hall e escuto a voz de Amber e de outra mulher. Sigo em direção do balcão da recepção, o volume das vozes vão aumentando.

— Nunca vi ninguém chegar tão cedo para uma entrevista, só você mesmo. — Ouço a voz de Amber. — Senhor Duham. — Sinto que ela se levanta.

— Bom dia, Amber e para a senhorita também. — Tento ser educado. — Tudo certo para as entrevistas? Não diga nada a elas.

— Bom dia. — ouço a voz da outra pessoa que a acompanha.

— Bom dia, pode deixar! — Amber responde, concordo com a cabeça e me viro em direção ao elevador.

Em minha sala tento organizar tudo para iniciar as entrevistas, procuro uma assistente e talvez uma amiga, mas outros setores também precisam de secretárias e eu gosto de fazer as entrevistas.

As duas primeiras são um tanto monótonas, a primeira parecia um tanto perdida, não daria certo para nenhum setor, sem currículo, muito confusa, ouso dizer que parecia bêbada.

A segunda foi totalmente o oposto, a mulher parecia um relógio, Matilde é a perfeição em pessoa, minha mãe adorou a eficiência dela, vamos mantê-la como uma possibilidade, mas eu particularmente achei ela muito fria e silenciosa.

A próxima é com uma senhora, Clair, observo seu currículo e possui uma boa formação, ótimas referências, mas há uma pausa de quase sete anos… interessante.

Assim que autorizo sua entrada, um leve cheiro de alfazema invade um ambiente e a imagino como uma mãezona.

— Bom dia, senhora Clair. — Saúdo com firmeza.

— Bom dia! — Sinto seu receio.

Começo com algumas perguntas sobre ela, sobre seu modo de trabalhar e realmente gosto do jeito acalentador dela. Descubro que sua pausa de sete anos fora para cuidar do filho e entendo seu receio, deve ser difícil voltar ao mercado de trabalho após tanto tempo.

Infelizmente sei que não dará certo como minha assistente, pois tudo se transforma quando ela descobre a cegueira. Tudo ela diz com extremo cuidado e sinto sua ajuda em tudo, até para pegar a caneta, me sinto um tanto sufocado.

— Pois bem, obrigada por seu tempo. — Inicio brevemente. — O Rh irá entrar em contato com a senhora, solicitando documentos e algumas informações para oficializar sua entrada na empresa. — Sinto como ela fica feliz.

— Eu passei? — Sua voz soa emocionada e sinto que fiz a coisa certa, não para mim, mas Bryan vai me agradecer.

— Sim, você tem ótimas referências. — Sorrio. — Agora preciso ser franco, seu novo chefe é um meninão, não tente ser a mãe dele, coloque eles nos trilhos, lembre-se disso. Se for para ser mãe dele, que seja o tipo mandona e ele o filho que só obedece. — Ouço sua risada e acabo por rir também. — Escute o que digo e seja bem-vinda!

— Obrigada pelos conselhos, vou seguir a risca e muito obrigada por essa oportunidade! — Diz sincera e ouço ela se levantar.

— Tenha um ótimo dia! — Finalizo.

Aguardo que ela saia da sala e organizo os papéis em cima da mesa, ouço os passos da minha mãe se aproximando e volto meus olhos para a sua direção.

— Estou muito orgulhosa de você! — Noto sua emoção e sorrio levemente. — Temos mais duas entrevistas, você quer almoçar e depois terminar ou já finalizar e depois almoçar?

— Vamos finalizar tudo, assim almoço com calma.

— Certo, vou voltar ao meu lugar. — Chloe ri e volta ao seu sofá.

Autorizo a entrada da próxima candidata e assim que ela adentra o cheiro marcante de um perfume açucarado se instaura no ar.

Escuto mascadas de chiclete e penso onde estamos no metendo.

— Bom dia, senhorita Brittany! Como vai? — Saúdo enquanto tento procurar seu currículo em meu computador. — Não enviou seu currículo?

— Bom dia querido, estou muito melhor agora e você? — Sua voz soa açucaradamente forçada e sinto um ar de segundas intenções. — Aqui está! — Ela masca freneticamente e me entrega um papel brevemente amassado.

— Foi pedido que os currículos fossem enviados por e-mail. — Tento manter a calma.

— É que eu não sei mexer com essas coisas. — Brittany continua a mascar o chiclete de modo barulhento. — Mas sei mexer em outras coisas bem interessantes. — Sinto seu toque sobre a minha mão e puxo meu braço em direção ao meu colo.

— Olha, não estamos interessados. — Sou sincero.

— Como não? — A mulher se levanta e dá a volta se aproximando da minha cadeira. — Tem certeza? — Sua voz saiu quase como um gemido e eu me afasto com a cadeira no instante em que ela faz menção de sentar em meu colo.

— Senhorita, peço que se retire, por favor. Caso o contrário, terei que chamar os seguranças — Digo rudemente.

— Hupft! — A mulher resmunga e ouço seus saltos barulhentos ecoarem pela sala até a direção da porta.

— Senhor, que decote é aquele? — Escuto a voz chocada da minha mãe e caio na risada.

— Aposto que tinha uma minissaia!

— Uma micro saia você quer dizer, né? — Seu tom é ácido, mas me faz rir.

— Vamos à última. — Respiro fundo.

Autorizo a entrada da última entrevistada e aguardo pacientemente.

— Bom dia! — Ela saúda e me lembro da voz no mezanino.

— Bom dia, senhorita… — Procuro na mesa o papel com os nomes das candidatas.

Me surpreende o fato que ela espera eu procurar e não responde, como normalmente as pessoas fazem. Sinto que ela aguarda enquanto passo os dedos pelos pontinhos do braille.

— Jasmine. — Respondo com firmeza. — Estava no mezanino.

— Sim, nos vimos a pouco. — Sua voz soa tranquila, sem nenhuma pressa e ouso dizer com certa animação.

— Amber te recomendou para a vaga? — Pergunto enquanto abro seu currículo no computador.

— Quem?

— Amber, a recepcionista, vocês estavam conversando bem animadas. Ela te recomendou a vaga? — Repito a pergunta enquanto ouço suas formações.

— Ah, não. Não nos conhecemos antes de hoje, estava apenas tirando uma dúvida e sou um pouco falante e ficamos conversando assuntos aleatórios. — Sinto sinceridade em sua voz e sorrio brevemente.

— Entendo. Aqui diz que você é formada em administração com especialização em finanças, certo?

— Sim, certinho. — Sua voz soa meio vaga e volto meus olhos a ela e noto que ela parece observar a sala.

— Você fala três idiomas? — Digo realmente surpreso.

— Sim, inglês, coreano e italiano. — Diz animadamente.

— Coreano e italiano? — Pergunto realmente interessado.

— Sou descendente de sul coreanos, foi como minha primeira língua.

— E o italiano? — Digo enquanto tateio a mesa em busca de uma garrafa de água, sendo totalmente ignorado por Jasmine

— Bem, perdi meus pais com doze anos e fiquei em um orfanato, lá uma senhorinha italiana me ensinou. — Não noto tristeza em sua voz, mas sim o tom animado do início, o que me deixa tranquilo para continuar.

— Entendi… Espera, você tem vinte e quatro anos? E com especialização? — Finalmente consigo abrir a garrafa, o que me deixa muito feliz, pois normalmente alguém insistiria em abrir para mim, o que me deixaria bem desconfortável, e tomo um bom gole.

— Sempre gostei de estudar, assim que terminei a escola comecei a faculdade e não parei. — Sinto certa timidez em sua voz e afirmo com a cabeça.

— Ótimo, você tem ótimas referências dos professores… Uma pergunta fora desse assunto, posso?

— Claro, fique à vontade. — Ouço sua risada e acabo rindo também.

— Uma vez ouvi que quando pessoas orientais vêm para o ocidente, escolhem um nome para usar aqui, é verdade?

— Sim, às vezes escolhem algo que tem a ver com a família ou só um nome aleatório.

— E o contrário? Como você nasceu aqui, escolheu um nome para usar lá? — Pergunto realmente interessado.

— Ah, sim. Meus pais escolheram, é Yu-na, Choi Yu-na.

— Diferente… — Digo pensativo enquanto escuto seu sobrenome coreano. — Como escreve?

— Hm… Em braille é complicado... — Ok, ela notou minha condição, penso. — Porque o coreano em braille difere do inglês, os pontos, sabe? — Afirmo com a cabeça enquanto tento entender toda a sua movimentação. — Poderia me emprestar uma reglete e o pulsão? Vou te mostrar no nosso alfabeto.

Me surpreendo com a pergunta e até fico sem ação, abro a gaveta ao meu lado e pego uma mesa reglete¹ e um pulsão² e entrego a ela.

— Bem, vejamos… Choi Yu-na… — Ouço Jasmine dizer enquanto posso ouvir o barulho dos furos sendo formados. — Prontinho, leia. — Entrega a prancheta em minhas mãos e volta a se sentar.

— Ah, o sobrenome vem primeiro… — Digo enquanto realizo a leitura. — Yu..Na, diferente e bonito.

— Obrigada, viu? Sempre acabo em assuntos aleatórios como esse com as pessoas. — Ela aponta enquanto sorri e eu afirmo.

— Ver eu não vi, mas estou escutando. — Decido brincar um pouco com ela.

— Ah, não, você não é do tipo que fica fazendo essas piadinhas, é?

— Pode apostar que sim, rir é o melhor remédio. — Dou risada e ouço ela expirar fundo.

— Lá vamos nós... — Jasmine sussurra.

— Como aprendeu o braille? — Decido matar minha curiosidade.

— No orfanato, era um lugar bem bacana e eu aproveitei todos os cursos.

— Sente muita falta dos seus pais? — A pergunta escapa de meus lábios e eu me arrependo no mesmo segundo. — Desculpe.

— Fica tranquilo... — Sua voz está tranquila e ouso dizer que um sorriso leve está estampando seu rosto. — Sinto, como todo mundo, mas meus pais me criaram para o mundo, aproveitei muito com eles e penso que quero viver e orgulhar eles, por isso aproveito cada oportunidade.

— Muito bem, assim deve ser. — Sorrio ajeitando os papéis em minha mesa. — Realmente você foge dos assuntos, senhorita Jasmine.

— Eu, né? — Ela acusa e me fazendo rir.

— Senti uma leve acusação. — Aponto.

— Sentiu certo. — Devolve o tom.

— Pois bem, meu parecer final. — Digo em tom sério e o clima muda. — Finalize suas pendências com o Rh e bem-vinda a empresa!

— Ah! Sério? — Jasmine diz e se levanta abruptamente.

— Sério, caso esteja disposta a me aturar. — Abro um sorriso sacana.

— Puxa, vou ter que me esforçar. — Ela faz uma careta. — Mas tudo bem, muita obrigada pela oportunidade.

— Se esforce mesmo! — Sorrio. — Tenha um ótimo dia.

— Igualmente. — Ouço seus passos e aguardo enquanto ela se retira.

Fico à espreita, esperando a reação da minha mãe. Que entrevista foi essa?

— Vamos, mamãe diga algo. — Insisto.

— O que tenho para dizer? — Sua voz soa de modo rude e fico confuso. — Perdi meu filho! — diz de modo dramático. — Ela é tão legal que até eu queria uma assistente assim. — Minha mãe puxa meu braço e o balança como uma criança fazendo drama.

— Também achei, acho que é exatamente o que eu procuro.

— Quer uma descrição de como ela é?

— Não, vou descobrir sozinho. — Abro um sorriso presunçoso. — Vamos almoçar. — Digo e sigo em direção à saída.

— Como assim descobre sozinho? — O choque da minha mãe é hilário. — Ravi, volte aqui e se explique! — Ignoro seus gritos e aguardo o elevador.

Minha mãe se aproxima e sinto seu olhar fulminante. — Se explique! E eu não quero você andando nu pela casa.

— A casa é minha mamãe. — Cantarolo rindo.


Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro