Alejandro estava na cozinha, preparando a mamadeira de Nikolai, quando ouviu Anastacia entrar. O som dos saltos dela ecoava pelo chão de mármore, cada passo carregado de uma tensão que ele podia sentir no ar. Ele sabia que algo estava prestes a acontecer, algo que ele não poderia evitar.

— Alejandro, precisamos conversar — disse Anastacia, sua voz firme, mas com uma ponta de exasperação.

Ele se virou para encará-la, tentando manter a calma. — Claro, Mi diosa. O que houve?

— Não me chame assim — ela retrucou, cruzando os braços. — Precisamos falar sobre essa... situação. A diferença de idade, as barreiras culturais. Isso não pode continuar assim.

Alejandro sentiu um nó se formar em seu estômago. Ele sabia que ela tinha razão, mas a atração que sentia por ela era inegável, quase sufocante. — Eu sei que é complicado, Anastacia. Mas não podemos simplesmente ignorar o que sentimos.

— Sentimos? — ela riu, mas não havia humor em seu riso. — Você tem 19 anos, Alejandro. Eu tenho 28. Sou mãe, tenho uma empresa para gerenciar. Não podemos nos dar ao luxo de agir como crianças.

— PORRA!!— ele explodiu, a frustração finalmente transbordando. — Você acha que eu não sei disso? Você acha que eu não sinto o peso dessa diferença todos os dias?

Anastacia ficou em silêncio por um momento, surpresa pela intensidade de suas palavras. — Então por que continuar? Por que não podemos simplesmente ser profissionais?

Alejandro deu um passo à frente, a proximidade entre eles aumentando a tensão. — Porque eu não consigo parar de pensar em você. Porque cada vez que estou perto de você, sinto algo que nunca senti antes. E sei que você sente o mesmo.

Ela desviou o olhar, mas ele viu a luta interna em seus olhos. — Isso não muda nada. Temos responsabilidades, Alejandro. E você... você é tão jovem.

— Jovem, mas não ingênuo — ele respondeu, a voz baixa e carregada de emoção. — Eu sei o que quero, Anastacia. E quero você.

Antes que ela pudesse responder, Dmitri entrou na cozinha, percebendo a atmosfera carregada. — O que está acontecendo aqui?

— Nada que você precise se preocupar, Dmitri — disse Anastacia, tentando manter a compostura.

— Parece que vocês dois precisam de um tempo para esfriar a cabeça — Dmitri sugeriu, colocando uma mão no ombro de Alejandro. — Vamos, cunhado. Vamos dar uma volta.

Alejandro queria protestar, queria continuar a discussão, mas sabia que Dmitri estava certo. Ele precisava de um momento para se acalmar, para pensar. Ele lançou um último olhar para Anastacia antes de seguir Dmitri para fora da cozinha.

Anastacia observou Alejandro sair com Dmitri, sentindo uma mistura de alívio e frustração. A discussão havia sido intensa, e ela sabia que não seria a última. Alejandro era teimoso, determinado, e isso a atraía tanto quanto a irritava.

Ela se sentou à mesa da cozinha, passando as mãos pelo rosto. A diferença de idade era apenas uma das muitas barreiras entre eles. Havia também as diferenças culturais, as responsabilidades que ambos carregavam. Mas, acima de tudo, havia os sentimentos que ela não conseguia ignorar.

— Mi diosa... — ela murmurou para si mesma, lembrando-se de como Alejandro a chamava. Ele a via como uma deusa, mas ela se sentia mais como uma mulher comum, lutando para equilibrar todas as partes de sua vida.

A porta da cozinha se abriu novamente, e Dmitri entrou, sozinho desta vez. — Ele vai ficar bem. Só precisa de um tempo para pensar.

— E eu? — ela perguntou, olhando para Dmitri. — O que eu faço com tudo isso?

Dmitri deu de ombros, um sorriso compreensivo no rosto. — Você faz o que sempre faz, Ana. Você lida com isso. E, eventualmente, você encontrará uma maneira de fazer isso funcionar. Porque, no fundo, você sabe que ele é importante para você.

Anastacia suspirou, sabendo que Dmitri estava certo. Mas isso não tornava as coisas mais fáceis. Ela tinha uma empresa para gerenciar, um filho para criar, e agora, um jovem teimoso e apaixonado para lidar. A vida nunca havia sido simples para ela, e parecia que não seria agora.