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IV - Tapa-buraco

     Mais duas semanas se passaram, e nos últimos quatorze dias Olivia evitou assistir as apresentações, por mais que sentisse falta. Sabia que assim que Megan a visse, a puxaria até o palco para participar do número de Oscar. Ela também não o viu mais – a não ser fumando na janela de seu trailer. Precisava devolver seu isqueiro e agradecê-lo, mas além da dor que ainda sentia no tornozelo, andava tão entediada que mal saía de sua cama, sentia que a qualquer momento se fundiria ao colchão.

     Naquela tarde de quinta-feira, estava mais uma vez abraçada ao seu travesseiro quando ouviu baterem em sua porta. No que Adam abriu, ouviu a voz de Hector. A presença dele nunca era seguida de uma boa notícia. Seu irmão foi até o quarto e a chamou, parecia que o assunto era com ela. Olivia se levantou, pegou suas muletas e seguiu até a sala para conversar com o homem sentado ao sofá que secava o suor da testa com um lenço. Encostou na parede e o encarou.


– Boa tarde, Hector. Ao que devo o prazer da sua visita? – Olivia tentou não soar irônica, mas era difícil.

– Preciso que você volte para o circo – falou sem rodeios.

– Você sabe que ela ainda não pode! – Adam aumentou o tom de voz.

– Eu estou falando com a sua irmã, Adam. Se puder nos dar licença... – o homem apontou para a porta.

– Você está tentando me expulsar da minha própria casa?!

– Não é nada que seu pai já não tenha feito – Hector o respondeu sem nem ao menos olhá-lo.

– O Adam está certo – Olivia interrompeu antes que seu irmão respondesse – Eu ainda não posso voltar. Mal consigo colocar o pé no chão!

– Mas você não pode ficar morando aqui sem ser útil – deu de ombros.

– Ninguém aqui mora de graça. A gente paga aluguel – Adam voltou a falar.

– Mas Hector, por mais que eu queira, eu não posso voltar para o trapézio! – ignorou o irmão, por mais que concordasse.

– E quem está falando de trapézio? – Hector ergueu as sobrancelhas – Eu não sou louco de te colocar de volta lá agora. Estou falando das vendas, da bilheteria, da barraca, da limpeza...


     Seria mentira se Olivia dissesse que estava feliz com isso. Durante toda a sua vida esteve no picadeiro, não ao redor dele. Por mais que ajudasse nas vendas antes dos espetáculos e fizesse parte da escala de limpeza, nunca ficou apenas nisso. Sempre fez tudo de boa vontade, mas porque sabia que valeria a pena, porque se apresentaria. Mas agora era só aquilo. Sem bônus.


– Eu não sei se é uma boa id...

– Eu acho que você não me entendeu, Olivia – Hector a interrompeu e se levantou do sofá – Eu não vim pedir para você voltar para o circo. Eu vim te informar que eu preciso de você lá. Você começa essa noite.

– Mas... mas eu não me preparei, que roupa eu vou? Eu vou ficar onde?!

– Ah, faz uma maquiagem de palhaço, põe um figurino qualquer, você só vai vender, limpar, sei lá, vê com o Richard e com o seu pai o que vai precisar fazer. Você vai ser um tapa-buraco, só isso.


     Hector terminou de falar e saiu pela porta da frente, mal dando tempo de resposta. Adam continuou parado onde estava, cruzou os braços e encarou a irmã. Era nítido o desânimo em seu rosto. Olivia afastou a cortina e viu o homem caminhar até o trailer próximo ao seu e bater na porta de Oscar. Parecia não ter ninguém em casa, então Hector desceu os degraus e saiu andando até sumir de seu campo de visão. Observou um movimento na cortina da janela vizinha e no que estreitou os olhos, viu o rosto do rapaz através de uma fresta no tecido tentando ver se seu visitante já havia desistido.

     Olivia não tinha mais tempo para ficar espiando os trailers vizinhos. Contra sua vontade, pegou suas maquiagens e fez uma pintura básica no rosto, apenas uma mistura de vermelho e preto nos olhos e nos lábios, contrastando com a pele tingida de branco. Como Hector disse, ela seria apenas um tapa-buraco, então não precisava de muito brilho. Pegou um suspensório e uma calça listrada em preto-e-branco do irmão, vestiu uma camisa branca, uma gravata borboleta preta e colocou uma de suas cartolas. Estava tão monocromática quanto seu humor.

     Naquele primeiro dia, foi decidido que a princípio ficaria na bilheteria. Recepcionou a todos com um sorriso que qualquer um que a conhecesse bem, saberia que era forçado. Quando finalmente pensou que poderia se sentar após atender a todos da fila, foi chamada por Richard. Hora de vender pipoca. Normalmente os vendedores andavam por entre as fileiras da arquibancada, porém Olivia ainda fazia uso das muletas, então ficou parada e esperou que viessem até ela.

     Quando o espetáculo começou, Olivia pensou que finalmente poderia voltar para casa, mas foi informada por Richard que Hector foi bem claro quando disse que ela deveria fazer por merecer seu pagamento. Não quis assistir a nenhuma apresentação, então se fechou na bilheteria até que a próxima sessão se iniciasse.

     Ficar fechada em uma cabine minúscula, sentada em um banco desconfortável, sem poder mexer em seu celular para passar o tempo definitivamente não era empolgante, então Olivia começou a fazer planos para quando voltasse a se apresentar. Mentalmente, montou um número completamente novo, mas bastava se imaginar nos ares para que a realidade surgisse – a volta não era uma certeza, e mesmo se fosse, ainda era algo distante.

     Fantasiou por tanto tempo que acabou cochilando debruçada sobre o balcão, sendo acordada por algumas batidas na parede de madeira. Mais uma vez Richard aparecia com as notícias ruins – pelo menos ao seu ver. "Limpeza, vai", ela o ouviu dizer. Antes que pudesse olhar as horas, ele a estendeu uma vassoura e uma pá. Olivia saiu da cabine e olhou ao redor, os artistas já estavam sem seus figurinos, cada um voltando para o seu trailer.


– Eu vou limpar sozinha?! – perguntou um tanto quanto desacreditada.

– Ordens do Hector... Já falei o que ele disse, quer que você faça por merecer – Richard torceu os lábios – A propósito, depois que terminar aqui, pegue seu pagamento do dia na gaveta da bilheteria, está em um envelope com o seu nome. Você sabe apagar tudo né?

– Não, Richard, eu moro aqui há vinte e cinco anos e não sei apagar as luzes – revirou os olhos – É claro que eu sei. Apesar que a hora que eu terminar isso aqui, já vai estar na hora da apresentação de amanhã. Ninguém se ofereceu de ajudar?!

– Seu pai queria ajudar, mas eu não deixei.

– Fez bem, ele já trabalha demais... E o Adam? Quer saber... não precisa responder. Eu sei que ele não ficaria.

– Que bom que você sabe – Megan gritou do outro lado do picadeiro – Mas eu estou aqui, baby. Quem precisa do Adam?!

     Richard aproveitou a deixa e se despediu, já que também não estava nada afim de ajudar na limpeza. Megan pegou a vassoura da mão de sua amiga e começou a varrer entre as fileiras da arquibancada. Olivia retirava os sacos cheios de lixo dos tambores enquanto falava mal de Hector junto com a ruiva. Em pouco mais de uma hora as duas terminaram a limpeza, mas também não capricharam muito, já que no dia seguinte tudo se repetiria.


– Pelo amor de Deus, vamos embora logo, Liv! Eu preciso de um banho! – Megan suplicou.

– Pode ir, eu só vou tirar mais esse saco e apagar tudo.

– Eu não, vai que aparece um tarado?! Vou te fazer companhia.

– E se aparecer você vai fazer o quê? Correr junto comigo?

– Você não é muito boa em correr – apontou com o queixo para o tornozelo da amiga.


     Olivia sorriu e foi até a bilheteria para pegar seu pagamento. Retirou o envelope da gaveta enquanto Megan reclamava do tamanho do cansaço que estava sentindo. Com as muletas em mãos, as duas saíram caminhando em direção aos trailers. A ruiva estava um pouco mais à frente falando sem parar, Já Olivia decidiu abrir o envelope para ver quanto recebeu. O sorriso que mantinha ao ouvir as histórias da amiga se desfez ao ver apenas uma nota de dez libras.


– Filho da puta... – murmurou.

– Desculpa, não ouvi o que você falou – Megan se virou para a amiga.

– Não foi nada, eu... Meg, eu... eu esqueci meu celular na cabine.

– Quer que eu vá pegar?

– Não, eu... pode deixar que eu vou – sorriu – Pode ir pra casa, você deve estar muito mais cansada que eu. Fica tranquila que nenhum tarado vai aparecer.

– Tem certeza?

– Absoluta. Se aparecer algum, eu grito.


     Com um beijinho solto no ar, Megan assentiu e se despediu. Olivia amassou a nota na mão, tamanha a raiva que sentia. Chegou de volta ao circo mais rápido do que imaginou. Acendeu as luzes internas e soltou seu trapézio, o trazendo para o centro do picadeiro. Ela não merecia apenas dez libras. Ela não era só um tapa-buraco. Ela era uma trapezista. Ela era uma artista. Ela só queria provar para todos que ela ainda era quem sempre foi.

Olá meus amores! Como estão?!

Antes de tudo gostaria de me desculpar pela demora para aparecer com capítulo novo, eu dei uma surtada e fiquei fora da internet por um tempo, afinal, quem é que não deu uma surtada nessa quarentena né?

Espero que tenham gostado do capítulo!

Deixem a estrelinha e continuem acompanhando, por favor, prometo não sumir de novo.

Beijinhos ♥

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