🧛Capítulo 8
Oi, oi, oi, tesudinheeeeeeeees!!
Eu tô tão feliz de estar postando pra vcs 😭😭😭😭 entrei na reta final da graduação e finalmente tô postando com o coração leve, sabe? Então espero que estejam bem também 💜
Boa leitura e, se gostarem, comentem, porque amo saber o que vocês estão achando!!
#VampiroTristeComT
»»🐺««
Jungkook me encheu o saco a semana inteira perguntando pra onde eu gostaria de ir. O grande problema, porém, era que nunca fui muito de sair de casa; então, a lista de "lugares pra encontros" nada mais era do que um conceito de realidades paralelas. E Jungkook, aquele totó cabeça dura, queria que eu participasse do processo de decisão. No fim, falei a opção mais óbvia: cinema.
Fomos, então, ao cinema. Assistir a um filme que eu não fazia a mínima ideia de qual seria, só fingi que tava animado com o qual Jungkook mostrou mais interesse. Até que deu certo: ficou tão feliz que não notou minha eterna cara de mosca morta preocupada com o namoro.
E, não, não havia nada de errado no meu namoro com Jungkook. Nada além de mim e de tal pensamento que o problema era eu. Ou que eu era o problema. Algo assim.
A gente ia ou de mãos dadas ou abraçados pro colégio; eu tinha acesso infinito não só ao pescoço, mas à boca dele também; nós passávamos a tarde inteirinha juntos. Era bom, doce. Mas, no final do dia, sobrava um amargo. Como se eu tivesse enganando Jungkook. Como se ele precisasse ser avisado de que todas aquelas coisas que ele achava interessantes sobre mim eram apenas uma interpretação errônea.
Respirei fundo. Quando eu me desprezava, eu desprezava os sentimentos do Jungkook também. E eu não queria desprezá-los. Eram tão lindos. Esbanjavam dele em cada detalhe. Jungkook era tão verdadeiro.
— Ai, Ji, eu tava todo animado pra assistir o filme, mas agora tô nervoso de tá aqui contigo! — sussurrou durante os trailers iniciais que explicavam como sair do cinema em casos de emergência; eu prestava muita atenção, porque não me faltavam emergências que dessem vontade de fugir.
Confuso, eu virei a cabeça pra olhá-lo. Jungkook carregava um sorrisinho doce, quase tímido, e um olhar castanho esperançoso que, após passear um pouco por minha expressão, se fechou. Me deu um selinho casto. Um, dois, três, vários, enquanto sua mão quente subia do meu braço até minha bochecha pra deixar carícias ali.
Ele era tão adorável, tão sincero. Tão perfeito. E eu me odiei ainda mais, porque eu não era nenhuma daquelas coisas agradáveis. Meu cérebro entrava em pane entre apreciar os toques e me odiar por recebê-los mesmo sem ser merecedor.
— Ei, minha paredinha linda, o que tá passando na tua cabeça? — murmurou contra meus lábios, ainda me acarinhando. Minha boca deve ter tensionado.
— Coisas que você não gostaria de ouvir.
— Que sou bobo, feio e chato? Que meu pau é torto demais? Que sou um busão de pulgas? — brincou, risonho.
— Nunca pensaria nada de ruim de você, Kook...
— Eu sei... Mas por que é tão fácil pra que cê pense coisas ruins de ti?
Como sempre, na mosca. Engoli em seco.
— Não sei, Kook. Acho que só sou deslocado desde sempre.
A respiração dele contra a minha se interrompeu por alguns segundos, e senti a mão de Jungkook em meu rosto estremecer. Daquela vez, ele conduziu meu rosto pro lado pra deixar um beijo na minha bochecha.
— Queria tanto que cê não se sentisse assim... — confessou.
— Também queria.
Sem paciência pra ficar engrandecendo ainda mais toda aquela insegurança dentro de mim, puxei Jungkook pra mais um selinho. O gosto era diferente quando eu começava. E era bom, apesar de não necessariamente melhor. Respirei fundo, tentando me acalmar. Tava certo de que o que minhas inseguranças mais queriam era que eu as desse ouvidos, deixasse elas me paralisarem.
Jungkook, assim como fazia com o papel de fofo conversativo, se prestou muito bem ao papel de me distrair. Sua mão deslizou pro meu queixo, o segurando com cuidado enquanto me guiava pra que eu entreabrisse os lábios. Sua língua passeou entre eles e terminei de me render, enroscando a minha na dele também.
— Eu quero passar o filme inteiro grudado em ti, como uma pulga — disse, muito sério, quando afastamos o beijo. Não pude deixar de dar uma risada, por mais que tentasse fazê-lo pra não atrapalhar o resto da sala de cinema. De fato, Jungkook sabia usar a carta do humor muito bem. — Cê deixa?
— Óbvio.
Mal terminei a palavra e senti Jungkook deslizar pelo estofado do banco de casal, até sua perna ficar grudada à minha. Ele me ofereceu um sorriso genuíno e deixou um último beijo em minha bochecha antes de acomodar meu corpo em seu peito. Por mais que eu não sentisse frio devido à condição vampiresca, o calor era muito bem-vindo. Mesmo já tendo trocado beijos naquele dia — e feito coisas piores em outros —, meu coração martelava como um desesperado. Era uma mistura louca de paz e conforto com desespero e nervosismo.
Passamos o filme inteiro daquele jeito. Jungkook acariciava meu braço e às vezes minha coxa junto à dele. Beijava o topo da minha cabeça. Me deixava ouvir, da primeira fileira, o coração acelerado como o meu. Demorei pra reagir? Sim. Muito. Mas quando percebi que o filme de herói já tinha passado do seu clímax — chato e previsível, mas nunca criticaria na frente de Jungkook — e que me restavam poucos minutos no escurinho com ele, arrisquei acariciar sua coxa de volta. E, apesar de saber que meu histórico como tarado não era o dos melhores, foi um carinho casto.
Jungkook deixou um beijo nos meus cabelos como resposta. E levou a mão até minha coxa de novo. Respirei fundo antes de entrelaçar meus dedos aos seus. Senti seu corpo vibrar. Ele acariciou minha mão com o polegar.
Era fofo. Jungkook realmente gostava muito de carícias. Óbvio que ele gostava de receber — dado o seu empenho em implorar por uma coçadinha no rabo —, mas dar carícias era uma faceta nova. E ele nunca se continha. Qualquer tipo de toque era motivo pra mais carinho. Até mesmo o senti afundando o nariz no meu cabelo e passeando por lá.
Dezenove anos pra eu descobrir que Jungkook gostava de carícias.
Claro que meu cérebro, em vez de aproveitar, fez seu melhor pra jogar a pior luz possível sobre a questão: fiz meu melhor amigo se conter por todo esse tempo. Nem abraços ele me dava antes, por causa de toda minha estranheza.
Tentei me concentrar no final sem graça do filme, mas aquela questão já tinha se acomodado em meu cérebro como um mafioso charuteiro o faria em sua poltrona de couro. E lembrei.
Lembrei.
Eu já sabia que Jungkook amava receber e dar carinho. Sempre soube, desde o berço. Ele ficava grudado em mim quando éramos menores. Lambia meu rosto mesmo na forma humana, quando era um filhote tão pequeno que não sabia diferenciar nem controlar suas formas. Lembro de ter tanto seu focinho quanto suas mãos em mim, em busca de abraços e aconchegos, lambidas e beijinhos nos cabelos.
Nunca gostei do passado, nem de relembrá-lo; fiz questão de enterrá-lo de um jeito que não o achasse mais. Meu presente já era miserável e deprimente o bastante, foi o que sempre tive pra mim. Mas fugir tanto das minhas memórias me fez esquecer até mesmo dos detalhes importantes daquele que passou a vida comigo e que eu queria manter ao meu lado, mesmo depois dos séculos que seríamos obrigados a viver.
— Ei, paredinha... — Jungkook chamou e apertou minha mão com cuidado. — Eu tô te incomodando? Posso ser uma pulga com limites!
Eu não soube como reagir, de verdade. Porque me sentia o pior do mundo; por fazer Jungkook se sentir desconfortável e preocupado; por ter esquecido tanto do Jungkook no processo de me esquecer; por tudo. Por não querer confessar de novo que eu tava deixando minha cabeça sabotar a gente. Por querer tentar, porque vai que eu me acostumava?
Então, como o covarde que era, busquei uma nova rota de fuga. Não eram as portas de emergência do cinema, apesar do meu grande interesse nelas. Talvez elas seriam a melhor opção, porque quando puxei o rosto de Jungkook em direção ao meu, iniciando um beijo pra calar suas perguntas e pra me proteger das minhas respostas, me senti o pior covarde de todos.
-🧛-
Jungkook tava empenhado em fazer o serviço de namorado completo. Era patético como sempre o começo de algo — toques, carinhos, capítulos e quebras de tempo — dependia dele. Se fosse contar comigo, só haveria narrações de momentos de preguiça, lendo um livro. Ou de melancolia. Ou pior, de pau duro.
Na verdade, livro fazia parte do começo da quebra de tempo. Só não foi um momento de preguiça. Nem fui eu quem o introduzi.
No sábado de manhã, Jungkook já tava no meu quarto, fechando as cortinas da minha janela pro Sol nascente não me queimar e vasculhando minhas estantes. Por um tempo, meu estado mais preguiçoso do que sonolento me fez só assisti-lo olhar a estante.
Ele tava de roupa, mas eu via os músculos se desenharem, pedacinho por pedacinho, movimento a movimento, por baixo da camisa larga. Se era obrigado a usar roupa e não precisava ser o uniforme do colégio ou do time de vôlei, Jungkook sempre preferia roupas exageradamente grandes, pra se sentir menos sufocado. Os shorts de tactel davam vista pras suas pernas grossas e cobertas de pelos. Enfim, lindo. Meu namorado era lindo e eu ficava encarando hipnotizado o fato dele ser tão lindo.
Jungkook passou os dedos por todos os títulos da minha estante, puxando algumas lombadas pra ver as capas. Silencioso, como se não quisesse atrapalhar meu sono, mesmo não tendo o que atrapalhar. Pegou um livro e se sentou no chão, acomodando parte do cabelo farto pra trás das orelhas. Ficou lá, lendo. E fiquei lá, assistindo.
Devo ter passado bastante tempo daquele jeito, porque quando Jungkook parou de ler e olhou pra mim, ele o fez com espanto e com o dedo entre as páginas indicando que já tinha devorado várias. Quando desarregalou os olhos, deu um sorrisão que quase me derreteu todo.
— Cê já tava acordado? Te acordei?
— Tava. Nem, tava preguiçando faz um tempo...
— Ué, por que cê não disse? — Ele olhou ao redor e puxou um papel qualquer pra marcar onde tinha parado na leitura antes de engatinhar até minha cama. Deixou um beijo quentinho na minha bochecha.
— Tava bom te assistir... — soltei. Mas, quando pensei melhor no que eu disse, desviei o olhar.
— Ji... — começou, mas desistiu no meio. Então, só sorriu e me deu um selinho. — Posso preguiçar contigo?
— Uhum...
Eu o senti subir na cama, cuidadoso, olhando pra mim com um receio como se eu fosse ou fugir — e eu sabia que fazia completo sentido dado meu histórico, coitado —, ou reclamar. Se acomodou atrás de mim e puxou meu corpo contra o dele e, por Belzebu, ele era tão quentinho e gostoso. Eu sentia o coração dele bater tão forte contra minhas costas que parei pra notar o meu: na mesma situação. Até aí, a gente parecia certo como um novo casal. O corpo reagia da mesma forma dos livros. Por que eu procurava o que não parecia certo?
— Que livro você tava lendo? — Quebrei o silêncio.
— Hm... — Jungkook gemeu, pensativo e manhoso. Passeou o nariz pelo meu cabelo por alguns instantes antes de responder: — Clube da Luta. Parece bem doido. Terminei Mistborn e me sinto órfão...
— Mas já?! Mistborn é enorme.
— Ué, talvez eu tenha lido bastante...
— E o que achou?
— Obviamente sou totó da Vin e do Kelsier! E teu, né? Mas sério, aquela parte do retorno... Porra! Me pegou com as calças arriadas.
— E você por acaso leu de calça?
— Não...
O silêncio reinou por uns dez segundos. Depois, caímos na risada.
— Para de rir de mim! Desse jeito fica parecendo que sou algum tipo de tarado.
— E não é?
— Não mais que tu! — acusou, rindo.
Mas fiquei quieto, porque eu me achava um tarado de merda mesmo. Devo ter tensionado o corpo, ou algo do tipo, porque Jungkook me abraçou ainda mais contra seu peito e me deixou um novo beijo na nuca.
— Ei, minha paredinha-morcego linda... — sussurrou. — Eu te chateei?
— Acho que me chateei sozinho. Ainda me sinto culpado de sentir tanto tesão por você.
— Ué? Mas sou cheio de tesão por ti também, o que tem de mal? Agora cê sabe que é recíproco.
— Eu sei... E eu que comecei com esse papo te acusando de tarado de brincadeira. Não faz sentido nenhum, sou sensível demais. Me ignora, Kook.
Jungkook se afastou um pouco de mim e meu coração disparou de medo e nervosismo. Ele me fez deitar de barriga pra cima e se inclinou sobre mim, brincando com meu cabelo com a ponta dos dedos enquanto conectava nossos olhares.
— Como eu posso te ajudar a calar a boca dessa voz escrota da tua cabeça? Não pra sempre, né? Isso eu já disse que não vou conseguir, mas... Só pra agora. Quer que eu te beije? — perguntou, deixando um selinho nos meus lábios. Eu os lambi, mas continuei afastado; apesar do meu hálito não ser prejudicado pelo sono pela mísera quantidade de horas, queria escovar os dentes. Jungkook ergueu a sobrancelha e sugeriu: — Quer que eu te chupe?
— Hm... Você quer? — Joguei a pergunta de volta. Eu queria, é claro. Mas não sei. Precisei fazer a pergunta. Mas também não sei por que precisava fazer. — Me chupar...?
— Ué, Ji! Cê é uma delícia, claro que sim! — afirmou, me dando mais um selinho antes de descer os beijos pelo meu pescoço. — É gostoso demais te dar prazer, gosto de tudo! Do teu gosto, do teu cheiro, dos teus gemidos... Tudo, tudinho.
Eu queria. Mas ao mesmo tempo, não. Tava meio cansado de só depender de hormônios e de tesão quando o assunto era Jungkook. Puxei seus ombros pra cima, interrompendo o caminho que ele fazia até... lá embaixo.
— Desculpa... — pedi, ao ver seu olhar confuso.
Ele pareceu meio irritado.
— Para de se desculpar, Ji!
— Desculpa...
— Sério... — Jungkook bufou enquanto me abraçava de frente. — Cê pisa demais no meu coração pedindo desculpa assim.
Abri a boca. E notei que era pra pedir desculpas. Então, eu a fechei. Jungkook deu um sorriso manso ao notar. Eu mordi os lábios, perdido no que fazer. Queria usar a carta do humor, que tinha descoberto ser igualmente eficaz à do tesão; mas era muito, muito difícil pensar em algo bem-humorado pra falar quando tudo que eu sentia era negativo.
— O que cê quer, paredinha? — perguntou, acariciando meu braço, pra cima e pra baixo. Tão delicado.
— Não sei... Nunca sei.
— Tudo bem, cê vai descobrir alguma hora.
— E o que você quer fazer?
— O que cê quiser.
— Mas eu não quero fazer nada.
— Então não quero fazer nada também.
— Kook... Eu até gostaria que você quisesse alguma coisa enquanto eu não me decido, é mais fácil de acompanhar.
Jungkook franziu as sobrancelhas, mas ficou quieto por uns bons segundos. Se remexeu na cama, como que desconfortável, mas depois me puxou pra me apoiar em seu peito.
— Quero fazer nada contigo, Ji. Cê não precisa falar nem fazer nada. Só fica assim comigo... Fazendo nada.
Quase pensei em retrucar, mas parecia uma boa proposta. Me acomodei melhor contra o corpo dele: cabeça entre seu peito e seu ombro, pernas enroscadas nas dele, braço ao redor de sua cintura. Recebi um beijo nos cabelos.
Ficamos bons minutos daquele jeito, mexendo de vez em quando só pra ajustar a posição. Não falamos nada. Ouvir a respiração longa e tranquila de Jungkook era gostoso, mesmo em contraste com seu coração sempre um pouco acelerado.
Quase peguei no sono de novo, porque era confortável pra porra; como se fosse a definição de casa. Eu me sentia muito bem com Jungkook. Quando não tava me sentindo muito mal, claro. Mas aí não era mal com Jungkook, era comigo mesmo.
Talvez meia hora depois, eu não saberia dizer, Jungkook murmurou:
— Ji... Cê quer conhecer meus amigos?
— Os humanos?
— Sim... Eles tão loucos pra te conhecer! Ficam reclamando que eu falo, falo e falo de ti, mas nunca te apresentei.
— Hm... Não sei... Eu não me misturo bem com humanos.
Jungkook ficou em silêncio por um tempo. Sua respiração alongou um pouco, e seu aperto no meu corpo ficou mais firme.
— Ji, como cê se sente sobre humanos?
Tudo de pior possível.
Se eu pudesse dar uma nota de insegurança pra minhas interações com Jungkook, seria um perfeito dez. Com humanos, também; mas dez bilhões. Nem cabia na escala. Enfim, era uma daquelas coisas sobre as quais eu não queria falar.
— Hm. Meio bosta.
— Por quê?
— Como são seus amigos? — perguntei. Jungkook conteve um suspiro, deu pra notar.
— Eles são daora... — comentou, em um tom resignado e manso. — Eu gosto deles porque são mó diferentes entre si. Os caras do time são um pouco parecidos; mas eles, não.
— Uhum...
— Cê já viu eles na cantina, né? Sentados comigo. O Hoseok é aquele com sorriso de coração. E o Namjoon é o com sorriso de covinhas.
— Você repara bastante em sorrisos...
— Hm, acho que sim. Taí, cê tem razão! Teu sorriso é uma das partes que mais gosto de ti.
— Quê?! Mas nem tem nada demais.
— Nossa, tem tudo demais! Cê tem o sorriso mais lindo de todos, Ji! Esse teu dente da frente meio tortinho é a coisa mais fofa, e teus olhos encolhem de um jeito lindão. Sou mó apaixonado no teu sorriso!
— Sério?
— Uhum, desde sempre! Sei que cê não quer lembrar, mas... mas quando eu era filhote, vivia pisando na bola nessa nossa parte sobrenatural, né? E sempre que eu começava a ganir, cê vinha e me dava o sorriso mais doce de todos. E ficava tudo certo. Teu sorriso é meu tudo... Mó saudades dele...
Taria o Jungkook apaixonado pelo meu eu do passado? Aquele que claramente não me representava mais?
Eu não sabia mais dar sorrisos doces, pelo visto. Não que eu lembrasse muito do passado, claro. Mas lembrava o suficiente pra saber que não parecia mais em nada com aquele Jimin, até por ter feito tanta questão de esquecê-lo.
Que dramalhão da porra! Era um talento conseguir ser um dramático de merda também.
— Ji...
— Hm?
— Fico nervoso se cê fica calado desse jeito... — De fato, suas mãos contra meus braços suavam. Sua voz falhou, mas ele insistiu na frase: — Eu... errei?
— Não, Kook. Você sabe que quem erra é meu cérebro sabotador.
— Ji, cê tá misturando as coisas. Sei que falei que não consigo ajudar na tua baixa autoestima, mas também erro.
— Tenho minhas dúvidas.
— Erro, sim.
Seu tom foi firme, mas amedrontado; muito esquisito. Ele não acrescentou mais nada, e eu não me sentia compelido a me aventurar no mundo dos questionamentos. Mas, com alguns fragmentos do passado ainda rodeando aquele presente, ajeitei meu corpo de uma forma que poderia encará-lo e levei minha mão até seus cabelos fartos.
Era gostoso, de verdade. Sentir os fios grossos e longos deslizarem pela minha pele, o calor convidativo de seu corpo; ver os olhos semicerrarem e os lábios esboçarem um sorriso doce. Jungkook derreteu sob meus dedos, sem nenhuma conotação sexual.
Também era prazeroso, de um jeito diferente.
Arrisquei deixar um beijo em sua bochecha. Nada impressionante, pensando que a gente namorava, transava e tudo mais. Mesmo assim, a forma que Jungkook abriu as pálpebras e me fitou como se todo o carinho do mundo tivesse preso no seu olhar era diferente. Era doce, real, e eu gostava.
— Você gosta muito de carinho, né, Kook? — sussurrei, perdido no jeito que ele me olhava.
— Adoro...
Sua voz era tão baixinha e mansa, como se fosse um filhotinho manhoso. As lembranças incendiaram meu corpo e precisei confessar:
— Eu tinha esquecido isso sobre você, mas lembrei. O quanto eu te dava carinho quando filhote e o quanto você era carinhoso comigo.
Jungkook arregalou os olhos de leve. Parecia sem jeito. Fiquei sem jeito também. Então, um silêncio. Aproveitei pra mergulhar meu rosto entre seu ombro e seu pescoço. Encará-lo passou a ser difícil.
— Obrigado por lembrar... — murmurou ele, depois de um tempo.
— Acho que preciso lembrar de mais coisas... — confessei, depois de outro tempo.
E mais silêncio. E mais pausas.
— Tipo...? — A voz de Jungkook talvez nem fosse audível sem minha genética de vampiro.
E, então, fiz mais uma pausa.
— Não sei se tenho coragem de lembrar. Muito menos falar.
O silêncio subsequente, em específico, foi o pior de todos. Não apenas longo, mas com cheiro de que precisava ser preenchido e com sabor de urgência.
Jungkook respirou fundo. Eu acompanhei.
Então, o ar denso se quebrou quando Jungkook disse com um tom bem-humorado:
— Bem, pelo menos cê sabe que sou um totó bem carente.
— Sei...
Jungkook trocou pra sua forma de lobo e lambeu meu rosto inteirinho. Enfim, pude rir, por mais que fosse de nervoso a princípio. Enfim, pude afundar minhas mãos em seus pelos e esquecer aquele silêncio tão estranho entre nós dois.
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ESSE SILÊNCIO, HEIN??? 👀👀👀 acho que já dá pra ter teorias, hein (na verdade, já dei pistas em outros 7 capítulos, mas esse fica mais escancarado), o que vocês acham?
Ah, não esquece de deixar seu votinho! 💜
O que você mais gostou no capítulo? Pra mim é a sensação de TEM ALGO ERRADO do Jimin. Não que eu tenha "gostado" propriamente dizendo, mas porque marcou e foi muito real pra mim. A real é que eu não planejei muito de SUC, só fui escrevendo nas horas vagas e o Jimin saiu desse jeito, inseguro e com algo de errado. Pensei até em mudar a personalidade dele pra fazer outras coisas se encaixarem, mas em geral quando um personagem passa a "existir" pra mim, ele já tá lá, e eu não consigo abandonar meus filhos. Então, tive que entrar e entender, junto do Jimico, o que tinha de errado, e acho que esse capítulo foi um ponto de partida pra mim nesse sentido (mas é claro que depois eu editei/revisei e pra vocês tá mais fluido hahahaha).
Beijinhos de luz, amo vocês, e até dia 15/07 às 19:00!
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