🧛Capítulo 6
Oi, oi, oi, tesudinheeeeeeeees!!
Não sei por quê, mas parece que faz uma eternidade desde que eu postei da última vez (?). Deve ser a correria do fim da faculdade (tava tão maluca revisando o TCC que quase que esqueço da postagem). Cês tão bem?? Eu tô meio exausta, mas seguindo em frente.
Boa leitura e, se gostarem, comentem, porque amo saber o que vocês estão achando!!
#VampiroTristeComT
»»🐺««
Fazia sentido um vampiro ir ao psicólogo? Eu não sabia. E tava carregando aquela dúvida comigo nos últimos dias enquanto buscava materiais de psicologia na internet na esperança de conseguir trabalhar de algum jeito, mesmo que nada profissional do que uma terapia, a minha recém descoberta baixíssima autoestima.
— Nossa... Ele tá ainda mais gostoso com esse negócio no braço... — Uma voz suspirante soou. Vinha do grupo de garotas que assistia aos jogos dos Felinos religiosamente. E que sempre expressava todas minhas vontades. Quase ri pensando que eu era o responsável pela sede e sorri muito em ver Jungkook usando o presente que dei. — Ai!
Aparentemente, a menina tinha levado uma cotovelada.
— Cala a boca, Yerim! — sussurrou a outra, em tom de repreensão. Esporro meio injusto, porque ela tinha falado baixo; só ouvi porque um dos outros atributos mais incômodos do que legais da fisiologia de um vampiro era uma audição melhor que a média. Pra desgraça de Belzebu, não era tão melhor assim; eu não saberia lidar com tanto barulho. — O namorado dele tá sentado ali, não viu?
— O Jungkook tem namorado? — Yerim fez a pergunta que também se passava na minha cabeça. Deveria ser algum boato estranho daqueles que surgiam do nada, porque Jungkook teria me falado se tivesse começado a namorar. Até porque seria complicado explicar prum namorado que o melhor amigo de infância esfregava o pau duro na barriga dele enquanto chupava sangue naquele pescoção delicioso.
— Fala mais baixo! É aquele ali ó, bem branquelo, de cabelo preto com a franja meio longa... — explicou a outra garota. Continuei olhando pra quadra, mas senti o olhar delas queimar minha nuca. Foi estranho.
Primeiro que eu não tava muito acostumado a receber olhares do pessoal do colégio.
Segundo que eu era o tal namorado do Jungkook.
— Então o Jungkook gosta do pessoal meio gótico assim? — a tal Yerim comentou, divertida, e soltou mais um gemido de dor ao provavelmente ter levado mais uma cotovelada por falar alto demais. Mas não era como se eu não fosse ouvir mesmo se ela sussurrasse. — Vou tentar virar e-girl então! Quem sabe dá certo? Eu devia fazer mechas verdes ou rosa, Jihyo? Hm, talvez brancas, tipo a Vampira...
— Respeita o relacionamento dos outros, Yerim! — a menina ralhou mais uma vez.
— Eu só tava fazendo uma piada, poxa... — Yerim bufou, chateada. — Ninguém entende meu senso de humor...
— Desculpa... Pensei que fosse sério...
— Claro que não! O namorado dele é mó bonito também, tenho que descobrir o que ele gosta pra misturar com a e-girl e aí me candidatar pra namorar o casal! Talvez jogar vôlei?
— Você é uma escrota! Eu fiquei preocupada de verdade!
— Eu sei, por isso que te presenteei com mais um clássico "absurdo de Yerim", aprecie com moderação. Mas, assim... Não que eu vá me candidatar mesmo pra namorar os dois, mas bem que se eles quisessem, eu iria querer também.
— Sua mente, ela... — Jihyo ficou sem palavras. — É diferenciada.
— Obrigada! — ela respondeu, satisfeita. — Mas nunca tinha notado o namorado dele antes... Qual é o nome dele?
— Acho que ele é meio quieto, por isso que não ouvimos falar... Não sei o nome.
— Credo, a gente devia pelo menos saber o nome de quem a gente fofoca, né? Acho paia ficar chamando ele de "namorado do Jungkook".
— Yerim! — chamou a outra, mas, pelo visto, foi tarde demais.
Olhei pro lado, tentando entender a movimentação, e dei de cara com a garota marchando em minha direção com um sorriso enorme no rosto. A amiga, ainda sentada no lugar cativo delas na arquibancada, parecia desesperada. Engoli em seco ao perceber que ela vinha na minha direção. Eu não sabia interagir com os outros, ainda mais humanos.
Humanos quebravam muito fácil.
— Oi! — ela disse. Seu sorriso permeava até o tom de voz.
— O-oi... — gaguejei, fraco e patético.
Ela considerou o cumprimento abertura o suficiente e se sentou no banco da arquibancada ao meu lado. Ajeitou a saia do uniforme enquanto o fazia e, ao observá-la, percebi que era uma garota muito bonita. Mesmo.
Do nada, fui preenchido com a certeza de que a Yerim seria uma boa namorada pro Jungkook. Era extrovertida, amigável e engraçada como ele; e linda, ainda por cima. O sorriso, apesar de ter traços arteiros, era cativante. Pena que Jungkook não conseguiria transar com ela sem machucar...
— Meu nome é Yerim, sou do segundo ano. — Ela me despertou da espiral de pensamentos. — E você?
— Hm... Jimin. Do terceiro.
— Jimin! É um nome lindo! — Ela pareceu satisfeita. Talvez o nome tivesse sido aprovado pras fofocas dela com as amigas. — Tudo bem com você?
— Ah... — Não saberia dizer. Provável que não, porque eu tinha acabado de notar que minha cabeça não tava concentrada de verdade no fato de que a Yerim era legal e bonita apenas, e sim na tarefa de me diminuir perante a ela. Talvez eu realmente me odiasse, ainda mais quando eu enfiava Jungkook no meio. Não havia nada que demonstrasse mais meu ódio-próprio do que aquelas tentativas patéticas de afastá-lo de mim. — Tudo...
Apesar de ter conseguido dar a resposta padrão, não me sentia confortável com ela, então desviei meu olhar pra quadra. O jogo continuava como sempre: os Felinos comendo o rabo do adversário. E, pro meu espanto, enquanto eu surtava de timidez com a Yerim, Jungkook tinha ido pro banco. Quando o encontrei ali, ele devolveu o olhar com uma piscadinha e sorriu, lindo até ensopado de suor. Minhas bochechas queimaram.
— Hm...! — Yerim pareceu satisfeita ao assistir a cena inesperada até por mim. — Então você namora mesmo o Jungkook!
— Quê? — Afastei meu olhar do de Jungkook e a encarei, com o rosto ainda mais quente. — Ah... Não... Sou só um amigo de infância e tudo mais... Aí a gente só se dá bem mesmo.
— Forças pro Jungkook... — ela suspirou, cruzando os braços.
— E você... quer namorar ele? — arrisquei perguntar, mesmo que soubesse a resposta. Quem não gostaria de namorar o Jungkook? Ainda mais ela e as amigas, que tinham uma puta sede nele, a qual eu compartilhava.
— Olha... Eu não quero mentir na sua cara, porque vai que deus tá vendo. Às vezes, ainda tenho esperanças de ir pro céu... — Ela fez uma expressão pensativa, franzindo o cenho e juntando as mãos em uma pseudo-prece. — Confesso que admirar ele nos jogos é quase um esporte pra mim.
Assenti. Era muito bom mesmo admirá-lo nos jogos. Ver os fios soltando do pequeno rabo de cavalo e grudando no pescoço e no rosto suados... Como ele ficava lindo todo sério e concentrado na hora de receber um saque. O jeito que todo seu corpo fazia uma trajetória perfeita na hora de cortar uma bola...
— Mas namorada... Não sei se ser namorada dele seria tão divertido assim — comentou, despretensiosamente. — Sou meio que fã daquelas histórias em que o casal é amigo de infância e talz...
Fiquei quieto, confuso. Tomei coragem de olhá-la de volta, o que resultou em uma gargalhada alta da garota.
— Forças pro Jungkook... — murmurou mais uma vez, antes de se inclinar e dar tapinhas amigáveis no meu ombro. Quase morri. Se não tava acostumado nem a falar com outras pessoas, imagine receber toques. — Bem, foi um prazer te conhecer, Jimin! Espero te encontrar mais vezes por aí.
— Ah... Igualmente — respondi, meio bobão inerte, enquanto ela se levantava e voltava pro lugar de sempre, junto das amigas, que a encaravam ansiosas. Foi admirada como uma heroína que retorna à vila depois de protegê-la.
— E aí? — Jihyo sussurrou, curiosa, apesar de ter sido contra a ideia.
— O nome dele é Jimin, é realmente bem tímido e introvertido. É fofo — ela respondeu, em um tom de desinteresse. As amigas resmungaram, frustradas com a resposta vaga.
— Mas e aí? Ele realmente namora o Jungkook? — outra perguntou.
— Bem... — ela suspirou. — Forças pro Jungkook.
-🧛-
— Te vi conversando com uma garota na arquibancada! Ela parecia engraçada, é tua amiga? — Jungkook disparou quando pisei no vestiário.
Pra variar, ele tinha ficado preso conversando com o técnico do time depois do jogo, fadado a tomar banho sozinho. E, pra variar, ele me mandou uma mensagem pra que eu fizesse companhia.
Ou melhor, pra que ele se exibisse pra mim, a ponto de eu não conseguir esconder minha sede. Ele já tava debaixo do chuveiro quando cheguei, então seu corpo nu, molhado e gostoso foi a primeira coisa que vi. Assim, de cara. Pior: ele esfregava o sabonete no abdômen enquanto olhava pra mim. Belzebu tinha invadido o corpo daquele homem, só assim pra explicar.
Respirei fundo e, disposto a não deixar Jungkook farejar meus hormônios desesperados por uma sentada nele; sentei, em vez disso, no banco de alumínio do vestiário e encarei a privada suja, minha mais fiel companheira. Tinha dado até um nome pra ela: Capitã Mijete, em homenagem ao fato dela ser guardiã de vários mijos porque a descarga não funcionava.
— Por que você foi pro banco? Não vi o que aconteceu — perguntei de volta. — Você é o melhor jogador do time!
— O jogo meio que já tava ganho, então resolvemos colocar o pessoal do segundo e do primeiro ano pra jogarem. Eles precisam de experiência em jogo de verdade... Eu e os outros do terceiro não vamos ficar pra sempre, né? Eles têm que aprender a jogar. Sendo sincero, até reclamo com o técnico que a gente tem que dar um jeito de botar eles pra jogar com a pressão da derrota — respondeu, apenas. Depois, deixou o tom de voz mais sério. — Mas por que cê se desviou da pergunta sobre a garota? Eu não deveria perguntar sobre isso?
— Kook... — Respirei fundo, em agonia. Talvez eu não devesse falar, mas quando minha cabeça não tava ocupada com a grande tarefa de não olhar Jungkook tomando banho, ela era dominada por aquela questão. — Tá começando a rolar boatos de que a gente namora...
— Hm... — murmurou, pensativo, e fechou o registro do chuveiro, caminhando até sua bolsa esportiva pra pegar uma toalha. Fiz um esforço hercúleo pra não olhá-lo. Com a toalha presa na cintura, ele deu a volta no banco e me encarou de frente. — Como cê se sente sobre isso?
— Não acho que deva sentir alguma coisa. — Dei de ombros e desviei o olhar, porque Jungkook me fitava com firmeza demais.
— Por que cê acha que cê não deve?
— Porque... — Parei de falar pra pensar sobre o assunto de verdade. E, infelizmente, o encontrei lá de novo: meu menosprezo por mim. — Porque você é maneiro, e eu sou esquisito. Você andar comigo no máximo me faz uma figura um pouco mais agradável, mas eu andar com você posso, sei lá... manchar sua reputação de algum jeito. Foi mal, não tinha notado que eu tava sendo cuzão comigo mesmo...
— Tudo bem... — respondeu, mas suspirou em um tom de que não tava nada bem e se sentou ao meu lado, numa distância relativamente respeitável dada a nossa propensão a baixarias em momentos como aquele. — Foi por isso mesmo que perguntei, não precisa pedir desculpas. Agora, me diz: cê acha mesmo que eu me importo com qualquer merda de reputação?
— Não. — A resposta veio fácil. Jungkook era popular, mas não por prezar pelo que os outros pensavam dele. Ele sempre era ele mesmo e sempre fazia o que queria, mas como a personalidade dele era maneira e extrovertida, a popularidade no ensino médio veio como consequência.
— Que opinião cê acha que importa pra mim? A tua, ou de um pessoal do colégio que eu nem tenho a ver?
— Mas e se não for o pessoal do colégio que você nem tem a ver? E se forem seus amigos do colégio?
— Não tô incluindo eles aqui porque acho que nem fazem parte dessa comparação. Eles têm mais o que fazer do que se importar com quem eu ando, e se se importarem, a importância da opinião deles vai cair também. Então, me responde agora, Ji. Sem fugir.
— Acho que você liga mais pra minha opinião... — concordei à contragosto. Continuei encarando meus pés contra o chão de plástico vazado do vestiário. — Até porque a gente vai viver muito mais que eles, né?
— Sério que você já tá pensando na morte dos meus amigos só pra se diminuir? — Jungkook bufou, não raivoso, mas talvez frustrado, e se levantou do banco. Começou a pegar suas roupas de dentro da bolsa.
— Eu... Foi péssimo, desculpa. Veio no automático.
— Há quantos anos cê pensa assim de ti?
— Hm... Não sei. — Mordisquei meus lábios. — Parece ser desde sempre.
— Quando a gente era pequeno... — começou, devagar. Eu sentia seu olhar queimar minha nuca. — Antes de mudar de cidade e ficar um ano sem ir pra escola, não parecia assim.
— É... Talvez eu não fosse mesmo. — Parei pra pensar. Mas não pensei. Não consegui pensar, acessar aquelas lembranças seria bem mais complicado do que eu imaginava.
De canto de olho, percebi que ele já tava vestido da calça. Passava desodorante e torci o nariz no automático, porque seu cheiro natural era o melhor de todos, mas fiquei caladinho, até porque, no momento, tava no processo de levar esporro por... pensar na morte dos amigos dele. Puta merda! Por Belzebu, por que eu tinha falado aquela porra?
Jungkook pareceu ponderar por um tempo, então houve um certo silêncio até ele quebrá-lo com a voz mansa:
— Bem... Se cê pensa isso de ti há tanto tempo, dá pra entender porque é tão no automático.
— Desculpa... Eu não quero que seus amigos morram! — respondi, mas soou pior ainda. Soou tão, tão ruim, que Jungkook caiu no riso. E, puta merda, a gargalhada dele era linda de morrer.
— Eu entendi que cê não quer! Bem... Sei que é no automático, mas... Tenta lembrar nessas horas que tua opinião é a mais importante pra mim. Porque cê é meu melhor amigo desde que eu era filhote, claro, e não porque cê vai viver por milênios.
— Hm... Acho que saquei o raciocínio.
— Espero que alguma hora cê possa ter certeza, Ji. Mas tô ligado que isso não depende só de mim, então vou esperar, tá?
— Valeu.
— Então... Agora que meus amigos não tão sendo assassinados pela tua mente e cê sabe que tem todo o direito de sentir algo sobre os boatos. O que cê sente sobre acharem que a gente namora?
— Por que você quer saber? — perguntei, um pouco ansioso. Talvez muito. Sem notar, comecei a pressionar o banco entre meus dedos, mas parei ou eu poderia amassá-lo e seria difícil explicar marcas de dedo num banco de alumínio.
— Ué, Ji, por motivos óbvios! Se cê achar ruim, dou um jeito de fazer o pessoal parar de falar isso; se não, deixo do jeito que tá.
— E o que você sente sobre isso? — Arrisquei a olhar pra ele, dando de cara com uma das suas sobrancelhas levantadas.
— Perguntei primeiro, Ji... — Ele cruzou os braços, resoluto. — Responde primeiro.
— Eu... Na verdade, não sei muito bem o que tô sentindo sobre isso, Kook... — confessei. — Mas não é nada ruim. Só não sei colocar em palavras. E você?
— Eu não ligo pros boatos. Mas vou confessar que eu daria de bom grado mais motivos pra eles existirem, porque cê sabe... Fico doido pra te beijar. E pra fazer outras coisas também.
Minhas bochechas coraram e fiquei quieto, encarando meus pés. Jungkook suspirou e vestiu a camisa. Era, sim, muito triste não ter mais a visão do peitoral malhado e peludo dos meus sonhos, mas era uma benção não ser vítima da tentação de novo.
— Bem... Vou deixar os boatos rolando por enquanto... Se cê começar a achar ruim, me avisa — falou. Concordei com um murmúrio. — Ji... eu tô sendo insistente demais?
— Quê?
— Tipo... — Ele começou a arrumar a bolsa pra fechá-la e tomei coragem de encará-lo mais uma vez. Jungkook era lindo pós-banho também... Eu tinha vontade de agarrar os fios úmidos que deixavam trilhas de água escorrerem pelo pescoço antes de serem interrompidos pela gola da camisa larga e branca. — Eu sempre falo o quanto te quero pra cê não fingir que não sabe disso, e pra testar uns limites também, confesso. — Uma risadinha fugiu de seus lábios. — Mas eu meio que faço isso porque, pelo teu cheiro e pelo que aconteceu, considero que cê também me quer de volta. Mas se eu tiver sendo aquele cara chato e insistente que continua tentando mesmo quando o outro lado não tem nenhum interesse, me avisa que eu paro.
Ele passou a alça da bolsa pelos ombros, e me levantei, acostumado com a rotina apesar de toda nova conversa com Jungkook ser uma confusão pra mim. Jungkook não achava errado, eu o queria de volta mesmo. Mas algo me enchia de medo e não tinha descoberto o que era.
— Você tá certo — respondi, em um fio de voz e de coragem. Encolhi os ombros ao empurrar a porta do vestiário com a super força descontrolada, pra variar, a fazendo bater com um estrondo alto. Queria me enterrar no asfalto. Jungkook riu baixinho e enlaçou meus ombros como um consolo. Seu calor só serviu pra atestar, de novo, que eu o queria de volta, e muito. — Acho que suas investidas tão de boa.
— E cê ainda não quer tentar de novo?
— Quero... Mas tenho medo de alguma coisa. Desculpa.
— Não é pra se desculpar! Teus sentimentos e dúvidas são importantes, ué! Não faz sentido nenhum cê pedir desculpas.
— Ah, é que poderia ser mais fácil...
— Se eu quisesse algo "fácil", faria que nem os cachorros na rua e encoxava um poste, Ji. Eu posso até botar a culpa nos instintos de lobisomem! — retrucou e acabei rindo. Ao me observar mais relaxado, ele riu também. Saímos da portaria do colégio e viramos na direção da nossa casa. — Eu te quero, e cê é um ser consciente. E seres conscientes têm um tantão de sentimentos e vontades. Eu quero isso também. É aquilo que eu disse: nunca é só sobre mim, nem só sobre você, é sobre nós dois. E, pra rolar alguma coisa, nós dois temos que sentir vontade.
— Mas eu acho que eu tô complicando demais as coisas, Kook! Assim, eu sinto vontade. Não vejo sentido nesse medo todo. Não é melhor eu ignorar?
— Claro que não! Credo! De novo, se for pra ignorar os sentimentos de uma parte, eu invisto no poste.
— Você fala muito bonito às vezes...
— Falo bonito sempre, cê vai ver, vou começar a publicar na internet e virar pensador contemporâneo! Vão me usar de legenda no vistagrama e começar a me atribuir coisas que não falei. Aí, vai ter um monte de abobrinha no site de frases de pensadores, tipo "encoxe postes e ilumine tua vida".
— É um belo objetivo de vida. — Gargalhei, porque ele era um bobo completo.
Jungkook me observou docemente por alguns instantes, sorrindo.
— Adoro tua risada, Ji.
Minhas bochechas queimaram, mas não respondi. Jungkook, como sempre, aceitou minha falta de reação além da timidez; já tava acostumado, coitado. Suspirei, porque não queria que fosse só aquilo. Eu aparentemente lidava tão bem quando eu e o Jungkook éramos pequenos. Eu lidava tão bem com sua forma de lobo. Quando aquilo tinha mudado? No fundo, algo tentava me responder, mas não dei ouvidos.
Com uma súbita coragem, segurei sua mão. Ela era tão grande. Ele parou de andar e me olhou, todo curioso e alegre. Prendi a respiração pra devolver aquele olhar tão bonito dele enquanto puxava seu rosto pra baixo com a outra mão. Deixei um beijo tímido em sua bochecha, sentindo a pele ainda fresquinha do banho frio contra meus lábios.
— O...obrigado por me fazer rir, Kook... — respondi.
Depois de longos minutos? Sim, mas respondi! Arregalei meus olhos. Uma pontada de orgulho cresceu no meu peito e sorri.
Jungkook notou. E sorriu de volta, aquele sorriso de Sol e de Lua. Ia falar algo, mas se interrompeu. Segurou minha mão, ainda repousada em sua mandíbula, e a puxou pros lábios, beijando os nós dos meus dedos.
Era capaz que eu explodisse. Meu rosto e minhas orelhas incendiaram de vez com o contato, tão sutil, mas grandioso em meu peito. Meu coração palpitava desesperado e não queria parar nem quando Jungkook se afastou e voltamos a caminhar pra casa dele.
Sentamos na mesa de jantar da cozinha dos Jeon pra que Jungkook almoçasse e, mesmo aí, eu tava tão nervoso que até ponderei se tava passando mal. Ele terminou de comer, lavou a louça e me puxou escada acima pro quarto dele. E eu ainda parecia prestes a morrer.
Tipo, tudo bem que antes, o nervosismo com aquela rotina era por causa do "probleminha" do pau duro que, apesar de continuar acontecendo, não era mais um "probleminha". Pra mim era, mas pro Jungkook, não. Enfim, o costume não me deixava mais calmo.
A primeira coisa que Jungkook fez ao entrar no seu quarto foi tirar a blusa e a calça de uniforme. Assisti à pele dourada dele, terrivelmente linda, durante a ação. Não era novidade: Jungkook se recusava a usar roupas em casa. E se recusava ainda mais a usá-las na minha frente.
— Você tá me provocando, né? — resmunguei enquanto o observava se acomodar no chão do quarto, as costas apoiadas na cama. Basicamente, virando o lugar no qual eu mais gostaria de sentar.
— Hm? — Jungkook levantou o olhar pra mim com um ar de inocência, mas logo sorriu, mordaz. — Na verdade, não, tô até usando a samba. Cê tá se sentindo provocado?
— Talvez eu que seja um tarado que sempre se sinta... — confessei e suspirei antes de sentar, tímido, ao lado dele. Meu rosto queimava.
— Acho que é um bom sinal! Posso te contar um segredo?
— Hm...?
— Às vezes, tenho um certo medo de cê não sentir mais atração por mim... Porque cê já vê meu corpo nu ou quase, o tempo todo. Sei lá, como se cê fosse se acostumar.
— Não sei se isso é possível... — suspirei ainda mais pesado ao deixar meu olhar descer pelo peitoral exposto. Eu gostava de todo detalhe em Jungkook: o caminho que os pelos faziam, em como a pele parecia reluzir, quente. Ele também era lindo de morrer e, por fim, um doce de pessoa. Devia ser proibido alguém ter tantas qualidades.
— Mas faz sentido, não faz? É tudo questão de referencial. Tipo lá antigamente, na época vitoriana, sei lá, que as mulheres usavam aqueles vestidos enormes, anáguas e o caralho a quatro. Os caras ficavam de pau duro só de ver um pedacinho do tornozelo delas e tal.
— Mas aí o tornozelo acho que é questão do gosto da galera. Tem gente que faz dinheiro vendendo foto do pé — argumentei de volta, enfim mais relaxado; conversas casuais do tipo corriam gostosas entre mim e Jungkook.
— É, tem isso. — Gargalhou e, porra, eu também adorava a risada dele. — Mas acho que a questão do tornozelo também era referencial e... Hm, cê já viu tudo de mim, nem tenho nada de novo pra te mostrar, então acho que deve perder um pouco a graça.
— Se for assim, eu também devo ter perdido a graça... — murmurei, o rosto voltando a queimar. Mesmo com a vergonha, eu tava tão embalado no ritmo do papo que aproveitei pra falar mais: — Aquele dia... que a gente fez aquilo no banheiro. Você me viu todo... Até uma parte que eu não vi sua.
— Hm... — Jungkook se pôs a pensar. Notei suas bochechas corarem. Pelo menos não era só eu que ficava envergonhado, excitado e nervoso, tudo ao mesmo tempo, ao lembrar do fatídico dia. — Sério? Pensei que eu tinha mostrado tudo também...
— Uhum... — Eu nem acreditava nas minhas próprias palavras. Eu devia ter perdido a razão de vez; uma hora tentava me afastar do Jungkook, mas quando piscava os olhos, meu desejo por ele era maior do que qualquer outro sentimento. E eu desejava testar suas reações. — Aquilo... Até coloquei um dedo.
— Ah...! — Seus olhos se arregalaram em compreensão. — Cê nunca viu meu cu?
— Não... — Escondi o rosto, envergonhado. Não por não ter visto o cu dele, mas sim por ter mostrado o meu com tanta facilidade.
— Ei, Ji, não precisa ficar assim! Eu posso te mostrar o meu, se quiser! — Ele se levantou nos joelhos, chamando minha atenção. Parecia mesmo pronto pra se livrar da samba-canção, com os dedos na barra. — Pera... Não vou mostrar, não! É o único mistério que me sobrou! Ji, cê me deixa manter o cu como meu tornozelo de mulher vitoriana?
Gargalhei alto, sem nem saber por onde começar. Jungkook acompanhou o riso. Acho que nós dois ríamos tanto por aquela situação ser absurda e, consequentemente, engraçada, quanto de tesão.
— Não sei se tenho direito de deixar ou não alguma coisa, Kook.
— Foi jeito de falar, acho... — Ele mesmo parecia confuso. Seu cenho franzido ficava adorável junto às bochechas rosadas de rir e o sorriso ainda esboçado entre os lábios. Por Belzebu, eu deitava demais por aquele (lobis)homem maldito, que inferno! — Mas cê tem vontade de ver meu cu algum dia? Só pra eu saber se ele é valioso o suficiente pra esconder.
Voltei a rir, de graça, de nervosismo e de tesão; Jungkook me acompanhou. Nossos rostos queimavam. A gente seria capaz de, algum dia, ter conversas não absurdas? Eu tinha minhas dúvidas. E não achava ruim.
— Quero... — admiti, as mãos em punho pra aliviar o nervosismo. — Ele é super valioso. Lembra quando fui tirar suas pulgas e você me molhou também...?
— A que cê tirou as roupas? — perguntou de pronto, de forma quase boba. Depois, lambeu os lábios.
— Uhum... — Não sabia que era possível, mas meu rosto queimava mais e mais. — Então, a gente foi pras espreguiçadeiras, né...? Aí, você sentou na minha e depois levantou...
— E minha toalha caiu...
— Uhum... Aí você se inclinou pra frente, e eu quase vi...
— Quase perdi meu trunfo de bobeira! — Ele arregalou os olhos, consternado, e voltei a rir. A mente dele era incrível mesmo.
— Mas eu tava contando porque... Nossa. Prendi minha respiração e tudo. E tava super perto.
— É? — Ele pareceu feliz e orgulhoso. Seria fofo se o motivo daquilo não fosse minha vontade de enterrar a cara na bunda dele. — Então é um trunfo mesmo! Protegerei a imagem do meu cu com a minha vida!
— Totó idiota!
Caímos na gargalhada de novo, por um longo tempo. As risadas me ajudavam, de verdade, porque liberavam um pouco do nervosismo em falar tanta coisa em alto e bom som. Mesmo ainda me sentindo um puta tarado em gênero, número e grau, não parecia errado ser naquele momento, falando com Jungkook daquele jeito.
Quando as gargalhadas minguaram, um silêncio tomou o ar entre nós. Não era desconfortável, mas talvez desconcertante. Arriei as quatro rodas quando Jungkook conectou seu olhar ao meu; as íris castanhas brilhavam, curiosas e cheias de humor. Ficamos daquele jeito por um tempo até ele perguntar:
— E aí, morceguinho? Mesmo sem ele aparecer... cê gostou da vista?
— Uhum... — confessei, tão baixo que Jungkook só deve ter ouvido porque era um lobisomem. Afastei meu olhar e, em um ímpeto de coragem, completei: — Deu muita vontade de morder...
Ouvi Jungkook prender a respiração. Depois, ele lambeu os lábios de novo. Eu esperava algo cômico, tipo ele virando a bunda na minha direção pra eu poder ser sommelier oficial do rabo dele, alguma maluquice do tipo. Ou, talvez, a bunda ser o ponto de coleta de sangue do dia.
Por mais que as opções passadas na minha cabeça fossem muito mais explícitas, nada poderia ser mais excitante do que ouvi-lo dizer com o tom de voz rouco e delicioso:
— Fico com a mesma vontade sempre.
— Ah...
— Sério, Ji! — Ele revirou os olhos e voltou ao tom bem-humorado. Senti falta do rouco, mas ao mesmo tempo agradeci, porque eu perdia o controle a cada palavra dele naquele tom; se continuasse daquele jeito, talvez fosse eu oferecendo minha bunda pra ele morder. — Cê tem mó bundão bonito, até usando calça já fico babando. Aí aquele dia... Belzebu fez a festa na minha cabeça! Quando voltei com a toalha, cê tava lavando as pernas, sei lá. Só sei que cê tava com a bunda pra cima, e a cueca ainda tava colada nela porque tava tudo molhado... Quase virei lobo achando que ia ficar de pau duro e estragar tudo.
— Mas você já sabia que eu ficava de pau duro quando tomava seu sangue, não sabia? — perguntei, e ele assentiu. — Como que você ficar de pau duro estragaria tudo se eu ficava também?
— É que cê escondia e fugia, né, Ji? Eu achava que cê ficava duro sem querer nada comigo, porque cê começou a me evitar e tudo mais... Fiquei com muito medo de cê fugir de vez se eu ficasse de pau duro na tua frente. Por isso que quando cê me evitou depois daquilo que aconteceu no banheiro... Nossa... jurei que tinha fodido com tudo.
O tom era sério; apesar dele tentar falar de forma pra cima, não era brincalhão. Sua voz tinha falhado na última frase, cheia de medo e de arrependimento e eu entendia muito bem aqueles dois sentimentos. E doeu ver que eu tinha cultivado aquelas ervas daninhas emocionais em Jungkook.
Apesar de nervoso e amedrontado pra caralho, arrastei minha mão pelo chão de madeira do quarto até tocar na mão dele. Jungkook deu um leve sorriso e foi quem teve coragem de terminar de entrelaçar nossas mãos. Eu queria morrer e viver ao mesmo tempo.
— Confundi tudo... — murmurei, envergonhado.
— Eu também... — confessou, em um tom manso, consolador. Dava pra ver que ele queria compartilhar o peso da minha confusão comigo. — Tipo o dia que cê contou que era gay pra mim no vestiário... Fiquei todo: "ah, ele só deve tá sem graça comigo", porque é como eu fiquei com os caras do time, né? Voltei a achar que não era nada comigo... mas teu pau duro é por mim, né?
— Que pergunta, Kook... — Cobri meu rosto de vergonha, afastando o toque das nossas mãos pra tal. Me arrependi na mesma hora, mas não tive coragem pra enlaçar nossos dedos de volta.
— Desculpa... — ele suspirou e, preocupado, voltei a olhá-lo.
— Não se desculpa! — Aquilo saiu fácil. — Eu gosto desse seu jeito. Acho que se você não fosse assim, eu nunca mais seria capaz de olhar pra sua cara de novo de tanta mancada que dei... — Mas o resto saía muito difícil: — Meu... meu pau duro é só por você mesmo. E... sei lá... obrigado por tratar isso com tanta naturalidade. Seria uma merda horrível perder sua amizade.
— Que pau romântico. — Ele riu e cruzei os braços, revoltado. Ele gargalhou ainda mais e enlaçou meus ombros. — Meu pau é romântico também. Relaxa, Ji.
— Hm... — Encarei o chão, tentando entender o que me impedia de simplesmente beijar Jungkook até ficar sem ar, pra então me esfregar no colo dele e, enfim, receber a honra de ver seu cu-tornozelo-de-donzela-vitoriana. Que confusão. O tesão e o nervosismo não ajudavam.
— E Ji, cê não precisa agradecer... Eu não chamaria de naturalidade, só curiosidade mesmo. Fico muito curioso quando o assunto é você. Então, acho que sei lá... eu também deveria agradecer por cê me dar abertura pra fazer esse tanto de pergunta.
— Ah... — Quis negar e fazer alguma piada de não ter nenhuma curiosidade pra ele numa existência tão sem graça quanto a minha, mas parei. De novo, eu ia atropelar as opiniões, palavras e vontades de Jungkook só pra poder reforçar a história de que eu era um cara sem sal e fadado ao fracasso. — Vou... pensar nisso.
Jungkook pareceu satisfeito com a resposta e deu um sorriso antes de se inclinar e beijar a minha bochecha. Foi um beijo longo e estalado. Seu cheiro de sândalo derretia cada pedacinho de sanidade que restava na minha cabeça. Meu coração, que tava quase acostumando com o dirty talk aleatório ou o que quer que estivesse acontecendo ali, voltou a disparar em desespero.
Ele se afastou e ligou a TV, o que era o código claro pra: hora de beber sangue. Ainda derretido com o beijo — cuja saliva era uma mistura de geladinho e muito quente na minha bochecha, como se Jungkook a tivesse deixado ali só pra parcelar meu desejo por ele —, fiz muita força pra me inclinar contra seu pescoço. Mas, depois que cheguei até lá...
Puta merda.
Suspirei com o aroma, com a expectativa de cravar meus dentes ali. Tudo era uma tortura. Sentir a pele quente com meus lábios enquanto mirava sua jugular, a respiração mais pesada dele, demonstrando, de forma física, seu desejo por mim. Desejo pelo cara mais esquisito do mundo, que fugia dele, que o deixou todo arrependido mesmo quando fez tudo certo, que deu jeito de separar uma amizade de berço e de desconhecer detalhes da pessoa (ou lobo) mais próximo que tinha.
Pela primeira vez, eu agradeci ao furor de sangue, porque quando minha consciência voltou, já tava de barriga cheia e aquela ruminação de pensamentos tinha parado. Porra, era muito ruim ser uma bomba de hormônios e de pensamentos negativos.
Antes que Jungkook pudesse me direcionar os olhos capazes de me comer vivo, limpei minha boca com as costas da mão e encarei a TV junto dele. Dava até pra dizer que a gente tava assistindo à reprise do filme do canal aberto juntos, apesar de pouco convincente.
Isso porque, de novo, eu tava uma pilha de nervos. Queria explodir de frustração, porque parecia que não importava quantas conversas sinceras e tranquilizadoras tivesse com Jungkook, eu ainda criaria situações irreais na minha cabeça e esperaria que tudo desse errado logo.
E ele, que não só era meu amigo de infância, como nada bobo, percebeu. Inclinou-se na minha direção pra falar algo e tive que fazer força pra permanecer no mesmo lugar. Eu queria fugir, me jogar pela janela. E ele percebeu. De novo.
Óbvio que percebeu.
Doeu pra caralho ver sua expressão se preencher de preocupação e dúvida, sendo que tudo que ele sempre fazia era criar espaço pra mim; eu só não conseguia aproveitar. Pensativo, ele prendeu o lábio inferior entre os dentes e quase morri de vontade de chorar vendo a pintinha logo abaixo se destacar. Eu queria tanto beijá-lo. E eu queria tanto fugir.
Virei a cara quando percebi pelo canto dos olhos — Belzebu achava mesmo que eu tinha coragem de encará-lo de frente? — que ele se despia da samba-canção. A vontade de sair correndo cresceu, porque eu apenas o desejaria mais.
Porém, toda a apreensão que me tomava se derreteu assim que senti um calor úmido em minha bochecha antes de ser empurrado pro chão por um corpo pesado. Virei o rosto e dei de cara com olhos amarelos e um focinho tão preto quanto a noite. Recebi mais uma lambida.
Eu sabia que ainda era Jungkook ali. E também sabia que era Jungkook quem me deixava inquieto. Então por que eu ficava tão tranquilo? Parecia até mesmo desrespeitoso não enxergar todas as formas dele igualmente, mas, enfim, eu tava mais tranquilo.
Abracei o corpo animal, o trazendo pro chão comigo e enterrei meu rosto nos pelos macios e espessos. Ele se encolheu, acomodando a gente em seu calor. Respirei fundo e, ao perceber meu coração batendo como um coração normal bateria, comecei a fazer seu carinho preferido, perto do seu rabo.
— Obrigado de novo, Kook... — sussurrei contra a pelagem. — Juro que tô tentando arrumar essa bagunça dentro de mim pra você.
Ele ganiu.
— Por mim...
Seu rabo bateu satisfeito no chão.
— Acho que por nós é uma boa também...
Ele bateu o rabo mais enfaticamente, aprovando. Levantei meu rosto pra encará-lo e recebi uma lambida. Os olhos amarelos refletiam um humor carinhoso, eram uma janela de sentimentos na fria expressão lupina. Segurei com as mãos sua cabeçorra, sentindo os dedos afundarem na pelagem mais fina e macia do local. A puxei pra mais perto e deixei um beijo em seu focinho.
E foi bom. Beijei também entre seus olhos e depois entre as orelhas pontudas relaxadas. Várias vezes antes de acomodá-lo em um abraço e senti-lo me lamber antes de me acolher. E eu sabia que foi bom porque era Jungkook, porque parte de mim ficava doida de vontade de ser carinhosa com ele, mas sempre travava com sua forma humana. Talvez ficasse real demais.
— Deve ser meio difícil pra você... — confessei, acarinhando seus pelos. A calmaria era tanta que eu me sentia inundado de clareza. Estranho, já que meu poder especial era a super confusão. — Esperar eu tentar entender a minha cabeça... Mas muito obrigado mesmo. Se você não tivesse me chamado a atenção, eu nem teria percebido.
Ele ganiu e seus olhos pareciam chateados. Era tão fofo, quase inacreditável ser um lobo selvagem com força o suficiente pra tocar o terror em uma cidade inteira.
— Tô falando sério, Kook... Você é o melhor amigo do mundo. Talvez a melhor pessoa... Ou melhor lobisomem, né? Eu tenho muita sorte. E vou tentar ser pra você também... Pra que você tenha sorte de ter me conhecido.
Ele ganiu de novo e se aproximou pra me encher de lambidas, parecendo revoltado com a limitação de palavras da sua forma. Eu o impedi com um novo abraço apertado. Porque, sim, gostaria de ser também o melhor amigo do mundo.
»»🐺««
Esse cap foi gordinho, né? Mas nem só de tesão e nem só de tristeza vive um vampirinho, de piadinhas também.
Ah, não esquece de deixar seu votinho! 💜
Qual é seu detalhe favorito do capítulo? Sei que talvez seja feio da minha parte como autora porque aconteceu muita coisa relevante nesse capítulo, mas a minha é o ✨cu de donzela vitoriana✨ do Jungkook, eu o amo demais 😭
Beijinhos de luz, amo vocês, e até dia 17/06 às 19:00!
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