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🐺 Capítulo 13


Oi, oi, oi, tesudinheeeeeeeees!!

Como passaram a semana? Estão bem???? Eu ando me sentindo meio alheia e deslocada das coisas, mas acho que é por estar fora da minha rotina de um modo geral, enfim! Mas estou suuuuuuuper animada com esse capítulo hihihi espero que gostem!

Boa leitura e, se gostarem, comentem, porque amo saber o que vocês estão achando!!

#VampiroTristeComT

»🐺«

Jungkook acordou fervendo em meus braços. E, não, por mais que ele fosse um caloroso lobisomem, aquilo não era normal. Toquei sua testa, suada e ainda mais quente do que o resto do corpo.

— Kook... — chamei. — Acho que você tá com febre.

Seus olhos mexeram debaixo das pálpebras, mas ele não os abriu nem me respondeu. O pânico crescia dentro de mim; se eu nem sabia como cuidar de uma febre em um humano, imagine em um lobisomem. Lobisomens ficavam com febre?

Saí da cama pra caminhar nervosamente pelo quarto. Por sorte, ouvi barulhos nos andares abaixo. Pelo visto, os pais dele chegaram enquanto a gente dormia. Corri tanto pelas escadas que quase tropecei e rolei até o primeiro andar.

— Ó, Jiminnie! — exclamou a senhora Jeon com meu último tropeço. Ela era uma mulher muito alta, de traços faciais marcantes, com corpo forte (que gostava de exibir usando roupa de academia pra qualquer ocasião) e dona de uma fartura de cabelo e de monocelha da qual se orgulhava muito. — Você e o Kookie voltaram a se falar?

— Ah... Sim, mas ele tá com febre! — Minha confusão mudou de volta pra desespero. — O que eu faço?

— Deve ser a proximidade da Lua Cheia. O primeiro dia é sempre o mais complicado pra gente — disse o senhor Jeon, surgindo da cozinha com um prato de comida gigantesco em mãos. Assim como a esposa, gostava de usar roupas esportivas pra exibir o peitoral forte e peludo; era alto, sarado e ostentava uma barba de dar inveja a qualquer cervejeiro alternativo com coque de samurai.

— Mas nunca vi ele ficar com febre antes!

— É raro mesmo, mas pode acontecer. Se a gente está mal alimentado, estressado, coisas assim — explicou Sr. Jeon com uma calma que eu não compartilhava. Ele dava colheradas vagarosas em seu prato.

— Mas a gente não deveria fazer alguma coisa?! Ele parece bem mal — insisti.

A senhora de Jeon chegou perto de mim, apertou meu ombro com leveza e ofereceu um sorriso. Fiquei a encarando em busca de explicações.

— Obrigada por cuidar do nosso filhotinho, mas não sei se tem tanto o que fazer agora. Voltamos para casa para comer e buscar o Kookie para irmos ao bunker. Depois da transformação compulsória ele deve melhorar, só vai ser mais complicado do que o normal porque, se ele já tá reagindo mal agora, deve demorar mais tempo que o normal para voltar ao controle. Mas se te deixar mais tranquilo, você pode tentar baixar a temperatura dele um pouco e fazer ele comer.

Assenti com a cabeça, apesar de não fazer a mínima ideia de como operacionalizar as sugestões. Primeiro, fui até a geladeira pra aproveitar a presença dos senhores Jeon pra receber orientações. Além de eu ser um "humano mimadinho", eu também era um vampiro que nunca precisou de nada além de sangue pra sobreviver. Então, além de eu saber muito pouco de comida, sabia menos ainda sobre cozinhar.

Sr. Jeon, que me seguia com os olhos enquanto mastigava suas quantidades cavalares de comida, riu e apontou pro canto da geladeira. Lá, vi um prato preparado e embalado em plástico filme. Não parecia bem um menu indicado pra doentes — ao menos nos filmes, doentes comiam sopa, sei lá —, mas aceitei o que tinha. Apesar de febril, Jungkook continuava sendo um lobisomem, não? Apesar de tudo que eu sabia e acreditava ter ido por terra, claro, porque como assim lobisomens ficavam com febre?

Havia um bife enorme no prato. Jungkook comia bifes à base da dentada, isso eu já tinha notado, mas já que ele tava doente, eu deveria cortar? Achei um conjunto de garfo e faca no escorredor da pia e tentei deixar o prato todo com pequenos pedaços de comida. Tentei, porque me descobri péssimo na tarefa. Era a primeira vez na vida que eu manejava garfo e faca, apesar de já ter observado várias pessoas comendo.

— Adoro vocês vampiros, tão bons com umas coisas, tão inoperantes em outras — disse Sr. Jeon com bom humor, ainda me assistindo batalhar contra um bife sem oferecer ajuda. Tentei mandar um olhar feio pra ele, mas não surtiu efeito.

Depois de cortar o bife e alguns legumes — muito mal, parecia ter vindo das tripas de Belzebu —, fui enfiar o prato no microondas, conhecimento também adquirido depois de anos observando Jungkook. Logo notei que não tinha a mínima ideia de quais botões deveria usar. Sra. Jeon passou do meu lado e apertou alguns botões com uma risadinha. Eu era uma piada.

Humilhado, assim que o microondas apitou ao finalizar seu trabalho, peguei o prato, o garfo e a faca e subi as escadas com o pouco de dignidade restante. Ao entrar no quarto, achei Jungkook do mesmo jeito que eu o tinha deixado: deitado entre os lençóis e banhado de suor.

Apoiei o prato na mesa de cabeceira e o sacudi. Nada.

— Kook, seus pais já tão aqui e daqui a pouco devem te levar pro bunker. Não é melhor você comer antes?

Claro que era melhor ele comer antes, mas como poderia com tanta febre? A reação dos pais dele indicava que não era nada grave, mas... ver Jungkook prostrado era a coisa mais estranha do mundo. Eu tinha deixado Jungkook estressado? Ele nunca parecia estressado. Mas com fome ele não tava, certeza, ele tinha comido bem no dia anterior.

Sem opções, peguei o celular e fui buscar métodos humanos pra abaixar a temperatura. A maioria era descanso a longo prazo, mas eu não tinha prazo, então escolhi a que parecia mais rápida e promissora: dar um banho nele.

Tirando a parte de encontrar uma cadeira em que pudesse apoiá-lo, a tarefa foi fácil — às vezes o lado vampiro vinha a calhar. Carreguei Jungkook, o despi e o coloquei sentado na cadeira debaixo de uma ducha de água morna pra fria.

Pela maior parte do tempo, pareceu que não daria certo. Ao final do banho, Jungkook abriu um pouco os olhos, mas os fechou logo em seguida. Ou seja, continuava parecendo que não daria certo.

Sequei bem seu corpo e seu cabelo antes de vesti-lo e, enquanto eu o carregava de volta pro quarto, ele abriu de novo os olhos. Cansados, mas daquela vez parecia que havia um pouco de consciência neles. Ele olhou ao redor, confuso. Depois, olhou pra minha cara.

— Sou a princesa do Ji — disse ao notar como eu o carregava e enlaçar meus ombros com os braços de forma afetada. Uma risadinha nasceu em seu peito, pelo visto, mas minguou antes de chegar aos seus lábios e se mostrar pra mim na forma de um mero suspiro.

— A princesa consegue comer alguma coisa?

Sentei Jungkook na cama, deixando suas costas apoiadas na parede com a ajuda de um travesseiro. Ele ainda me olhava um pouco confuso e um pouco encantado. Peguei o prato na mesa de cabeceira e mostrei a ele. Não recebi nenhum tipo de sinal que me ajudasse a tomar uma decisão.

— Seus pais já tão lá embaixo, almoçando antes de ir pro bunker. Acho bom você tentar comer também, ainda mais tando febril desse jeito.

Ele assentiu com a cabeça levemente. Ainda tinha um ar desconectado, provável consequência da febre forte, mas abriu a boca. Aproveitei a deixa pra enfiar nela uma garfada de comida.

Aquilo se repetiu durante um bom tempo porque Jungkook mastigava devagar. No meio do prato de comida, ele parou de aceitá-la e se deitou, voltando a dormir.

Lá embaixo, ouvi a agitação dos pais dele. Logo viriam buscá-lo pra ida ao bunker. Preocupado, acariciei sua testa um pouco menos quente, mas ainda febril, e seu cabelo.

— Kook... É estranho demais te ver doente. Se cuida.

Alguns minutos depois, os pais dele apareceram no quarto. A Sra. Jeon checou a temperatura do filho antes de pegá-lo com um só braço, como se carregasse uma criança grande demais. Não sei se porque ela tinha me ouvido ou eu tava com uma cara terrível de preocupação, ela me consolou:

— Vamos cuidar dele lá, Jiminnie. Você vai ver, amanhã estaremos aqui de novo, como sempre.

-🧛-

Olhei pra Lua Cheia, alta no céu, um tanto quanto inquieto. Por mais que a mãe do Jungkook tivesse prometido cuidar de tudo, era uma promessa bastante vazia, dado o ritual. No primeiro dia de Lua Cheia — como aquele, que iluminava facilmente o quintal com sua cor fria —, os instintos primitivos de lobo tinham controle demais sobre as ações de qualquer lobisomem. Então, como uma forma de proteger aos outros e a eles mesmos, a família Jeon se trancava em um bunker durante a noite.

Como a Sra. Jeon cuidaria do Jungkook se ela mesma seria nada mais do que uma loba raivosa? Ela não tinha dito que, por causa da febre, talvez Jungkook demorasse mais pra voltar ao controle? Eu realmente não nutria esperança de vê-los no dia seguinte.

Tudo soava estranho.

Se a febre antes de luas cheias era tão comum e banal, por que era a primeira vez que Jungkook ficava daquela forma? Mesmo nos dias seguintes à primeira noite Lua Cheia, enquanto ela ainda não minguava, Jungkook não ficava febril, apesar de um pouco mais quieto por causa da batalha interna com os instintos.

Mas, independentemente da minha preocupação, a noite tava tranquila e perfeita, sem nada fora do lugar: os grilos cricrilavam, o vento fazia as folhas farfalharem e um pedestre ou outro passava na rua da frente. A luz da Lua, azulada, criava uma atmosfera calma e pacífica. Não tinha nada de errado, por que eu tava procurando algo de errado?

Decidi pegar um livro pra ler, talvez assim eu parasse de pensar besteira. Mas assim que saí da janela, um uivo cortou o ar.

Não era um uivo normal. Era encorpado demais, alto demais e, principalmente, ameaçador demais. Todos os pelos do meu corpo se arrepiaram.

Meus pés me guiaram pra fora de casa, pulando pela janela. Ao aterrissar no quintal, ouvi um novo uivo, mais próximo. Vinha de uma das florestas e corri até elas, urgente. Felizmente, a direção do vento tava contra mim.

Ao meu redor, um silêncio estranho e assustador. Já tendo corrido pra direção da qual o uivo tinha vindo pela primeira vez, desacelerei os passos, prestando atenção nos barulhos da natureza; mas a natureza era esperta, eu quase não ouvia animais selvagens.

De supetão, um resfolegar alto soou próximo, junto a um urro agoniado. Depois, não poderia descrever o som como algo diferente de carniçagem pura.

Avancei com cuidado entre as árvores de troncos grossos, meus passos nunca foram tão leves. Apesar de a Lua não iluminar tão bem o caminho devido às copas frondosas da vegetação, o lado vampiro veio a calhar novamente e evitei cada graveto que denunciasse minha aproximação. Espiando por trás de um tronco, eu o vi.

Jungkook.

Mesmo que, em forma de lobisomem, fosse difícil distinguir sua família, eu tinha certeza de que aquele era Jungkook. Suas garras destroçavam a carne do cervo abatido e a levava até as presas enormes do focinho sujo de sangue. Como ele havia fugido do bunker?

Congelei, sem saber como agir. Não adiantava chamar Jungkook, não havia a quem chamar ali naquele lobisomem, não no primeiro dia de Lua Cheia. E não que comer um cervo fosse muito grave; o problema maior seria se ele fosse até a civilização. Por Belzebu, se chegasse perto da cidade, não só Jungkook era capaz de fazer uma chacina, como também de deixar os humanos desconfiados e acabar tomando um tiro de espingarda de algum dono de bar.

Meu ar ficou preso nos pulmões. Tentei respirar mais devagar, mas meu corpo não queria obedecer. Não, eu não podia ter um piripaque em um momento tão importante. E se a direção do vento mudasse? Eu precisava de um plano antes que Jungkook sentisse minha presença.

Engoli o sentimento de que eu ia morrer a qualquer instante e me agarrei à árvore atrás da qual eu observava Jungkook. Ele terminou de comer o cervo, se empertigou e uivou ainda mais alto. Ainda mais cheio de ódio. E, ignorando todas minhas orações — apesar de, como criatura sobrenatural, saber muito bem que tudo pro qual era possível rezar tinha mais contras do que prós —, Jungkook se virou em direção à cidade e se transformou em lobo pra correr ainda mais rápido.

Movido pelo desespero, fui atrás. Por um instante, temi não alcançá-lo: na Lua Cheia, Jungkook ficava tão ou mais forte e rápido do que eu.

— Kook!

Minha voz soou alta demais na floresta vazia.

E foi a minha voz que salvou a população de Busan.

Jungkook se virou pra mim, rosnando e agachando sobre as patas dianteiras, pronto pro ataque. Por Belzebu, Jungkook ia mesmo me atacar? Finquei meus pés na terra, sem saber se deveria ficar ou fugir.

Sim. Jungkook atacou. Com um salto poderoso, garras de fora e presas à mostra, mas consegui desviar a tempo. A adrenalina movia meu corpo sozinha. Tentei enlaçar seu pescoço e segurá-lo pelo focinho, mas ele tomou a forma de lobisomem, e acabei rolando pela grama até bater no tronco de uma árvore.

Mal entendi onde eu tava e já vi Jungkook em cima de mim.

Como meu maior objetivo era fazê-lo não ir pra cidade, decidi aceitar o ataque. Suas presas perfuraram do meu ombro até meu peito e aproveitei pra segurar o maxilar e a mandíbula animal, uma com cada mão, e o travei ali, em meu ombro. Ele variou entre as formas de lobo e lobisomem algumas vezes em uma tentativa de tentar escapar, mas seu focinho continuava firme em minhas mãos.

Ele se fixou como lobisomem. Seu olhar amarelo e raivoso tava a um palmo do meu, assim como o focinho vermelho. Era difícil saber se o sangue era meu ou do cervo, mas a dormência em meu ombro indicava que eu havia mesmo perdido bastante.

Tentei segurá-lo com as pernas, mas foi uma péssima ideia. Jungkook simplesmente me carregou, porque se meu peso já representava pouca coisa pra ele no dia a dia, imagine no auge de seu poder. Ele voltou a correr em direção à cidade, e eu busquei o solo com meus pés pra impedi-lo.

Deu certo, mas ele mudou a estratégia e me empurrou contra o chão, talvez com o objetivo de me fazer soltar seu focinho com o choque. Teria dado certo se eu fosse um humano, não haveria osso que suportasse tanta força, mas continuei firme.

Rezei pra que permanecêssemos daquele jeito até o Sol raiar, mas ele tomou consciência de todas as possibilidades da forma de lobisomem. O ataque, antes só do focinho, se expandiu pras garras longas das mãos cobertas de pelo. Ele rasgou minhas costas e, depois, meu rosto.

Mesmo que eu me recuperasse rapidamente de cada ataque, todos doíam, e não era a dor gostosa. Ter os olhos perfurados, em específico, foi a pior coisa que eu já havia experimentado. Doía pra caralho, mas o pior era a agonia e o desespero que despertava em mim. Enterrei o rosto nas mãos ainda firmes no focinho, dificultando o acesso das garras.

O ar de meus pulmões ficava rarefeito.

E não era de dor. A dor era ruim, mas eu poderia suportar.

O problema era reconhecer aquela dor como se fosse uma prima distante. As sensações, as sacudidas animalescas da mordida poderosa de Jungkook em meu ombro, prestes a arrancar meu braço do corpo. Tudo era familiar demais.

E aterrorizante demais.

Então, em vez da dor me derrotar, aquele aperto no peito, aquela sensação de desespero, de medo de morrer, que escalava meu âmago o fizeram. Eu me sentia cada vez mais distante de mim, mais distante do meu corpo, da minha respiração.

— Monstro! — Uma voz infantil soou no meio da floresta. Assustado, desenterrei o rosto pra procurar a origem, a situação era perigosa demais pra uma criança e pra comunidade sobrenatural.

Não havia nada ao redor de mim além de sangue, floresta e pontos pretos pela falta de ar. As garras de Jungkook se mostraram prontas pro próximo ataque e enterrei meu rosto de volta.

— Monstro! Monstro!

A voz infantil ficava mais insistente a cada inspiração mais ineficaz dos meus pulmões. Desde o começo, eu tava amedrontado; mas, naquele instante, a confusão encabeçava a avalanche de emoções ruins. O cansaço e o pânico tomavam minha mente e a convidavam pra entrar naquele vazio escuro e confortável do furor de sangue. Não, não fazia sentido ser um furor de sangue, provavelmente era um desmaio.

E eu não poderia desmaiar, não com Jungkook naquela situação.

Então, só me restou chorar enquanto me agarrava ao focinho e ao pouco de ar que ainda existia nos meus pulmões. Não sei por quanto tempo aguentei, com tudo doendo daquela forma, enquanto ouvia gritos infantis acusadores e desesperados.

Tudo sobre aquela noite era escuro e incerto, até mesmo uma voz adulta gritando meu nome. Uma voz que eu não sabia distinguir se era lembrança ou realidade.

-🧛-

Acordei no meu quarto. O Sol ofuscante o iluminava mesmo através das cortinas. Como de costume, rolei pra longe dos raios. Mas, ao contrário do costume, sentei rápido no meu colchão em vez de enrolar. Minha cabeça girou.

Eu tinha sonhado? Jungkook tava solto? Mas se lobisomens tivessem feito uma chacina em Busan, eu não taria deitado em paz no meu quarto, certo?

Porra, talvez tivesse sido um sonho mesmo, um sonho muito estranho.

Fui ao banheiro lavar o rosto. Debaixo da pia, havia peças de roupa manchadas de sangue seco. Eram as minhas roupas. As que eu tava usando durante a fuga de Jungkook.

Minha cabeça girou e o ar fugiu do meu peito. Sem nem tocar na torneira da pia, tropecei nos meus próprios pés em direção à sala ou à cozinha.

Meus pais gostavam de sentar à mesa de manhã e ler um jornal, rodeados pela geladeira e pelo fogão meramente ilustrativos. Quase como uma experiência estúpida sobre ser humano — lembrava bastante aquelas coisas ridículas tipo restaurante que parece uma prisão em que brancos vão viver a experiência penal (?). Mesmo assim, eles não tavam lá. Só o Wooshik.

— Bom dia, flor do dia! — ele me cumprimentou alegremente e foi buscar algo na geladeira (que, pelo visto, tava menos meramente ilustrativa). Era uma garrafa esportiva cheia de sangue. Ele me entregou e voltou a se sentar à mesa, tomando sangue na xícara de chá, como sempre. — Trate de beber sem reclamar.

— Onde tão meus pais?

— Com os Jeon. Devem estar passando pela perícia sobrenatural, é um protocolo. Agora, beba, você precisa repor sangue.

— De onde veio?

— Ah, os vampiros veganos. — Ele abanou as mãos teatralmente e revirou os olhos. — Veio de um lobisomem de Seul. Ele me ofereceu quando fiz o recenseamento lá. Não é do seu lobinho amado, mas ninguém morreu por esse sangue.

— Lobisomens dão sangue de graça assim?

— A maioria, sim, na verdade. Incrível como viver como humano te deu essa visão capitalista e errônea das coisas. Por que lobisomens negariam sangue se o possuem em abundância? Eles não são sovinas. Mas até que esse sangue, em específico, teve uma troca por trás. Eu o ganhei de souvenir graças aos meus vários séculos como administrador de uma casa de sadomasoquismo. Parece que a vida do nosso amigo estava muito monótona. Ah! Eu era administrador, frequentador e estrela principal.

— Não quero saber desses detalhes da sua vida.

— Devo relembrá-lo de que literalmente perguntou?

Me mantive em silêncio e, então, comecei a bebericar a garrafa. De fato, era um ótimo sangue. Wooshik me observava com um sorrisinho no rosto.

— Você é uma das criaturas mais interessantes pelas quais já cruzei — comentou, como se fosse um grande elogio. — Ou talvez a mais imatura. Talvez seja porque é jovem e vive uma vida disfuncional, mas, enfim, fazia tempo que eu não conversava com alguém tão banhado em irracionalidade!

Respirei fundo pra não acabar esmagando a garrafa entre meus dedos. Realmente me sentia fraco demais pra dizer não a sangue, mas puta merda, por que aquele cara me perseguia tanto?

— Qual é seu problema comigo?! — resmunguei.

— Problema?! Ó, meu caro, desculpe-me por dar a impressão errada, mas não tenho nenhum problema com você, apenas profundo interesse.

— O que tem de tão interessante em mim?!

— Tudo! Você é tão contraditório e errado, uma maravilha! Até mesmo se comparado à literatura científica sobre comportamento humano, você é tão único! Que tipo de ser, humano ou sobrenatural, depois de enfrentar a morte e um ataque de pânico frente ao amigo de infância e namorado, fica fazendo perguntas implicantes para um visitante desconhecido em vez de saber o que aconteceu? Nunca vi alguém tão evasivo! Diga-me: você entra em negação com tanta frequência assim?

Encarei o maldito homem de roupas vitorianas. Seu olhar era compatível com as palavras, parecia mesmo muito empolgado, como se tivesse descoberto a cura pro bicho-de-pé dos yetis. A melhor opção era sair andando batendo o pé, mas me encontrei sentando à mesa obedientemente, me sentindo a pior criatura do mundo. Ele tinha razão.

— Muita frequência — respondi.

— Quer que eu conte sobre o resto da noite passada?

— Não, mas acho que preciso saber.

— É uma boa decisão. Que coisa, pensei que essa seria sua grande chance para desviar o assunto de novo. Se bem que isso te torna mais interessante.

— Pode parar de me tratar como um objeto de estudo?

— Claro! Isso te soa ofensivo?

— Como não?

— Assim, em muitos lugares pelos quais passei isso é absolutamente normal. Chega um ponto em que essas diferenciações se embaralham um pouco. Mas eu compreendo, sabe? Você só tem dezenove anos e finge ser um humano, então não viu tantas nuances. Pode me pontuar o que considerar desapropriado, eu ajusto.

— Simples assim?

— Claro, por que complicar?

— Sei lá, pensei que tivesse óbvio que eu tava irritado com você.

— Ah, isso ficou óbvio, sim, mas tem quem goste dessa dinâmica. Ainda mais você, com todas suas contradições: moralista, mas que executa atos libidinosos com o vizinho no quintal enquanto a casa está cheia de visitas.

— Por favor, não me lembra disso. E acho que você tá me deixando desviar de novo do assunto.

— Sim, queria ver até onde você aproveitaria disso para se desviar. Interessante sua coragem súbita. Ah, juro que eu testei essa hipótese sem querer, foi por costume, sigo com minha palavra de não te estudar mais!

"Bem, ontem eu te ouvi saindo depois do uivo e fiquei de sobreaviso. Seus pais tinham saído para buscar uns amigos, então os avisei do que estava acontecendo por mensagem e pedi algumas instruções. Em geral, vampiros que convivem com lobisomens possuem alguns calmantes especiais em casa. E, de fato, seus pais tinham."

— Sério? Nunca ouvi falar sobre isso.

— Você costuma perguntar sobre essas coisas?

— Não.

— Então, acho que eles pretendiam cuidar sozinhos de qualquer incidente que acontecesse. Talvez, se você fosse se mudar ou algo assim, eles contariam.

— Mas... Se existe esse calmante especial, por que os lobisomens não usam na Lua Cheia em vez de ir pro bunker?

— Porque são lobisomens, oras. Em meia hora, no máximo, o organismo deles já deu um jeito no calmante. Serve só para emergências, seria muito trabalhoso usar durante uma noite inteira. Mas enfim...

"Você foi bem ontem, desmaiou só quando cheguei. Eu contive o lobisomem e, depois, seus pais o levaram de volta ao bunker para verificar se os Jeons continuavam acorrentados e para ajudar nos trâmites de hoje. Eu fiquei responsável por você.

— O que deve ter sido ótimo pra você, já que é tão interessado em mim.

— Não posso dizer que não. Mas, confesso, eu esperava só analisar sua recuperação física, mas, quando o encontrei, você estava no meio de um ataque de pânico. É a primeira vez que vejo em um vampiro.

Me remexi na cadeira, desconfortável, e tomei mais um gole do sangue.

— Você tem certeza que era um ataque de pânico?

— Quase absoluta, pelo que a gente conversou ontem. Você não se lembra?

— Não.

— Isso já é um indicativo do ataque, mas podemos fazer uma checagem de sintomas. — Ele deu de ombros e bebericou calmamente de sua xícara. — Você sentiu como se fosse morrer?

— Uhum.

— Mas você é um vampiro. Acha mesmo que vai morrer?

— Bem difícil...

— Então... Sensação de distanciamento?

— Sim.

— Medo de perder o controle?

— Sim... Mas pode ser o furor de sangue.

— Bom ponto. Falta de ar?

— Sim.

— Dor no peito?

— Acho que não tanta.

— Bem, mesmo que não esteja gabaritando os sintomas, você já tem muitos... É a primeira vez?

— Não. Tive uma algumas semanas atrás... Mas... Mas eu acho que, primeiro, preciso perguntar do Jungkook. Ele tá bem?

— É uma boa pergunta. Ainda não falei com seus pais, mas dificilmente ele não vai estar. Lobisomem e tudo mais. Ainda não sei como ele escapou do bunker, mas só resta aguardar... Até o fim do dia, deve estar tudo resolvido.

Tomei o último gole de sangue da garrafa e encarei minhas mãos ao redor dela, sentindo um amargor tomar minha garganta. Mais do que tar tudo resolvido com os protocolos sobrenaturais ao final do dia, eu sentia que nada tava resolvido.

Pelo menos, não comigo mesmo. Não ao reviver aquela noite várias e várias vezes na minha cabeça. E, a cada replay, notar ainda mais que algo faltava. Algo tava estranho, e muito. Eu não sabia o que era, mas tinha a sensação de que sabia, sim.

A cada replay, eu notava a imensidão de memórias que deixavam uma lacuna ali. Eu precisava parar de esquecer.

»🐺«

SERÁ QUE ENFIM SABEREMOS DE ALGO?? Juntem-se ao movimento #AcordaEContaEssaFofocaDiretoJimin. Enfim, tá muito tenso por aí? Pra mim foi enquanto escrevi, então acho mais que justo

Ah, não esquece de deixar seu votinho! 💜

Qual a parte mais marcante do capítulo para você? Eu vou ter que ser óbvia e escolher a cena na floresta, né... Muita coisa acontece, e muita coisa é muito importante! Tô de olho nos comentários de vocês!

Ahhh, e amanhã às 18:00 sai aqui no wattpad meu conto sáfico bem fofolete: Naná, a guardiã de espíritos silvestres! Espero que gostem dele também!

Ahhhh 2.0. Lembrando que a rede social na qual sou mais ativa é o instagram (sou a callmeikus lá também) e, além do dia a dia escrevendo fanfics, estou pensando em projetinhos pessoais (ou melhor, dando mais atenção a eles, porque ter eu tenho há anos), caso queiram me acompanhar por lá!

Beijinhos de luz, amo vocês, e até dia 14/10 às 19:00!

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