1.
OLIVER
A fama é algo que eu definiria como uma benção e uma maldição, pode te ajudar em mil aspectos mas também te atrapalhar pelos mesmos motivos.
Existem coisas que eu gostaria que continuassem simples na minha vida, como poder ir a qualquer mercado, loja, posto de gasolina sem causar uma grande comoção, mas em alguns lugares isso era meio impossível. Estava aproveitando meu último dia de folga quando meu empresário avisou sobre a visita de alguns amigos da Itália que estavam de passagem por São Paulo e agora minha última noite de folga seria junto desses amigos, bem distante da festa que estava planejando ir.
– Alex, eu já chego aí, só preciso comprar mais algumas coisas.....
Mandei o áudio para o meu empresário, entrei no Armazém Ventucci apenas pra comprar o vinho que havia prometido a uma amiga, peguei mais alguns snacks tentando ser o mais rápido possível e já estava indo em direção ao caixa quando quase tropecei em uma garota agachada perto da prateleira de vinhos, por muito pouco não cai em cima dela e de toda aquela prateleira, causando o maior estrago.
– Ei!!! Olha por onde anda! – A garota levantou muito brava, com seu vestido vermelho de gala, a maquiagem borrada e uma cara de poucos amigos que me fez questionar seriamente se ela não atacaria em mim a garrafa de vodca que estava em sua mão.
– Perdão, eu estava distraído, não tinha te visto – Tentei ser o mais simpático possível e ela apenas deu de ombros. Mesmo brava não pude deixar de reparar na beleza dela, os olhos castanhos, a pele negra, a bochecha rosada e a boca levemente vermelha, como nunca tinha visto igual.
– Que seja.... Mais cuidad.... – A frase morreu no meio quando ela viu duas garotas entrarem no armazém, elas estavam vestidas como a garota da vodca, acenaram e começaram a se aproximar de onde estávamos – Maravilha! Não acredito....
A garota se virou de frente para a prateleira dos vinhos e fingiu que não era com ela.
Eu apenas observava a cena, dei um passo pra trás, peguei um vinho qualquer da prateleira e já estava prestes a sair daquele corredor, antes que aquilo virasse uma confusão, mas as duas garotas recém-chegadas se aproximaram rápido demais, a moça do vestido vermelho se desequilibrou quando veio para trás e caiu em cima de mim.
A única coisa que consegui fazer foi nos proteger para que não voasse nenhum estilhaço de vidro em nossos rostos enquanto o chão se tornava uma poça de vinho tinto.
– Eu não acredito, vou matar vocês! – Ela brigou com as duas, saiu de cima de mim aparentando estar ainda mais brava e estendeu a mão para me ajudar a levantar.
– Machucou? – Ela perguntou me olhando realmente nos olhos pela primeira vez naquela noite, pela maneira como me olhou pensei que ela realmente tivesse me reconhecido ou algo assim, mas ela logo desviou o olhar para sua mão que continuava estendida, aceitei a ajuda e levantei sentindo minhas costas ensopadas pelo vinho.
– Obrigada! – Agradeci verificando se havia algum corte ou ferimento e senti seu olhar acompanhando meus movimentos – Tá tudo certo, não precisa se preocupar! – Você se machucou? – Devolvi a pergunta, ela apenas balançou a cabeça negando – Perdão por essa bagunça! Não acredito que isso aconteceu, se quiser te pago uma camisa nova – Vi que as duas garotas logo atrás dela seguraram o riso e tive certeza que elas sabiam quem eu era.
– Não precisa, já fico feliz que não nos machucamos, preciso ir...– Olhei pra garota que tinha caído em cima de mim e esperei que ela falasse seu nome.
– Ah, meu nome é Maria Luíza, prazer! – Ela disse sem graça me estendendo a mão, apertei sua mão e também me apresentei.
– Prazer, Maria Luíza! Oliver...– Preferi não dizer meu sobrenome, afinal, ela não esboçou reação nenhuma ao ouvir meu nome, me sentia idiota por pensar que ela precisava saber quem eu era.
– Mais uma vez, desculpe Oliver! – Ela sorriu e pude ver uma covinha na sua bochecha que a deixava ainda mais bonita.
– Sem problemas, foi um "prazer" – Sorri meio irônico e cumprimentei com um aceno de cabeça as duas garotas que nos assistiam concentradíssimas – Até mais!
Deixei as garotas para trás e comecei a ir em direção ao balcão da loja, mesmo afastado pude ouvir Maria Luíza brigando com as meninas.
"Lóri, porque vocês estão aqui? Eu não pedi pra ficar sozinha?"
Sabia que aquilo poderia virar uma confusão e não queria me envolver, peguei tudo mais que eu precisava e já sentia o olhar do dono da loja sobre mim.
– Quanto vai dar tudo? – A cara fechada do dono da loja já me dizia que ele estava uma fera, olhei pra trás e vi a poça do vinho quebrado no meio do corredor – Inclusive aquele ali...
Enquanto o homem calculava, senti uma pessoa se aproximar, olhei para trás e Maria Luíza estava vindo com pressa na minha direção.
– Faço questão de pagar pelo vinho quebrado! – Ela disse convicta chegando mais perto de mim.
– Não precisa, eu pago, sem problemas! – Sorri tentando ser o mais simpático possível, mas ela me olhou com mais intensidade.
– A culpa foi minha! – Ela disse com mais firmeza ainda.
– Mas...– Tentei argumentar olhando Maria Luíza da mesma maneira.
– Por favor, já estou me sentindo péssima, não faça eu me sentir pior! – Maria Luíza colocou sua mão sobre a minha para me impedir de continuar mexendo na carteira.
– O.k.! Só vou levar esses aqui então – Cedi vendo ela sorrir para mim mais uma vez, paguei somente pelos meus itens e a olhei.
– Obrigada! – Assenti pegando minhas coisas e antes de sair cumprimentei as garotas que a estavam esperando, as duas riram e eu tive certeza que elas sabiam exatamente quem eu era.
A noite na casa dos meus amigos foi, no mínimo, interessante, todos me encheram de perguntas sobre a camisa ensopada de vinho, mas eu simplesmente nem ligava para isso. O que realmente me intrigou foi o fato daquela linda mulher não me olhar como se fosse um bichinho de zoológico, era tão raro não ser reconhecido, principalmente em São Paulo, que isso transformou aquela noite. Sempre ficava a postos para ser o mais receptivo possível para atender a todos, com um sorriso quase colado no rosto e ver as coisas seguirem um rumo diferente me deixou de muito bom humor.
Minha carreira como cantor começou meio cedo, quando fiz dezoito anos gravei a primeira música que viralizou, aos dezenove já tinha me mudado pra uma cobertura em São Paulo e agora aos 22, já era considerado um cantor consolidado e isso fez com que essa área da minha vida determina-se todo o resto.
Seria errado dizer que minha vida não era maravilhosa, ela era, só não gostava da exposição em excesso, não poder ir e vir como eu bem entendesse me irritava em alguns dias, me enfurecia quando não tinha espaço nem mesmo pra sofrer sem plateia e já estava me habituando a pagar para ter "paz". Por isso eu amava ir ao meu refúgio particular sempre que dava.
– Mas ora, ora, olha quem resolveu aparecer! – Will, meu melhor amigo desde a época da escola, abriu um sorriso e largou o cardápio do seu restaurante para me abraçar.
– Desta vez nem faz tanto tempo assim – Beijei seu rosto vendo ele rolar os olhos, sempre fazia isso só para provocá-lo.
– Acho que uns bons três meses, hein – Ouvi a voz doce de Sarah atrás de mim e me virei rápido para ela, a ergui do chão e a gargalhada mais divertida de todas se fez ouvir.
– Fiquei com saudade de vocês e resolvi aparecer antes que a saudade me deixasse doente, aproveitei que o restaurante ainda não abriu, que é melhor! – Sentei em uma das cadeiras vazias e observei o lugar.
A melhor hamburgueria que eu conheço pertencia aos meus melhores amigos, há um ano quando Will resolveu apostar no seu sonho de abrir um restaurante eu já sabia que daria certo, ele já era bom na cozinha e sempre trabalhou em restaurantes dos mais variados tipos, mas quando ele conheceu Sarah ainda na periferia de Curitiba parece que ele simplesmente decolou.
Ela melhorava as ideias dele, os cardápios, os ingredientes, o jeito de fazer e quando ele investiu tudo que tinha em uma pequena barraquinha de lanches, os dois passavam as noites trabalhando nela e quando já estava mais do que dando lucro eu me ofereci pra ser sócio da minha dupla preferida e eles se mudaram para São Paulo, tornando a Will Burguer a minha segunda casa, meu lugar de refúgio onde eu nunca precisava me esconder.
Will sempre foi quieto, na dele, o cara alto e branco, cheio de tatuagens pelo corpo e a feição de poucos amigos que não assustava ninguém, esse era seu charme, quase nunca tirava seu boné preto da cabeça, assim como suas infinitas camisetas pretas e sempre abria o maior sorriso quando Sarah chegava no ambiente.
Já ela era a luz que sempre iluminava qualquer lugar, sua pele negra e os cachos longos e definidos eram um espetáculo à parte, Sarah era tão alta quanto Will e cheia de curvas, vestida sempre com roupas coloridas e lindas, ela nunca estava básica como seu marido, sempre linda e pronta pra qualquer evento.
– Não mente, Oliver! Afinal, o que o senhor veio fazer aqui? – Will sentou junto a mim e eu ri
– Eu precisava passar em uma lavanderia e ela fica aqui do lado, então porque não unir o útil ao agradável?! – Respondi apontando para a sacola em que estava minha camisa toda suja de vinho.
– Nossa! Pra você se abalar e levar pessoalmente para lavar, a camisa deveria ser muito especial...– Sarah que ouvia nossa conversa chegou mais perto e sentou no colo de Will.
– Pior que nem é – Ri e dei de ombros vendo que os dois me olharam desconfiados. – Sei lá, deu vontade de testar a sorte um pouquinho.
– Como assim? – Sarah toda curiosa pegou a sacola e tirou minha camisa de dentro, a cara que ela fez ao ver o estrago do vinho no tecido era impagável, Will gargalhou e me encarou.
– Explica aí, gênio! O que aconteceu? – Dei uma risadinha antes de me endireitar na cadeira.
– Ontem eu simplesmente trombei com uma mulher linda, ela estava furiosa mas deu pra ver a beleza dela e pah...– Bati uma mão contra a outra fazendo um barulho ridículo como se nós estivéssemos nos chocando e Sarah riu.
– Para de ser idiota! O que aconteceu quando ela te reconheceu? Ela se jogou nos braços do grande astro como todas as outras....– Ela ainda estava no colo do meu amigo, o abraçou pelo pescoço e rolou os olhos pra mim, eles amavam me zoar dizendo que não fazia muito sentido eu ser famoso.
– Aí está a melhor parte! Nós nos trombamos feio, ela caiu por cima de mim e foi vinho pra todo lado, quando levantamos eu a ajudei e me apresentei e nada....
– Nada? – Sarah perguntou incrédula e eu ri concordando com a cabeça.
– Umas amigas dela que apareceram tenho quase certeza que sabiam quem eu era, mas ela não! Por isso que disse que queria testar a sorte mais um pouquinho.
– Vai devagar, Oliver! – Will apontou o dedo pra mim e eu apenas acenei com a cabeça.
– Sei que é besteira, mas isso me deixou superbem ontem a noite, ser só um cara qualquer por um momento era tudo que eu queria.
– E agora? Tem alguma coisa dela?
– Só o nome, Maria Luíza!
– Agora ficou fácil – Will resmungou e eu mandei o dedo do meio pra ele.
– Cala boca, coisa chata! Talvez eu nunca mais a veja e tudo bem, foi só um encontro desastroso legal
– Cada dia você fica mais esquisito, isso sim! – Will beijou o ombro de Sarah e eu me levantei
– Eu vou na lavanderia e depois vou passar no Blanks, nosso café favorito! Querem algo de lá?
– Quero a torta de amendoim, se tiver – Sarah pediu se levantando também e puxando Will pra fazer o mesmo.
– Eu quero um pedaço de bolo de banana, não banoffee, por favor!
– Tá bom, Sr. cheio de exigências!
Peguei minha sacola, coloquei uma touca na cabeça e sai do restaurante, mesmo acostumado a ser reconhecido, eu sempre recorria a alguns acessórios para dificultar que as pessoas me parassem toda hora na rua.
Deixei a camisa na lavanderia e fui direto pra cafeteria, já eram umas 11 h da manhã e eu apenas esperava não causar nenhuma confusão.
O The Blanks era um café desses tradicionais, com várias mesas, alguns cantos mais discretos – eram a minha parte favorita – e as melhores tortas da cidade. A cada semana eu mudava de torta favorita e meus amigos também, o que nos fazia sempre estar por lá, mesmo assim quase nunca usava meu nome de verdade nos pedidos.
– Bom dia, qual seu pedido? – A garçonete perguntou olhando para a tela do computador a sua frente.
– Bom dia! Quero um pedaço de torta de amendoim, um de bolo de banana e um de cheesecake pra levar e mais um café preto, sem açúcar, por favor!
– O.k., qual o nome para chamar?
– Yago! – Disse estendendo o cartão para ela e sorrindo, eu adorava essas piadinhas internas e ninguém podia me julgar – No débito, por favor!
Paguei e fui para o canto do balcão esperar o pedido.
Olhei ao redor e mal pude acreditar quando vi aquela mulher mais uma vez. Sentada na mesa dos fundos de olhos fechados, com um pedaço de cheesecake de frutas vermelhas a sua frente, quando cheguei mais perto ela ergueu sua cabeça e abriu os olhos, pude ter certeza de que não estava enganado.
– Oi, como vai? – Ela olhou confusa e eu me lembrei que estava bem diferente da noite anterior. Tirei a touca da cabeça e ela sorriu sem graça
– Ah, oi! Desculpa, não te reconheci... – Sorri pra ela e coloquei novamente meu acessório na cabeça
– Tudo bem? –Perguntei curioso vendo ela suspirar antes de me responder.
– Fora a pior dor de cabeça da história e a vergonha colossal, tá tudo ótimo – Ela riu irônica e fiquei com vontade de rir de verdade.
– Posso? – Apontei para a cadeira vazia à frente dela e recebi um aceno de cabeça em resposta – Maria Luíza, não é?!
– Isso. Oliver, né?! – Ela suspirou antes de continuar a falar – Preciso me desculpar mais uma vez! Fiquei péssima com a confusão de ontem, sua blusa deve ter ficado inutilizável, fora o quanto deve ter estragado sua noite.
– Ah, não! Relaxa – Num ato involuntário coloquei minha mão sobre a sua, senti o olhar dela acompanhar aquele movimento – Meus amigos até se divertiram tentando adivinhar o que houve, não esquenta.
Ela sorriu e delicadamente tirou sua mão da minha e olhou pro balcão do café.
– Yago!! – Ouvi a garçonete falar mais alto que o normal e Maria Luíza também prestava atenção naquilo.
– A coitada da garçonete está se esgoelando e o cara idiota já deve ter ido embora, mas ela tá olhando pra cá – Ela apontou pra trás de mim e só então lembrei que esse foi o nome que dei no meu pedido.
– Putz! Esqueci uma coisa, já volto! – Fui até o balcão e a garçonete me olhava brava.
– Yago? – A sobrancelha dela estava arqueada de uma maneira que era quase impossível, sorri sem graça e peguei as sacolas que ela deixou separadas no balcão.
– Perdão pela demora! – Ela apenas assentiu e foi para a outra ponta do balcão, já estava pronto para voltar à mesa de Maria Luíza quando duas garotas que eu nem tinha visto me pararam.
– Oliver Marques? – As duas sorriam empolgadas e dei uma espiada pra ver se Maria Luíza estava nos observando, por sorte ela estava mexendo no celular.
– Oi, tudo bem? – Sorri para as meninas e elas mostraram o celular, assenti e posei pra selfie.
– Obrigada, eu amo tanto suas músicas! – Uma delas disse me abraçando, a outra admirava a foto no celular.
– Nossa foto ficou perfeita, obrigada! – Ganhei mais um abraço e me afastei, precisava ser rápido antes que a notícia de que eu estava ali se espalhasse. Voltei para a mesa de Maria Luíza.
– Preciso ir, sei que pode parecer estranho, mas posso deixar meu telefone com você?! Podemos marcar alguma coisa...
Deixei meu telefone na mesa e ela olhou o papel desconfiada.
– Não quero seu telefone – Ela o deixou ali na mesa e me encarou desafiadora.
– Poxa, você podia se desculpar pela minha camisa, era de estimação, sabia? – Maria Luíza me olhou boquiaberta e eu segurei a risada.
– Você é um mentiroso, não é mesmo, Yago? – Ela cruzou os braços e olhou para as minhas sacolas da cafeteria.
– Foi só um engano, mas ainda gostaria que a gente pudesse marcar algo!
– É muita audácia sua achar que eu vou querer, você nem me conhece.
– Tá aí, quer melhor oportunidade do que essa? – Pisquei pra ela que soltou um riso irônico – Espero notícias suas!
– Espere sentado, Yago!
Com a sobrancelha arqueada, ela continuou a me olhar séria, joguei um beijinho e virei para ir até a porta.
As duas garotas ainda estavam por ali, sorri pra elas e sai do Café Blanks torcendo pra que Maria Luíza guardasse meu telefone.
– Nossa! Demorou, hein! – Foi a primeira coisa que Sarah disse assim que me viu entrando pelos fundos do restaurante.
– Não disse que seria bom testar um pouco a sorte – Sorri colocando as tortas no balcão
– Como assim? – Will chegou procurando por seu bolo e eu me sentei com eles.
– Encontrei com a garota de ontem a noite de novo, ela estava no Blanks! – Peguei um garfo, vi Sarah fazer o mesmo e sentar na minha frente.
– E aí? Dessa vez ela te reconheceu, né? – Will disse em um tom óbvio e eu neguei com a cabeça.
– Não!! – Dei uma garfada na minha torta e Sarah me encarou incrédula – Pior que não tô mentindo, ela não me conhece, dei meu telefone pra ela mas não faço ideia se ela vai ligar – Dei de ombros e Will fingiu uma risada.
– É quase impossível que ela não te conheça, ela vai dar uma pesquisada, se já não deu – Continuou ele mais irônico ainda
– Queria ter conversado mais com ela, mas me reconheceram e antes que virasse confusão eu saí de lá, mas ela acabou até me pegando naquela mentirinha de mudar o nome pra fazer pedido...
– Você sempre esquece seu nome improvisado – Sarah riu e eu apenas assenti
– Foi isso mesmo que aconteceu, esqueci que o nome que a moça tava chamando era "meu", e minha cartada final foi deixar meu telefone com ela – Dei uma piscadinha para Sarah que veio fazer um high-five comigo.
– Cuidado, Oliver! Você está empolgado demais e ela pode ser como as outras – Will disse sério me observando por baixo da aba do seu boné, suspirei e dei um tapinha em seu ombro
– Eu tomei cuidado, mas precisava arriscar! Não é nada demais – Joguei um beijinho pra ele que me respondeu mostrando o dedo do meio.
– Só vai com calma então – Sarah disse sorrindo do seu jeito sempre doce, assenti e terminei de comer minha torta junto deles.
Logo meu celular começou a encher das mensagens de Alex, meu empresário, me lembrando dos compromissos e da viagem que precisava fazer em dois dias.
– Preciso arrumar as malas, nos falamos tá? – Levantei, peguei minhas coisas e quando cheguei na porta do restaurante recebi mais uma notificação de mensagem, revirei os olhos só de imaginar mais uma cobrança de Alex chegando.
Deixei para verificar quando chegasse em casa, passei no mercado comprar algumas coisas que faltavam lá pra casa e parti pra minha missão inevitável e odiosa: fazer a mala.
Coloquei um álbum do The Killers pra tocar enquanto começava a separar algumas roupas, seriam poucos dias mas com vários compromissos em todos eles, não gostava da ideia de levar muita coisa então tentei ser o mais prático possível. Quando estava prestes a acabar, recebi uma ligação no meu apartamento e aquilo sim era surpreendente, afinal, quem liga na casa de alguém nos dias de hoje?
– Alô?
– Finalmente! Tô te enchendo de mensagens e já liguei umas quatro vezes e você nem viu!
– Que susto, Alex! Que foi?
– Preciso saber se vai precisar de mais convites para o lançamento de hoje a noite, o pessoal do evento tá me enchendo por causa disso
– Quer me infartar, caramba! Acho que...
Peguei meu celular que estava perdido no meio da montanha de roupas que minha cama virou e mal pude acreditar quando li pela barra de notificação:
"Oi, aqui é a Maria Luíza"
– Vou precisar de dois convites! Preciso ir....
Sem nenhuma delicadeza desliguei o telefone e abri a mensagem que mais me interessava.
"Oi, aqui é a Maria Luíza"
"Desculpa a maneira que te tratei ontem e hoje"
"Espero que não seja tarde pra desfazer esse mal entendido"
Adorei aquela mensagem, mas não se parecia em nada com a garota que conheci, talvez Will tivesse razão e agora ela já soubesse quem eu realmente sou.
"Imagina, estou feliz que você guardou meu telefone"
"As vezes sou meio maluquinha mas não faria isso, jamais! Ainda mais com você"
Definitivamente ela já sabia que eu sou famoso e agora ela pode aproveitar, como todas as outras.
"Que bom, sei que tá em cima da hora mas hoje terá um coquetel no Barden Hotel, você gostaria de me acompanhar?"
Não sei se estava feliz ou triste que ela agora sabia quem eu era e que claramente o tratamento em relação a mim mudaria, mas podia tirar proveito também, nada me impedia.
"Claro que sim, me manda os detalhes por aqui que prometo que estarei lá"
"O.k., vou te esperar então! Beijos"
Era a motivação que faltava pra eu terminar a mala, mandei as informações e pedi o nome completo dela para colocá-la na lista dos convidados.
Comecei a me arrumar para o coquetel de lançamento do perfume da minha linha junto a um dos meus patrocinadores, até achei graça do quanto eu já tinha trocado de roupa, era a terceira troca e nada parecia bom o suficiente, antes que ficasse mais nervoso que o normal decidi vestir uma camisa social preta com as mangas dobradas até os cotovelos, um jeans azul bem escuro e um sapato preto qualquer, antes que me atrasasse como de costume, sai do meu loft e fui em direção ao hotel.
Esses eventos de lançamento de produto eram bem tranquilos, muita foto e sorrisos e em pouco tempo geralmente já estava liberado para aproveitar a noite.
Depois de posar para várias fotos com famosos e não famosos, e inúmeras fotos com o produto que me patrocinava, finalmente vi quem realmente me interessava chegar ao hotel e o olhar dela ao me reconhecer era de confusão e um pouco de raiva, e eu não entendi mais nada.
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