Ps: Gente! Babado nesse capítulo! Preparadas? Aí vai!

Escuridão.
Porque tudo estava escuro e porque meu corpo parecia ter levado uma surra? Luto contra a dor que sinto nas têmporas ao tentar abrir meus olhos, olhando direto para luz que havia acima de mim.

— Hathaway? — ouço uma voz, eu a reconheço. — Rodrigo?

— Onde estou? — minha voz sai cansada e grave. Parece que estou ali há dias.

— Está em um hospital, você desmaiou. — Rodrigo explica, enquanto tento sem sucesso, me sentar na cama.

— Não deveria se esforçar tanto. — um homem de jaleco branco entra no quarto, deduzo que seja o doutor. Ele se aproxima e começa a me examinar. Pega uma lanterna e verifica meus olhos, depois pega um estetoscópio e ouve meu coração. — Ela está bem. — ele diz para Rodrigo.

— O que houve?

— Você desmaiou por causa do nervoso que passou. Se não fosse o seu namorado, poderia ter entrado em coma. — conclui o doutor.

— Nós...

— Ela não é minha namorada. — Rodrigo me corta, corrigindo o doutor.

— Ah... me desculpe. — o doutor abaixa a cabeça, parecendo envergonhado. — Volto daqui a pouco para ver como ela está.

Ele sai e deixa eu e Rodrigo a sós.

— Como se sente? — sentado em uma poltrona próxima a minha cama, Rodrigo me pergunta, cortando o nosso silêncio.

— Estou bem... apenas um pouco cansada. — balbuciei. — O que houve? — insisti com a pergunta de antes.

Rodrigo me olhou com indiferença, como sempre. Era difícil distinguir suas emoções, mas algo estava errado, ele não parecia estar bem naquele momento.

— Nayara ameaçou queimar a sua Bíblia e você desmaiou na hora.

— E onde está a minha Bíblia? — me agito na cama, assombrada com a ideia de realmente ter perdido o maior presente que ganhei dos meus pais.

— Calma! Ela está na mochila e antes de Nayara tentar alguma coisa, eu a impedi. — Rodrigo firmou os olhos nos meus. — Acredite em mim. — ele pede, posso ver sinceridade em seus olhos.

— Obrigado por me ajudar. Não imaginava que Nayara fosse tão cruel assim. — sinto um frio na espinha em pensar que alguém seria capaz de queimar uma Bíblia só pra machucar alguém, mesmo que não seja fisicamente.

— Nayara não era assim. A culpa é "dela". — Rodrigo parece dizer mais para si do que para mim. Seu semblante atormentado me causou uma estranha dor no coração.

Apesar de tudo, eu não odiava Rodrigo. A culpa era minha por ter me iludido. Ele não parecia ser mal, apenas alguém machucado, assim como eu. Na realidade, eu nunca havia me interessado pelos sentimentos dele. Nos conhecemos no ensino médio e, ele nunca usava o sobrenome Morelles, sempre o segundo: Santiago. Talvez seja por isso que eu não percebi a semelhança dele com tia Jane, já que se fazia mais de 8 anos que não nos víamos. Tio Gabriel sempre estava ocupado com sua empresa, Jane era socialite importante. Isso fez com que as visitas deles até a minha casa fossem difíceis de acontecer e com o passar dos tempos, sem contato ou visitas, eu havia me esquecido deles e meus pais também não comentava mais. Papai era muito ocupado por ser um neurocirurgião, estava sempre no trabalho, tinha poucas horas conosco. Mamãe era voluntária, além de professora em universidade e nas suas horas vagas estava conosco na igreja dando palestras e cuidando do grupo de jovens. Meu irmão nem se fala... futuro jogador de futebol, sempre treinando e estudando para conseguir uma bolsa na federal. Eu sempre tive ótimas notas e nunca dei trabalho para minha família, mas quando conheci Rodrigo, eu me apaixonei pelo seu jeito reservado, sua inteligência e seu jeito de levar a vida numa boa, ou era o que parecia ser.

— O que está me olhando tanto? — Sem perceber, acabei me afundando em meus pensamentos, enquanto observava Rodrigo.

— Desculpa, nada. — me encolhi no canto, desviando o olhar. — Aí... — sinto uma pontada de dor na cabeça e Rodrigo se levanta, tocando em meu rosto.

— Mia, o que foi? — ele olha para mim, aflito. Começa a me examinar, preocupado. — Onde está doendo?

— Você... — segurei seu pulso com calma. — nunca me chamou de Mia. — nossos olhos se encontram por um momento e sinto meu coração palpitar rápido.

— Mia! — Samuel entrou desesperado no quarto e no mesmo segundo, Rodrigo se afasta de mim, esbarra em Samuel e sai sem dizer nada. — Você está bem? — aparentemente, Samuel ignora o que acabou de acontecer.

— Estou ótima. — digo.

— Tem certeza? — ele insiste, me irritando.

— Eu já disse que sim, porque ainda pergunta? — Samuel abaixa a cabeça. — Me desculpa, só queria entender essa preocupação toda.

— Você sozinha com Rodrigo me preocupa.

Franzi o cenho, incomodada.

— Eu não entendo vocês dois. Rodrigo nunca faria nada comigo e você não deveria falar mal dele desse jeito.

— Você não o conhece, como eu! — Samuel se afasta, exasperado. Seu olhar era perturbador e o que eu mais sentia dentro de mim, era medo. Medo de ser a única a não saber de nada.

— Pare com essas tolices, Samuel! Você deixou a menina apavorada. Quer que ela desmaie de novo? — Demetria apareceu na porta, discutindo com o irmão.

— Tolice? Ela não o conhece como nós dois conhecemos! Deveria contar a verdade a ela.

— Que verdade? A verdade sobre você ter roubado a noiva dele!? Na maior cara de pau? Qualquer um te daria um soco na cara Samuel, até eu, então para de chilique e saia daqui agora, antes que eu te tire aos tapas. Seu idiota.

Demetria empurra o irmão para fora e fecha a porta, ficando a sós comigo.

— Não ligue pra ele, é um idiota. — Demetria se aproxima de mim, tentando aliviar a tensão. Mas aquilo me deixou mais confusa do que eu já estava.

Samuel roubou a noiva do irmão? Por isso essa intriga entre eles? Será que Rodrigo a machucou fisicamente?

— Sinto sua cabeça fritar, dá pra esquecer essa história? — Demi pega na minha mão, e reajo a apertando com força. — Vai ficar tudo bem, Mia.

— Onde estão seus pais? — mudo o assunto. Não quero mais pensar nisso.

— Estão desesperados, mas Rodrigo ligou os acalmando. Eles sabem que você é forte e que isso foi apenas uma crise. Relaxa. — ela sorri. Seu sorriso me tranquiliza. Não quero incomodar ninguém, nem preocupá-los.

Horas depois o doutor me dá alta e Samuel se prontifica para me levar de volta pra casa. Rodrigo já havia ido embora e isso me incomodou, queria que ele tivesse me levado pra casa. Demetria me acompanhou no banco de trás, distraindo minha mente com sua conversa sobre dança. Ela ama dançar. É bom saber isso, me sinto mais próxima dos Morelles a cada dia que os conheço mais, apesar desse ser apenas meu segundo dia.

— Não diga a Rodrigo o que Samuel te contou. Os dois não estão bem, já deve ter notado. — Demi me acompanha até o meu quarto.

— Pode me responder uma coisa? — aproveito para tentar conseguir alguma resposta e começar a entender tudo que está acontecendo ao meu redor. Preciso começar a descobrir algo, talvez esse seja o motivo da minha vinda. Que Deus me ajude nessa batalha.

Demetria me puxa para dentro do quarto e fecha a porta. — Pergunte.

— Quem é a princesa?

— Espera, Nayara está te ameaçando? — Demi franziu o cenho, indignada.

— Talvez...

— Verônica Christine Logan. Considerada a Princesa do Gelo. Além de britânica, loira enjoada e extremamente desagradável, ela é obcecada pelo meu irmão desde os nove anos e por ele ser considerado o Príncipe do Hóquei aqui no Canadá, todos dizem que os dois formam um par perfeito. Fazendo com que essa louca incomode mais ainda o Rodrigo. Ele não gosta de alguém desde o que... — Demi suspira. — desde o que aconteceu com Thalia.

— Nossa. Eu nunca imaginaria que aquela frieza dele fosse por causa disso. — comento, incrédula.

Eu fui tão egoísta.

— Rodrigo sempre foi reservado, além de manter uma certa distância das pessoas, ele é introvertido. Mas piorou quando tudo aconteceu. Ele não é o que Samuel insinuou. Ele nunca machucaria alguém, ainda mais a mulher que ele mais amava.

Demi defende o irmão, dá pra ver a tristeza em seu olhar. Ver os irmãos nessa briga magoa a família. Eu nunca me imaginaria sem o meu irmão, impossível!

— Espero poder ajudar em alguma coisa. Nada é impossível pra Deus, principalmente unir laços afetivos. — tento animar Demi.

— Espero que sim. — ela se vira para sair, mas para no mesmo lugar, girando para me ver. — Nathaniel ligou, disse que está com sua mochila e que amanhã te entrega na aula. Seria bom você mandar mensagem pra ele, estava desesperado em saber sobre o seu estado. — ela dá as costas e sai do quarto, fechando a porta atrás de si.

Fico ali, apenas com a companhia de Jesus e o Espírito Santo.

— O que eu faço Espírito Santo? — pergunto, me jogando na cama. Estava exausta com toda essa situação.

— Ore.

— Faço isso todo dia. — respondo, o meu melhor amigo.

— Então ore mais e busque na palavra. Você tem o maior manual de instruções em suas mãos. Quer algo melhor que isso?

Imagino o Espírito Santo rindo. Ele é tão engraçadinho.

— Obrigado, seguirei o seu conselho.

Pego uma outra Bíblia que tenho guardado dentro da cômoda ao lado da cama e a folheio, esperando alguma ajuda do Senhor. Paro em Efésios:"Para terminar: tornem-se cada vez mais fortes, vivendo unidos com o Senhor e recebendo a força do seu grande poder. Vistam-se com toda a armadura que Deus dá a vocês, para ficarem firmes contra as armadilhas do Diabo. Pois nós não estamos lutando contra seres humanos, mas contra as forças espirituais do mal que vivem nas alturas, isto é, os governos, as autoridades e os poderes que dominam completamente este mundo de escuridão."
‭‭Efésios‬ ‭6:10-12.

Após terminar a leitura, reflito na palavra. A verdade é que existe ciúmes, inveja e muita intriga nessa família. Mentiras alimentam uma raiva desnecessárias e só o perdão pode curar corações machucados e cicatrizar feridas abertas. Eu não sei como irei ajudar essa família, mas de uma coisa eu sei: essa será uma batalha espiritual muito desafiadora. Preciso me revestir da armadura, a Armadura Celestial!

Não será fácil essa luta e ela apenas está só começando. Que o Senhor tenha misericórdia de mim.

Após uma breve oração, vejo em meu celular várias chamadas perdidas e uma mensagem de Nathaniel. Que bom que esqueci o aparelho em casa, se não estaria com ele na mochila agora.

"Eu espero que esteja bem. Estou aqui se precisar de mim e fique tranquila, suas coisas estão comigo. Eu queria te convidar para ir ao encontro de jovens na minha igreja, prometo te buscar e te levar em segurança para casa, você topa?"

Eu realmente preciso voltar para igreja. Não posso continuar longe assim, se não meu espiritual vai decair a cada dia, mesmo que eu vá apenas um dia, o importante é ir. E eu ainda estou brava com Nathaniel, mas não posso recusar o convite. Melhor deixar o assunto de lado e continuar seguindo em frente como se nada tivesse acontecido.

Não posso me esquecer: estou em um campo minado. Qualquer passo em falso e Boom! Tudo estará perdido. Preciso ser cautelosa.

"Ainda estou brava com você mas irei. Cuide das minhas coisas e nada de xeretar viu? Deus está vendo!"

"Só foi um pouquinho! rsrsrs. Bons sonhos e que Deus te abençoe, minha luz."

"Boa noite, seu atrevido."

Desligo e vou dormir. Amanhã será um dia cheio.

PS: O que estão achando, meninas? Estou aproveitando esse tempinho de inspiração para tentar fazer algo legal pra vocês? E aí? O que acharam dessa revelação envolvendo Rodrigo e Samuel? Será que Nathaniel é tão bonzinho assim? Não esqueçam: nem tudo é o que parece. Vamos ficar de olho, viu?

Eu, sinceramente, gosto mais dessa versão. Acho que estou conseguindo passar um pouco o meu amadurecimento na escrita e como pessoa, também. A primeira vez que escrevi esse livro, eu só queria me divertir, não levei muito a sério, mas agora... quero que ele toque pessoas e as ajude em alguma coisa.

Não sei perceberam, mas Milena toma antidepressivos e é uma ex-suicida. Através disso quero dizer que nós, cristãos, também somos humanos e podemos passar por essas dificuldades. Não somos super heróis e não queremos que as pessoas pensem assim. Também necessitamos de abraço e um ato de carinho. Eu sofri muito com isso. Se eu não tivesse me agarrado à Deus, talvez nem viva estivesse mais, porém eu tive que lutar por mim mesma e não foi fácil.

Quase sempre deixei minha dor de lado para ajudar os outros e ninguém via isso. Por isso, ame e perdoe as pessoas, um ato de carinho pode salvar vidas, tanto a sua quanto da outra. Seja como Jesus: Ame o teu próximo como a ti mesmo!

Pois bem, até o próximo capítulo e quem crê na cura da Milena, comenta aí, eu creio porque eu fui curada e agradeço muito a Deus por não ter desistido de mim. Amém 🙏🏻! Toda Honra e Glória à Deus! Beijos amores.