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Capítulo 20

POV Ludmilla

Em meio ao silencio que se instaurou no consultório de Edimar, o Doutor notou que aquele assunto não havia sido abordado antes e se sentiu mal por expor Brunna daquela maneira.

Edimar: - Eu não queria constranger vocês... - Sentou-se na cadeira e demonstrou desconforto. - Achei que esse assunto já havia sido abordado.

Ludmilla: - Não... Pra variar eu fico sabendo das coisas de última hora. - Falou em tom de braveza.

Brunna: - Ludmilla eu não comentei porq... - Foi interrompida.

Ludmilla: - Como você mesma disse, não vamos começar algo que nos envergonharemos de continuar, falamos disso depois, sem precisar de plateia. - Olhou séria para Edimar. - Não precisa se sentir mal, ainda estamos nos acostumando com essa rotina...

Edimar: - Entendo, realmente houveram muitas mudanças... 

Brunna: - Sim, viemos pro Rio, Jas conheceu a Ludmilla e eu estou tendo que me habituar com essa nova realidade, de dividir responsabilidades...

Edimar: - Entendo... - Pensou no que falar para amenizar a situação, visto que claramente Ludmilla e Brunna tinham questões não resolvidas. - Essa sugestão não é obrigatória, foi apenas uma ideia que faz muito sentido, porém, exige muitas coisas para se ponderar...

Ludmilla: - Quais as chances de dar certo?

Edimar: - Mais de 70%... É um índice muito alto! - Passou confiança. - Quando eu falo sobre terem um novo filho, não estou necessariamente impondo sobre optarem pelo método convencional, já que não são um casal. - Se referiu a terem relação sexual. - Hoje em dia é possível realizar inseminação artificial e ter uma boa probabilidade de êxito!

Brunna: - Ludmilla, você está considerando...

Ludmilla: - Estou apenas apurando os fatos Brunna!

Brunna: - Certo....

A negra continuou seus questionamentos e pelos próximos 30 minutos, se inteirou de absolutamente tudo.

Edimar: - Brunna, não sei ainda o que pretendem fazer, mais se quiser saber sobre seu período fértil, por favor, agende com a minha secretária exames de sangue e ultrassom transvaginal.

Brunna: - Ok... - Respirou fundo. - Por enquanto, acredito que iremos esperar um doador.

Edimar: - Não tem problema, é algo complicado demais para decidirem em uma consulta médica. - Assentiram. 

Ludmilla: - Em todo o caso, obrigada pelos esclarecimentos. - Estendeu a mão para o Doutor que prontamente realizou o cumprimento. 

Jasmine: - Já estamos indo embora?

Brunna: - Sim meu amor, terminou seu desenho?

Jasmine: - Sim mamãe. - Mostrou a folha de sulfite que ilustrava a família perfeita para Jasmine.

Ludmilla: - Ual... Que lindo filha. - Sorriu e se emocionou ao ver que a menor desenhou a negra, de mãos dadas com ela e Brunna.

Jasmine: - Somos nós! - Sorriu largo.

Brunna: - Parabéns, eu amei! - Sentiu uma estranha e conhecida sensação em seu estômago.

Edmiar: - Faltou o titio né?

Jasmine: - Depois eu faço outro. - Piscou.

O trio se despediu e combinaram uma próxima consulta no próximo mês.

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Durante o retorno até a casa dos Gonçalves, apenas Jasmine tagarelava dentro do carro. Ludmilla parecia um pouco brava e Brunna estava completamente preocupada, inclusive com o enorme bico no rosto de sua ex.

Ao chegarem na mansão, Mia que estava tomando sol, rapidamente caminhou até o carro para cumprimenta-las. 

Mia: - Olá meus amores. - Sorriu e rapidamente foi até a porta de trás para retirar sua neta. - Vem aqui minha princesa.

Jasmine: - Oi vovó. - Estendeu os braços e se deixou carregar.

Ludmilla: - Como vai Mia?

Mia: - Bem... - Encarou a filha que estava tirando o cinto, porém teve seu braço seguro por Ludmila.

Brunna: - O que foi? - Franziu o cenho.

Ludmilla: - Nós iremos sair!

Brunna: - Iremos?

Ludmilla: - Sim Brunna, eu quero conversar com você e prefiro que seja a sós.

Mia: - Por mim tudo bem, fico com a Jasmine.

Brunna: - Não pode ser outra hora? - Ergueu as mãos, demonstrando estranheza.

Mia: - Tem algum compromisso filha?

Brunna: - Tenho que ir pro escritório. - Falou simples. - Estou tentando correr com alguns projetos, já que fiquei uns dias sem trabalhar.

Ludmilla: - Ok, a que horas posso voltar então?

Brunna: - As 19h.

Ludmilla: - Perfeito! - Soltou o braço da loira, que prontamente saiu do carro.

A negra se despediu da filha e foi embora... Como teria muito tempo até o novo encontro com Brunna, ela decidiu ir até a empresa e reorganizar algumas demandas com Marcos e Daiane.

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Daiane: - Ok, vou preparar toda a documentação deste contrato.

Marcos: - Daiane, se possível, faça isso na companhia da Júlia.

Daiane: - Acha mesmo necessário?

Marcos: - Sim, ela é nossa advogada e peça chave em diversas transações. - Falou firme. - Esqueça o desentendimento que tiveram, isso já passou.

Ludmilla: - Concordo, seja profissional!

Daiane: - Eu sempre sou Ludmilla! - Cruzou os braços. - Você chegou aqui, mal falou conosco e quando abre a boca é pra falar do meu trabalho?

Ludmilla: - Apenas estou completando a observação do Marcos. - Evitou encarar a amiga.

Daiane: - Ok, reunião encerrada! - Soltou os papéis em cima da mesa. - O que aconteceu? Que cara é essa? Como foi a consulta?

Ludmilla: - Nada bem... - Abaixou a cabeça. - Infelizmente não podemos ser doadores.

Marcos: - Ninguém?

Ludmilla: - Ninguém....

Daiane: - Poxa amiga. - Levantou-se e caminhou até a negra. - Lamento muito! - Abraçou-a de lado. 

Ludmilla: - Nem me fala, parece que tomei um banho de água fria.

Marcos: - Podemos continuar tentando, sabe que dá pra conseguir mais gente pra fazer o teste.

Ludmilla: - Sim, é o que quero fazer...

Daiane: - Então melhora essa cara, vai dar certo!

Ludmilla: - Conversei com o doutor hoje, me inteirei de tudo e as chances são mínimas, principalmente com pessoas que não tem parentesco com a Jasmine.

Marcos: - Mais não é impossível! - Também levantou-se e foi abraçar a negra. - Vamos ter fé!

Ludmilla: - Existe uma chance, que embora não ofereça total certeza de êxito, pelo que entendi, é a nossa melhor alternativa no momento.

Daiane: - Qual?

Ludmilla: - Ter um outro filho. - Olhou para os amigos que não entenderam. - O que foi?

Daiane: - Como assim?

Ludmilla: - Brunna e eu, teríamos que dar um irmão para a Jasmine, pois a criança tem na maioria dos casos, pelo menos 70% de chance de compatibilidade!

Marcos: - O que??? - Fez um ohhhh com a boca.

Ludmilla: - Isso mesmo que ouviram, a sugestão do médico da minha filha, é que Brunna fique grávida, novamente, de um filho meu.

Daiane: - Caraca!

Marcos: - Passado! - Colocou a mão no peito.

Daiane: - E aí?

Ludmilla: - Não sei... - Suspirou. - Minha cabeça está a mil!

Marcos: - Tem outra opção?

Ludmilla: - Esperar um doador, que pode chegar hoje ou daqui a anos.

Daiane: - Jesus!

Ludmilla: - Uma criança também pode não ser compatível, mais é a chance mais real... - Colocou uma mão sobre a cabeça. - Que ironia tudo isso!

Marcos: - Por que?

Ludmilla: - Eu teria todos os filhos do mundo com ela... - Fechou os olhos e sentiu lágrimas caírem. - Sonhei com uma casa cheia, crianças para todos os lados e agora estou com medo... 

Daiane: - Medo?

Ludmilla: - E se decidirmos ter essa criança?

Marcos: - Está cogitando a possibilidade?

Ludmilla: - E se ela for embora de novo? - Ignorou a pergunta do amigo. - Não vou conseguir viver sem a Jasmine agora que sei que ela existe... 

Daiane: - Não surta Lud, acha mesmo que ela ia voltar pra fugir de novo?

Ludmilla: - Ah Dai... - Ergueu os braços. - Como vou garantir? - Levantou-se e começou a andar de um lado para o outro. - Ela sumiu no mapa e pode sim fazer isso de novo, quem me garante que não? E se ao salvar a Jasmine ela decidir que já cumpriu o que veio fazer?

Marcos: - Do jeito que fala, até parece que prefere que sua filha fique doente!

Ludmilla: - Não fala merda Marcos, só eu sei o nó que senti quando ouvi o doutor dizer que em algum momento os remédios podem falhar. - Fechou a cara. - Claro que quero a Jasmine curada e pode ter certeza que não vou medir esforços pra isso.

Marcos: - Ok... Desculpe, viajei mesmo!

Ludmilla: - Apenas estou insegura, com a possibilidade de ser novamente privada da convivência com ela e dessa criança... Não sei se suportaria!

Daiane: - Eu estou entendendo o que quer dizer... - Voltou a se aproximar da amiga. - Você não confia na Brunna, e por isso ter um filho com ela parece uma loucura, mesmo que seja pra salvar a sua princesa.

Ludmilla: - Sim... Que garantias tenho que ela vai ficar e me dar a oportunidade de ser mãe de verdade?

Daiane: - Isso é algo que precisam resolver juntas!

Marcos: - Jasmine é a razão do reencontro de vocês, portanto sentem, conversem e decidam o que é melhor pra ela, mais seja firme Ludmilla.

Ludmilla: - Como assim Marcos?

Marcos: - Você precisar voltar a ter postura... - Olhou firme para a amiga. - Lembra como conquistou a Brunna? - Assentiu. - Tu não desistiu fácil, foi pontual e incisiva!

Daiane: - Seja firme quanto a sua filha e se forem ter outro bebê, garanta que a história será diferente!

Marcos: - Lembre-se que a ferida que existe ai. - Apontou para a negra. - Também existe lá e terão que superar isso se realmente quiserem que dê certo!

Ludmilla: - Então acham que devemos ter esse bebê?

Daiane: - Acho que se há uma chance para Jasmine, não deve ser desperdiçada! 

Marcos: - Não por medo... 

Ludmilla: - Certo! - Respirou fundo. - Obrigado pelos conselhos, eu realmente não seria nada sem vocês! - Caminhou até a porta. - Daiane, me desculpe, seu trabalho é impecável e tenho certeza que mais uma vez, fará o melhor por nós!

Daiane: - Relaxa...

---

As 19h em ponto, Ludmilla estacionava na frente do portão da mansão dos Gonçalves... Desta vez a negra não iria entrar, apenas mandou um recado avisando que havia chegado, pois sabia que Jasmine ficaria muito eufórica se descobrisse que ela estava por perto.

Brunna: - Onde vamos? - Entrou no carro.

Ludmilla: - Quero comer japonês!

Brunna: - Ludmilla, isso aqui é um encontro? - Cruzou os braços e virou-se para a negra.

Ludmilla: - Claro que não. - Falou simples. - Eu poderia te levar pra oficina, mais quero tentar não brigar e lá teremos toda a liberdade pra isso. - Assentiu. - Ao menos em um restaurante, teremos que ser civilizadas. 

Brunna: - É....

Ludmilla: - Podemos ir então?

Brunna: - Gurumê?

Ludmilla: - Você que manda! - Sorriu e deu partida, rumo ao restaurante preferido do casal.

Durante o jantar, Ludmilla pediu que Brunna contasse tudo que viveu durante esse tempo que ficou longe... A negra queria detalhes da vida de Jasmine.

Brunna: - O que mais quer saber?

Ludmilla: - Nossa, você já disse tanta coisa... - Respirou fundo. - Estou com um nó na garganta só de imaginar o sofrimento dela com essa quimioterapia e perda de cabelo.

Brunna: - Se ela tiver que passar por isso de novo, tenho certeza que estará mais forte e desta vez melhor amparada... - Lamentou. - Essa foi a fase que você mais fez falta!

Ludmilla: - É? - Formou um bico nos lábios.

Brunna: - Sua alegria e confiança eram exatamente o que Jasmine precisava, e eu estava tão despedaçada que não conseguia reagir de forma diferente... - Mordeu os lábios tentando conter o choro. - Só quero que esse pesadelo acabe...

Ludmilla: - Estou aqui Brunna, sei que parece pouco, mais não vou te deixar sozinha nessa ok? - Assentiu. - Nossa filha vai se recuperar!

Brunna: - Amém! - Ergueu as mãos para o céu.

Ludmilla: - O que pensa sobre a proposta do doutor?

Brunna: - Não sei... - Abaixou a cabeça, tentando evitar o olhar da negra. - Acho uma loucura engravidar de ti, não por duvidar da sua capacidade, mais porque nós não conseguimos encontrar um eixo tendo só a Jasmine, quem dirá mais uma criança.

Ludmilla: - Temos que fazer isso dar certo Brunna. - Olhou-a com firmeza. - Quero o melhor para a nossa filha e me proponho a fazer o máximo por isso.

Brunna: - Nisso concordamos!

Ludmilla: - Então, se temos a oportunidade de tentar algo que pode salva-la, eu não medirei esforços! 

Brunna: - O que quer dizer?

Ludmilla: - Que quero ter esse filho, não importa como vamos lidar com isso se for pra  salvar a nossa Jas... - Suspirou. - Aceito o que tiver que ser!

Brunna: - Isso é sério? - Arregalou os olhos.

Ludmilla: - Sim... - Encarou seu olhos. - Podemos fazer inseminação, por mim não tem problema, embora eu prefira o método normal! - Sorriu.

Brunna: - Ludmilla!!

Ludmilla: - Tirando qualquer tipo de ressentimento existente entre nós, não dá pra negar o quanto éramos perfeitas na cama.

Brunna: - Ai meu Deus! - Corou. - Não acredito que você vai aceitar ter esse filho. - Disfarçou a euforia que sentiu com aquela afirmação. 

Ludmilla: - Então, você aceita?

Brunna: - Sim Ludmilla, também faço tudo pela nossa pequena. - Sorriu emocionada. - Vamos fazer isso dar certo!

Ludmilla: - Na sua casa ou na minha? - Sussurrou.

Brunna: - COMO??? - Sentiu um leve sufocamento. - Espera... - Fez sinal com a mão. - Eu aceito gerar mais um filho seu, porém faremos uma inseminação ok?

Ludmilla: - Ok... - Tentou não demonstrar o descontentamento. - Aceito os seus termos, pois  também tenho os meus!

Brunna: - Como assim?

Ludmilla: - Desta vez, quero ter acesso a tudo que fui privada na gravidez da Jasmine.

Brunna: - Que seria...

Ludmilla: - Tudo Brunna. - Olhou-a com firmeza. - Quero participar de cada detalhe, seja uma vontade sua na madrugada, ou aquele ultrassom pra saber se está tudo bem... - Suspirou. - Quero fazer aquele curso para mães de primeira viagem e te ajudar na hora do parto...

Brunna: - Sabe que essas coisas são reais assim só nas novelas né?

Ludmilla: - Tanto faz, na ficção ou não, é o que sinto que mereço depois de tudo!

Brunna: - Vai ficar a vida inteira me passando na cara sobre a Jasmine? Eu também tenho ressentimentos e não pretendo leva-los comigo, ainda mais se formos ter outra criança!

Ludmilla: - Tentarei me conter, mais esquecer será mesmo difícil... - Lamentou. - Então a melhor maneira de acalmar meu coração é fazendo as coisas da minha maneira desta vez!

Brunna: - Hum... - Ergueu uma sobrancelha. - Diga!

Flashback on

Daiane: - Seja firme quanto a sua filha e se forem ter outro bebê, garanta que a história será diferente!

Flashback off

Ludmilla: - Não vou correr o risco de você sumir de novo Brunna, agora tenho muito mais a perder do que antes!

Brunna: - Eu não vou a lugar algum...

Ludmilla: - Confiança é algo que não está em nossa mesa, certo? - Assentiu.

Brunna: - O que quer?

Ludmilla: - Vamos ter esse filho e vou acompanhar de perto!

Brunna: - Sem problemas...

Ludmilla: - De perto Brunna! - Arrastou a cadeira para o lado da loira. - Vamos morar juntas!

Brunna: - O QUE??? - Franziu o cenho.

Ludmilla: - Essa é a minha garantia que além de não fugir, vai me permitir ter tudo que não tive antes... - Demonstrou que não estava brincando. - Quero salvar a nossa filha e aproveitar para restaurar a convivência que nos fez ser o que um dia fomos na vida uma da outra, e se não quiser fazer isso por ti ou por mim, faça pela Jasmine, que precisará de nós para enfrentar mais essa batalha.

Aquela era a loucura mais impactante que Brunna havia ouvido... Mesmo que tentada a negar, algo dentro dela resistia!

Brunna: - Na sua casa ou na minha?

Ludmilla: - Na nossa! 

***

Volteiiiiiiiiiiiii...

Perdoem o sumiço, mais as coisas ainda continuam bem complexas aqui em casa, então o tempo pra vir aqui ta mesmo muito curto!

Capítulo para tirar todo mundo do eixo... Esperavam por essa?

Beijos, avisem dos erros e comentem aos montes!





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