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•O Jardim de Cecília•

[GÊNERO: DRAMA]

"Na agonia, a alma, algumas vezes, já tem deixado o corpo; nada mais há que a vida orgânica. O homem já não tem consciência de si mesmo; entretanto, ainda lhe resta um sopro de vida orgânica. O corpo é a máquina que o coração põe em movimento. Existe, enquanto o coração faz circular nas veias o sangue, para o que não necessita da alma." - Allan Kardec.

Tudo girava... À medida que eu tentava abrir meus olhos, tudo girava e eles se fechavam novamente. Eu quero me levantar, mas meu corpo está pesado. Será que eu pulei com roupa de novo na piscina da vovó? A sensação é a mesma.

Quando finalmente meus olhos se abrem, a primeira coisa que vejo é o teto branco com algumas luminárias quadradas. Somente uma estava acesa, deixando o ambiente parcialmente escuro. Com um pouco de dificuldade consigo me levantar e sentar na beirada da cama; Noto que estou usando um pijama verde sem graça e isso só pode ser coisa do papai, ele nunca teve bom gosto.

Olho em volta e tenho uma leve lembrança de onde estou, parece o quartinho que meu vovô dormiu; Tem uma televisão engraçada que só passa um monte de risquinhos e apita sem parar. Lentamente fico de pé e caminho pela cerâmica gelada; Sei que a mamãe vai ficar brava, mas não encontrei meu chinelo.

Assim que saio do quarto, vejo um longo corredor com várias portas. Algumas estão fechadas, outras estão entreabertas. Curiosa, ando devagar, olhando para todos os lados, até que uma pulseirinha branca no meu braço chama minha atenção. Aliso toda sua extensão com meu dedo indicador, sentindo a aspereza do papel contra minha pele; Nela tem meu nome escrito: Ce-cí-lia.

Após caminhar por alguns minutos, chego a um amplo salão muito bem iluminado, com várias cadeiras enfileiradas e algumas pessoas sentadas. Paro de frente a um balcão onde uma moça muito bonita, com roupas brancas e um coquinho engraçado nos cabelos, está concentrada na tela do computador. Apoio minhas duas mãos na superfície de mármore e tento fazer com que ela me veja; Fico na ponta dos pés, mas a parede é muito alta e somente meus olhos ficam à mostra.

- Moça... Moça... Você sabe onde meus pais estão? - Tento chamá-la mas sem sucesso. Ela continua encarando a tela e aparentemente não me ouviu; Tudo bem, às vezes minha mãe também não me ouve quando está no celular. Desço meu corpo lentamente, firmando os dois pés no chão, dou de ombros e decido que eu mesma irei procurar meus pais.

O local é bem grande e confesso que estou um pouco perdida; São vários corredores, com várias portas. Pessoas andam por todos os lados apressadas e distraídas. No balcão onde a pouco eu estava o telefone toca insistentemente e ninguém parece ouvir.

Passo pelo salão sem ser notada e entro em uma porta que estava aberta. O lugar logo chama a minha atenção: É uma linda sala, de paredes lilás com bolinhas brancas, puffs fofinhos espalhados pelo chão, mesas com papéis para colorir e uma prateleira enorme com carrinhos e bonecas.

Enquanto eu caminho pelo cômodo olhando tudo em volta, noto que um garotinho está sentado em uma mesinha amarela, fazendo algum desenho. Ele é carequinha e usa um pijama idêntico ao meu, o que me fez chegar a conclusão que meu papai está entendendo de moda.

Caminho até ele, puxo uma cadeira vazia que está na sua frente e me sento. Apoio meu queixo nas mãos e o observo rabiscar o papel. Ele levanta a cabeça e olha em minha direção.

- Desculpa, eu não queria te atrapalhar. O que você está desenhando?

Ele se curva novamente e analisa o papel por alguns segundos.

- Será que eu uso giz de cera azul claro ou escuro para o céu?

- Depende, está de dia ou de noite?

Ele pega então o azul claro e começa a pintar todo o céu do desenho.

- Meu nome é Cecília, qual o seu?

Sem me dar atenção, ele continua a pintar sem pausas. Cruzo os braços na frente do meu corpo em protesto e encosto na cadeira emburrada.

- Mal educado... - Resmungo.

Percebo então que ele está usando uma pulseirinha igual a minha, provavelmente a dele também terá seu nome.

Me levanto com cuidado para que a pequena cadeira não se arraste no chão. Dou a volta na mesinha e paro atrás dele, que continua distraído rabiscando. Aperto meus olhos formando uma linha fina e leio o nome escrito no pedaço de papel:
L-U-C-A-S.

- Então LUCAS, o que você está dese....

- Terminei! Será que ela vai gostar?

- Se você me deixasse ver, talvez eu pudes...

- Vem... Vamos levar pra ela.

- Pra ela quem?

Lucas se afasta e levanta. Na cadeirinha ao lado dele, tem um ursinho marrom, que rapidamente pega nos braços. Ele puxa o papel da mesa e sai da sala apressado.

- Ei me espera... - Saio correndo para alcançá-lo, mas Lucas caminha a passos rápidos pelos corredores, acenando hora ou outra para alguma pessoa de roupa branca, que lembra a moça ocupada do balcão que eu tentei conversar.

Depois de passarmos por várias portas, ele finalmente para de frente ao quarto que a pouco tempo atrás eu estava. Lucas entra lentamente no interior do cômodo que ainda continua escuro. Ele aperta o urso e o papel contra o corpo e se aproxima da cama. Eu continuo parada na porta observando a cena, quando de repente ouço alguns passos ecoando atrás de mim.

Me viro e olho para o corredor, vejo mamãe e papai caminhando em minha direção. Eles parecem tristes e abatidos, ambos se abraçam e choram.

- Mamãe eu estava procurando vocês. - Corro até eles que nem ao menos notam minha presença.

Eles passam por mim e entram no quarto. Vou atrás deles sem entender absolutamente nada e os observo segurar nos ombros de Lucas.

Me aproximo e o vejo mostrar o desenho para meus pais. Neste momento minha mamãe coloca as mãos no rosto e chora desesperadamente, enquanto meu papai tenta acalmá-la.

Só então percebo que tem alguém na cama. Chego um pouco mais perto e quando reconheço quem está deitada ali fico paralisada.

Sou eu.

E estou dormindo. Meu corpinho está cheio de fios; Na minha boca tem uma mangueira presa por uma fita e meu cabelinho sumiu. Meu rosto está sereno como se eu estivesse em um sono bem profundo, o que é impossível, já que estou aqui de pé.

Enquanto eu tento entender o que está acontecendo vejo meu papai se aproximar da cama segurando na mão do Lucas. Ele passa os dedos delicadamente no meu rosto e magicamente sinto o calor do seu toque na minha bochecha. Não consigo segurar a lágrima que insiste em cair. Tenho medo, minha cabeça dói e tudo o que eu quero é voltar pra casa.

- Lucas, essa é a nossa Cecília - Meu papai começa a falar de cabeça baixa. - A criança mais doce e carinhosa que poderíamos conhecer... Este desenho é pra ela?

- É sim. Você acha que ela vai gostar? - O menino pergunta enquanto segura vergonhosamente o papel.

- Ela vai Lucas - A voz do meu papai saiu trêmula e disfarçadamente o vejo enxugar uma lágrima. - Onde quer que ela esteja ela vai adorar.

- Eu estou aqui papai... - Susurro próximo a ele.

- O que ela tem senhor?

Neste momento minha mãe se levanta e se junta a eles em volta da maca. Ela apoia uma das mãos no ombro de Lucas e com a outra alisa meu braço.

- Ela tem um tumor no cérebro meu amor, mas nós descobrimos tarde demais. A doença já estava avançada e quando nossa menina passou mal e desmaiou, já não acordou mais.

- Mas o remédio que eu tomo pode curá-la também, não pode?

- Infelizmente não Lucas. O tumor da Cecília não tem mais cura. Ela teve um episódio que se chama morte cerebral, que é quando tudo nela ainda funciona, menos a cabecinha.

- Então ela vai dormir pra sempre?

Minha mamãe chora e meu papai também. Eu posso sentir a dor deles, mas posso sentir o amor também, de uma forma completamente diferente. Como se todo aquele misto de sentimentos estivessem me confortando de alguma forma. Já não sinto mais dor, nem medo, e eu só queria poder falar isso pra eles.

Lucas então se aproxima mais de mim e coloca o desenho e o ursinho na lateral da cama. Ele me analisa por alguns segundos e abaixa a cabeça.

- Eu fico feliz que ela não sinta dor... Eu sinto muita dor, todos os dias.

- Nós lamentamos muito querido. Mas em breve você estará curado e ainda irá se divertir muito.

Neste momento um senhor alto de roupas brancas entra no quarto junto com uma moça que também veste os mesmos trajes.

- Podemos iniciar o procedimento senhor Ricardo? - O homem pergunta para o meu papai.

- Podem sim... - Meu pai autoriza, envolvendo minha mãe em um abraço.

Eles caminham até minha maca e se aproximam dos vários aparelhos que estão ao meu redor. Minha mamãe se curva e beija minha testa, ficando alguns segundos ali, com os lábios colados em mim.

- Eu te amo para sempre minha bonequinha - Ela sussura perto do meu ouvidinho com a voz embargada.

Meu papai se aproxima também e beija meu rosto.

- Você foi o melhor presente da vida do papai.

Ele e mamãe se abraçam e choram. Me sinto envolvida por uma energia estranha e um sentimento de tristeza invade minh'alma. Me encolho num canto do quarto e tenho vontade de gritar.

O homem e a mulher de branco começam então a desligar os vários aparelhos que estão plugados em mim. Um a um, a cada clique dos interruptores, é como se um pedaço de mim fosse embora.

Só resta o respirador. A mangueirinha que ainda me deixa respirando e automaticamente com "vida". Quando a enfermeira começa a retirar a fita que está grudada em meu rosto, Lucas a interrompe.

- Espera... - Ele se aproxima de mim e segura na minha mão.

- Cecília... Vai ficar tudo bem. Fiz esse desenho pra você - Ele diz pegando o papel que estava do meu lado nas mãos. - Eu desenhei um jardim bem bonito, com muitas flores e vários pássaros. Minha mãe sempre diz que as crianças tem um lugar especial no céu e eu acho que lá é assim... Então, pode ir, que vai ficar tudo bem.

Ele coloca o desenho ao meu lado novamente e se afasta. O médico retira o respirador e um último suspiro escapa dos meus lábios.

A televisão engraçada que só passava risquinhos e apitava, agora faz um bipe constante e sem pausas.

Um clique e tudo fica em silêncio.

Uma luz forte toma conta do quarto e me envolve. Minha visão fica embaçada e a última imagem que tento guardar na memória é a do jardim no desenho... O meu jardim.

Fim...

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