•Nem Tudo se Compra•
[Tema: Raul Seixa - 30 Anos]
Música Inspiração: Ouro de Tolo.
O vento que entra pela janela do Corcel Azul 73 alvoroça os cabelos negros de Carlos. Enquanto uma mão segura firme o volante, a outra leva mais uma vez o cigarro a boca. O jovem traga lentamente segurando a fumaça em seus pulmões, enquanto os olhos estão apertados formando uma linha fina mirando a estrada.
Carlos tinha tudo: Família, um bom emprego, bons amigos, um lindo imóvel em Ipanema e uma situação financeira de dar inveja a muitos. Vivia rodeado de pessoas, frequentava as melhores festas e trajava as melhores roupas.
Mas você já ouviu falar que às vezes o tudo pode virar nada?
Após horas dirigindo sem rumo pela cidade, o homem volta para seu apartamento. Ele entra no elevador, que depois de subir alguns andares finalmente para; As portas se abrem e Carlos caminha lentamente para fora do cubículo.
Ele enfia a mão no bolso do jeans de grife, tirando um molho de chaves. Segurando o cigarro com os lábios, ele procura pacientemente a pequena dourada, responsável por abrir a porta.
Quando entra no interior do apartamento, o ritual é o mesmo de sempre: Joga as chaves na mesa de canto que fica ao lado da porta, apaga a bituca no cinzeiro, se apoia no batente e com a ajuda dos próprios pés tira os sapatos.
Vai em direção a cozinha, passando por detrás do balcão de mármore; Abre a geladeira e pega uma cerveja. Enquanto caminha para a sala, ele destampa a garrafa com a ajuda da barra da camisa e se joga no sofá, ligando a TV em um canal qualquer; Dá um gole no líquido gelado diretamente no gargalo, olhando desatento para o aparelho preso à parede.
E ele fica assim por alguns minutos... Bebendo e olhando para o nada. Hoje não é um dia de folga qualquer, na verdade, é segunda-feira. Mas Carlos não conseguiu ir para o trabalho, depois de passar o domingo todo enchendo a cara.
Ele sai de seus devaneios e olha mais uma vez para o papel amassado, ainda jogado no tapete. Se curva e pega, tentando de alguma forma voltá-lo para seu estado normal, o que infelizmente não é possível. Com as mãos trêmulas e olhos marejados, ele relê a carta de sábado que despedaçou seu coração e deixou tudo, absolutamente tudo que ele tinha sem sentido:
" Não pense que estou escrevendo essa carta com um sorriso no rosto, pois não estou. Meus olhos estão em prantos e meu coração está dilacerado, mas eu não podia mais ficar... Você mudou e mudou tudo ao seu redor. Já não me via mais com o mesmo brilho no olhar e dar atenção às crianças se tornou um serviço árduo pra você. Não tínhamos mais espaço na sua vida de luxo e glamour. Espero que um dia você consiga terminar de conquistar tudo o que sonha, só não se esqueça, o dinheiro não compra tudo, ele não compra o AMOR.
Para sempre serei sua e nossos filhos para sempre serão seus... pelo menos em alguma parte da sua história.
Até algum dia..."
Fim...
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