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25 de dezembro, 2022

P.O.V Ron Weasley

Já faz um tempo, certo? Hoje com 42 anos eu venho lhes trazer uma nova história, ela se passa no natal, na Londres trouxa, e a personagem principal é Elise Quinn (Weasley), a mulher que eu conquistei, modéstia à parte a mais linda, corajosa e inteligente de todo o mundo, calhou de não ser bruxa e isso nunca foi um problema, na verdade ao seu modo era encantador. No começo era difícil, eu estava procurando como dizer a ela que existia um mundo mágico o que não era exatamente fácil.

"Ei, sabe toda sua vida, seus costumes, suas técnicas? Bem existe um mundo com magia que contraria praticamente tudo isso", esse era o plano, mas um dia após o outro eu fui deixando... E agora temos quatorze anos juntos, e vocês sabem, eu não contei.

Me mudei para a Londres trouxa com ela, me adaptei aos gostos e cultura dela, deu tudo muito certo, eu realizei meu sonho de ser um goleiro famoso... Bom, em um esporte trouxa, e não exatamente famoso, mas os caras da cidade me conhecem e as mulheres frequentam os jogos e treinos para me ver de uniforme, eu tenho a atenção toda e a minha mulher, só de ela estar sempre lá... Não preciso de muito mais.

É claro que desenvolver a magia não verbal ajudou no meu dia a dia, mas eu tinha uma regra de não usa-la, por menor que fosse, em público.

Estava tudo correndo como planejado até hoje no café da manhã.

—Não me diz que você esqueceu do programa?

E lá estava ela, Elise, perfeita, angelical, pulando de um pé para o outro colocando suas botas, ela como todas as manhãs, vestia sua dólmã branca, os cabelos presos na nuca e nada além, sempre sem joias, incluindo a aliança que eu nunca tirei desde o dia em que coloquei no dedo, sem maquiagem e unhas curtas. Essa era a Lis, a de rosto sério e braços cruzados em frente a mim.

Reparei a única diferença, o avental. Esse não era o cotidiano rosa claro que ela vestia, era branco com um enorme "M" bordado, porra, porra, porra. O PROGRAMA.

—Lis eu, eu... Desculpa! Já estou indo.

Saí correndo de meias nos pés, escorregando pela madeira laminada do chão, direto para o banheiro, tomar banho e me preparar, me preparar para o quê? Você deve estar se perguntando.

Acontece que a algumas semanas Lis recebeu um E-mail da equipe do Masterchef (um programa trouxa de culinária) chamando ela, uma chef renomada, para uma competição especial entre chefs e uma equipe formada por suas famílias, no início ela negou porque a família dela sou eu, e só. Minha família trata ela muito bem, mas nunca conseguiram criar laços. Era difícil para eles fazerem as coisas sem magia por muito tempo.

E pra mim também... Digamos que ela ache que sou um bom cozinheiro, mas era tudo magia não verbal e uma esposa muito distraída, ela nunca percebeu que não era realmente eu, e agora eu estava em um beco sem saída eu teria que cozinhar ao vivo, para milhares de pessoas, na frente dela.

Eu havia pensado que ela tinha mantido o não, mas eles disseram que podia funcionar uma dupla contra algumas famílias maiores, e ela é tão competitiva... Ela tinha tanto orgulho da carreira, devia ter imaginado que ela acabaria aceitando, e o pior é que precisaria ganhar. Ela podia ser tão fria na cozinha que podia ser como um boneca de neve.

Isso é legal, Minha Snowoman, Haha combina com a pele pálida.

Uma hora depois estou aqui com uma dólmã que a produção me deu e é intencionalmente um número menor, e meu cabelo preso, entrando no estúdio.

—Que bancada minúscula amor. -Ela sussurrou, estava tão confiante, parecia um raio de sol perdido em meio a algumas pessoas sérias e famílias tradicionais, ela se acomodou na bancada com nossos nomes e torceu o nariz para o desenho da cozinha.

—Nem todo mundo tem o prazer de ter um marido que faz a cozinha do seu jeito querida. —Sorri e serrei os olhos implicando com ela.

—Bom talvez você devesse deixar um cartão para os coitados. —Ri de como ela cruzou os braços.

—Não, esse trabalhador braçal só serve os interesses de uma pessoa, a grande chef com duas estrelas Michelin na carreira, conhece? Uma tal de Elise Weasley. —Nós nos distraíamos com as brincadeiras e eu tentava esquecer o nervoso de estragar tudo.

Estou realmente frustrado, aquilo era a reputação dela e eu vou arruinar, mesmo sendo algo descontraído, os espectadores sabem que ela vai ganhar e servir os melhores pratos, eu não quero frustrar essa certeza.

Então quando a gravação começou e os pratos foram decididos eu desmoronei, decidi usar magia, fazer como naquele filme trouxa em que o rato comanda o humano, vou fingir estar fazendo o que a magia sozinha fará com perfeição.

—Weasley, pegamos o mais fácil, é só um mil folhas, já fizemos várias vezes, eu farei a massa, você separa os ingredientes e faz o creme pâtisserie. —Ai como eu amo essa mulher mandando em mim, babei.

—Sim chef! —Disse meio brincalhão, meio sério, ela não deu muita bola estava concentrada na massa dela.

Brincadeiras à parte agora precisava ser cuidadoso, liguei o fogo, isso eu sabia. Coloquei a panela, então virei e comecei a separar os ingredientes nas quantidades certas, dez minutos depois, quando terminei de separar,  sentir um cheiro de queimado.

—A não bem, a panela, —Eu me assustei quando vi ela já estava de luvas colocando a panela embaixo da torneira, esfriando-a.

Fiquei tenso, erro de principiante, coloquei outra panela no fogo e agora já comecei a colocar os ingredientes, na ordem, surpreendentemente eu me lembrava. Cada um dos meus músculos rijos misturando tudo.

Mas o toque dela nos meus ombros me acalmaram, ela estava aqui, estava mostrando isso com toque delicioso e celestial que só vinha dela, de mais ninguém.

—Está tudo bem amor, você sabe fazer, já fizemos, nós vamos bem aqui ok? Eu vou te ajudar se precisar.

Então voltou para a massa, que estava linda, nunca vi tão, agora meus ingredientes fundidos começavam a queimas levemente nas extremidades, eu já não tinha coordenação para evitar quilo, então de forma não verbal fiz com que meu batedor misturasse sozinho, apenas mantive minha mão sobre ele, eu teria acreditado, espero que acreditem.

Algum tempo depois com a massa dela pronta, ela se aproximou da minha mistura e tomou o batedor de mim, começou a mexer sozinha e imagino que por não ser bruxa a magia tenha cessado, passei para a massa e belisquei um pedaço, ela era realmente a maior cozinheira do mundo.

Um tapa afastou minha mão da massa.

—Isso não é pra você mocinho. —Ela disse sorrindo enquanto batia o pé e segurava o cabo da panela com o creme, ela o esfriou em um recipiente com gelo.

Eu fiquei com a difícil e perigosa missão de escolher um bico de confeiteiro e umas frutas vermelhas.

—Ótimo, —Ela passou o dedo sobre o creme e aprovou o sabor, ufa. —Agora você vai confeitar.

—É O QUE MULHER? —Soltei incrédulo, alto e esganiçado, foi cômico para todos no estúdio mas pra mim foi trágico, Hahaha agora fudeu.

Ela soltou aquela risadinha sádica e me deu o saco de confeiteiro e arrumou a massa para eu confeitar.

Tive de recorrer novamente a magia, imaginei lindos desenhos e padrões e de forma uniforme eles passaram a ser desenhados, minha mão foi guiada, até completar essa camada. Ela acrescentou as frutas e eu fiz novamente, na terceira e última camada ela me empurrou com o quadril e passou a fazer para finalizar com as frutas e umas folhas de hortelã. Quando terminou levantou e me deu uma piscadela, algo como "Trabalho feito"?

—Conseguimos!! —Ela sorriu em euforia e me abraçou, enterrando a cabeça no meu peito, ela pareia novamente pequena, e a fera que eu estava alimentando com medo estava domada. Está tudo certo.

—Cinco minutos, façam uma bela apresentação pessoal, não se esqueçam de trazer para a bancada onde os jurados vão avaliar. —A apresentadora disse nos acordando do torpor que era simplesmente estar feliz.

—Você pode escolher o prato Ron, só precisa ser raso, de sobremesa e branco. —Ela percebeu que já estava escolhido quando terminou de falar e eu ri dela corando, percebendo como ela se torna controladora na cozinha.

Colocamos nosso mil folhas no prato e me dei a honra de polvilhar açúcar de confeiteiro por cima, ela limpou o prato e levamos a bancada.

Ao fim do tempo colocamos a mão para cima e aguardamos as avaliações, a primeira chef, Helena disse:

—É fantástico, já comi no seu restaurante Chef Elise, e gostaria de ter o prazer de ter isso no cardápio, meus parabéns, não esperava que além de um bonitão o senhor Weasley fosse um excelente cozinheiro.

Elise que sorria com a avaliação apertou minha mão mais forte quando a jurada me chamou de bonitão, que deselegância chef Helena, mas apenas sorrimos e saudamos com um aceno de cabeça. Atrevida.

Logo em seguida foi a vez de Erick com seu inconfundível sotaque Francês.

—Vamos ver isso? Parece saboroso, é uma apresentação muita linda, vi que fizeram tudo juntos, muito bem. Sobre o creme sinto que tem um pouca de queimado, sabe? Mas é muito saboroso, é um prazer Chef 'Elisê'. — Ele se afastou e então o chef Henrique se aproximou e provou.

—Ronald, confessa, ela te faz cozinhar em casa não é? —Ele disse íntimo e bem humorado, Ron ficou meio sem jeito. —Sua técnica de bico é perfeita, não vejo uma assim em... Bem na verdade eu nunca vi. Perfeito. Quanto a massa, sinto que mais tempo para a manteiga gelar deixaria ainda melhor, mas sabemos que a competição é limitante no tempo. Parabéns, é muito bom.

—Obrigado Chef, sim ela me faz cozinhar sempre, mas essa técnica é meu segredo, Haha.

O chef voltou ao seu lugar para discutir com os demais, mas o resultado era óbvio, Elis se virou para mim e me encarou com aqueles olhos de corsa que ela e só ela tem. Ela sorriu de canto, travessa, parecia que ela conhecia todos meus segredos e os tinha na palma da mão.

—Bom conversamos e fica claro que quem leva nosso prêmio do Especial de Natal é a família, ou casal, ou ainda, chef e su-chef Ronald e Elise Weasley! —Disse a Chef Helena.

Lis ficou eufórica deus pulinhos de alegria e sorriu e orelha a orelha, quando a apresentadora trouxe o troféu para minhas mão eu tive a certeza do que valia usar minha magia escondido, o sorriso dela, e isso já era mais que o suficiente, eu não podia perder aquilo, jamais.

 Me aproximei e dei m beijo na testa dela, quero as filmagens desse momentos, que orgulho, que mulher.

O programa se encerrou, conhecemos todos, comemos alguns dos pratos e logo estávamos no carro, eu dirigindo e ela sentada no banco ao lado, agora com um vestido florido, descalça e com os pés sobre o banco, os cabelos loiros e livres, ela sorria boba, parecia outra pessoa. Meus rosto corou só de lembrar que podia ter sido pego e não ter ela assim, todos os dias, ela interrompeu a distração recorrente dele com sua voz melodiosa.

—Não acha engraçado que você tenha a técnica de bico mais perfeita que o Chef já viu?

—Bom ele deve ter que falar isso para as filmagens. Não é? —Eu ri, tentando desconversar.

—Na verdade, eu a vi também, era impecável. Eu a treino quase que diariamente e a sua estava perfeita, achei interessante...

Ela falou despretensiosa, levando os joelhos ao peito para ficar mais confortável.

—Sorte de principiante?

—Ah sim Haha, deve ser, deve ser algo na sua energia, não sei mas quando eu estava mexendo o creme pâtisserie era quase como se ele mexesse sozinho, louco não?

Estava nervoso que quando parei bruscamente quando chegamos em frente a nossa casa, ela quase voou para frente mas só riu e se arrumou ficando de joelhos virada em minha direção, ela mexeu na minha camisa enquanto a olhava espantado.

—Não estou entendendo Elis, do que está falando? —Eu suava frio, não, não, não, agora não.

—Nada querido, só estou dizendo que admiro muito TUDO em você, nada me faria te amar menos. Sabe disso não é? —Ela disse e eu fiquei em silêncio, isso fazia eu pensar que não contar também era priva-la de uma vida que talvez ela quisesse conhecer, até nosso filhos estavam sendo adiados pelas minhas desculpas.

Meu medo se esvaiu com o beijo dela selando nosso lábios, o corpo dela subindo no meu, os calores, as respirações, os cheiros, se fundindo, dançando entre nós, o gosto da boca dela na minha...

—Eu te amo Ron, Feliz Natal.

—Eu te amo Lis, Feliz Natal.

EvelynCBlack – George Weasley
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