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Neve

This scene feels like what I once saw on a screen
I searched: Aurora borealis green
I've never seen someone lit from within
Blurring out my periphery

Oito meses depois

Aelin Galathynius estava irritada.

Estava nevando, e isso geralmente era algo que a agradava profundamente, mas não nessa noite.

A neve sempre fora algo que a lembrava de sua infância, que trazia memórias lindas de seus pais e de sua vida como uma jovem garota. Trazia memórias de bonecos de neve e passeios de trenó com seu primo; dos chocolates quentes que sua mãe preparava e da forma que seu pai sempre amarrava gorros em sua cabeça com um laço decorado.

Trazia memórias quentinhas e aconchegantes, recheadas do puro amor que acompanhava sua antiga vida.

Aelin amava poucas coisas nessa vida, pelo menos dentre as coisas que haviam sobrado.

Amava ser jornalista. Amava o lar que tinha construído para si mesma. Amava bolos de chocolate e amava sua vizinha idosa, a senhora Diana, que fazia questão de cozinhar para Aelin quando sabia que ela chegaria tarde do trabalho.

Amava seus pais com tudo que havia dentro de si, mas o mero pensamento sobre eles, em algumas datas, era capaz de transformá-la de volta em uma criança: amedrontada e ansiosa por um abraço carinhoso.

Hoje era um dia especial por diversos motivos: era o aniversário de casamento dos seus pais, mas também era a data em que ela os havia perdido para sempre; a data em que eles haviam sido assassinados.

Aelin sabia lidar bem com a tristeza e com a saudade profundas que esse dia lhe trazia, mas não estava preparada para a neve. Não, a neve adicionava um pesar que seu coração não conhecia há muito tempo.

A neve fazia parecer que sua mãe apareceria a qualquer momento, pronta para abraçá-la e afirmar que o dia seria lindo e brilhante, do seu jeito especial. Que seu pai entraria pela porta com o nariz congelado, fazendo caretas e esfregando as mãos em uma tentativa de se esquentar.

Fazia parecer que ela teria sua família de volta, por mais impossível que a ideia parecesse. Que eles se reuniriam na frente da lareira e ficariam conversando até tarde da noite.

Era triste que algo tão lindo quanto a neve pudesse trazer, ao mesmo tempo, memórias felizes e sentimentos terríveis.

Era triste que, após a morte de seus pais, a neve tivesse passado a ser algo tão delicado para ela. Algo que trouxesse tantos sentimentos conflitantes.

Estava nevando quando foi adotada por um assassino e quando foi obrigada a quebrar a própria mão como uma forma de castigo. Estava nevando quando foi expulsa de "casa" e quando precisou passar semanas dormindo na rua, tendo somente as roupas do corpo como acalento contra a noite fria.

Estava nevando quando Aelin matou pela primeira vez e sentiu a necessidade de mudar de nome, passando a responder somente por Celaena. A verdade era que Aelin Galathynius havia morrido junto aos seus pais naquela noite fria de dezembro, se arrastando em meio ao sangue e correndo pela sua vida.

Ela não se permitia mais ser essa pessoa, ser uma garotinha que sentia saudade de casa. Aelin era sua versão que se permitia ser frágil, que não tinha medo de demonstrar fraqueza e que sorria toda vez que via flocos de neve porque a lembrava de sua família. A garotinha que ela havia enterrado.

Ela, às vezes, se sentia como uma cantora famosa com uma identidade secreta: ninguém para conhecer Aelin, o seu eu verdadeiro. Por outro lado, muitas pessoas queriam encontrar a face pública que era Celaena, a famosa vigilante que caminhava pela noite. A polícia, principalmente, estava sedenta por qualquer pista sobre o seu paradeiro.

Celaena Sardothien era uma mulher forte e independente. Uma mulher que não se incomodava com a quantidade de sangue sob suas unhas se isso significasse garantir a segurança daqueles ao seu redor.

Obviamente ela não gostava de agir como uma vigilante, mas não suportava o pensamento de que havia pessoas se sentindo inseguras na noite. Odiava que sabia exatamente a sensação do medo corroendo a sua espinha, como uma corda amarrada na boca de seu estômago, puxando por entre os dentes e a deixando paralisada.

Ela sabia que não era certo; que agia contra a lei, mas sua vida inteira havia sido recheada de irregularidades penais. Havia sido acostumada com o errado desde de pequena, tendo sido apresentada à morte antes de conhecer tabuleiros de jogos ou celulares.

Se significava que ninguém mais sentiria a dor da perda da forma que ela sentiu, ela estava disposta. Disposta a ter a alma manchada e a ficha de antecedentes ocupada.

Por essa razão, o homem deitado no chão à sua frente não era um incômodo. Ele tinha sido mais do que somente um incômodo na vida de mais de sete mulheres, tendo cometido crimes que ela não era nem capaz de repetir em voz alta.

– Vai ficar aí parada esperando ser pega? - Rowan questionou, parando ao meu lado. Ele estava todo vestido de preto, tendo o cabelo loiro como o único contraste na noite escura.

Rowan havia se tornado seu parceiro há cerca de dois meses, tendo a encontrado nos limites de Adarlan no dia em que ela havia planejado encontrar Arobynn Hamel: seu pai adotivo. Um homem complicado, frio e calculista que definitivamente não valia a poeira dos saltos de Aelin.

Ele era responsável pelo coração partido de pelo menos um terço da cidade, mas Aelin não tinha coragem de ser a responsável pelo puxar do gatilho. Pelo deslizar da lâmina. Era um sentimento conflituoso dentro de si: o conhecimento de todo mal que ele havia causado e a familiaridade que o mero cheiro dele a trazia.

Naquele dia, ela havia decidido encontrar com ele e colher mais informações. Saber se algo no seu caráter havia mudado, ainda que soubesse a resposta antes mesmo de pisar no estabelecimento de reputação questionável.

Naquela noite, sentada no telhado do bar em que encontrou Arobynn, Rowan a procurou. Melhor dizendo, Gavião a procurou:, o homem que estava traçando os passos de Arobynn e planejando a forma perfeita de matá-lo.

Eles se reconheceram naquele exato telhado, ele tendo seguido seu último bilhete. Seus objetivos, afinal de contas, eram os mesmos, e Aelin sabia que aquela era uma morte que ela não conseguiria planejar sozinha.

Como a teimosa que era, Aelin implicou com ele. Tirou sarro do seu apelido e de suas formas de execução, recebendo um olhar de reprovação que se assemelhava a um adulto descontente com uma criança. Rowan, como o busardo que era, implicou com ela de volta.

Ela não tinha muitos amigos, já que seu estilo de vida não permitia, mas estranhou a noção de se tornar amiga de alguém por meio de insultos. Rowan parecia levar absolutamente tudo na esportiva, fazendo com que o espírito inquieto de Aelin se revirasse de alegria, pensando nas mais diversas críticas e xingamentos.

Ele era mais inteligente do que ela imaginava, tendo traçado não somente a rotina de Arobynn, mas todos os caminhos que fazia e até mesmo quais cozinheiros preparavam suas refeições em cada restaurante.

Aelin, por sua vez, tinha algo que ele nunca poderia ter por conta própria: informações internas. Ela narrou os tipos de armas que ele usava, pessoas de sua confiança e até mesmo casos antigos de quando Arobynn não era apenas alguém em um cargo de poder, mas um assassino em série do tipo mais barato que existia.

– Como assim ele alterava o Modus Operandi? - Rowan questionara, balançando as pernas longas por cima do parapeito. - Para despistar a polícia?

– Ele dizia que sim, mas se contradisse em várias ocasiões - a loira afirmou. - Ele se gabava de somente acabar com homens fortes e poderosos, donos de máfias ao redor do país, mas não exitava em assassinar mulheres também. Se gabava de fazer o mesmo desenho no corpo de suas vítimas, mas vira e mexe deixava essa "assinatura" de lado.

– Isso me soa como um personagem de uma história mal desenvolvida, isso sim - Rowan comentou, rindo para as luzes da cidade.

– Eu nunca disse que ele era muito inteligente - Aelin respondeu, apoiando a cabeça contra uma pilastra.

Com Rowan, até a conversa mais difícil tinha se tornado fácil. Ele trouxe uma simplicidade que Aelin nunca tinha pensado que veria de novo na vida, de uma forma que a mera presença dele era capaz de acalmar seus nervos.

Por cerca de dois meses, eles se fizeram companhia um para o outro em quase todos os dias da semana. As conversas sobre morte e traumas em cima de telhados tinham evoluído para conversas sobre morte e traumas em restaurantes chiques - o que, para ela, era uma evolução e tanto.

Passaram não só a conversar sobre possíveis missões, mas também a embarcarem nelas juntos. Por essa exata razão, Rowan estava de braços cruzados ao seu lado, parado como um velho emburrado e implicante. Aelin olhou para baixo novamente, sua atenção focando na mancha de sangue que a neve logo apagaria do asfalto

– Não vou ficar aqui - ela afirmou, ajeitando o casaco sobre os ombros. - Na verdade, eu queria ir para um lugar. Você iria comigo?

– Para onde nós vamos? - ele questionou, parecendo genuinamente interessado.

– Para um lugar estranho, mas bonito para cacete - ela afirmou. - Vamos, você vai adorar.

Aelin não costumava mostrar seu lugar favorito para ninguém, mas a noite de hoje a estava deixando mais sentimental que o normal. Ela não era de ficar relembrando o passado, principalmente quando ele a enchia de dor e saudade pelos que já partiram, mas a noite de hoje tornou tudo inevitável. A neve tornou isso inevitável, então Aelin também não pode evitar levar Rowan para a praia.

Era uma visão estranha para se dizer o mínimo, ver flocos de neve se derramando sobre os grãos de areia, mas isso, na opinião dela, tornava tudo ainda mais especial. Era uma cena que parecia vinda diretamente da televisão, tão diferente e hipnotizante quanto as auroras boreais que viviam estampando canais de viagem.

Rowan pareceu se iluminar por dentro ao ver a cena, seu rosto demonstrando tanta surpresa quanto uma criança acordando na manhã de natal e vendo todos os presentes que havia ganhado. Aelin não pôde conter seu sorriso ansioso, sentindo como se tivesse ganhado algum tipo de competição.

– Isso não parece real, Celaena - ele comentou, se sentando na areia. Mil coisas passaram na cabeça da loira, que não ousou dizer uma palavra, com medo de estragar o momento.

Ela respirou fundo e se sentou ao seu lado, sentindo a mistura de neve com areia pinicar seus dedos. Reunindo toda a coragem que tinha no peito, respirou fundo.

– Aelin. Meu nome de verdade... é Aelin.

O silêncio de Rowan parecia ecoar, se espalhando por toda parte. E então, de uma forma totalmente inesperada, apoiou sua cabeça de volta por cima da cabeça de Aelin.

– Aelin... - ele testou, parecendo saborear as sílabas em sua boca. - Isso não parece real, Aelin.

– Às vezes eu também acho que não é. Eu costumo vir aqui quando sinto saudades dos meus pais e de como a vida costumava ser, com toda a sua leveza. Nós podemos ser presos a qualquer momento ou até passar por coisa pior, mas quando neva nessa praia eu sinto como se tudo fosse ficar bem. Faz sentido?

Ele pareceu pensar, enterrando seus sapatos na areia e suspirando.

– Eu acho que faz.

– Sério mesmo?

– Sim - o loiro confirmou. - Todos precisam de coisas bonitas na vida de vez em quando. A gente vê tanta tristeza no dia a dia que isso... essa forma de vida completamente bizarra parece como um espaço seguro.

Aelin levantou a cabeça, fazendo com que Rowan olhasse diretamente em sua direção pela quebra de posição do seu pescoço. Ele tinha um corte feio na testa e seu lábio parecia levemente arroxeado, mas seu olhar transparecia uma calmaria de outro planeta que impedia a loira de não sorrir.

Ela não emitiu um som, não enunciou uma palavra, com medo de acabar com aquela energia boa entre os dois. Aelin somente olhou nos olhos do homem que tinha se tornado tão importante em tão pouco tempo, sabendo que também passaria a pensar nele quando viesse a essa praia.

Aelin amava poucas coisas nessa vida, pelo menos dentre as coisas que haviam sobrado.

Não podia dizer que amava Rowan, pelo menos não por enquanto. Sabia que algo rugia dentro dela sempre que o via, mas não se atrevia a colocar um nome no sentimento. Sabia que amava neve e que amava praias, e com certeza sabia que amava esse momento.

Parecia um sonho; uma calmaria e tranquilidade que nenhum dos dois merecia. Mas, se Aelin estava sendo bem honesta com si mesma, ela estava disposta a ser egoísta. Estava disposta a fechar os olhos e abraçar aquele sonho como se fosse a realidade, mesmo sabendo que a queda era maior para aqueles que voavam alto demais.

Rowan capturou a mão dela na sua, fazendo um carinho com os dedos em sua palma. Por um instante, Aelin ficou contente em deixar seu espírito retornar para o que uma vez foi, se sentindo como uma adolescente com borboletas no estômago.

Ali, sentada na praia com Rowan, vendo a neve cair, Aelin se sentiu em Terrasen. Se sentiu em casa, e isso era melhor do que qualquer sensação que ela jamais poderia ter.

I (I) can't (can't) speak afraid to jinx it
I (I) don't (don't) even dare to wish it
But your eyes are flying saucers from another planet
Now I'm all for you like Janet
Can this be a real thing? Can it?

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