Capítulo 8
Derek acordou e percebeu algo nas costas de Sam, parecia cicatrizes de onde podia sair asas. O Hale franziu o cenho e levou sua mão até as costas do garoto, passando as pontas dos seus dedos pelas cicatrizes.
Sam se remexeu na cama e Derek afastou a mão. O Hale logo se levantou e se vestiu antes de sair do loft, indo em direção à escola.
—Stiles. —Chamou enquanto se aproximava do mesmo.
—Ah, oi, Derek. —Stiles cumprimentou, logo olhando ao redor antes de voltar a olhar para o Hale. —O Sam ainda não chegou.
—Eu sei que o Sam ainda não chegou, eu tô aqui para falar com você. —Derek disse e Stiles cerrou os olhos.
Os dois foram para uma sala vazia para ter privacidade e Derek contou sobre o que aconteceu na noite passada e sobre sua vontade de contar para Sam a verdade.
—Como é que é? —Stiles perguntou incrédulo. —Primeiro, não acredito que vocês realmente transaram.
—Acabou acontecendo. —Derek deu de ombros. —Eu não me arrependo, mas acordei com isso na minha cabeça.
—Mas é melhor tirar isso dos seus pensamentos, porque não vamos contar isso para o Sam.
—Por que não? —Derek questionou confuso. —Ele merece saber a verdade.
—Olha, Derek, se você se sente culpado por ter dormido com o seu primo, a culpa não é minha. —Stiles falou. —Mas não vamos fazer isso com o Sami, ok? E se isso mudar tudo?
—Mas e se ele descobrir sozinho? —Derek indagou, mas Stiles não soube responder. —Ele vai se sentir traído pelos amigos, por todo mundo. Como você acha que ele vai ficar, hein?
—Eu não sei, Derek. Ok?! Eu só não tô pronto para contar isso pra ele ainda! —Stiles exclamou. —Eu vou contar, ok? Só me dá mais um tempo.
Após isso, Stiles saiu da sala, deixando o Hale sozinho. Derek bufou e também saiu da sala, logo vendo Sam em seu armário.
—Sam. —Ele foi até o garoto, esse que suspirou, mas não olhou para ele. —Você tá bem?
—Tô ótimo, Derek. —Sam respondeu com raiva, olhando para o Hale. —Eu amo dormir com alguém e acordar sozinho na cama.
—Olha, Sam, eu...
—Não, Derek. Deixa pra lá. —Sam o interrompeu, se virando para ele após fechar seu armário. —É melhor a gente fingir que aquilo não aconteceu, pelo visto, é a melhor coisa a se fazer.
Sam colocou sua mochila nos seus ombros e passou por Derek, indo para a sua aula de economia.
—Disparidade econômica existe em todas as formas. —O treinador dizia para a sala enquanto andava pelos lados.
Stiles quase não escutava uma palavra do que ele dizia, sua atenção estava completamente voltada para as fotos que havia roubado de seu pai.
Bom, roubado era uma palavra muito forte. Stiles havia apenas pegado algumas evidências confidenciais da polícia em prol da investigação. Ele iria devolvê-las assim que tivesse resposta. Ou quando seu pai as tomasse de volta, mas Stiles esperava já ter descobrido alguma coisa antes disso acontecer.
—Aí, irmãozinho, o que você tá fazendo? —Sam perguntou em forma de sussurro.
—Vendo as fotos do último assassinato para ver se descubro alguma coisa. —Stiles respondeu e entregou uma das fotos para o seu irmão.
A foto era do corpo de uma garota. Ela parecia ser um pouco mais velha que Sam, tinha pele e cabelos claros e era muito bonita. A causa da morte era extremamente óbvia: diversas facadas em seu peito e barriga. Na foto, eles haviam limpado todo o sangue para poderem documentar os cortes. Sam percebeu que havia uma marca hexagonal envolta dos ferimentos.
—Vamos falar de esportes, por exemplo. —O professor continuou. Enquanto dava a aula, brincava com um taco de lacrosse em suas mãos. —Alguns times têm melhores condições de treino. Alguns têm melhores equipamentos.
Sam focou o olhar nos ferimentos da garota, que tinha três facadas em seu peito. Os cortes eram extremamente profundos, e em volta de todos eles havia aquela estranha marca vermelha em forma de hexágono.
Sam não conseguia pensar em um objeto com aquela forma. Não era algo pequeno, eram marcas de uns dez centímetros. Que tipo de objeto seria tão fácil de carregar por aí e não parecer suspeito?
—Ao contrário da Elementar Beacon Hills. —O treinador bufou. —Que mal pode pagar por fita isolantes para remendar nossos equipamentos.
Sam se assustou com a repentina batida na carteira do seu irmão. O treinador olhou irritado para Stiles, que apenas o encarou de volta, sem jeito.
—Sabe, Stilinski... —Ele pegou uma das fotos da garota da mesa de Stiles. —Se eu pudesse te dar uma nota no quão profundamente você me perturba, você seria um aluno exemplar.
—Obrigado, treinador. —O garoto engoliu em seco.
—Guarde essas fotos.
—Okay. —Assentiu.
—Você também não, não é, garoto de ouro? —O treinador questionou, tirando a foto que Sam segurava das mãos do garoto.
—Não, treinador. —Sam negou, dando um sorriso inocente para o professor.
—Eu quero ver você no jogo de hoje à tarde, ok? —Sam assentiu, mesmo não estando nem um pouco afim de jogar.
De repente, Stiles agarrou o taco de lacrosse do treinador. Viu a maioria das pessoas ali irem para trás com o susto, inclusive o treinador. Mas ele não se importou. A parte de baixo do taco tinha uma espécie de tampa. Stiles a arrancou, apesar dos protestos do treinador, e percebeu que o taco era oco por dentro. E ele tinha uma forma hexagonal.
Ele olhou para a foto dos ferimentos novamente. Era aquela forma. Era igualzinho ao taco.
—O que diabos tem de errado com você? —O professor puxou o taco de volta brutalmente, visivelmente irritado. —Não responda.
Stiles levou um tempo para assimilar tudo aquilo. Quando o treinador se virou para ir até sua mesa, Stiles ouviu seu irmão o chamando.
—Irmãozinho? —Sam sussurrou, um olhar preocupado em seu rosto. —O que foi?
—É um jogador de lacrosse.
Scott não demorou nem um pouco para entender.
—O assassino está no time.
—Que legal, agora a minha vontade de jogar caiu mais ainda. —Sam comentou com desânimo.
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—Isso é inútil. —Scott bufou, olhando para a pilha de tacos de lacrosse em cima da mesa. —A maioria dos jogadores usa seu próprio taco.
Sam suspirou. É claro, se o assassino usava o taco como arma, ele iria mantê-la segura consigo o tempo todo. E, mesmo sabendo disso, ele continuou olhando dentro dos tacos, quase desesperado.
—Sam. —Stiles chamou. —É inútil.
O garoto suspirou, desistindo.
—Ótimo. —Bufou. —Então o que fazemos?
—Talvez... —Kira começou. —Ao invés de procurar um taco de lacrosse com uma faca escondida, não devíamos tentar fazer o jogo ser cancelado?
Scott negou com a cabeça.
—O jogo é o melhor jeito de pegá-lo em flagrante.
—E se você flagrar ele com sangue nas mãos da pessoa que ele está esfaqueando? —Sam gesticulava com as mãos enquanto falava. —O que, a propósito, pode ser qualquer um de vocês.
—Qualquer um de nós. —Scott corrigiu. —E o Liam. Não temos a lista toda ainda, não sabemos quem mais está nela.
—Exatamente. Nós não sabemos nada sobre essa lista. Não sabemos como é feita, como é atualizada. —Abriu os braços. —Quem é que está criando um censo de criaturas sobrenaturais?
Os outros três se entreolharam, sem resposta.
—Como eles podem saber sobre mim? —Kira indagou, em voz baixa.
—Eles sabem sobre todo mundo. —Scott suspirou.
—Olha, a Kira está certa. —Stiles insistiu. —Deveríamos cancelar o jogo.
—Stiles, não precisamos fazer isso. —A voz de Scott parecia estranhamente determinada. —Podemos pegar quem quer que seja. Eu não estou com medo.
Houve um momento de silêncio.
—Eu também não. —Kira se pronunciou. Sam pode perceber que ela estava mentindo. Ele não sabia se achava aquela ação corajosa, ou apenas estúpida.
Stiles percebeu que os dois ficaram olhando para seu irmão, como se esperassem um tipo de resposta dele. Quando ela não veio, Stiles decidiu se pronunciar.
—Bom, eu estou morrendo de medo! —Ele bufou, exaltado. —E eu nem sequer estou nessa lista!
—Eu também não tô, e não quero pegar o assassino no flagrar se ele estiver a cabeça de um de nós numa bandeja de prata. —Sam disse, também exaltado. —Eu não sei vocês, mas eu ainda quero fazer muita coisa na minha vida.
—Gente, o Sami tem razão. —Stiles suspirou. —Eles são assassinos profissionais. Okay? Essa é a profissão deles! Um deles tem um fio térmico que arranca cabeças fora! Quem sabe o que mais eles tem?
—Sabemos o que nós temos. —Scott insistiu. —Podemos com ele, seja lá quem seja.
Stiles olhou para o seu irmão, o vendo inquieto. Sam agora era um Espírito da Morte, e se ele estava com uma sensação estranha perante ao jogo, então Stiles não iria duvidar dele.
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Eles foram falar com Liam, que não foi difícil de achar. Eles apenas precisaram seguir a voz de Mason, que dizia repetidamente: "Liam, não! Espera! Essa é uma péssima ideia! ".
É claro, Liam sempre tinha que deixar tudo mais difícil. Assim que Stiles, Scott e Sam alcançaram a voz de Mason, perceberam o problema.
Mason e Liam estavam no estacionamento da escola. E o loiro andava na direção de um ônibus que havia acabado de estacionar ali. Eles levaram um tempo para perceber que aquele era o time que ia jogar contra eles na partida amistosa.
—Brett! —Liam gritou.
Um dos garotos que desceu do ônibus se virou para ele. Sam torceu para que Liam não arrumasse briga com aquele cara. Brett era bem mais alto, e era bastante atlético. Braços fortes, cabelos claros, aqueles olhos...
Sam balançou a cabeça para afastar aqueles pensamentos da sua cabeça, pelo visto ele só se interresava por caras que não prestavam.
Quando Sam voltou a si, Liam já estava cara a cara com Brett. De longe, parecia que um estava prestes a atacar o outro. Liam disse alguma coisa que Sam não prestou atenção, então estendeu a mão para o outro. Todos os alunos em volta pareceram cochichar, muito interessados no que estava acontecendo.
—O que aconteceu? —Sam perguntou à Scott.
—Ele desejou um bom jogo. —Foi Stiles quem respondeu.
Brett e todos em volta riram, e Liam teve que abaixar sua mão, sem resposta. Pela expressão fácil de Brett, Sam percebeu que ele estava zombando de Liam.
—Que fofo, Liam. —Brett comentou, ainda rindo. —Foi o que te disseram no Controle de Raiva? Peça desculpas e vai ficar tudo bem? Você destruiu o carro do treinador. Nós vamos quebrar você no meio do campo, e vai ser sua culpa.
—Gente! —Scott deu um puxão na blusa dos dois e correu até Liam.
Stiles não entendeu porquê, mas correu de forma desajeitada junto com eles. Provavelmente Scott podia sentir que Liam ia se descontrolar ou qualquer coisa assim.
—Ei, ei, ei, ei, ei. —Ele praticamente gritou até chegar lá. Ficou cara a cara com Brett. Sam e Scott se encarregaram de segurar Liam e levá-lo para longe, deixando Stiles sozinho para lidar com o outro time inteiro. —Ei... —Ele engoliu em seco. —Como vão vocês? Bem-vindos à nossa pequena escola pública. Como vão?
Ele estendeu a mão para Brett, mas o mesmo apenas o encarou com um olhar aborrecido. Com o canto dos olhos, Stiles viu Scott e Sam se afastarem com Liam. Já estavam a uma distância boa daquele ônibus, então o garoto podia simplesmente segui-los.
—Eu sou Stiles. —Se apresentou, ainda com a mão estendida, mas sem resposta. —Que aperto de mão firme o seu, em? Ah... Estamos muito animados com o jogo de hoje a noite. Mas vamos jogar limpo, okay? Nada de jogo duro. —Respirou fundo. —Okay. Certo, nos vemos no campo!
Então ele se virou e correu para junto dos amigos, fugindo dos olhares de todos ali.
Sam deixou seu irmão e Scott levarem Liam para longe, ele olhou para seu copo de milkshake e teve uma ideia perversa para vingar a humilhação que Brett fez Liam passar.
—Desculpa por isso. —Sam pediu, se aproximando de Brett. —E para você ver que eu realmente quero me desculpar, aqui. —Ele estendeu o copo para Brett e o mesmo franziu o cenho, desconfiado. —Um presente de paz.
—Obrigado. —Brett agradeceu, pegando o copo da mão do Stilinski.
Sam sorriu e se afastou do time adversário, então esperou até que Brett levasse o copo para perto do rosto. Quando o garoto fez isso, Sam usou seus poderes e explodiu o conteúdo do copo tudo no rosto do rapaz.
Os garotos ao redor de Brett caíram na risada, e o rapaz olhou para o seu corpo com um olhar confuso, como se perguntasse como aquilo tinha acontecido.
O Stilinski sorriu diabólico e foi atrás do seu irmão e Scott, os achando dentro do vestiário masculino. Sam ficou encostado nos armários do vestiário, apenas observando a cena.
Ainda bem que não havia ninguém no vestiário naquele momento, ou eles iriam ficar chocados com um lobisomem fora de controle. Stiles e Scott seguravam cada um um dos ombros de Liam contra a parede, enquanto o chuveiro atacava o loiro com água gelada.
—Já está calmo, já? —Sam suspirou, cruzando os braços.
O que recebeu em resposta foram mais rugidos. Sam pensou que devia trancar a porta, qualquer um do lado de fora poderia ouvir aquilo e achar que havia um animal selvagem ali dentro.
—Okay, okay! —Liam gritou de repente. Ele abaixou a cabeça, parando de lutar. —Okay. Eu estou bem.
Scott e Stiles se entreolharam. O McCall desligou o chuveiro, e eles soltaram Liam. O loiro apoiou as costas contra a parede, cansado. Suas pernas foram se dobrando e ele se sentou no chão.
Todos ficaram em silêncio por um momento. Liam respirava pesadamente, sua expressão era ao mesmo tempo triste e irritada. Scott deu um passo para frente, decidindo falar primeiro.
—Aquele carro que você destruiu. Achei que você tinha dito que era do seu professor.
—Ele também era o técnico do time. —Liam explicou. —Ele me deixou no banco pela temporada inteira.
—Uau. —Sam exclamou. —O que você fez?
—Eu levei dois cartões vermelhos. —O mais novo deu de ombros, como se não fosse importante.
—Só dois? —Stiles questionou, irônico.
Liam abaixou a cabeça, parecendo triste. Por um momento, Sam se sentiu mal por ele.
Scott se abaixou, ficando cara a cara com o beta.
—Você tem que ser honesto com a gente. —Sua voz era séria. —O que mais aconteceu?
—Nada. —Aquilo era claramente mentira. Houve uma pausa, até que ele suspirou e cedeu. —Eu fui expulso da escola. Eles me mandaram para um psicólogo para fazer uma avaliação.
—E qual foi o diagnóstico?
—Transtorno Explosivo Intermitente.
—T. E. I.? —Stiles exclamou. —Você é literalmente um T. E. I.? Que ótimo. —Bufou, se virando para Scott. —Ótimo, você deu superpoderes para uma bomba-relógio.
—Eles te receitaram alguma coisa? —Scott ignorou o amigo.
—Risperidal. —Liam respondeu, em voz baixa. —É um antipsicótico.
—Oh, isso só melhora. —Stiles sorriu de nervoso.
—Mas eu não tomo.
—Obviamente.
—Eu não posso jogar lacrosse com ele. Me deixa muito cansado.
Stiles e Sam se entreolharam, nenhum dos dois gostando do rumo que aquilo estava tomando.
—Okay. —Scott falou em voz baixa. Parecia estar organizando seus pensamentos. —Acho que você não devia jogar hoje a noite. Diga que a sua perna ainda dói.
—Não, não! —Ele se levantou, seguido por Scott. —Eu posso fazer isso. Especialmente se você estiver lá.
Sam suspirou, cansado. Era a mesma coisa, tudo de novo. Lobisomem recém-formado que não consegue se controlar querendo jogar lacrosse. Scott e Liam eram igualzinho um ao outro. Mas agora Scott percebia que aquela era uma ideia idiota e extremamente perigosa.
—Liam, não é só o jogo. —Scott disse. —Nós achamos que quem matou Demarco pode estar no nosso time.
—Quem é Demarco?
—Aquele cara que levou cerveja para a festa. —Sam respondeu. —O único que vendia cerveja para menores. O que foi decapitado, lembra?
—Nós achamos que quem pediu o barril, matou ele. —Scott continuou.
Houve um momento de silêncio. Liam abaixou a cabeça, parecendo chocado e assustado. Sam franziu as sobrancelhas.
—Liam? —Chamou.
—Espera, você sabe de alguma coisa? —Scott indagou.
—Eu... —Liam engoliu em seco. —Eu não sei quem pediu o barril. Mas eu sei quem pagou por ele.
Isso surpreendeu todos, e a cada nova informação que recebia, Sam achava melhor simplesmente cancelar o jogo, pois estava com um péssimo pressentimento sobre o mesmo.
•Não esqueçam de deixar uma estrelinha ou um comentário, que isso me motiva muito.
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